Ben
Sisko: Pai, Emissário, Soldado
Quando
se fala de um dos capitães de Jornada (no caso do presente
artigo, do capitão Sisko) é raro não vir imediatamente a mente
uma imediata comparação com os outros protagonistas do legado de
Roddenberry. Aqui não é diferente.
Kirk e Picard são baseados nos dois estereótipos básicos do herói,
o primeiro no do herói romântico, infinitamente apaixonante e
apaixonado, e o segundo naquele da figura estóica, absolutamente
inabalável em sua ética, auto-controle e força de vontade.
Vendendo os personagens desta forma para os roteiristas e para o público,
fica garantido um rápido entendimento sobre os mesmos para todos
os envolvidos, formando uma base sólida onde pudessem ser construídas
características adicionais e tornar os personagens algo único,
capazes de transcender os estereótipos dos quais são derivados.
Mas não me entendam mal, tal "transcendência" envolve
um grande esforço criativo, pois baseando um personagem em estereótipo
o perigo de se atingir uma caracterização caricatural é muito
grande, daí os grandes méritos pela criação e desenvolvimentos
dos grandes personagens, Kirk e Picard.
Kirk
cruzou um longo caminho desde aquele herói até certo ponto ingênuo,
sempre com um truque na manga, quase sempre uma nova versão do
infame, "Ei, olha, o seu cordão está desamarrado", até
a sua melhor caracterização nos filmes para o cinema
(fundamentais para o desenvolvimento dos personagens da Série
Clássica)
em que teve de enfrentar a sua própria mortalidade e a
perspectiva de se tornar obsoleto. Já Picard teve também que
deixar a excessiva rigidez das primeiras temporadas da Nova
Geração,
rumando para uma caracterização mais relaxada e mais bem
humorada, já próximo ao final da série. Pensando assim, parece
que eles, de certa forma, caminharam na direção, um do outro.
Tanto Kirk quanto Picard são ambos fruto de extremas idealizações,
idealizações aparentemente presentes no próprio inconsciente
coletivo desde tempos remotos, idealizações tão similares, díspares
e complementares quanto as proverbiais "duas faces da mesma
moeda". Esta dualidade Kirk x Picard talvez tenha polarizado
os fãs de Jornada mais do que qualquer outro assunto neste
gigantesco franchise de quase 35 anos de existência. Uma observação
interessante é que quando um "seguidor" de uma destas
correntes ("Pró-Kirk" ou "Pró-Picard") se
manifesta contrário ao "adversário", ele o faz
normalmente atacando (de forma deturpada e exagerada na maioria
das vezes) o estereótipo de herói do qual o seu respectivo
"desafeto" é derivado.
Em uma opinião bastante pessoal, considero tanto Kirk quanto
Picard duas abordagens absolutamente válidas do mito do herói.
Ambos são grandes personagens com qualidades admiráveis, como
devem ser de fato, os heróis. Durante muito tempo, favoreci o
modelo de herói associado a Picard, mas descobri mais tarde que
ambos são essencialmente equivalentes, com um tempo
suficientemente longo vou acabar gostando de uma forma
absolutamente igual dos dois personagens, o diferencial que eu
vejo que vai se manter vai ser o dos atores.
Ainda que eu não enalteça o trabalho de Stewart como já o fiz
um dia (parece que a cada episódio que revejo, sinto de forma
cada vez mais artificial e exagerada tanto a sua impostação de
voz quanto o seu sotaque britânico), ele essencialmente nasceu
para trazer à vida personagens como Picard --isto não há como
negar.
Quanto ao velho Bill bem... não me entendam mal, eu me divirto
vendo o Shatner "espanar o cenário", tanto quanto
qualquer um, mas realmente a sua leitura com tantas (e mal postas)
pausas, muitas vezes chega a atingir o nível de comédia involuntária.
Ainda que isso me incomode menos do que a outros, gosto realmente
de certas atuações de Shatner. Mas ele definitivamente não é
para Kirk o que Stewart é para Picard.
Nas
duas séries seguintes foi decidido que os protagonistas seriam,
em algum sentido "menos idealizados", "mais
falhos", "mais próximos de suas respectivas tripulações",
"dotados de características únicas em relação aos seus
predecessores" etc. Se isso foi uma atitude consciente para
levar o franchise em uma outra direção ou se foi simplesmente
algo do tipo "Ei, o que não fizemos ainda que vamos fazer
agora?", nunca saberemos. O que é certo é que Sisko e
Janeway (por incrível que possa parecer) partilham (a menos ao nível
da bíblia das suas respetivas séries) de tais preocupações em
suas caracterizações.
Sobre Janeway eu só sinto indiferença. A primeira palavra que
chega ao pensamento quando penso na capitã da Voyager é
esquizofrenia. Sete temporadas, 174 episódios e eu eu continuo
sem ter a menor idéia do que ela pode vir a fazer em situações
de crise, tantas foram as vezes que os roteiristas modificaram e
re-modificaram a caracterização da personagem para fazer as mais
estapafúrdias histórias funcionarem em seus termos.
Alguns elementos extremamente irritantes da sua caracterização:
sua infinita capacidade de citar e se apegar a regulamentos e
protocolos como se estivesse servindo na própria Academia da
Frota Estelar (e não em uma nave perdida do outro lado da galáxia);
a sua forma de lidar com a solidão do comando --infelizmente
Janeway parece buscar esta solidão, ela parece buscar este fardo
e mostrar pra todo mundo que tem a tarefa de levar a sua tripulação
pra casa e está "sozinha" pra realizá-la.
Especialmente frustrante é a forma que ela destila amargura, para
quem quiser ouvir, sobre o seu assumido "fardo" (eu também
não compro por um segundo essa noção de que ela não pode se
permitir ter um relacionamento afetivo com um membro de sua
tripulação. Mas que besteira, pelo amor de Deus!); ter tomado inúmeras
decisões (no mínimo discutíveis) que afetaram muitas vezes as
vidas de raças inteiras (isto por si só já é um problema,
especialmente se levarmos em conta a total falta de atitude da
tripulação de Voyager perante os desmandos de sua capitã, falta
de atitude principalmente do seu comatoso primeiro-oficial
Chakotay); seus inflamados (e irritantes) discursos sobre ética e
moral em que muitas vezes ela desconsidera completamente (e
descaradamente) os seus próprios erros (muitas vezes recentes) em
um festival de hipocrisia galopante etc.
Se tiver que escolher um capitão favorito, Janeway (com a qual não
consigo me identificar em momento algum ao longo da série) nem
entra na relação. Simplesmente um pesonagem MUITO fraco.
Pensando em episódios como "11:59" e
"Workforce", em que Mulgrew interpreta outros
personagens (e se saindo bem na empreitada), fica a certeza que o
problema é a Janeway e não a atriz que a interpreta.
Como todos já devem ter descoberto meu capitão favorito na história
de Jornada nas Estrelas, é claro, é Ben Sisko (apesar de que o
mais correto seria dizer: "o meu personagem favorito dentre
aqueles que são capitães, é Ben Sisko"). O motivo por que
prefiro Sisko acima de Picard e de Kirk (bem elogiados acima) é
simplesmente identificação. Eu me sinto mais próximo ao
personagem de Ben Sisko do que ao de qualquer outro dentre os
capitães de Jornada.
No que se segue temos um pequeno histórico do desenvolvimento do
personagem ao longo da série e suas principais facetas de pai,
Emissário e capitão (ainda que inicialmente ele fosse um
comandante) propriamente dito. O estilo é breve, tentando
fornecer simplesmente uma descrição leve e básica e não a última
palavra sobre o assunto.
Entendendo o desenvolvimento de Ben Sisko:
"Emissary" nos deu um grande salto de caracterização
para Sisko, mostrando todo o seu amor por Jeniffer. Porém, em
todo o restante da primeira temporada pouco foi feito com o
personagem. Sua boa presença em "In the Hands of the
Prophets" foi um bom ponto, mas não suficiente. Suas cenas com
Jake sempre funcionaram desde o início mas o seu relacionamento
com Dax demorou um pouco a engrenar, em parte devido aos problemas
de caracterização de Jadzia, o mais problemático dos
personagens num momento inicial.
Veio a segunda temporada e Brooks trouxe melhores atuações para
o personagem, ainda em um estilo extremamente contido e distante,
profissionalmente falando. Havia a falta de um interesse amoroso
("Second Sight" foi uma catastrófica tentativa em
colocar alguém na vida de Ben Sisko). Não havia também um
cuidado especial em colocar Sisko no centro da série. Não me
entendam mal, não é necessário colocá-lo como destaque em cada
episódio, mas quando usá-lo em um episódio, que o façam sempre
de forma a fortalecer a sua posição e não em coisas destestáveis
como "Profit and Loss".
Felizmente as cenas com Jake continuaram a funcionar e as com
Jadzia começaram a funcionar de verdade também (fruto também do
melhor trabalho com a personagem Dax). Porém, ainda não era
claro se Sisko havia aceito a estação como o seu lar, ou ainda
pensava neste como um posto temporário. Também o personagem
ainda falava muito pouco sobre si, sobre o que ele realmente
pensava.
Um episódio chave (no sentido de se entender melhor o que poderia
ser feito com o personagem) para o futuro de Sisko foi
"Paradise". Nele os produtores descobriram que colocar
Sisko/Brooks em uma posição extrema e adversa era meio caminho
para o sucesso. Finalmente, em "The Maquis" descobrimos
um pouco mais sobre do que é feito o personagem em seu melhor
momento até então na série. Também neste episódio se originam
os seus famosos discursos que passariam a ser uma marca registrada
do personagem e também se originam as famosas "espanações
de cenário" de Brooks. Seguindo em "Crossover",
apesar de Brooks interpretar a versão alternativa de Ben Sisko,
temos a sua melhor atuação até ali na série, e aqui os
produtores descobrem que Sisko pode muito bem ter algo de
"perigoso", "implacável", e ainda assim ser
um grande herói.
Ainda que o personagem tenha momentos importantes na segunda
temporada (como o leitor deve provavelmente estar acompanhando no
guia de episódios das série), como a introdução de uma bola de
beisebol como o seu símbolo maior, foi na temporada seguinte em
que Ben Sisko veio totalmente à vida.
Sem dúvida a "temporada da virada" para Sisko foi a
terceira, em que:
- ele recebe uma nave, a Defiant, uma que ele ajudou a projetar e
construir, fazendo-o conhecer a sua nave como nenhum outro capitão
em Jornada jamais conheceu a própria, como visto em "The
Search, Part I".
- também recebe de presente mais um episódio Maquis com a
participação de Dukat, em "Defiant".
- tivemos o seu grande momento no episódio duplo "Past
Tense, Part I" (clássico) e "Past Tense, Part II"
(bom), em que Sisko assume o lugar da figura histórica de Gabriel
Bell em um momento absolutamente crucial da Terra no século 21.
- tivemos também um excelente retorno de foco ao seu papel de
Emissário em "Destiny", algo raramente lembrado após o
piloto da série até então.
- podemos também conferir os talentos de Sisko em improvisação
e sedução (ele se envolve com as versões alternativas de Kira,
Dax e Jeniffer no curso do episódio), quando ele se passa pela
sua falecida versão alternativa e tenta salvar a versão
altenativa de sua falecida esposa Jeniffer, em mais uma visita de
DS9 ao "Universo do Espelho", em "Through the
Looking Glass".
- temos também Sisko desobedecendo uma ordem direta de um
almirante e indo ao resgate de Garak e Odo em meio a um infernal
massacre imposto pelas forças do Dominion a uma frota combinada
da Tal Shiar Romulana e da Ordem Obsidiana Cardassiana, no lendário
episódio "The Die Is Cast".
- em "Explorers", Sisko constrói uma versão de uma
antiga nave solar Bajoriana, refazendo com seu filho Jake a fantástica
viagem dos antigos Bajorianos.
- aprendemos também que ele sabe cozinhar (e bem), tem um grande
conhecimento de História, tem uma grande consciência social e
respeito por outras culturas, especialmente a Bajoriana, e que ele
finalmente aceitou esta "monstruosidade cardassiana chamada
Deep Space Nine" como o seu lar e arrumou uma namorada, a
capitão de cargueiro Kasidy Yates.
(Mais tarde na série, em "Favor the Bold", da sexta
temporada, Sisko abraça Bajor como o seu verdadeiro lar, chegando
a comprar, mais tarde, em "Penumbra", da sétima
temporada, um terreno para construir uma casa onde ele passaria o
resto da sua vida, sonho que ele não pôde realizar ao final da série.)
- ao seu final ele é promovido a capitão em "The
Adversary".
Elementos que beneficiaram Ben Sisko ao longo da série:
Jake Sisko (filho), Joseph Sisko (pai), Kasidy Yates (namorada que
depois se tornou sua segunda esposa, terminando a série grávida
do seu segundo filho, de sexo descohecido), Dax (Curzon, Jadzia e
Ezri), os Bajorianos, seu papel como Emisssário dos Profetas, os
Maquis, Dukat, Eddington, as escaramuças iniciais e depois a
guerra declarada com o Dominion.
Introdução da Defiant (no momento certo) no primeiro episódio
da terceira temporada, o excelente "The Search, Part I".
Sua promoção a capitão (no momento certo) no último episódio
da terceira temporada, o excelente "The Adversary".
Sua mudança de visual, para careca com cavanhaque, no episódio
duplo que abre a quarta temporada da série, o excelente "The
Way of the Warrior". Sem dúvida o personagem e o ator teriam
se beneficiado (e a audiência mais ainda no processo) se este
visual tivesse sido adotado desde o episódio piloto.
Melhores episódios de Ben Sisko como pai e homem de família:
A relação entre Ben e Jake talvez seja a mais bonita e
verdadeira dentre todas as da história de Jornada, suas cenas
sempre funcionaram, especialmente as dos episódios:
"Explores" (bom episódio da terceira temporada em que
Ben e Jake navegam em uma antiga nave solar Bajoriana), "The
Visitor" (clássico episódio da quarta temporada,
provavelmente o segmento mais emocionante da história de Jornada,
que imortaliza o amor entre os dois), "Nor the Battle to
the
Strong" (clássico episódio da quinta temporada em que Jake
tem de lidar com os horrores da guerra, entender sua experiência
e escrever sobre o ocorrido) e "In the Cards" (clássico
episódio da quinta temporada, provavelmente a melhor comédia da
história de Jornada, em que Jake faz de tudo para dar a seu pai
um raro card de um jogador de beisebol dos anos cinquenta).
Foi Jake que apresentou Ben a Kasidy Yates (no péssimo
"Family Business", da terceira temporada, sendo o elo
inicial entre os dois o beisebol). Tal relação cresceu e passou
por problemas, como quando Yates foi presa por sua associação
com os Maquis, em "For the Cause", da quarta temporada,
até chegar a um casamento e uma gravidez, como visto na sétima
temporada em "Till Death Do Us Part" e "Dogs
of
War" respectivamente.
O relacionamento de Ben Sisko com seu pai pode ser conferido em:
"Homefront"/"Paradise Lost", da quarta
temporada, "A Time to Stand", da sexta, "Far Beyond
the Stars", também da sexta, e "Image in the
Sand"/"Shadows and Symbols", da sétima.
Dax, o seu melhor amigo por três vidas, com tantas cenas memoráveis,
o "meu velho", sempre diferente mas sempre o mesmo.
Melhores episódios de Ben Sisko como Emissário:
- o excelente episódio duplo, o melhor piloto da história de Jornada,
"Emissary", que coloca a série em movimento e
Sisko no seu lugar na mitologia Bajoriana.
- o excelente episódio da terceira temporada,
"Destiny", que discute profecias e suas interpretações
de forma extremamente inteligente.
- o excelente episódio da quarta temporada, "Acession",
em que Sisko finalmente aceita o seu papel como Emissário dos
profetas quando confrontado com um outro possível Emissário (um
poeta Bajoriano, vindo do passado).
- o (INFINITAMENTE) clássico episódio "Rapture", da
quinta temporada, quando Sisko encontra uma lendária cidade em
Bajor e começa a receber visões diretamente dos Profetas que o
alertam (entre outras coisas) sobre a guerra que se aproxima.
- o excelente episódio "Sacrifice of Angels", da sexta
temporada, em que os Profetas impedem a vinda dos reforços do
Dominion do quadrante Gama, literalmente salvando todo o quadrante
Alfa. Eles avisam Sisko que a vida dele vai seguir um outro
caminho, que um preço deve ser pago pela intervenção deles.
- ainda na sexta temporada temos o excelente episódio
"Waltz", considerado por muitos o ápice do personagem
Dukat. Neste episódio Sisko diz que, custe o que custar, não irá
permitir que o Cardassiano faça mal a Bajor novamente.
- o MÁGICO episódio da sexta temporada "Far Beyond the
Stars", em que quando a força de vontade de Sisko começa a
falhar pelo quadro de destruição trazido pela guerra, os
Profetas lhe enviam uma visão dos anos cinquenta em que ele é um
escritor de ficção científica negro que, imaginem, escreve um
livro sobre uma estação chamada Deep Space Nine.
- o bom episódio da sexta temporada "The Reckoning", em
que Sisko tem que oferecer a vida de Jake para os Profetas, para
que se cumpra uma antiga e fundamental profecia.
- a trilogia que encerra a sexta temporada e abre a sétima com
"Tears of the Prophets" (excelente, onde Ben recebe a
medalha Cristopher Pike por atos de bravura), "Image in the
Sand" (bom) e "Shadows and Symbols" (clássico),
onde Jadzia Dax morre, os Profetas desaparecem e Sisko finalmente
descobre a real natureza de sua existência.
- ainda na sétima temporada temos o bom episódio
"Covenant", em que Dukat pela primeira vez se apresenta
com um fiel seguidor dos Pagh-Wraiths, os adversários milenares
dos Profetas.
-
e finalmente não podemos esquecer de mencionar o arco de dez episódios
(o chamado "capítulo final") que encerra a série e que
ao seu final leva Sisko a sofrer uma espécie de tranformação e
agora existir junto com os Profetas no templo celestial. Os episódios
são: "Penumbra" (bom), "Till Death Do Us
Part" (excelente), "Strange Bedfellows"
(excelente), "The Changing Face of Evil" (clássico),
"When it Rains" (bom), "Tacking into the Wind"
(clássico), "Extreme Measures" (péssimo, talvez o episódio
mais decepcionante de toda a série), "Dogs Of War"
(bom) e "What You Leave Behind" (duplo e, apesar do
apressado e simplista confronto final entre Sisko e Dukat,
excelente).
(A complexidade da trama do "capítulo final" é tanta
que fica impossível oferecer mais detalhes com o espaço aqui
disponível.)
(Se não fosse pela perseverança de Rene Echevarria, que se
juntou à série como roteirista e produtor na terceira temporada
de DS9, após o término da Nova Geração, esta importante faceta
do personagem --a de Emissário-- poderia ter sido completamente
esquecida.)
Melhores episódios de Ben Sisko como capitão e herói de ação:
I - Todos os episódios envolvendo os Maquis: "The Maquis,
Part I", "The Maquis, Part II",
"Defiant", "For The Cause", "For The
Uniform" e "Blaze Of Glory".
(Informações completas sobre todos estes seis excelentes episódios
bem como sobre toda a história dos Maquis em Jornada, podem ser
encontradas em uma série de cinco artigos (1,
2, 3, 4
e 5)
escritos por mim e publicados pelo Trek Brasilis.)
II - Os 3 primeiros episódios do "Universo do espelho":
- "Crossover" (clássico episódio da segunda temporada,
que ainda que tecnicamente um episódio da versão alternativa de
Ben Sisko, apresentou a melhor atuação de Brooks até então e
deu pistas de como tratar o real personagem no futuro).
- "Through The Looking Glass" (bom episódio da terceira
temporada, imperdível para aqueles que querem ver o velho Sisko
exercitar a sua "veia improvisadora e sedutora").
- "Shatered Mirror" (bom episódio da quarta temporada,
em que Sisko se utiliza da versão alternativa da Defiant para dar
uma surra histórica em um gigantesco cruzador Klingon, com
direito a fantásticos efeitos visuais).
III - Os episódios em que Sisko enfrenta os Jem'Hadar:
- "To The Death" (bom episódio da quarta temporada, em
que Sisko e Cia. devem unir forças com os Jem'Hadar comandados
por um estreante Weyoun para tentar impedir que uma facção
desertora dos soldados do Dominion possa fazer uso de uma arma
devastadora, "os portais Iconianos", aqueles mesmos do
bom episódio da segunda temporada da Nova Geração,
"Contagion").
- "The Ship" (excelente episódio da quinta temporada em
que Sisko e cia. encontram uma nave Jem'Hadar acidentada em um
planeta com toda a tripulação morta. Sisko quer a nave, mas uma
equipe de resgate Jem'Hadar também a quer, a impossibilidade de
se estabelecer um diálogo entre Sisko e a Vorta comandando a
operação de resgate leva finalmente à morte de um Fundador que
estava escondido na nave o tempo todo, ao suicídio de todo o
batalhão dos Jem'Hadar e a morte de vários homens de Sisko).
- "Rocks and Shoals" (clássico episódio da sexta
temporada, em que Sisko e cia. se vêem acidentados em um planeta
onde também caíram um grupo de Jem'Hadar com o seu Vorta à
beira da morte. O Vorta não poderá controlar os seus soldados
por muito mais tempo, pois o seu suprimento de Ketracel White
--droga fundamental para a estabilidade e obediência dos
Jem'Hadar-- está acabando. Então o Vorta oferece a Sisko o plano
de ataque dos seus soldados e em troca da ajuda de Sisko em se
livrar de seus comandados ele promete um transmissor que pode se
reparado por O'Brien para tirar todos dali. Sisko aceita a oferta,
mas ainda tenta dissuadir o líder do Jem'Hadar e buscar uma
alternativa. Não conseguindo, devido à nobreza dos Jem'Hadar e
sua obediência à "ordem das coisas", os Jem'Hadar
acabam por atacar e são exterminados pelo pessoal de Sisko.
Quando a poeira abaixa e ninguém mais se mexe chega o Vorta, de
nome Keevan, com o tansmissor que diz que se ele tivesse apenas
mais algumas ampolas de "White", Sisko e seus homens é
que estariam todos mortos agora).
- "The Siege Of AR558" (clássico episódio da sétima
temporada, que traduz como nenhum outro segmento de Jornada os
aspectos mais crus e brutais da guerra --Sisko e cia. devem
defender a todo custo uma importante instalação de comunicação
recentemente tomada pela Federação em território Cardassiano,
pois obviamente os Jem'Hadar a querem de volta-- desde as brutais
cicatrizes físicas e pisicológicas presentes nos soldados que já
estavam a tempos defendendo a posição, passando pelo literal
"Coro Grego" em que se transforma Quark comentando sobre
a guerra e a condição humana e a perda da perna de Nog no
cumprimento do dever até o apoteótico e surreal final, "The
Siege of AR558" dá uma verdadeira face a cada um destes
oficiais, cujos nomes Sisko lê toda semana na lista de baixas da
guerra. SOBRENATURAL!).
IV - O episódio duplo da quarta temporada, composto por
"Homefront" (clássico) e "Paradise Lost"
(bom), em que Sisko tem de impedir um golpe de Estado na Terra,
planejado pelo seu antigo oficial comandante, almirante Layton.
V - Os oito episódios do arco que encerra a quinta temporada e
abre a sexta:
- "In the Cards" (clássico, penúltimo episódio da
quinta temporada, provavelmente a melhor comédia da história de Jornada, porém com um tema sério, onde Kai Winn busca conselhos
sobre uma possível assinatura de um tratado entre Bajor e o
Dominion --que acaba sendo assinado no episódio seguinte, como
uma forma de Sisko proteger o planeta de Kira da guerra iminente).
- "Call to Arms" (clássico que encerra a quinta
temporada, onde se incicia a guerra e DS9 é tomada pelas forças
do Dominion. Especialmente inesquecível é o discurso de Sisko
dizendo que um dia vai voltar à estação e a imagem da Defiant
se unindo à gigantesca força tarefa Federada/Klingon ao seu
final).
- "A Time to Stand" (clássico, em que os horrores da
guerra começam a afetar a todos e Sisko e cia. tomam uma nave
Jem'Hadar --aquela mesma do episódio "The Ship"-- e a
levam em uma missão atrás das linhas inimigas).
- "Rocks and Shoals" (clássico).
- "Sons and Daughters" (péssimo, em que INFELIZMENTE
encontramos novamente o filho de Worf, Alexander).
- "Behind the Lines" (excelente, em que Odo passa por
sua suprema provação com a "Fundadora" e Sisko assume
a posição de adido ao almirante Ross, concebendo planos globais
para a guerra).
- "Favor the Bold" (excelente, quando Sisko convence o
Comando da Frota a lançar uma ofensiva para retomar DS9, antes
que Dukat possa trazer reforços do Dominion do quadrante Gama
através da fenda espacial).
- "Sacrifice of Angels" (excelente, onde temos uma antológica
"barricada espacial", a intervenção dos Profetas, a
morte de Ziyal --filha de Dukat--, a queda de Dukat no abismo da
loucura e a retomada de DS9).
VI
- Finalmente não poderia faltar a referência ao devastador e clássico
episódio "In The Pale Moonlight", da sexta temporada,
onde Sisko se envolve com Garak em uma conspiração para trazer
os Romulanos para lutar juntamente com a Federação e os Klingons
contra o Dominion e Cardássia.
Luiz
Castanheira é editor do Trek
Brasilis
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