MANCHETE
DO EPISÓDIO
História
tenta enfocar competitividade,
mas abusa de deturpação científica
Episódio
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episódio
Sinopse:
Data Estelar:
desconhecida.
Na iminência de "dar o
bote" em uma mulher alienígena de nome Alsia, que ficara viúva
recentemente, um vigarista El'Auriano de nome Martus é preso por
Odo. Ele é acusado de ter aplicado o "golpe do vigário"
em
um casal.
Em sua cela ele encontra um outro alienígena, de nome Cos. O
alienígena tem em sua posse um estranho dispositivo de jogo ao
qual ele atribui a perda de toda a sua fortuna. Ele joga pela última
vez, fica espantado por vencer e morre. Martus fica com o
dispositivo.
Miraculosamente
o casal retira a queixa e ele é posto em liberdade. Ele vai ao
Quark's e tenta vender o jogo ao proprietário, mas o súbito
interesse de Quark e sua aparente maré de sorte faz Martus voltar
atrás. Ele se amiga com uma outra viúva, a Bajoriana Roana (que
fica imediatamente atraída por ele), que acaba oferecendo o espaço
físico para que Martus abra o "Clube Martus" direto
competidor do Quark's.
Martus consegue levar Rom para trabalhar com ele, além de todos
os clientes do Quark. Seu segredo? Várias unidades de uma versão
tamanho família do dispositivo alienígena.
Enquanto isso O'Brien e Bashir se enfrentam em um jogo de
"racquetball". O'Brien perde feio. Coisas estranhas,
altamente improváveis --literalmente impossíveis--, começam a
acontecer na estação.
Para tentar reverter a maré dos seus negócios, Quark manipula
Bashir e O'Brien a entrar em um jogo com apostas com parte dos
lucros destinado aos órfãos Bajorianos. Quark recupera os seus
fregueses para o "duelo" entre O'Brien e Bashir.
Enquanto isso, a sorte de Martus parece terminar e Roana (com ciúmes
das garotas Dabo, entre outras coisas) fecha o clube. Martus tenta
uma última cartada oferecendo todos os seus lucros a um
investimento aparentemente rentável de Alsia.
Dax
detecta uma "perturbação nas leis da probabilidade"
que é máxima no clube de Martus, a origem são os dispositivos
tamanho família. Dax e Sisko os destroem. Imediatamente Odo
prende Martus, pela acusação original do casal, e Alsia com ele,
que se revela também uma vigarista que deu o golpe em Martus.
Quark chega no xadrez e se oferece para pagar a fiança de Martus,
para que ele suma da estação e não volte mais.
Comentários:
Deep Space Nine chega ao ponto mais baixo desta sua
"trilogia do terror". Peguem suas raquetes e vamos
tentar entender o que houve de errado com esta abismal hora de
televisão.
Primeiramente temos a premissa da tal "máquina de
probabilidade". Acho justo sempre julgarmos premissas
"ditas científicas" do seguinte modo: primeiro junto a
real ciência, segundo junto a ciência da série e terceiro
aceitar as regras desta premissa desde que "os fins
justifiquem os meios", em um certo sentido, e tais regras
sejam feitas constantes no curso do episódio. Infelizmente a
premissa do presente episódio falha miseravelmente nos três
pontos.
A
idéia original parece advir da teoria do Caos, só que de forma tão
distorcida, irresponsável e imbecil que chega até a ofender. Em
essência foi criada uma "caixinha mágica" que serve
para fazer coisas "improváveis" acontecerem. Bem, eu
acho que tal dispositivo não pertence ao universo de Jornada
que, "teoricamente", se preocupa em tratar ciência com
alguma dignidade.
O mais triste é que as regras de funcionamento de tal dispositivo
não são claramente estabelecidas e parecem se modificar para
satisfazer o direcionamento da história (o que leva o roteiro do
episódio ao limiar do amadorismo completo).
Aparentemente um replicador pode replicar não somente
"caixinhas mágicas" como "caixinhas mágicas
TAMANHO FAMÍLIA". Interessante, MUITO interessante. Os
fragmentos de "má ciência" advindos desta premissa são
tão absurdos que me fazem rir do que não deveria.
Discutida a premissa, o episódio gira em torno da antiga história
da "rivalidade de dois trapaceiros", no caso Quark e
Martus, a qual leva MUITO TEMPO para entrar em foco, dobrada pela
latente rivalidade entre O'Brien e Bashir.
Acredito que o fato de Martus ser El'Auriano é desnecessário
para o episódio, talvez uma herança dos rascunhos iniciais da
história, mais um podre desta bagunçada colcha de retalhos
chamada de episódio.
A
interação de Bashir e O'Brien é a melhor coisa do episódio e
ainda assim não faz muito por mim. Eu a acho aqui um pouco forçada
e excessiva em partes, muito aquém daquilo de que os dois são
capazes. E este lado da história fica totalmente solto, sem
fechamento nenhum. Que zona de roteiro, hein?
(O interessante é que a "máquina de probabilidade" não
é essencial para contar tal história. Martus poderia ser apenas
um "comerciante" abrindo um bar em frente ao Quark's, só
a ausência desta premissa imbecil já daria uma outra vida ao
episódio. Não iria salvá-lo, mas ao menos ele deixaria de ser
este travesti de televisão aqui apresentado.)
Para tal história funcionar, o roteiro deve produzir afiados diálogos,
situações engraçadas e reviravoltas a uma taxa alta e
constante. Infelizmente não é isto que acontece. O roteiro é
pobre e pouco inspirado, falta direcionamento cômico ao episódio
e a maioria dos atores parece infernalmente entediada com o episódio.
O resultado é previsível, lento e arrastado.
A caracterização de Quark e O'Brien diante das circunstâncias
está correta. Bashir também está bem (talvez um pouco imaturo
em certos pontos, mas foi legal ver em primeira mão a sua
habilidade com a raquete). Keiko e Rom também estão OK. O resto
dos personagens está terrível --especialmente Martus--
aparentemente em um estado de coma coletivo.
A
trama, além de herdar todos os problemas da "máquina de
probabilidade", tem um sério problema: Por que diabos o Odo
não revistou o alienígena preso e confiscou a "máquina de
probabilidade" inicialmente? É fácil de consertar (Martus
podia ter ganho a máquina em um jogo qualquer, por exemplo), mas
com uma premissa tão furada como esta, este ponto já começa a
arrancar gargalhadas involuntárias.
A direção de David Livingston, ainda que inventiva como sempre
(reparem na cena em que Quark e Sisko tomam o elevador por
exemplo), não conseguiu inflamar devidamente a comédia e o
resultado final foi um episódio apático e sem foco.
A maioria dos regulares nem honrar o pagamento honrou. Shimerman,
Meaney e El Fadil estiveram bem, mas o resto pareceu contaminado
com o "tédio Sarandoniano".
A performance de Chris Sarandon como Martus foi abismal, dando a
entender que o ator estava completamente desmotivado (e/ou
entediado) com o papel. Ele foi o grande responsável pelas cenas
entre Martus e Quark não funcionarem de jeito algum. Chao e Grodénchik
se saíram bem com o material. Os demais convidados ficaram no
"neutro".
Alguns outros pequenos bons pontos espalhados: O'Brien fazendo
"cooper" no Promenade, Bashir preocupado com a saúde de
O'Brien, Bashir procurando uma garrafa de ketchup que funcionasse,
Quark manipulando Bashir e O'Brien a realizar a partida e a
reviravolta ao final, em que Alsia também é revelada como uma
vigarista.
Para a platéia feminina tivemos esta semana O'Brien sem camisa
duas vezes (mostrando que ele é bastante sensual para a sua
esposa --o que é bem legal) e Bashir com uma indumentária que
parecia identificar a sua própria religião. (Mas como de costume
também tivemos uma garota Dabo com os seios seminus.)
O ângulo da trama envolvendo Roana foi um total desperdício de
filme.
Sou só eu, ou mais alguém acha impossível qualquer tipo jogo
(ao menos nos termos sugeridos) naquela "quadra
high-tech" cheia de planos inclinados e cantos vivos?
"Rivals" eleva a "imbecilidade científica"
em Jornada a um novo patamar, nos explicando detalhadamente
como NÃO fazer uma comédia no processo. De forma geral, um dos
mais confusos, mal-acabados e um dos piores episódios de toda a série.
Citações
Keiko - "You had a
game?"
("Vocês fizeram um jogo?")
O'Brien - "No, HE had a game. I just kinda stumbled around
the court for 90 minutes making a complete [fool] of myself."
("Não, ELE fez um jogo. Eu só fiquei correndo em volta da
quadra por 90 minutos fazendo um tremendo papel de bobo."
Quark - "Never trust a man wearing a better suit than your
own."
("Nunca confie num homem vestindo um termo melhor que o
seu.")
Trivia:
Presença de Keiko e Rom.
Participação de Chris Sarandon como
o El'Auriano Martus. Christopher Sarandon (nascido em 24/07/1942
em Beckley, West Virginia, EUA) foi casado entre 1968 e 1979 com a
(também) atriz Susan (Tomalin) Sarandon. Participou de filmes
como "Protocol", "Fright Night" e "The
Princess Bride" e séries como "Felicity",
"Chicago Hope", "The Practice" e "Picket
Fences".
Neste episódio foi pela primeira vez
nomeada a raça de Guinan (e também de Martus), os El'Aurianos.
O conceito original do episódio veio
da continua tentativa de diversos roteiristas de tentar oferecer
um "pitch" sobre teoria do caos (normalmente vendida ao
público leigo usando o argumento das "butterfly's
wings" --que foi o título original do "pitch" de
Jim Trombetta).
Originalmente teríamos Quark com um
dispositivo (encontrado nas escavações de uma antiga civilização)
que lhe traria grande sorte as custas do azar das outras pessoas.
Não havia o personagem Martus e muito menos o conflito entre
Quark e Martus nesta idéia original.
A idéia de Martus foi inicialmente um
efeito colateral de uma possível participação de Whoopi
Goldberg como Guinan que não se concretizou. Martus (ou na
realidade o seu predecessor no processo criativo do episódio)
seria possivelmente um filho mal-encaminhado da El'Auriana. Quando
Goldberg não conseguiu um espaço em sua agenda, o personagem foi
reestruturado, mas permaneceu um El'Auriano.
Martus, que foi concebido
originalmente como um inimigo recorrente de Quark, nunca voltou
devido a fraca química entre Shimerman e Sarandon.
O cenário da
quadra de "racquetball" foi considerado muito caro, e
difícil de filmar, e não foi mais usado durante a série.
Ficha
técnica:
História de Gabe Essoe &
Kelley Miles
Roteiro de Frederick Rappaport
Direção de David Livingston
Exibido em 03/01/1994
Produção: 031
Elenco:
Avery Brooks como
Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Nana Visitor como Kira Nerys
Colm Meaney como Miles Edward O'Brien
Siddig El Fadil como Julian Subatoi Bashir
Armin Shimerman como Quark
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko
Elenco convidado:
Rosalind Chao como Keiko O'Brien
Barbara Bosson como Roana
K. Callan como Alsia
Max Grodénchik como Rom
Albert Henderson como Cos
Chris Sarandon como Martus