MANCHETE
DO EPISÓDIO
História
sobre busca interior de Odo
alterna entre bons e maus momentos
Episódio
anterior | Próximo
episódio
Sinopse:
Data Estelar: 47391.7.
O cientista Bajoriano Mora Pol vem
à Deep Space Nine e convida Odo para uma expedição ao quadrante
Gama que ele acredita poder revelar uma pista sobre o passado do
Comissário. Mora foi o cientista Bajoriano que estudou Odo,
provou a sua consciência e desenvolveu a sua capacidade de mudar
de forma, em um processo em que Odo partiu de um "monte de
goma" dentro de um béquer até a capacidade de assumir uma
forma humanóide, similar à do próprio doutor Mora.
Entretanto, Odo tem muita mágoa do tempo em que ele se sentia um
literal "experimento vivo" nas mãos de Mora. O
relacionamento entre os dois em muito lembra o de pai e filho.
Odo,
Mora, Dax e outro cientista Bajoriano de nome Weld se teleportam
para a superfície do planeta em questão, no quadrante Gama. Lá
encontram uma pequena "forma de vida" com características
metamórficas e um monolito que eles teleportam para o Explorador.
Quando o monolito se desmaterializa, se segue um imediato
terremoto e a liberação de uma grande quantidade de gás vulcânico.
Todos, com exceção de Odo desmaiam. O Comissário ordena um
transporte de emergência para os quatro. De volta à estação,
enquanto os outros três se recuperam, Odo informa a Sisko do
ocorrido.
Mais tarde naquela noite, Kira acorda Sisko para informar que o
laboratório foi destruído e a "forma de vida" sumiu.
Mais tarde O'Brien encontra, nos dutos de ventilação, os restos
da "forma de vida", a qual aparentemente não tem condições
de sobreviver na atmosfera da estação. Naquela noite, enquanto
Bashir estudava os restos da "forma de vida", ele é
atacado por uma "criatura". Usando um bisturi laser ele
consegue repelir tal "criatura", que foge pelos dutos de
ventilação.
Mais tarde Dax conduz uma comparação entre um amostra da
"forma de vida" e um resíduo da "criatura" e
conclui que as duas são distintas. Ela deixa o computador
trabalhar na identificação da segunda amostra, porém Mora já
identificou a "criatura" --Odo.
Mora
informa a Odo de sua descoberta e força a questão de que outros
crimes inexplicáveis no passado da estação poderiam também ter
sido causados por Odo (sem o conhecimento consciente do Comissário)
e a única chance de cura, e de real entendimento do Comissário,
é o retorno dele ao laboratório de Mora em Bajor.
Odo postula que o gás vulcânico o afetou de alguma forma afinal.
Mora sabe que Odo está provavelmente certo, mas força Odo ao máximo,
tentando, ainda assim, fazer crer a ele que o único caminho para
a sua cura seria ele voltar com Mora para Bajor.
Mora não quer perder, de jeito algum, a oportunidade de ter Odo
novamente sob os seus cuidados. No pico de sua fúria e desespero,
Odo se transforma na "criatura" e Mora foge
aterrorizado.
Entendendo que de certa forma é responsável pela situação,
Mora se oferece como isca. Mora diz que os outros dois ataques
anteriores foram motivados por uma tentativa de libertar a
"forma de vida" e por um ataque ao próprio doutor.
O plano funciona e a criatura reverte ao estado natural. Bashir e
Mora conseguem eliminar todo o gás do organismo de Odo,
curando-o. Mora e Odo conversam na enfermaria e prometem iniciar
um relacionamento de verdade, assumindo os reais sentimentos que têm
um pelo outro.
Comentários:
Definitivamente uma melhora em relação à recente "trilogia
do terror", mas ainda longe da qualidade que podemos esperar
desta série. Possivelmente os motivos do tombo sofrido neste episódio
estejam explicados nas inscrições do monolito, mas como a Dax não
terminou de decifrá-las até o fim do episódio, vou tentar dar
uma ajuda nas próximas linhas.
Em
dois episódios anteriores nesta temporada, "Second
Sight" e "Rivals",
tivemos o caso de uma trama razoavelmente óbvia e mundana que com
o lastro de imbecilidades Sci-Fi, como a "projeção telepática
clônica" e a "máquina de probabilidade", foram
literalmente para o "toilete". Talvez sem tal
"lastro" esses episódios pudessem chegar ao menos no nível
do medíocre, o que é chato constatar, pois havia um potencial
inerente que foi perdido. Entretanto isso atinge níveis drásticos
neste presente episódio.
Com uma sólida premissa envolvendo o passado de Odo com Mora e um
ator convidado do calibre de James Sloyan (que trabalha muito bem,
obrigado, com o maravilhoso Rene Auberjonois), "The
Alternate" poderia ter sido fantástico. Infelizmente,
uma total falta de foco e um roteiro completamente bagunçado
colocam tudo a perder. Chega a ser engraçado como um sólido
drama familiar (ou a menos uma alegoria para um) pode ser posto de
lado em detrimento de uma absurda história derivada de
"filmes B" com efeitos visuais e música de qualidade e
gosto duvidosos.
O ponto alto do episódio foi sem dúvida a potente cena entre
Mora e Odo no escritório de segurança no começo do quinto ato.
Podemos entender, em sua obstinação de não deixar passar a
oportunidade de ter Odo de volta, que Odo foi de fato a melhor
coisa da vida de Mora, seu maior feito no campo profissional e
também o filho que ele nunca teve. O esforço para obter
resultados e as pressões dos Cardassianos devem ter sido brutais
na época e devem ter criado um elo que foi muito doloroso partir
quando Odo deixou os seus cuidados. Por outro lado, não é difícil
entender que, de todas as pessoas, Mora é aquele que consegue
atingir o lado mais frágil de Odo. Muita coisa reprimida de ambas
as partes, as quais vem à tona de uma forma brutal. Bravo para
esta cena!
A trama do episódio tem sérios problemas (que infelizmente
"estupidificam" vários personagens no processo), além
de vários elementos não-resolvidos.
A
primeira coisa foi remover o monolito, sem pensar duas vezes.
Porque não tirar umas fotos? Será que a posição do monolito não
era importante para decifrar as suas inscrições e/ou o seu próprio
funcionamento? Na melhor das hipóteses, eles roubaram uma
sepultura e jogaram o método científico pela janela. De fato, não
é feita (nem é tentada) nenhuma explicação da origem e da relação
entre o monolito, quem viveu naquele planeta, o gás, o terremoto
e a "forma de vida" encontrada.
O monolito --por ser acentuado, no curso do episódio, com
diferentes ângulos de câmera e fundos musicais-- é inicialmente
sugerido como uma espécie de "chave para o mistério",
mesmo suas inscrições recebem atenção no sentido de um esforço
para decifrá-las ser iniciado. Porém, ao final do episódio,
aquele grande monolito acaba como um motivo de chacota para o episódio,
que aparentemente foi rescrito BRUTALMENTE já sendo filmado.
O'Brien caçando a "forma de vida", naqueles termos, nos
dutos de ventilação, foi extremamente imbecil (ele próprio
reconhece isso no diálogo).
Um outro mal movimento foi utilizar mais uma "pista para
origem de Odo" de uma forma bastante manipulativa, somente
para iniciar a história do episódio --um problema menor, pois
esse não era o foco do episódio, mas ainda assim um problema.
A
direção de David Carson (que partiu desse episódio para dirigir
o filme "Generations") foi boa, especialmente
considerando a bagunça que devem ter sido os dias de filmagem
deste episódio, com novas versões e novas páginas de roteiro
chegando a todo momento. Entretanto, teria sido interessante se,
na cena em que a "criatura" atacou Bashir, o bom doutor
tivesse sentido algum sensação de calor imediatamente antes do
ataque.
Rene Auberjonois foi excelente, mostrando um Odo muito mais
pessoal do que de costume, trazendo à tona um legítimo
ressentimento com relação a Mora. Os demais regulares
apresentaram o bom desempenho de sempre, nada mais, nada menos.
James Sloyan foi soberbo, mostrando ao mesmo tempo os reais
sentimentos de Mora e todos os elementos da personalidade do
doutor que geraram ressentimento por parte de Odo. Existe uma
suficiente semelhança física, com a ajuda da maquiagem, para
tornar o trabalho dos dois ainda mais interessante do que já é.
Grande química aqui!!! Matt McKenzie é só um extra com algumas
falas.
De quem eram os restos mortais que Quark estava vendendo no início
do episódio? De Rom, talvez? (eheh!) De qualquer forma uma bela
cena que atesta o quanto Quark e Odo funcionam bem juntos. Idem
para a cena entre Jake e Ben.
"The Alternate" é um confuso e esquizofrênico
episódio que alterna momentos verdadeiros e bem atuados que
revelam interessantes elementos da psique de Odo, com outros
momentos que poderiam tranqüilamente estar em um mediano
"filme B".
Citações
Odo - "Humanoid death
rituals are an interest of mine."
("Rituais de morte de humanóides são do meu
interesse.")
Quark - "Death rituals?"
("Rituais de morte?")
Odo - "Everybody needs a hobby."
("Todo mundo precisa de um hobby.")
Dax - "All things considered, the computer's having a bad
week."
("Levando tudo em conta, o computador anda tendo uma má
semana.")
Bashir - "I prescribe rest --because it's hard for a
doctor to go wrong with that one."
("Prescrevo descanso --porque é difícil um médico erra com
essa prescrição.")
Trivia:
Introdução do doutor Mora Pol
(interpretado pelo fantástico James Sloyan), o cientista que
estudou Odo enquanto este esteve em seu laboratório em Bajor.
Mais sobre James Sloyan no artigo sobre as múltiplas faces dos
atores de DS9 --para lê-lo, clique aqui.
Mais da história passada de Odo será
vista no episódio da terceira temporada, "Heart Of
Stone".
Os Ferengis têm um interessante
ritual funerário: os seus mortos são dissecados à vácuo,
fatiados em pedaços e vendidos, e o dinheiro arrecadado é usado
para pagar as dívidas do falecido.
O "esboço" (pitch, em inglês)
desta história também foi fornecido por Jim Trombetta e explora
elementos estabelecidos em um "pitch" da temporada
passada que resultou em "The
Forsaken".
Originalmente Rene Auberjonois faria
os dois papéis, o de Odo e de Mora, mas o tempo adicional de
tirar e colocar a maquiagem em Auberjonois tornaria impossível a
filmagem nos típicos sete dias alocados a cada episódio. Pela
mesma razão, a idéia original de fazer Armin Shimerman
interpretar Quark e sua mãe no episódio da terceira temporada "Family
Business", foi também abandonada. Entretanto, Quark
acabou aparecendo de "Drag" em um dos piores episódio
de toda série, o INFINITAMENTE ABISMAL "Profit and
Lace", da sexta temporada.
Aparentemente, na
época a equipe de roteiristas acreditava que o pai de Ben Sisko já
havia morrido. À luz da presença do seu pai em "Homefront",
da quarta temporada, devemos entender (com alguma boa vontade no
processo), que Joseph Sisko chegou tão perto da morte que só
retornou por uma milagre, daí o pesar na fala de Ben para Odo.
Ficha
técnica:
História de Jim Trombetta
e Bill Dial
Roteiro de Bill Dial
Direção de David Carson
Exibido em 03/01/1994
Produção: 032
Elenco:
Avery Brooks como
Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Nana Visitor como Kira Nerys
Colm Meaney como Miles Edward O'Brien
Siddig El Fadil como Julian Subatoi Bashir
Armin Shimerman como Quark
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko
Elenco convidado:
James Sloyan
como dr. Mora Pol
Matt McKenzie como dr. Weld Ram