A
MENTE DE DUKAT
trabalhava em vão buscando entender aquela nativa.
Conhecera muitas delas desde sua chegada a Bajor, algumas
intimamente até.
Sabia por experiência que o padrão de comportamento delas
contrastava bastante com o que tinha depreendido na pouca conversa
que tiveram.
Por
que se dera ao trabalho de salvar-lhe a vida?
Tudo em nome da medicina? Difícil acreditar.
Afinal todo o planeta se encontrava subjugado por Cardássia
há anos!
Havia ódio demais naquela gente.
Ódio que se transformou em ousadia com o passar do anos,
sob a forma da renitente e incômoda Resistência Bajoriana, uma
verdadeira dor de cabeça para o Comando Central.
Entretanto,
estava diante de alguém que parecia estar acima deste sentimento.
Como isso podia ser possível? Todo Bajoriano tinha uma
história triste para contar, nenhum que não tivesse sentido o
peso da opressão.
A
julgar pela aparência simples de camponesa que tivera a rara
oportunidade de instrução acadêmica, presumiu acertadamente que
a família da doutora tivera suas terras confiscadas, seus entes
queridos presos ou mortos.
Por que se importava com a sorte do inimigo ferido a ponto
de pôr sua própria vida em risco?
Recordou-se então de que não era o primeiro Cardassiano
de quem cuidara. Bastante incomum este comportamento.
Teria ela um espírito tão nobre e despojado assim? Não
fazia nenhum sentido para ele.
Analisando
melhor, era bem possível que a camponesa de olhos cor de mel
tivesse planos mais ousados no que diz respeito à sua sobrevivência.
Considerou o fato de ela talvez pertencer à Resistência
Bajoriana conhecida por Shakaar.
Quem sabe na mente simplória da atraente nativa, sua
‘captura’ rendesse um bom par de informações atualizadas?
Mas o que certamente ela desconhecia é que dificilmente
arrancariam alguma coisa dele, sua mente disciplinada desde a mais
tenra idade fora treinada a resistir até mesmo a exploração
mental Vulcana.
Além do quê, mesmo ferido não seria tarefa fácil levá-lo
como prisioneiro, sobretudo depois de vê-la manusear uma arma de
forma tão desajeitada.
Suas deduções o levaram a desconsiderar a teoria por
enquanto, pelo menos até conhecê-la melhor.
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