Capítulo 8 – Tudo Que Eu Peço...

Aquele imponente salão havia sido utilizado pela primeira vez ainda em meados do século 20, e ao longo destes mais de 400 anos de história, a sua importância no cenário planetário havia passado por altos e baixos. Neste momento, a câmara principal da Assembléia-Geral da Terra estava desfrutando de tempos prósperos e tranqüilos na Terra, mas como alguns costumavam dizer, estes também eram tempos em que a importância do órgão parecia um tanto quanto pálida, mesmo em comparação com épocas mais desfavoráveis. Talvez os dias gloriosos do final do século 21 e começo do século 22 jamais voltem, quando aquele órgão realmente fez a diferença nas questões terrestres, mas aparentemente este era o preço que se pagava ao se estabelecer uma comunidade de planetas, unidos em um todo que era maior do que a mera soma das partes.

A Senadora Cristina Stel se encontrava no momento ocupando o seu lugar de direito, o assento do representante do Brasil na Assembléia. Uma sessão estava em andamento, e Cristina considerava importante participar de tantas quantas fossem possíveis, quer ela estivesse ocupada com a eleição ou não. E fosse como fosse, aquela sessão em particular possuía um elemento interessante: o Embaixador Duke estava discursando.

Como representante da Terra no Conselho da Federação, é dever de Timothy Duke reportar-se à câmara mais alta da sua comunidade e, embora ele não fosse conhecido por dar muita importância a esta tarefa, aquela sessão em particular também o interessava, pois Stel era uma das senadoras presentes, certamente. Logo, ele não perderia a oportunidade de mostrar serviço bem no quintal da Betazóide.

Mas este serviço também não se mostrava particularmente fácil. Após ter deliberado sobre diversos temas regionais pertinentes ao Setor 001, no momento Duke discursava a respeito das providências que o Conselho da Federação estava tomando em relação à crise em Chin'toka, que era tanto uma crise política como uma situação de reféns, pois já havia sido divulgada a informação oficial de que todos os tripulantes e passageiros do Volga haviam sido tomados como reféns pelo Empok. A declaração oficial da organização, assinada por Trovez, garantia que todos estavam em perfeita segurança, e justificava a operação dizendo que era uma garantia extra contra qualquer tipo de intervenção mais profunda da Federação na crise; tanto ela como os demais poderes aliados deveriam ficar apenas como mediadores -- se assim fosse, Trovez garantiria a liberdade incondicional dos reféns, incluindo a Secretária Zgouridy, tão logo as exigências do Empok fossem atendidas.

A crise já estava entrando na sua terceira semana, e as negociações com o grupo de Trovez sobre estas tais exigências não avançaram muito. Embora os embates militares tenham se restringido aos primeiros cinco dias do levante em Chin'toka, nenhum progresso havia sido feito além deste de haver um atenuamento no conflito, com ambos os lados, Cardassianos legalistas e o Empok, mantendo as posições conquistadas semanas antes.

O Conselho Detapa e os Representantes Aliados ainda tentavam persuadir Trovez a depor as armas e libertar os reféns para assim se negociar algum tipo de acordo diplomático que daria a Chin'Toka alguma autonomia administrativa, mas tanto ele quanto as demais lideranças Empok se mostravam impassivas, não abrindo mão das suas exigências principais: a retirada completa das forças legalistas do sistema, e o reconhecimento por parte do Conselho da Federação da independência da Aliança Quigoliana. Só então, dizia Trovez, poder-se-ia abrir mão dos reféns e haver algum tipo de negociação com a União Cardassiana. Mas Trovez sabia, tanto quanto os demais jogadores deste jogo político sabiam, que se estas exigências fossem atendidas, retroceder a este status-quo seria bastante improvável, por duas razões principais: primeiro, a pressão popular dos habitantes de Chin'toka fariam com que esta conquista fosse solidificada, e segundo, o Conselho Detapa ainda era muito instável, e ficaria ainda mais desgastado caso tivesse que ceder tanto ao Empok. Lang também tinha que gerenciar toda uma União Cardassiana ainda muito abalada pela guerra, com uma economia e sociedade em frangalhos, um déficit público cada vez maior, e diversos outros problemas. Certamente o governo Cardassiano estava com mais problemas do que tinha a capacidade de cuidar, e Trovez estava usando isto a seu favor. Mas da mesma maneira, o líder do Empok procurava não exagerar na pressão contra Lang e o restante do Conselho Detapa, pois isto poderia gerar uma queda precipitada do Conselho em favor de um grupo mais linha-dura, ou mesmo em favor do Comando Central, o que dificultaria muito a sua luta, mesmo com a Federação mantendo as rédeas sobre o governo Cardassiano. Esta situação toda estava sendo relatada por Duke, que também tinha de tempos em tempos durante a sessão a responder questões dos senadores da Terra, embora estes não se mostrassem muito incisivos contra o Embaixador.

A atenção de Cristina ao discurso de seu adversário na eleição se desviou quando o terminal LCARS à frente da cadeira ativou uma janela, com os dizeres, PRECISO DO ELO COM VOCÊ AGORA, acompanhado do nome da sua assessora de imprensa, Denise. Stel deu uma leve olhada para trás e a viu no palanque para o público, numa fileira de poltronas mais próxima do peitoril do local. Aquele tipo de requisição acontecia quando um membro da sua equipe precisava falar com a Senadora imediatamente, mas de uma maneira o mais discreta possível.

Stel olhou levemente para cima, tomando mais concentração, e conseguiu estabelecer um elo mental com Denise. Como era com o seu marido Eduardo, o procedimento tinha que ser totalmente controlado pelo único telepata envolvido no procedimento, e a distância de vários metros atrapalhava um pouco isto, mas não era nada que Cristina não soubesse contornar.

<Eu imagino que você já tenha aquilo que pedi,> Stel pensou.

<Sim, Senadora,> Denise pensou de volta. <Eu encontrei Katilla não faz sequer uma hora. Ela me passou todas as informações de que precisávamos para confirmar aquilo que o Scott havia levantado.> Nisto, Denise abriu mais a sua mente, e Stel absorveu velozmente todo o conteúdo do que a meio-Romulana havia tido com a Klingon.

<Bem, ela pareceu muito segura de si, Denise.> Stel comentou assim que terminou de conscientizar todo o material.

<Você a conhece,> ela apenas respondeu. <Eu vou também repassar esta informação para o Scott, e ele e o Massif irão colocar um artigo no Inquirer tão logo a senhora termine aqui, para assim também terem qualquer coisa que o Duke comente a respeito.>

<Perfeito, Denise. Agora se me dá licença, eu vou começar a também fazer bom uso deste material.> Stel desfez o elo mental com sua assessora e voltou a atenção para a sessão. Pouco mais de um minuto havia se passado, mas fora tempo o bastante para que houvesse mais uma pausa para perguntas –- muito providencial, pensou Stel.

A senadora acionou alguns comandos no console, e sua requisição ficou logada, para ter a chance de falar assim que o Senador Kim Yan, da Coréia, tivesse sua questão respondida por Duke. E este também percebeu isto rapidamente, como Stel pôde observar. O Embaixador desviou o seu olhar na direção do Senador Yan para a translúcida projeção LCARS à frente do palanque, e instantaneamente para a direção de Stel, mas também por apenas um instante, voltando novamente a encarar o Senador coreano enquanto terminava a sua frase. Foi um gesto rápido, mas que não passou desapercebido pela Betazóide.

- Senadora Stel, sua pergunta, - o Chanceler da Assembléia-Geral, Senador Dranan, autorizou sua colega a se dirigir ao convidado. Stel se levantou.

- Como o senhor Embaixador está nos assegurando, o Conselho da Federação está insistindo fortemente em uma saída diplomática para a crise, - Stel começou, fazendo uma pausa rápida na qual Duke confirmou que ela estava correta em sua afirmação. A Senadora continuou. – Bem, entre as diversas movimentações da Frota Estelar quando do início da crise, algumas naves nossas se dirigiram para o sistema de Chin'toka como parte de uma força aliada de reação rápida, para eventualmente prover suporte para as forças Cardassianas legalistas. Contudo, as naves da Frota quebraram formação e se desviaram deste grupo. E nenhum dos Klingons, fossem comandantes locais ou de esferas mais altas, protestaram ou fizeram comentários irônicos, como eles têm o costume de fazer quando têm a opinião de que alguma decisão da Frota foi equivocada... e eles certamente considerariam uma divisão de forças desta maneira como um equívoco. Mas não houve absolutamente nenhuma reação negativa.

O Embaixador aproveitou a pausa de Stel para começar a debater. - A senhora é que está considerando a manobra da Frota como um "equívoco", minha cara Senadora. Eu lhe asseguro que tanto o Conselho como o Comando da Frota consideram que não houve equívoco tático algum no procedimento, logo os Klingons também não teriam nenhuma objeção. Eu não estou entendendo qual é a sua reserva quanto a uma simples escolha tática.

- Não, eu concordo com você, senhor Embaixador; os Klingons certamente concordam que a movimentação da Frota foi uma necessidade tática totalmente válida. A minha reserva, Embaixador, é que Klingons não fizeram absolutamente nenhuma objeção não apenas a esta manobra, mas também em relação a toda a maneira pela qual a Federação vem liderando a negociação e a crise toda, que como o senhor mesmo disse, está acontecendo toda em terreno da diplomacia. É algo intrigante.

- Bem, só porque os Klingons não fizeram nenhuma declaração não quer dizer que eles não tenham reservas... nós não podemos afirmar com certez...

- Não, caro Embaixador. – Stel o interrompeu, o que nitidamente incomodou Duke, mas ele não insistiu com nenhuma ressalva. - Fontes da Embaixada Klingon asseguram que também não houve nenhuma queixa, formal ou informal, em qualquer esfera, seja pública ou privadamente. A minha questão é simples: devemos encarar esta aparente tranqüilidade Klingon como um sinal de que já está em andamento algum tipo de operação militar como opção caso as negociações falhem? Entendo que o senhor não precisa, ou mesmo não deve, claro, nos detalhar sobre estas eventuais operações, é certo. Mas eu considero importante sabermos se a opção está sendo considerada, e com que grau de seriedade. O senhor teria algo a nos comentar?

Ficou bastante nítido para Duke, pela maneira com a qual ela colocou a questão, que Stel estava sendo o mais neutra possível para ocultar a sua própria opinião sobre uma operação militar. Estaria ela sendo contra algum tipo de intervenção mais forte? Ou a favor? E no caso de considerar válida uma operação militar, até quanto ela consideraria isto ser um "risco aceitável" para a segurança dos reféns? Duke procurou não demorar novamente para dizer algo a Stel, como da última vez que ela tentou pegá-lo desprevenido. Afinal, Stel não devia estar interessada na resposta em si, mas na maneira pela qual ele daria a resposta.

– Em uma situação do tipo da qual estamos lidando, qualquer gabinete governamental e câmara de representantes popular tem o dever de considerar todas as possibilidades e maneiras de se chegar a uma solução satisfatória para todos os lados. Os valores sociais e morais de nossa sociedade, que são os elementos condutores das políticas do Conselho, fazem com que as vias diplomáticas sejam sempre a prioridade máxima, em qualquer caso. Mas apesar disto, eu estou seguro em afirmar que o Conselho da Federação e o Comando da Frota Estelar, em conjunto com os demais poderes aliados na União Cardassiana, irão considerar todas, eu repito, todas as opções possíveis para assegurarmos a segurança de nossos cidadãos e a rápida e pacífica resolução deste conflito.

- Muito bem, Embaixador. – Stel apenas disse, voltando a se sentar. – Eu apenas peço ao senhor que quando deliberar mais a respeito desta grave crise no Conselho, o senhor considere como seus elementos condutores todos os comentários aqui realizados pelos representantes regionais da Terra, que refletem apenas e tão somente a vontade dos cidadãos da Federação na Terra.

- Como sempre faço, Senadora, como sempre. – Duke concluiu.

 

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- Esgotamos realmente todas as possibilidades?

O Presidente da UFP estava neste momento em mais uma reunião ocorrendo no anexo de Comando e Controle do Archer Hall. A reunião já vinha de várias horas, e Inyo estava tendo que admitir que um cenário nada agradável estava já definido na crise, o que criava a necessidade de medidas mais duras.

- A questão não é apenas o fato de que estamos ficando sem opções, - disse o Embaixador Boliano Natec. – Mas também de prestar-se apoio ao governo Cardassiano provisório o qual nós mesmos ajudamos a criar. Se apenas sentarmos de lado e assistirmos a este circo pegar fogo, estaremos anulando completamente qualquer credibilidade nossa com a sociedade Cardassiana, o que por conseqüência afeta toda a nossa política de ocupação e projeto de reconstrução de Cardássia. Perdemos suporte popular, e com isto o governo civil de Lang estará com os dias contados. – Ao lado dele, o chefe de gabinete de Inyo, Cespedes, balançou a cabeça.

- Concordo. Isto não apenas um incidente diplomático isolado. Na verdade, afeta diretamente mais aos Cardassianos do que a nós, ou aos Klingons e Romulanos. Trata-se de algo que coloca em perigo tudo aquilo no que temos trabalhado para ajudar os Cardassianos a reformarem sua sociedade... e há ainda o perigo de outros locais também se desestabilizarem, como Camor V. Há indícios de que as repercussões da crise atual estão tendo alguma influência neste planeta, e em vários outros.

- Sim, mas não subestimem a importância interna. – o Secretário Tiago Kirov interveio. - Aquela região de nossas colônias, nas fronteiras, também está passando por uma vasta e ampla reconstrução, que está vindo desde os tempos da crise maquis, na verdade. Então existe também uma inquietação popular na região, e que tenderá a ficar mais grave caso a região das próprias colônias Cardassianas volte mais uma vez a ficar instável. Daí a necessidade de uma União Cardassiana que realmente faça valer este termo "união".

- E por cima de tudo isto, há também a necessidade de mostrarmos ao quadrante que daqui em diante, nós iremos sim adotarmos posições firmes quando isto se mostrar necessário. Não podemos permitir que a Federação continue a ser vista como um poder vacilante; este tipo de atitude é o que incentivou o Breen a se juntar ao Dominion, durante a última fase da guerra, por exemplo. – Kirov acrescentou.

- Quais podem ser as ramificações jurídicas da atitude que estamos prestes a tomar, Trilmore? - Inyo procurou mudar um pouco o eixo do debate, e se virou na direção de seu Secretário de Justiça, Trilmore Jrittz, um Betazóide. Jrittz era um jurista de longa carreira, e embora esta tenha sido no meio acadêmico, ele tinha uma sagacidade e habilidade que não deviam em nada aos melhores advogados e juízes nas mais altas cortes federativas, o que era naturalmente reforçado por suas naturais habilidades telepáticas, claro. Jrittz também era notório por suas fortes opiniões de como todo o código legislativo federativo, principalmente a Primeira Diretriz, devia ser aplicado e interpretado. E era justamente para isto que o Presidente havia requisitado sua presença naquela reunião em particular. Jrittz já havia preparado um relatório preliminar sobre a questão, no qual antecipava diversas dúvidas que as diversas autoridades presentes poderiam ter, mas ele sabia que iria precisar reassegurar alguns pontos básicos.

- Na verdade, menos do que se imagina, - Jrittz confirmou. – A nossa interferência atual nos assuntos internos Cardassianos é plenamente justificável, considerando dois fatores básicos: ela se dá na medida de se tratar de uma conseqüência a uma intervenção contra a nossa própria sociedade, ou seja, a guerra Dominion. Afinal de contas, os governantes de uma potência agrediram nossa soberania e nossas liberdades, e neste processo, a sociedade que estes governantes controlavam sofreu impiedosas conseqüências. Como vencemos a guerra e derrotamos estes governantes, temos até mesmo um dever implícito de auxiliarmos na reconstrução das instituições desta sociedade em questão. E portanto, isto nos coloca na situação de termos que intervir.

Jrittz fez uma pausa para tomar um gole de água do copo à sua frente. - E paralelo a isto, há as vidas dos cidadãos da Federação diretamente envolvidos na questão. Um grupo interno desta sociedade fez uma agressão direta a nossos cidadãos, e também como uma maneira de confrontar um segundo grupo desta sociedade, sobre o qual temos direta influência. Logo, temos duas razões distintas para intervir, e que, por não se relacionarem diretamente uma com a outra, reforçam ainda mais a validade legal de qualquer intervenção direta mais forte. A Primeira Diretriz não será violada em absolutamente nenhum aspecto, posso lhes assegurar.

Assim que ele terminou de falar, um momento longo de silêncio caiu pela primeira vez na sala, com todos observando Inyo. Todos os dados, opiniões e considerações já haviam sido deliberados. Agora era hora de Inyo manifestar um parecer sobre tudo o que foi debatido com ele. O Embaixador Natec se encarregou de quebrar o silêncio.

- O Conselho da Federação já teve uma decisão favorável ao plano, Senhor Presidente. Tudo o que falta é o seu visto final para ratificar esta decisão.

Inyo olhou por alguns instantes para o padd. Desde que a guerra terminara e a União Cardassiana caíra na tutela dos poderes aliados, ele desejava que uma situação do tipo pudesse ter sido evitada. Mas, como estava ficando cada vez mais claro, não era por esta razão que se deveria dar as costas ao problema; tentativas genuínas de se resolver a crise por meios mais convencionais, ou seja, pela negociação e diplomacia, se mostraram insuficientes. Então, para que houvesse condições de se tentar novamente soluções por estes meios convencionais, outros meios menos convencionais deveriam ser utilizados. E a decisão não poderia ser hesitada.

O Presidente da UFP digitou alguns comandos no padd e terminou pressionando firmemente o local para autenticação final. Um beep confirmativo soou, indicando que o sistema LCARS havia reconhecido sua autoridade para o procedimento, e então estava feito.

- Muito bem, senhores... a autorização está formalizada. – ele apenas disse.

 

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A crise em Chin'toka estava realmente fazendo com que o anexo de Comando e Controle do CCTE estivesse sendo utilizado na base de 24/7, e neste momento, mais uma reunião de alto nível ocorria nele. Tanto o Comandante dos Fuzileiros da Frota Estelar, o Almirante John G. Sariff, como a Almirante Necheyev já vinham trabalhando em um plano básico para o resgate dos reféns em poder do Empok, e neste momento os detalhes finais estavam sendo acertados, juntamente com o Almirante Galbraith.

- Para esta operação, utilizarei dois grupos de fuzileiros, cada grupo com uma determinada especialidade, - Sariff passou um padd para cada colega seu, contendo a relação do pessoal envolvido que fora escolhido por ele, e suas funções e capacidades. – E cada time terá o apoio de determinadas naves. Portanto, estamos lidando com quatro grupos distintos, cujos nomes-código serão ESTRELA, GALÁXIA, NAVE e ESPAÇO. ESTRELA e NAVE, os times do meu pessoal, já estão estacionados todos na região, em duas de nossas bases estelares. Eu já enviei novas ordens para os seus comandantes locais, e eles no momento já estão preparados em pré-alerta. Mas para lhes passarmos o restante das informações e a ordem definitiva de avanço, precisamos definir neste momento os grupamentos de naves que irão auxiliá-los, ou seja, GALÁXIA e ESPAÇO. E esta bola está no campo seu, Necheyev.

- Muito bem. Semana passada, você já havia me informado das características das naves que seriam necessárias para a operação. Você quer fazer alguma modificação ou ajuste? – a Almirante perguntou.

- Não será necessário. Como sabem, esta operação preza a simplicidade em primeiro lugar, e desta forma, GALÁXIA e ESPAÇO não precisam ter um número grande de naves, mas sim ter as naves certas. A única ressalva é que, primeiro, o time GALÁXIA terá necessariamente que ser composto de naves Klingons; isto é imperativo. Já o grupo NAVE precisará apenas de uma das nossas próprias naves.

- Apenas uma? – Galbraith perguntou.

- Sim, mas esta precisa ter duas capacidades básicas: razoável capacidade de carga para equipamento, e boa velocidade... no mínimo capaz de manter dobra 9,94 por algumas horas.

- Qual será o apoio de inteligência com que poderemos contar neste exato momento? – Necheyev perguntou, e Galbraith lhe respondeu a pergunta enquanto dedilhava em um padd.

- A Inteligência já me informou que o nosso pessoal infiltrado em Chin'Toka está de prontidão plena, ainda que eles estejam tendo que redobrar as suas precauções de segurança, principalmente nas áreas em que o Empok já conseguiu dominar totalmente a situação. Contudo, além de todos os relatórios de campo que eles já tem lhe passado, eles também já conseguiram nos entregar a informação fundamental: a localização do cativeiro dos reféns, e as informações sobre suas defesas e pessoal o defendendo-o. Portanto, assim que tivermos definido estes detalhes finais, podemos ir daqui direto para o holodeck tático três, - Galbraith se referiu a um dos vários holodecks especialmente desenvolvidos pela Frota Estelar para simulações de operações. – E testarmos a operação toda, do começo ao fim.

- Excelente, - respondeu o fuzileiro, enquanto Galbraith terminava de trabalhar nos dados nos seus padds. O Almirante fez uma pausa, e assumiu uma expressão preocupada ao ver uma determinada seção da relação de material requisitado por Sariff. Para uma operação "simples", ele não estava muito satisfeito de ver que estava requisitando a utilização de material ainda não definitivamente comissionado. – John, você está certo que precisa utilizar exatamente este equipamento? Eles ainda são experimentais, e embora já tenham tido bons testes de campo, são protótipos, devemos nos lembrar.

- Ou os utilizamos, ou nada feito, - respondeu Sariff. – As capacidades táticas deste grupo serão fundamentais, e isto só pode ser conseguido se utilizarmos o que eu estou lhe pedindo. E além do mais, são unidades dos Fuzileiros da Frota que estão fazendo estes testes de campo. Eu posso lhe assegurar de que eles já estão totalmente familiarizados com o equipamento, e eu não os consideraria no plano se fosse o contrário, esteja certo.

- Muito bem, então. – Galbraith chamou uma de suas ordenanças, e assim que a Alferes chegou na sala, o Almirante lhe passou um padd. – Miranda, remeta estas ordens prioritárias com três níveis de criptografia para o comandante da Nona Guarda Klingon, - Naquela mensagem havia todas as instruções finais para a colaboração Klingon para o grupo GALÁXIA do plano, e que era algo que já havia sido prometido aos Klingons, ou seja, a responsabilidade de levar a cabo parte da operação contra o Empok. O Alto Conselho Klingon havia terminado suas investigações próprias, e havia ficado claro que uma de suas naves havia sido emboscada pelos separatistas para os seus planos. Logo, o Chanceler Martok queria que a resposta do Império não fosse nada menos do que um golpe forte contra estes agressores.

- A Nona Guarda irá servir bem para dar apoio ao grupo ESTRELA, John. – Agora precisamos definir qual das nossas será utilizada como o ESPAÇO. Necheyev se virou, e entrou com alguns comando no console LCARS próximo a ela. A projeção holográfica da região mudou levemente, passando a indicar as diversas naves da Frota Estelar que haviam sido originalmente colocadas em prontidão naquela área, quando do início da crise. Um segundo comando fez com que as unidades que se encaixavam nas necessidades operacionais do plano ficassem mais destacadas.

- Hum... - ela disse, enquanto todos observavam as catorze naves realçadas na projeção. - Temos várias Nebulas, mas elas não são velozes o bastante, embora tenham boa capacidade de carga.

- Há duas Akiras, mas ambas estão longe demais da Base Estelar 310, que é onde NAVE está estacionado, - Sariff comentou, enquanto também procurava por opções. Necheyev dedilhou mais alguns comandos, e uma determinada nave foi destacada, com os dados sobre ela passando em uma janela anexa a projeção holográfica.

- Se considerarmos apenas o hangar vazio, você fica satisfeito com esta?

O Comandante em Chefe dos Fuzileiros da Frota pensou um pouco. – Meio apertado, mas... sim, irá dar bem, a velocidade que poderemos desenvolver será adequada. E ela já está muito bem posicionada, ainda por cima.

- Então já temos nossa garota, - Necheyev disse, e começou a preparar para contatar a nave em questão.

 

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- Verdade? Eu não sabia disto. – disse Bárbara Coelho.

O refeitório da USS São Paulo estava neste momento vazio, exceto por alguns dos oficiais seniores da nave, no caso a Tenente Coelho, da navegação, a oficial de segurança, Tenente-Comandante Naran, e a própria Capitão Parker. A Capitão não tinha muito costume de chegar tão cedo para o café-da-manhã, às 0530 horas, e ao quebrar esta rotina naquela manhã, teve a chance de jocosamente perguntar para suas duas oficiais se elas não tinham nada melhor a fazer do que ficar comentando sobre a vida dos outros. No caso, Coelho e Naran estavam comentando sobre o estado civil de vários dos tripulantes homens da nave, especificamente do Comandante Dot, o primeiro-oficial da nave.

- Sim, pode não parecer, mas a esposa do Dot também é Trill. – confirmou a Capitão, trazendo o seu copo de suco de laranja do balcão do refeitório. A São Paulo, assim como outras unidades da classe Intrepid, haviam ganho alguns pequenos ajustes desenvolvidos pela tripulação da irmã delas no quadrante Delta, o que incluía aquele pequeno balcão perto da unidade principal de replicação. – Eu a conheço faz vários anos, do tempo em que eu e ele ainda servíamos na Mutara. Só que ela é de uma outra etnia Trill, e por isto a testa dela tem uma protuberância diferente, e as pintas só começam do pescoço para baixo.

- Ela é unida? – quis saber Naran.

- Não, - respondeu Parker. – E ela nunca quis. Os Trills desta etnia não se voluntariam muito para se juntar a simbiontes, pois pelo que Dot me disse, com eles o simbionte tende a se tornar a única consciência do hospedeiro. Não é que nem no caso dele, que é uma mistura dele mesmo, do simbionte Dot e dos outros dois hospedeiros anteriores.

- Hum... interessante.

- Então, Bárbara, você vai ter que esperar o próximo hospedeiro dele, pois este já tem dona. – Naran comentou, rindo.

- Capitão para a ponte, - a voz do citado primeiro oficial da São Paulo fez-se ouvir pelo refeitório.

- Ih, ele ouviu que nós estamos falando dele. – brincou Bárbara.

- Sim, Número Um? – Parker respondeu, sorrindo pelo comentário de sua navegadora.

- Skipper, temos uma mensagem da Frota Estelar classificada como prioridade um, e específica para nós. – o semblante das mulheres no refeitório adquiriu tom mais sério, e a Capitão da São Paulo levantou-se. – Muito bem, redirecione para o meu gabinete. – Com os recentes desdobramentos da crise na União Cardassiana, a tripulação estava em um grau maior de alerta, e aquilo podia ser o primeiro indício de que algo estava efetivamente para acontecer que justificaria bem esta precaução.

 

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Kritol olhou ao redor da ponte da IKS Sompek, a nave sob seu comando. Uma unidade da classe Vor'cha, a Sompek havia acabado de sair da doca seca antes de eles se juntarem à Nona Guarda, e havia recebido o que existia de melhor e mais atualizado em novos sistemas. Apesar disto, para um observador desavisado, sobretudo se este não for Klingon, poderia haver dúvidas quanto a estes reparos, a julgar-se pela aparência do acabamento dos novos sistemas na ponte, os quais não fora refeito além do necessário para serem funcionais e organizados. Kritol queria que sua nave também tivesse a honra de mostrar as cicatrizes das batalhas pelas quais passou, da mesma maneira que ele e seus demais guerreiros prezam suas próprias cicatrizes.

Estes guerreiros, por sua vez, se encontravam todos em postos de batalha, pois tanto a Sompek, como o restante da flotilha de outras oito naves os quais capitanearam, estavam entrando no sistema Chin'Toka, com todas as naves camufladas e prontas para o momento certo do ataque. Os mais novos inimigos do Império estavam prestes a aprender que este não iria ignorar passivamente a tomada de uma de suas naves.

O ataque precisava ser rápido e preciso, para que desta forma o seu objetivo principal fosse realizado. Para tal, uma penetração funda nas linhas de defesa do Empok era necessária, manobra a qual eles estavam fazendo no momento. Uma outra força de doze naves Cardassianas legalistas, entre elas quatro cruzadores classe Galor, estava se movendo ao largo do sistema, atraindo a atenção das patrulhas do Empok. Isto iria servir de distração, enquanto suas próprias naves iriam se aproximar o máximo possível de Chin'Toka Prime. Em toda a batalha havia elementos desconhecidos, mas de uma coisa ele estava certo: iria ter sucesso em sua missão.

E isto iria acontecer contra um adversário que se mostrava bem preparado. As mais recentes informações da inteligência mostravam que os separatistas do grupo Empok estavam defendendo o sistema de Chin'Toka com 93 naves de diferentes classes, tanto Cardassianas quanto Dominion. As unidades Cardassianas haviam sido fornecidas por alguns Guls que se aliaram a Trovez, enquanto outras foram capturadas das forças legalistas. Além disto, o fato de Trovez também ter conseguido um bom número de naves Jem'hadar mostrava que o seu pessoal vinha se preparando para isto desde imediatamente após a guerra. Todas as forças Dominion foram forçadas a voltar para o quadrante Gama, mas na confusão da retirada de tanto pessoal e equipamento, unidades Cardassianas que já eram secretamente leais a Trovez conseguiram manter secretamente cerca de 40 naves do Dominion. A falha dos serviços de inteligência aliados de não descobrir estas naves foi algo bastante grave, mas havia também mérito a se dar aos operadores Empok, que procuraram escolher bem as naves: nenhuma estava em plenas condições de operação quando foram ocultadas, e foram retiradas de estaleiros e bases, onde se encontravam para reparos quando do fim da guerra. Desta forma, os membros do Empok conseguiram com que o paradeiro destas naves fosse facilmente forjado, através de relatórios falsificados que indicavam que estas naves haviam sido destruídas em diferentes épocas da guerra. De lá para cá, Trovez e seu pessoal se dedicaram a lentamente recuperar estas naves em plenas condições, e quando se mostraram prontos, o levante em Chin'toka estava ao alcance deles.

Mas o fato de o inimigo à frente ter uma força considerável para defender um território composto de apenas um sistema não o preocupava. Embora isto fizesse com que as defesas estivessem bem posicionadas e ocupando uma área pequena, uma força de guerreiros Klingons bem treinados pode se inflitrar em qualquer defesa, seja ela de que sofisticação for. E seus guerreiros estavam entre os melhores.

Um destes, o segundo-navegador Jkrett, responsável pelo monitoramento do tráfego inimigo durante a batalha, foi o primeiro a relatar um movimento hostil. Como de costume, o seu tom de voz era profissionalmente neutro, mas que ainda assim deixava nítido a satisfação de saber que o combate era iminente.

- Senhor, as naves do Empok estão quebrando formação da perseguição do grupo de apoio Cardassiano, - ele reportou. – O inimigo está assumindo rotas de interceptação ao nosso flanco esquerdo, com as coordenadas 120 marco 30.

Fomos descobertos, pensou Kritol. Não era algo de se espantar, claro. O Dominion desenvolveu diversas técnicas de detecção de camuflagem durante a guerra, e o Empok certamente estava fazendo bom uso destas técnicas, o que se mostrava ainda mais claro com esta rápida detecção de seu grupo. De qualquer modo, eles já haviam transcorrido mais de um terço do curso até o alvo principal dentro do sistema. Os dois terços seguintes não seriam nada os quais um Klingon não pudesse conquistar lutando.

- Ordene todas as escoltas, aumentem a velocidade para impulso total, e adotem a formação de penetração em profundidade, - ordenou Kritol. A manobra foi realizada, com as naves ajustando seus cursos para adotarem a nova formação. Kritol também ordenou que o grupo desativasse os dispositivos de camuflagem, uma vez que sua utilidade chegara ao fim. E desta forma, todas as naves já estariam prontas para os primeiros disparos no instante seguinte a que isto fosse possível. Tão logo as primeiras manobras foram concluídas, Jkrett reportou novamente.

- Senhor, há outras seis naves vindo do planeta, acompanhadas de outros dez contatos ainda não identificados... – alguns segundos se passaram antes que o computador principal pudesse ter uma leitura positiva da identificação dos alvos. – São mísseis táticos Cardassianos, do tipo D2.

Aquilo era má notícia.

O D2 era uma versão reduzida de um outro tipo de míssil Cardassiano, o qual eles tinham o costume de classificar como uma arma "tática", mas que estava longe de ser isto: tratava-se de uma naveta autoguiada carregada com uma tonelada de matéria e uma outra de antimatéria, poder o bastante para despedaçar um asteróide por total. Como eram de difícil construção, os Cardassianos desenvolveram uma versão reduzida, esta sim para finalidades táticas, a D2, que embora não fosse nem de perto tão poderosa, por levar bem menos carga explosiva, ainda assim podia dizimar uma nave em apenas um único impacto. E além do mais, era muito mais manobrável do que a primeira versão.

- Os cruzadores devem nos fornecer cobertura enquanto nos posicionamos para o ataque, - o Capitão ordenou o seu oficial de comunicações a transmitir instruções detalhadas para todas as naves. – Enquanto as ave-de-rapina devem engajar os mísseis táticos. Se assegure que todos recebam suas instruções.

Naquele momento, duas forças distintas se dirigiam contra o grupamento Klingon, que em velocidade de impulso máxima, se encontrava ainda a bons 15 minutos de Chin`Toka Prime. O primeiro grupo de naves do Empok, que antes estavam perseguindo os Cardassianos legalistas, chegou primeiro, composto de 14 naves, as quais abriram fogo tão logo entraram no alcance. Kritol observou no tático dois de seus cruzadores receberem o primeiro voleio de torpedos, enquanto as demais naves respondiam com fogo de feisers. A nave mais avante do grupo do Empok recebeu boa parte dos disparos, explodindo quase que instantaneamente, mas era apenas uma fragata leve; os dois cruzadores classe Galor que vinham logo atrás agüentaram bem estes primeiros disparos, e retornaram fogo com tudo o que tinham.

- Oito minutos para os mísseis nos alcançarem, - reportou o seu navegador, no meio do intenso trabalho na ponte da Sompek. Eles podiam agüentar bem contra este grupo do Empok mesmo estando em uma desvantagem de cerca de três para um, mas era imperativo que as suas escoltas ligeiras conseguissem ganhar tempo destruindo o maior número possível de mísseis D2 que se aproximavam. As seis naves do Empok que vinham acompanhando estes mísseis abriram fogo contra as suas aves-de-rapina, que corriam para interceptar estas armas. Este segundo grupo do Empok era todo composto de naves ex-Jem'Hadar, as quais mostraram o seu poder ao destruírem em apenas uma passada duas das aves-de-rapina, mas não sem antes o piloto da segunda conseguir controlar os destroços de sua moribunda nave de modo que eles colidiram com uma das naves do Empok, danificando os escudos desta o bastante para que uma outra ave-de-rapina conseguisse acabar com esta nave Empok com apenas um torpedo. As cinco naves inimigas restantes fizeram uma manobra rápida e saíram em perseguição das três ave-de-rapina que ainda se dirigiam contra os dez mísseis, enquanto a Sompek e os outros três cruzadores Klingons continuavam a avançar debaixo do fogo de nove naves Cardassianas; os artilheiros da Sompek e das demais naves estavam conseguindo nivelar as coisas com uma contagem que já alcançava cinco alvos destruídos, mas eles não poderiam continuar a suportar danos naquele ritmo por muito mais tempo, e ainda quatro minutos os separavam do alvo.

Enquanto avançavam mais e mais, outro cruzador pesado Empok foi destruído, com diversos outros em diferentes graus de danos, mas a coisa estava complicando, pois os primeiros D2 começaram a sua corrida final contra seus alvos; as aves-de-rapina conseguiram interceptar quatro deles, mas ainda lutavam para conseguir acertar os seis restantes, uma vez que ainda tinham que lutar contra as naves do Empok que as perseguiam.

Em menos de um minuto todas estas naves e mísseis se encontravam bastante próximos uns aos outros. Os cruzadores Klingons dividiam agora o fogo contra todas as naves do Empok que conseguiam engajar, e os artilheiros conseguiram aumentar as perdas deles em mais duas naves, com outras duas danificadas a ponto de não representar mais perigo. Mas a conta de atacantes ainda estava em dez naves.

As três aves-de-rapina conseguiram destruir mais três mísseis antes que finalmente se juntassem à Sompek e os demais cruzadores, para que todos pudessem chegar ao mesmo tempo em Chin'Toka Prime, agora a menos de dois minutos.

- Senhor, tenho uma solução de tiro para a nossa salva de torpedos, - o seu artilheiro-chefe afirmou, enquanto Kritol observava o monitor do tático, com os dados da batalha chegando, no meio de uma caótica ponte na qual todos estavam trabalhando freneticamente em seus consoles, mesmo aqueles que estavam consideravelmente feridos pelos danos que a Sompek vinha sustentando.

- Ainda não. Aguarde meu comando. – E Kritol ficou em silêncio. Seus oficiais sabiam que ele não falaria absolutamente mais nada até que fosse a hora de ele se pronunciar; não haveria necessidade alguma de ele reiterar esta ordem. A distância entre o grupo principal e Chin'Toka Prime caiu para meros segundos. Da mesma forma que a distância entre os mísseis D2 e eles.

O primeiro dos três mísseis restantes conseguiu um impacto direto contra a nave Klingon mais exposta, um cruzador que protegia o flanco direito do grupo. A nave partiu-se em dois e explodiu instantaneamente, mesmo sendo a nave Klingon que havia sustentado menos dano até aquele ponto da batalha. O segundo míssil restante recebeu disparos de feiser de quatro naves Klingons diferentes, que eram as unidades que haviam entre o cruzador destruído e a capitânia do grupo. O fogo concentrado neste míssil o detonou repentinamente, e a explosão fez com que alguma das naves Empok que os perseguiam ficassem momentaneamente fora de rota. E por fim, o terceiro míssil estava travado diretamente em seu alvo, a Sompek, que já estava praticamente em órbita de Chin'Toka Prime.

- Impacto em cinco, quatro, três... – Jkrett reportou, no que Kritol finalmente fez-se ouvir.

- Agora! Impulso total para 240 marco 45, e disparar torpedos!

No que a ordem foi dada, quatro eventos distintos ocorreram no mesmo exato instante. Os dois primeiros foram tanto o seu navegador-chefe e seu artilheiro-chefe obedecerem às suas ordens velozmente, o que fez a Sompek fazer uma violenta manobra enquanto nada menos do que oito torpedos eram disparados. Já o terceiro evento foi que eles foram atingidos por dois torpedos disparados por uma das naves Jem'Hadar do Empok, enquanto o quarto evento foi também responsabilidade de outro de seus artilheiros, que concentrou todo o fogo de feisers no míssil que estava travado neles, fazendo-o explodir a apenas quarenta quilocams da Sompek, uma insignificância absurda.

Toda esta atividade em torno da Capitânia Klingon naquele momento provocou grande confusão nas linhas da batalha. Com o impacto dos torpedos que foram disparados contra as naves Empok, mas principalmente devido à onda de choque da explosão do míssil D2, a Sompek girou violentamente para o lado oposto ao qual estava manobrando, o que exigiu o máximo da integridade estrutural da nave. Diversas explosões secundárias aconteceram na ponte e por toda a nave, com seus guerreiros lutando bravamente com os sistemas do cruzador para mantê-lo em condições de batalha. As naves do Empok mais próximas foram seriamente danificadas, e as restantes tiveram que manobrar violentamente para se desviar do ainda numeroso enxame de torpedos que corria em sua direção, pois todas as sete naves restantes do grupo também lançaram todos os torpedos que ainda podiam disparar simultaneamente, o que colocava nada menos do que setenta torpedos quânticos espalhados na área da batalha. Vários atingiram seus alvos, mas alguns acabaram sofreram interferência eletrônica do Empok, e estavam vagando sem rumo, em rotas aleatórias contra o grupamento de naves atacantes e o planeta próximo.

Kritol observou o tático e rapidamente digitou alguns comandos no console próximo à sua cadeira de comando. O grupo de sete naves passou ao largo do planeta, enquanto duas plataformas de armas orbitais se juntavam à defesa do planeta e abriam fogo contra os Klingons, e as naves Empok que ainda tinham condições de combate os perseguiam.

- Atenção todas as naves, - Kritol ordenou novamente. – Velocidade de dobra máxima, ativar! – e em apenas um par de segundos, todas as naves Klingons desapareceram nos característicos efeitos de naves entrando em dobra, e as naves Empok se desviaram da rota de perseguição, para reagruparem e restabelecerem o perímetro de defesa em volta do sistema, uma vez que a força Klingon atacante havia se retirado.

Entrementes, Kritol aguardava o seu oficial tático analisar os resultados. Haviam perdido um cruzador e duas aves-de-rapina, e tinham diversos danos em todas as demais naves, mas em contrapartida conseguiram destruir oito naves do Empok. Mas isto não era o principal a se saber. Instantes antes de o grupo entrar em dobra, o Capitão havia deixado para trás um pequeno satélite de dados, que antes de ser destruído pelas naves Empok restantes, conseguiu transmitir a principal informação de que eles precisavam: a de que o objetivo da missão havia sido atingido.

- Qa'pla! – Kritol exclamou batendo em seu peito, enquanto todos os seus guerreiros ali trocavam entusiasmados cumprimentos por uma missão de sucesso.

 

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- Como vão indo os trabalhos?

A Capitão Parker entrou no hangar da sua nave, acompanhada pelo Comandante Dot, e ambos estavam caminhando na direção do Comandante Rtoget, o Tellarita que estava em comando do grupo de Fuzileiros da Frota Estelar que no momento estavam embarcando o seu equipamento.

- Caminhando muito bem, Capitão, - respondeu Rtoget. - Os trabalhos de ampliação do deck de manobras do hangar já terminaram, e o pessoal da Base está começando a trazer o equipamento. Teremos uma seqüência específica para fazermos tudo encaixar no hangar, mas isto já foi providenciado. - E com isto Rtoget entregou um padd para o Primeiro-Oficial Dot, que descrevia o procedimento pelo qual o equipamento do grupo de Rtoget iria ser estocado, e a maneira que o seu pessoal de apoio iria fazer a preparação dele durante a viagem.

Neste momento, a São Paulo estava docada na Base Estelar 47. A nave havia sido chamada às pressas para aquela instalação da Frota, ao largo da fronteira Cardassiana. Uma vez na base, a Capitão Parker foi informada dos detalhes da operação. A participação da São Paulo iria ser de transportar o time NAVE, comandando por Rtoget, até o teatro de operações, e efetuar a extração deste time posteriormente. Não eram muitas pessoas, apenas 14 oficiais dos Fuzileiros da Frota. Mas o equipamento que eles levavam era tanto que a São Paulo teve que sofrer algumas adaptações para acomodar todo o material, que estava sendo colocado no hangar neste momento.

As equipes de engenharia da São Paulo tiveram que remover praticamente todo o equipamento que normalmente ficava espalhado pelo local, a fim de aumentar a área útil para a estocagem, que consistia de oito grandes contêiners, além de dezenas de outras caixas e envoltórios menores. Consoles de controle, bancadas de manutenção, contêiners, e tudo o mais que pode ser remanejado para as laterais do local. Mesmo assim, o espaço iria ficar extremamente apertado, mas se tratava de um problema que de uma maneira ou de outra, teria que ser contornado.

- Vocês tiveram mesmo que bagunçar a minha nave, hein? – comentou a Capitão, observando as modificações feitas no hangar.

- Lamento pelo inconveniente, mas o nosso equipamento é volumoso, - o Comandante respondeu. - O seu pessoal se mostrou muito eficiente, especialmente sua engenheira-chefe, embora eu esteja certo de que demos a ela muito trabalho. Acho que se ela tivesse algum fio de cabelo, já teria arrancado todos. - ele comentou sorrindo. Com as portas do hangar da São Paulo totalmente abertas, e com os campos de força mantendo a pressurização do local, a Capitão podia observar o espaço fora da nave, onde um dos shuttles classe dois da São Paulo fazia uma manobra para entrar em uma área da Base Estelar 310.

- Todos os nossos shuttles já foram removidos?

- Sim. O meu pessoal se assegurou com as equipes da Base que eles fossem bem hangarados, e vão ficar seguros até a nossa volta.

- Ainda estamos com o Aerowing, - disse Dot. - Ele irá servir bem caso surja a necessidade por uma nave auxiliar. – Parker fez uma silenciosa expressão de que concordava com o seu Número Um.

Rtoget fez um gesto para um dos oficiais no hangar ir verificar um dos oito grandes contêiners, o qual havia acabado de ser descarregado no hangar por uma naveta da classe Workerbee, que pertencia à Base 310. Parker não reconheceu o Tenente, o que lhe indicava que devia ser um dos homens de Rtoget. Ele estava usando um uniforme de serviço regular da Frota, com a única diferença que próximo às bolinhas de patente na lapela, havia um pequeno distintivo dos Fuzileiros da Frota, uma âncora no fundo do brasão da UFP.

- Comandante, - Dot chamou a atenção de Rtoget. – Antes de levantarmos ferros, eu preciso coordenar a distribuição dos alojamentos ao seu pessoal, então vou colocar alguns tripulantes para prepararem tudo. Eu a encontrarei na ponte, Skipper. – e com isto Dot começou a se dirigir à saída do hangar. A equipe de Fuzileiros não iria ficar muito tempo na nave, mas eles precisariam de algum local para descansar ao menos por um par de horas antes da missão.

- Muito bem, Número Um. E lembre-os e também ao nosso pessoal de que teremos uma reunião tão logo nós partirmos, para que possamos repassar o cronograma do plano, e outros detalhes.

- E isto não deve demorar muito, - o tellariano acrescentou. – A Frota vai nos dar a ordem a qualquer instante, agora.

- Eu imagino que sim. E teremos que partir minutos depois, ou vamos ficar para trás nisto tudo.

 

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SECRETO

DE: IKS SOMPEK

PARA: CINC FROTA ESTELAR

 

VOCE TEM A ESTRELA QUE PEDIU A DISPOSICAO DE SUA NAVE. COORDENADAS 33NO 75W 176.

 

A mensagem estava sendo mostrada na tela principal da sala de Comando e Controle do Archer Hall, onde o Presidente Inyo estava acompanhando o desenrolar da operação, acompanhado de Gregory Dalton, do Embaixador Boliano Natec, e dos Almirantes Galbraith e Neychevey.

- Cespedes já verificou com a Inteligência da Frota de que a informação é correta, embora nossos agentes de campo ainda não tenham chegado nas coordenadas do encontro, que serão nas proximidades destas que os Klingons passaram, - Dalton disse, se referindo à mensagem que recebera do Chefe de Gabinete da Presidência da UFP. – O Empok em momento algum teve o conhecimento do real motivo do ataque Klingon, e as comunicações que interceptamos deles mostram que eles estão especulando de que se tratava de um desembarque de tropas em Chin'Toka Prime para o estabelecimento de uma cabeça-de-ponte para a chegada de tropas cardasssianas legalistas.

- Desta forma, esta etapa da operação está completa, - Neychevey afirmou. A Almirante acionou alguns comandos e o grande painel passou a mostrar uma rota espacial, partido das cercanias de Trill até o sistema de Chin`Toka.

- A segunda fase, será, claro, efetuada pelo pessoal embarcado na USS São Paulo, ou seja, o grupo NAVE. – ela continuou. – A São Paulo partiu da Base Estelar 310 tão logo tivemos a confirmação por parte dos Klingons sobre o momento e o local onde ESTRELA foi posicionado. A contar de 35 minutos atrás, tanto NAVE quanto ESTRELA agora tem exatas 2.0 datas estelares para estarem na posição zero, quando será o momento de agir. Estimamos que a extração dos reféns e a retirada do local levarão exatamente vinte minutos, sendo que quinze destes são solenemente o tempo necessário para a penetração inicial e a retirada. Portanto, a operação per se levará não mais do que cinco minutos. Nem deve, na verdade.

Inyo observou as informações táticas por mais alguns instantes. Claramente a operação estava caminhando bem neste aspecto, mas ele sabia que isto era apenas um lado daquela problema. Havia uma outra questão a se considerar, e ele sabia que isto estava nas mãos dele, do Conselho da Federação e do corpo de diplomatas. O Almirante Galbraith se encarregou de introduzir o tema.

- Mas considerando que ainda estamos a quase um dia de isto acontecer, precisamos ter certeza de que não irá ocorrer nenhum tipo de retaliação por parte do Empok devido ao ataque Klingon. Em outras palavras, agora é a hora de ganharmos tempo.

- A idéia, Sr. Presidente, é estabelecermos que isto teria sido uma ação unilateral dos Klingons, resultante das próprias investigações deles sobre o que aconteceu com a IKS Azetbur. – disse Dalton.

- O Chanceler Martok concorda com este posicionamento?

- Foi idéia dele, na verdade, - respondeu o Embaixador Natec. – Originalmente, nós queríamos camuflar isto como algum tipo de erro de comunicações que teria causado um mal-entendido. Mas Martok preferiu uma versão mais firme, por assim dizer. O que faz a coisa sequer ser uma mentira, pois eles certamente iriam retaliar, fosse para apoiar nossa operação ou não.

- Tudo já está arranjado para que tenhamos êxito nisto, - Dalton afirmou, passando um padd para Inyo, embora o Presidente já conhecesse bem o cronograma ali listado. – Certamente haverá protestos e ameaças iniciais, os quais iremos responder com o argumento sobre os Klingons, acompanhado de que estamos estudando diversas das exigências de Trovez, e que devemos preparar uma reunião em Chin'Toka. Isto tudo, se feito de maneira apropriada, irá levar exatamente o tempo necessário para que a operação termine. E com isto, teremos eliminado o principal risco imediato à Federação, que é a vida de nossos compatriotas.

- Muito bem. – respondeu o Presidente. – Então vocês podem nos assegurar que a operação vai se dar exatamente na data estelar 54198.0?

- O cronograma é vulcanamente preciso, Sr. Presidente.

Vulcanamente preciso, pensou Inyo. Infelizmente eles não poderiam fazer com que os argumentos os quais usariam para contatarem o Empok também tivessem valores mais Vulcanos.

 

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Earth, D.C.

Prólogo
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Epílogo