DUKAT
MIRAVA AS
torres da usina vendo-as com alívio ficarem cada vez menores.
Notou as nuvens carregadas da janela do transporte,
prevendo que a viagem de regresso não seria nada tranqüila,
respirou fundo com alguma impaciência e resolveu dar início ao
relatório da visita para o Comando Central.
Já
se passara algum tempo desde que começaram a sobrevoar a área crítica
do temporal que se formava.
Dukat se irritou por não conseguir ir avante com seu
trabalho enfadonho, já que o veículo lutava para manter-se em
prumo.
Voltou sua atenção para o piloto, que procurava marcar
novas coordenadas que permitissem um vôo menos turbulento. Mesmo
assim, sacolejava tanto que a comitiva de segurança do tulgryn no
fundo do transporte trocava olhares temerosos.
Dukat
desistiu do relatório com um gesto brusco desligando seu padd e pôs-se
a lembrar o que gul Borad, um velho amigo, lhe confidenciara dias
antes.
Segundo ele, o Comando Central tinha planos para a construção
de uma estação orbital em Bajor, a exemplo da Empok Nor nos
limites do quadrante Alfa.
Seria uma excelente oportunidade para começar a traçar
planos no sentido de influenciar as pessoas certas dentro da Ordem
Obsidiana
para que seu nome fosse indicado para assumir o comando da futura
estação, pois o posto seria perfeito para as aspirações do
tulgryn e nada lhe daria maior prazer.
Imerso em sonhos de conquista, o oficial mais graduado do
transporte teve seu momento de glória interrompido por um relâmpago
que ofuscou seus grandes e brilhantes olhos azuis acostumados a
ambientes de pouca luminosidade e altas temperaturas, tais quais
Cardássia Prime.
Levou a mão à fronte buscando proteger-se da claridade no
mesmo minuto em que uma forte descarga elétrica atingiu o
transporte em cheio.
-
Sistema navegacional atingido! – gritou o piloto, competindo em
voz com o alerta piscando no painel de controle principal –
Recebemos o impacto direto no núcleo de fusão primário! –
informou, refazendo-se do susto.
-
Iniciando desligamento de emergência do núcleo. – disse a voz
controlada de Dukat, assumindo os controles secundários – A
nacele de bombordo está inundada de deutério ionizado.
-
Perdemos os propulsores de impulso!
-
Ainda temos os manobradores.
Compensar com manobras manuais. – ordenou, acionando uma
série de comandos em seu painel.
-
Travaram, senhor! – gritou de novo o jovem piloto, sendo
observado pelos demais, apreensivos, no fundo do veículo.
Uma
forte rajada de vento desestabilizou de vez o transporte, fazendo
como que girasse em torno de seu eixo, desenhando uma nova e
sinistra trajetória em direção ao solo.
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