Avaliação
geral
Ainda que fortemente ligada à
primeira temporada, devido à estabilidade da equipe de
roteiristas, esta segunda temporada é bastante superior à
antecessora, seja na média de notas, seja na fração de episódios
vencedores (com três ou mais estrelas), com "16/26"
(versus "12/20"), ou mesmo na fração de episódios
excelentes (com 3,5 ou 4 estrelas), com "12/26", versus
"4/20" da temporada anterior (vale salientar que somente
a sétima temporada tem uma fração tão grande de episódios
excelentes).
A qualidade não se manteve consistente ao longo da temporada. A
temporada começou muito bem, no rastro dos dois últimos episódios
do ano anterior ("Duet"
e "In
The Hands Of The Prophets"), com a "Trilogia do
Círculo", seguida por um segmento fraco e um forte ("Invasive
Procedures" e "Cardassians",
respectivamente). Aí chegamos no momento mais crítico da
temporada, quando, antes do clássico "Necessary
Evil", tivemos dois episódios fracos e, após mais
quatro, uma verdadeira "trilogia do terror", formada por
"Second
Sight", "Sanctuary"
e "Rivals".
Retomando em "Armageddon
Game", seguimos com a "montanha russa de
qualidade" (tão comum em séries de Jornada), até
darmos de cara com os desconexos e desconjuntados "Playing
God" e "Profit
and Loss". Felizmente a seqüência final de oito
episódios "vencedores" (uma das mais fortes da história
de Jornada) nos faz recuperar a confiança na série e nos
estimula a esperar a próxima temporada.
Cabe observar que dentre os dez episódios que receberam duas
estrelas ou menos, apenas "Rules
of Acquisition" e "Paradise"
(até certo ponto) podem ser considerados produtos bem acabados,
ainda que cheios de problemas (o primeiro com um humor duvidoso e
uma história tola e o segundo com problemas com a escalação da
antagonista, falta de foco e algumas conveniências).
Os outros oito "perdedores" apresentam problemas de
produção de tal monta e são tão "zoneados" que
chegam a ser ridículos. Citando alguns problemas claros (que
ocorrem normalmente em uma produção de TV, mas aqui atingem tais
níveis de obviedade que beiram a comédia involuntária), temos:
rescritas até a morte (em todos eles), cenas escritas obviamente
como tapa-buraco --devido ao episódio filmado estar ficando curto
(onde "Sanctuary"
é um óbvio exemplo, onde as cenas em que o tradutor universal não
funciona foram acrescidas somente para retardar a "revelação"
de que Bajor é a terra prometida dos Skreeans), histórias
independentes coladas de qualquer jeito para pôr mais um episódio
em produção (com quando a sub-trama de "Melora"
colide com a trama principal ao seu final no Explorador), débeis
tramas Sci-Fi, inseridas quase que arbitrariamente para satisfazer
alguma espécie de quota (o "protouniverso" de "Playing
God" e a sub-trama de filme "B" de "The
Alternate", por exemplo) e absurdas conveniências de
trama para fazer o episódio funcionar em seus termos
(especialmente "Invasive
Procedures", com a necessária "estupidificação"
de Odo).
(Esforço tem de ser --e foi-- despendido no sentido de reduzir
tais ocorrências no decorrer da série. Isto é muito grave pois
uma coisa é um episódio ser ruim devido a um roteiro infeliz e
ser produzido de acordo, outra coisa é ele ser um "paciente
de esquizofrenia múltipla com mais remendos que uma múmia",
como ocorreu de forma muito freqüente neste temporada.)
A grande virtude da temporada é se aproveitar do fato de que os
personagens já estavam estabelecidos, mas ainda o suficiente
novos para receberem uma dose maciça de caracterização. Outro
fator importante foi estabelecer temas adicionais além daqueles
da primeira temporada, envolvendo os Bajorianos, Cardassianos e
federados, suas disputas internas e entre si.
Inúmeros problemas de caracterização ou foram minimizados ou
mesmo completamente resolvidos. A temporada foi um momento de
estabelecer e (ou) consolidar pares cuja interação sempre
produziria efeitos satisfatórios até o final da série, tais
como: Ben & Jake (ao longo da temporada), Sisko & Dax (ao
longo da temporada e especialmente em "Playing
God" e "Blood
Oath"), Kira & Odo (ao longo da temporada, mas
definitivamente em "Necessary
Evil"), Bashir & Garak ("Cardassians"
e "The
Wire") e Bashir & O'Brien ("Armageddon
Game"). A interação de Sisko com Dukat (por exemplo
em "The
Maquis") também foi muito importante para o
personagem, aqui e ao longo da série.
Novos temas são introduzidos com a adição dos Maquis (no duplo "The
Maquis") e do, sugerido por toda a temporada,
Dominion (em "The
Jem'Hadar"), os quais marcariam definitivamente a série
(o Dominion, em particular, até o último episódio). Também são
inauguradas as séries de episódios em que o "chefe O'Brien
é torturado" (com "Armageddon
Game", "Whispers"
e "Tribunal")
e em que ocorrem aventuras no "universo do Espelho" (com
"Crossover").
Certas piadas, que se tornariam recorrentes ao longo da série,
também se destacam, como a do Morn (agora com referências mais
diretas nos roteiros), o "falastrão que só fala fora de
cena", ou do "infame capitão Bodai", um Galamite
de crânio transparente e ex-amante de Jadzia.
Algumas características, sugeridas na primeira temporada, que se
consolidaram aqui na segunda (temporada fundamental para o
estabelecimento da personalidade da série), acompanhariam o
programa até o seu final (o que pode ajudar alguns dos leitores a
entender por que DS9 não é a sua série favorita):
DS9
é uma série muito mais orientada a personagem do que qualquer
outra série de Jornada, são fundamentais para a série a
caracterização e o desenvolvimento dos personagens. As tramas são
em sua maioria bastante simples --em essência colocar os
personagens em uma situação difícil (um dilema) e ver como eles
reagem dentro de suas caracterizações. A série parece ter uma
capacidade de produzir bons diálogos e oferecer insights sobre os
personagens mesmo em situações em que a trama de um dado episódio
não consegue ser nem um pouco original ou interessante.
DS9
é uma série totalmente orientada a elenco, Sisko (apesar de
Avery Brooks ter destaque nos créditos de abertura) não merece
tratamento privilegiado nos roteiros, ele é mais um personagem a
ser desenvolvido. O que é diferente das outras séries de Jornada,
em que a maioria das histórias é estruturada em torno do oficial
comandante.
DS9
não é uma série Sci-Fi como muitas outras, ela é
essencialmente uma série de drama regular ambientada em um cenário
Sci-Fi. Histórias Sci-Fi típicas (especialmente as "treknológicas")
parecem totalmente fora de lugar no contexto da série, mesmo
quando funcionam (o que é raro). Dentre os elementos Sci-Fi que
se destacaram nesta segunda temporada, temos o episódio "Whispers"
e as sempre maravilhosas visões dos Profetas.
Apesar de alguns bons pontos de continuidade, tivemos alguns
problemas elementares nesta área. O problema é quando as ações
dos personagens nos episódios não têm suas conseqüências
tratadas imediatamente no episódio seguinte. Isso é
particularmente frustrante na descoberta do crime de Kira por Odo
em "Necessary
Evil", no fato de Jadzia abandonar o seu posto é
seguir com os Klingons em "Blood
Oath" e no caso do Garak sem implante ficar
essencialmente igual ao Garak com implante em "The
Wire". Temos também o caso da traição de Quark em "Invasive
Procedures", onde a própria ação inicial do
personagem já foi uma má idéia dos roteiristas.
Apesar deste grave problema e de vários outros (que foram
apresentados ao longo dos comentários dos episódios, semana a
semana), ainda assim é possível colocar esta segunda temporada
de DS9 no nível da terceira temporada da Nova Geração
(a minha temporada favorita daquela série) e como a segunda
temporada mais importante da série, só ficando atrás da quinta.
Ainda que em termos estritamente aritméticos a segunda temporada
fique na quinta colocação em geral (a terceira temporada seria a
sexta colocada e a primeira seria a última por este simples critério
matemático).
Muitos acreditam que a série "se encontrou" na terceira
temporada, com a adição da Defiant e do Dominion, outros tantos
que isto ocorreu na quarta temporada, com a reintrodução de Worf
e dos Klingons. Porém acredito que a série já tenha emergido
desta segunda temporada com uma bem definida e distinta
personalidade. Um belo esforço em geral!
Altos
Entre
os melhores momentos desta temporada temos uma arrepiante
apresentação (com "flashbacks") da Terok Nor dos
tempos da ocupação Cardassiana, em "Necessary
Evil" (momento fundamental para Odo, tanto no passado
quanto no presente), uma atmosférica volta (mais sofisticada e
com mais tons de cinza do que a apresentada no episódio da série
original, com "Mirror, Mirror") ao "universo
do Espelho", em "Crossover",
um mergulho na mente do enigmático Garak, em "The
Wire", uma homenagem de Michael Piller (não
confessada e não creditada) ao seu ídolo Rod Serling, em "Whispers",
a explosiva introdução do Dominion em "The
Jem'Hadar" (episódio que gera repercussões até o
final da série), o ponto alto da "Trilogia do Círculo",
em "The
Circle", Kira em sua melhor forma resgatando um mítico
herói Bajoriano, em "The
Homecoming", a introdução de um dos elementos mais
característicos da série, os Maquis, em "The
Maquis, Part I", levantando discussões inteligentes
e complexas que continuam em "The
Maquis, Part II" (onde, um discurso de Sisko serve
mesmo como uma das marcas registradas da série, pois não devemos
nunca esquecer que "é fácil ser santo no paraíso"),
Dax e os Klingons Kor, Koloth e Kang embarcando em uma épica missão
de vingança, em "Blood
Oath", Kira desvendando um sombrio segredo de kai
Opaka nos tempos da ocupação, em "The
Collaborator", e a tocante história dos órfãos
Cardassianos deixados para trás quando da retirada das suas forças
pátrias de Bajor, ao final da ocupação, em "Cardassians".
Um pouco mais atrás temos o competente (mas insatisfatório)
encerramento da "Trilogia do Círculo", em "The
Siege", o real início da amizade entre Bashir e
O'Brien, em "Armageddon
Game", o retrato do sistema judiciário Cardassiano
(com direito a um excepcional caracterização de Odo), em "Tribunal",
e uma amostra do lado mais sensível do comissário, em "Shadowplay".
Baixos
Entre os piores momentos desta
temporada temos "uma bizarra e óbvia versão Ferengi de
'Yentl'", em "Rules
of Acquisition" (episódio que, apesar de ser
bastante tolo, fica na história, por que foi nele a primeira vez
que se ouviu falar do Dominion), "o fracassado estudo 'Niner'
sobre cultos e seus líderes" (que foi afundado em parte pela
falta de presença da protagonista e em parte por algumas conveniências
da trama), em "Paradise",
"o campeão absoluto em conveniências de trama", "Invasive
Procedures", "uma boa idéia sobre Odo e sua
figura paterna, sabotada por um sub-trama digna de um
'thrash-movie' ruim", em "The
Alternate", o "protouniverso e outras
tecnobaboseiras", em "Playing
God" (que, apesar de todos os seus problemas, ainda
tem um bocado de humor de qualidade e bons elementos de
caracterização para Dax), "um grosseiro e desfocado estudo
do problema da imigração", em "Sanctuary",
"uma estapafúrdia versão Ferengi de 'Casablanca'", no
absurdo "Profit
and Loss" (que só não virou "antimatéria-pura"
devido à presença sempre marcante de Andy Robinson como Garak) e
"o caso de história de adultério abortada e remendada com
muita tecnobaboseira", no 'trágico' "Second
Sight" (que só não foi pior devido à atuação de
Richard Kiley como o professor Seyetik).
No absoluto fundo do poço temos "a 'mágica' máquina de
probabilidade do sonolento Chris Sarandon", no patético "Rivals"
e a inacreditável mistura de "uma mensagem trekker da
semana, envolvendo deficientes motores" e um "típico
romance trekker da semana", no abominável "Melora"
(Ok, o restaurante Klingon foi uma boa idéia. Mas o resto...).
Notas
finais
A equipe de roteiristas se manteve
estável em relação a temporada anterior com Michael Piller ("Crossover",
uma rescrita não creditada em "Whispers",
"The
Maquis" e "Emissary",
da temporada passada), Ira Steven Behr ("The
Homecoming", "The
Maquis, Part II", "The
Collaborator" e "The
Jem'Hadar"), James Crocker (que só participou da
produção da série nesta temporada e contribuiu com "Cardassians"
e "The
Maquis, Part I"), Peter Allan Fields ("The
Circle", "Necessary
Evil", "Blood
Oath", "Crossover"
e "Duet",
da temporada passada) e Robert Hewitt Wolfe ("The
Wire", "The
Collaborator" e "In
The Hands Of The Prophets", da temporada passada).
Peter Allan Fields encerra a sua participação na série como o
melhor roteirista das duas primeiras temporadas (deixando muita
saudade). Devido aos créditos principais de Behr fica claro que
ele esteve presente em todos os momentos de impacto duradouro para
a série nesta temporada (e além).
Dan Curry passou a tomar conta dos efeitos visuais a partir desta
segunda temporada, com a saída do veterano Robert Legato após o
término da primeira. Bob foi trabalhar na companhia Digital
Domain onde acabou levando o Oscar de efeitos visuais por
"Titanic" do diretor James Cameron. Dan, que já havia
trabalhado anteriormente na seqüência de abertura da série,
passou também a atuar com consultor de artes marciais e
projetista de armas.
A série recebeu as seguinte nominações ao prêmio Emmy (o Oscar
da TV): penteados, por "Armageddon
Game", maquiagem, por "Rules
Of Acquisition", e efeitos visuais, por "The
Jem'Hadar". A série não levou nenhum dos prêmios.
(O livro "Star Trek Deep Space Nine Companion" cita também
uma nominação por vestuário para "Crossover",
mas eu prefiro ficar com a informação do site
oficial do Emmy.)
Finalmente foi construída a segunda parte do piso superior do
Promenade e suas vias foram bastante alargadas, dando a ilusão de
que o Promenade como um todo cresceu. O Promenade, enquanto DS9
esteve em produção, foi o maior cenário fixo de Hollywood.
Foi um erro (talvez o maior da temporada) matar Li Nalas. Os próprios
produtores reconhecerem o erro ao criar mais tarde o personagem
Shakaar, com óbvias similaridades.
Personagens
Regulares
Benjamin Lafayette Sisko (Avery
Brooks)
Patente: Comandante
Posto: Comandante de Deep Space Nine
"Emissary"
nos deu um grande salto de caracterização para Sisko, mostrando
todo o seu amor por Jeniffer. Porém, em todo o restante da
primeira temporada, pouco foi feito com o personagem. Sua boa
presença em "In
The Hands of The Prophets" foi um bom ponto, mas não
suficiente. Suas cenas com Jake sempre funcionaram desde o início,
mas o seu relacionamento com Dax demorou um pouco a engrenar, em
parte devido aos problemas de caracterização de Jadzia, o mais
problemático dos personagens num momento inicial.
Aqui, na segunda temporada, Brooks trouxe melhores atuações para
o personagem, ainda em um estilo extremamente contido e distante,
profissionalmente falando. Continua a existir a falta de um
interesse amoroso ("Second
Sight" foi uma catastrófica tentativa em colocar
alguém na vida de Ben Sisko). Não houve também um cuidado
especial em colocar Sisko no centro da série. Não me entendam
mal, não é necessário colocá-lo como destaque em cada episódio,
mas quando usá-lo em um episódio, que o façam sempre de forma a
fortalecer a sua posição, e não em coisas detestáveis, como "Profit
and Loss".
Felizmente as cenas com Jake continuam a funcionar e as com Jadzia
começaram a funcionar de verdade também (fruto também do melhor
trabalho com a personagem Dax). Porém, ainda não é claro se
Sisko aceitou de fato a a estação como o seu lar, ou ainda pensa
neste apenas como um posto temporário. Também o personagem ainda
fala muito pouco sobre si, sobre o que ele realmente pensa.
Olhando a série como um todo, devemos destacar alguns pontos
extremamente relevantes para o futuro do personagem:
Um episódio
chave para o futuro de Sisko foi "Paradise".
Nele os produtores descobriram que colocar Sisko/Brooks em uma
posição extrema e adversa era meio caminho para o sucesso.
Finalmente, em "The
Maquis", descobrimos um pouco mais sobre do que é
feito o personagem em seu melhor momento até então na série.
Também neste episódio se originam os seus famosos discursos que
passariam a ser uma marca registrada do personagem e também se
originam as famosas "espanações de cenário" de
Brooks.
Em "Crossover",
apesar de Brooks interpretar a versão alternativa de Ben Sisko,
temos a sua melhor atuação até ali na série, e aqui os
produtores descobrem que Sisko pode muito bem ter algo de
"perigoso", "implacável", e ainda assim ser
um grande herói.
Ainda que o personagem tenha momentos importantes na segunda
temporada (como o leitor deve provavelmente estar acompanhando no
guia de episódios da série), como a introdução de uma bola de
beisebol como o seu símbolo maior, foi na temporada seguinte (a
terceira) em que Ben Sisko veio totalmente à vida. Falando sobre
o comandante de DS9 (como ele próprio iria cantar um dia),
"the best is yet to come".
Odo (René Auberjonois)
Posto: Chefe de Segurança
Vislumbramos
momentos fundamentais do passado e do presente de Odo no clássico
"Necessary
Evil", seu lado mais sensível em "Shadowplay",
uma fenomenal presença em "Tribunal",
repleta de sub-texto, preciosos detalhes de sua "infância",
com o encontro com seu "pai" (o cientista Bajoriano Mora
Pol) em "The
Alternate" (talvez o episódio mais decepcionante da
temporada por desperdiçar o talento de Auberjonois e Sloyan
juntos, com uma sub-trama de filme "B"), seu lado mais
sombrio em "The
Wire", suas opiniões diretas e sinceras em "The
Maquis" e em "Playing
God" e uma espécie de conseqüência para os eventos
de "Necessary
Evil" em "The
Collaborator", em que ele comenta sozinho com Kira
que, sob difíceis circunstâncias, mesmo o melhor dos homens pode
fazer coisas terríveis, sem falar que neste episódio é a
primeira vez que Odo mostra claramente ter sentimentos pela major.
Auberjonois é um dos melhores atores da história de Jornada
e o seu trabalho com máscara é simplesmente impecável (um
verdadeiro mestre nesta arte) --é muito difícil não gostar de
suas atuações. Suas cenas com Kira funcionam sempre e as com
Quark (quase) sempre. Uma bela temporada para o comissário!
Julian Subatoi Bashir (Siddig El
Fadil)
Patente: Tenente de Segunda Classe
Posto: Oficial Médico Chefe
Bashir
esteve no seu melhor explorando sua química com Garak em "Cardassians"
e "The
Wire" e com O'Brien em "Armageddon
Game". El Fadil tem demonstrado um grande controle do
personagem, sabendo temperar o idealismo e a ingenuidade de Bashir
com uma maior seriedade quando necessário (sem falar que ele sabe
fazer do seu personagem o mais irritante dos mortais quando pedido
--isso é um elogio, pessoal!). No mais, é melhor esquecer que "Melora"
foi sequer produzido.
A redução dos seus flertes com Dax fez bem aos dois personagens.
Bashir também teve uma boa participação em cenas de ação
nesta temporada (El Fadil é o melhor em cenas de ação dentre
todos os atores que interpretaram médicos em Jornada). Sua
incrível capacidade em fazer diagnósticos sem a necessidade de
um tricorder e o seu insuperável desempenho profissional em geral
(claramente exemplificados em "The
Wire") sugerem habilidades especiais que só seriam
realmente explicadas em "Doctor Bashir, I Presume",
da quinta temporada. Uma revelação que mudaria para sempre o
personagem.
Jadzia Dax (Terry Farrell)
Patente: Tenente de Primeira Classe
Posto: Oficial de Ciências
Finalmente
a Jadzia deixou de ser um bizarro "clone do Spock" para
se tornar o personagem que todos iríamos adorar (e nos apaixonar)
posteriormente. Preciosos detalhes de caracterização espalhados
na temporada fizeram toda a diferença. Os pontos fundamentais
foram: "Rules
of Acquisition", "Playing
God" (onde Farrell encontrou a melhor forma de
interpretar a personagem) e "Blood
Oath" (a melhor hora de Jadzia em toda a série).
Seu relacionamento com Ben Sisko também se desenvolveu e a ausência
dos flertes de Bashir fez bem aos dois personagens.
Jake Sisko (Cirroc Lofton)
O relacionamento com Ben Sisko
continua funcionando muito bem, e Lofton faz usualmente um bom
trabalho. Foi uma boa escolha fazer Jake não seguir a carreira de
seu pai, via Academia da Frota Estelar. A sua relação com Nog só
não funcionou melhor (a química está lá) devido a alguns
problemas com as atuações de Aron Eisenberg, especialmente em "The
Jam'Hadar".
Miles Edward O'Brien (Colm Meaney)
Posto: Oficial de Operações
O'Brien
não recebeu (essencialmente) nenhum desenvolvimento nesta
temporada (ou em toda a série). Ele terminou a temporada como
começou, com uma caracterização que sempre torna fácil a audiência
simpatizar e se colocar no lugar do chefe. Além da costumeira boa
utilização como parte do elenco, os roteiristas começaram a
torturá-lo (em uma série de episódios bastante sólidos) e o
colaram com Bashir (uma relação que a maioria das pessoas pode
simpatizar também). Um bom uso do personagem, sem contar nas
sempre confiáveis performances de Colm Meaney, um dos melhores
atores do franchise.
Keiko O'Brien (Rosalind Chao) funcionou bem a maioria do tempo,
como coadjuvante, e Molly O'Brien (Hana Hatae) continua a gracinha
de sempre.
Quark (Armin Shimerman)
Barman da estação
Assim
como O'Brien, Quark não mudou muito ao longo da série e
definitivamente não mudou muito nesta segunda temporada. A
caracterização ideal de Quark foi apresentada em "Necessary
Evil", tanto a passada quanto a presente. Apesar dos
roteiristas terem descoberto isso, ele continuou sendo usado a
maior parte do tempo como alívio cômico. Quando ainda temos bom
alívio cômico, como na cena com Kira e Odo em "The
Collaborator" por exemplo, não temos um grande
problema, mas isso é raro e o humor envolvendo o personagem
costuma derivar para o pastelão, sendo o "Quark
flamejante" de "The
Jem'Hadar" um belo exemplo.
Seus inúmeros flertes ao longo da temporada não significaram
coisa alguma a longo prazo e pouca luz trouxeram sobre o
personagem. A maioria das cenas com Odo funcionou bem.
Seu irmão Rom (Max Grodénchick) e seu sobrinho Nog (Aron
Eisenberg) estão precisando de alguma ajuda, tanto no
departamento de caracterização quanto no de atuação. A segunda
participação de Zek (Wallace Shawn) e Mai'hardu (Tiny Ron) na série,
em "Rules
of Acquisition", foi definitivamente inferior à da
temporada passada, em "The
Nagus".
(Para registro: Quark sabe usar armas e atira bem, especialmente
em soldados Jem'Hadar.)
Kira Nerys (Nana Visitor)
Patente: Major da Milícia Bajoriana
Posto: Primeiro-oficial de Deep Space Nine
A
nossa querida major continuou a viver a experiência de
"estar do outro lado", como "Progress",
na primeira temporada, nos apresentou. "Sanctuary",
apesar de todas as suas mazelas, exemplificou claramente isto,
assim como "The
Collaborator", onde o seu maior ícone (kai Opaka) se
mostrou também uma colaboradora, o tipo de pessoa que Kira sempre
desprezou, acima de todas as outras. Uma fascinante nota de
complexidade.
(Seria errado ela, a esta altura, já ter perdoado completamente
os Cardassianos. Ela ainda continua os colocando sob suspeita e não
tem medo algum de apresentar sua opinião sobre eles. "Duet"
foi o começo de uma jornada de aceitação, que só iria acabar
ao final da série.)
Nana Visitor é o tipo de atriz que põe verdade e emoção até
na leitura de uma bula de remédio. É muito difícil apresentar
uma performance ruim, é um exemplo de garra e dedicação. Em
seus melhores momentos, Kira mostrou ser a grande estrela do espetáculo
nestas duas primeiras temporadas: na "Trilogia do Círculo",
em "Necessary
Evil" (no passado e no presente), em "Crossover"
(em dose dupla), em "The
Collaborator" etc. Seu relacionamento com Bareil
funcionou bem (com exceção de "Shadowplay")
e suas cenas com Odo sempre funcionam. I love you, Nerys!
Recorrentes
Vedek Bareil Antos (Philip
Anglim)
Um personagem definitivamente nobre, teve bom uso na
"Trilogia do Círculo" e na sua melhor hora, em "The
Collaborator", onde sua relação com Kira tomou
contornos mais fortes. "Shadowplay"
não foi tão bom. Anglim se sai bem quando interpreta o galante
vedek de uma forma bem contida, quando deixa as emoções
aflorarem ele tende a perder o controle da caracterização.
Vedek/kai Winn Adami (Louise Fletcher)
Muito bem tanto na "Trilogia do Círculo", em que
planejou um golpe de estado com Jaro e passou uma boa rasteira no
bom ministro quando o envolvimento dos Cardassianos foi revelado,
quanto em "The
Collaborator", quando pressionou ao máximo Bareil e
conseguiu que ele deixasse o caminho livre para a sua eleição
como kai de Bajor, uma decisão infinitamente acertada dos
produtores, por sinal. O trabalho de Fletcher é simplesmente
matador. (Não se esqueçam também que ela planejou o assassinato
de Bareil na temporada passada, em "In
the Hands of the Prophets".)
Gul Dukat (Marc Alaimo)
Em sua mente o Cardassiano é sempre o herói que luta por uma
nobre causa e faz o seu melhor para que acreditemos nisto. Seus
melhores momentos foram em: "The
Homecoming" (onde ajudou a fazer "controle de
danos políticos" para os Cardassianos, após Kira e O'Brien
terem libertado Li Nalas e outros prisioneiros de um campo de
concentração que não deveria mais existir), "Cardassians"
(onde sua capa de "benfeitor dos órfãos" é ao final
retirada e ele se revela capaz de usar mesmo uma criança inocente
para levar seus planos a frente), "Necessary
Evil" (quando era comandante de Terok Nor) e "The
Maquis" (onde temos a sua mais tridimensional
caracterização em toda a série).
Em termos de atuação, não existe muito a se dizer: Alaimo é
Dukat! Ele literalmente tirou o personagem das mãos dos
roteiristas, com uma agressiva e característica linguagem
corporal e um abundante carisma.
(É interessante como os roteiristas conseguem manter o personagem
presente, mesmo sem a sua presença física no episódio, através
de referências e citações.)
Elim Garak (Andrew J. Robinson)
Garak começa a se tornar o personagem mais complexo da série e
provavelmente de toda a história de Jornada. Robinson
coloca tantas texturas, contradições e nuances no personagem que
sempre parece que uma luz se ilumina quando ele entra em cena. Sem
dúvida a língua mais afiada da história do franchise, as
melhores falas são sempre do nosso querido "alfaiate".
Seus melhores momentos foram em "Cardassians"
(onde temos a primeira informação do seu passado com Dukat,
sobre o que vamos ouvir falar novamente no excelente "Civil
Defense", da terceira temporada, e além), "Profit
and Loss" (onde foi a única coisa que salvou o episódio
de ir literalmente para o fundo do poço) e "The
Wire" (seu melhor momento na temporada e na série,
onde, em relação ao seu misterioso passado, são apresentadas
umas poucas verdades, uma infinidade de charadas e o inesquecível
Enabran Tain (Paul Dooley), que também retorna na terceira
temporada, no fenomenal episódio duplo: "Improbable
Cause"/"The Die Is Cast").
Ainda conhecemos a versão alternativa de Garak do "universo
do Espelho" em "Crossover",
propositalmente muito mais direta e menos misteriosa que o
"nosso" Garak.
Produção
Produtor: Peter Allan Fields
Produtor: Peter Lauritson
Produtores Supervisores: David Livingston e James Crocker
Co-Produtor-Executivo: Ira Steven Behr
Produtores Executivos: Rick Berman e Michael Piller
Produtor Associado: Steve Oster
Editor de Histórias: Robert Hewitt Wolfe (incorporado
durante a temporada)
Elenco: Junie Lowry-Johnson e Ron Surma
Música: Dennis McCarthy etc.
Tema de Abertura: Dennis McCarthy
Diretor de Fotografia: Marvin Rush
Designer de Produção: Herman Zimmerman
Editor: Robert Lederman e Tom Benko
Gerente da Unidade de Produção: Roberto Della Santina
Primeiro Assistente de Direção: Richard Wells, Brian
Whitley
Segundo Assistente de Direção: B.C. Cameron e Debra Kent
Designer de Vestuário: Robert Blackman
Co-Designer de Vestuário: Abram Waterhouse
Diretor de Arte: Randy McIlvain
Efeitos Visuais: Dan Curry
Supervisor de Efeitos Visuais: Gary Hutzel e Glenn Neufeld
Supervisor de Pós-Produção: Terri Pots
Supervisor de Edição: John P. Farell
Supervisor-chefe de Arte/Consultor Técnico: Michael Okuda
Ilustrador-chefe/Consultor Técnico: Rick Sternbach
Decorador de cenários: Laura Richarz
Maquiador-chefe: Michael Westmore
Designer de Cenários: Sharon Davis e James Claytor
Ilustrador: James Martin
Coordenador de Efeitos Visuais: Judy Elkins e Philip
Barbiero e David Takemura
Supervisor de guarda-roupa: Carol Kunz
Supervisor de roteiros: Judi Brown e Cosmo Genovese
Efeitos Especiais: Gary Monak
Administrador de propriedades: Joe Longo
Coordenador de Construções: Thomas J. Arp e Dave
Degaetano
Artistas Cênicos: Denise Okuda e Doug Drexler
Designer de penteados: Josee Normand
Maquiadores: Karen J. esterfield, Dean Carl Jones e Camille
Calvet-Sutfin e Dean gates
Cabelereiros: Gerald Solomon e Ronald W. Smith e Norma Lee
Mixagem de Som: Bill Gocke
Operador de Câmera: Joe Chess
Iluminador-chefe: William Peets
"First Company Grip": Bob Sordal
Figurinistas-chave:
Phyllis Corcoran-Woods e Jerry Bono & Mary Ellen Bosche e
Stephanie Colin
Editor Musical: Stephen M. Rowe
Supervisor da edição de som: Bill Wistrom
Supervisor da edição de efeitos sonoros: Jim Wolvington
Editores de Som: T. Ashley Harvey,Sean Callery,Paul Tade
Coordenador da Produção: Heidi Julian e Heidi Smothers
Coordenador da Pós-Produção: Dawn Hernandez e Dawn
Velazquez
Associado de Efeitos Visuais: Cari Thomas & Laura Lang
Associado da Produção: Kim Fitzgerald e Kristine
Fernandes
Consultor Científico: Andre Bormanis
Abertura: Dan Curry
Coordenador de Dublês: Dennis Madalone
Pré-Produtora: Lolita Fatjo
Executivo do elenco: Helen Mossler
Lentes & Câmeras: Panavision
Efeitos vídeo-ópticos: Digital Magic
Composição especial de vídeo: CIS Hollwood
Fotografia com controle de movimento: Image "G"
Animação por computador: Vision Art Design &
Animation
Instalações de edição: Unitel Video
Som de Pós-produção: Modern Sound
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