MANCHETE
DO EPISÓDIO
Enredo
com diversos furos sobrevive
graças a seu forte potencial dramático
Episódio
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episódio
Sinopse:
Data Estelar:
desconhecida.
Kira e Dax estão a caminho de uma
holo-suíte quando Kira recebe um chamado de Bajor e fala com uma
arquivista (de nome Alenis Grem) do Arquivo Central Bajoriano, que
procura informações sobre uma tal Kira Nerys que ficou presa por
uma semana no campo de concentração Cardassiano de Elemspur, dez
anos atrás. Kira não tem lembrança de tal cativeiro e lembra
claramente estar em outro lugar naquela época. Kira chega a
contatar um suposto colega de cela (um Bajoriano de nome Yeln),
que confirma que ela ficou presa com ele, mas ela também não se
lembra dele.
A major parte para Bajor para tentar esclarecer o mistério, só
que ela não chega ao seu destino. Ela é raptada em Bajor e só
vai acordar na capital Cardassiana --e sua aparência foi alterada
para a de uma Cardassiana. Um Cardassiano, de nome Entek, um
agente da Ordem Obsidiana, diz que Kira na realidade é Iliana
Ghemor, uma agente de campo da Ordem que sofreu cirurgia plástica
e implantes de memórias para se infiltrar na resistência
Bajoriana, dez anos atrás, se passando por uma terrorista de nome
Kira Nerys (que foi raptada para este fim).
Entek
diz ter sido o seu supervisor na época e lamenta que os métodos
de infiltração Cardassianos sejam por demais agressivos (Iliana
teve todas as suas memórias bloqueadas por questões de segurança).
Eçe diz que ela terá dificuldade em se recuperar e se reintegrar
à sociedade Cardassiana. De fato, ele tem certeza que ela não
vai acreditar em uma só palavra dele até o medicamento dado a
ela fazer efeito e desbloquear as suas memórias originais.
Kira, de fato, não acredita em uma só palavra de Entek e ignora
a introdução por parte dele do pai de Iliana, legado Tekeny
Ghemor, do Comando Central Cardassiano. Isso apesar de os
sentimentos dele por sua filha parecerem genuínos e de Kira estar
hospedada justo na casa do legado e no quarto de Iliana. Frustrado
que a memórias de Iliana parecem não estar retornando, Entek
apresenta o corpo preservado criogenicamente da "real"
Kira Nerys (com um visual de dez anos atrás). Kira ainda está
irredutível, mas fraqueja quando Entek lhe conta sobre
acontecimentos de sua vida que ela nunca partilhou com ninguém.
Ele diz que estas são memórias implantadas pela Ordem
especificamente para a missão de Iliana.
De volta a DS9, Garak diz a Bashir (que passa a notícia
imediatamente a Sisko e ao restante da tripulação) que Kira pode
estar sendo detida pela Ordem Obsidiana na Capital Cardassiana.
Garak diz não poder fazer nada a respeito, mas Sisko acaba forçando-o
a mudar de opinião e a seguir com ele e Odo a bordo da Defiant
para Cardássia.
Decidida
a partir, Kira consegue baixar o campo de força do aposento em
que ela se encontra presa. Mas Ghemor a faz reconsiderar uma fuga,
sabendo que ela seria facilmente apanhada pela Ordem assim que saísse.
A pedido de Ghemor, Kira assiste a uma gravação de Iliana, da época
em que partiu em sua missão. Kira parece começar a ser afetada
pela situação. Entek volta e inicia uma brutal sessão de
interrogatório, visando descobrir a informação que Iliana
deveria trazer para casa. Ghemor invoca a sua autoridade de Legado
e faz o interrogatório parar e manda Entek embora. Diz que não
pode tolerar ver Kira (que acabara de quebrar um espelho e se
encontrava à beira de um colapso) ser torturada, e diz que vai
tirá-la de lá com a ajuda de seus contatos secretos do submundo
Cardassiano. Chega um desses contatos, um jovem Cardassiano de
nome Ari.
Finalmente Kira percebe, pelo discurso de Ari, que Ghemor na
realidade é um dissidente político e entende que o plano de
Entek era obrigar Ghemor a se expor e, com a sua queda, destruir
todo o movimento. O agente da Ordem se aproveitou da semelhança
de Kira com Iliana, torturando-a psicologicamente não para obter
informação dela, mas para provocar uma reação em Ghemor. Uma
reação que exporia as suas ligações junto aos demais
dissidentes. Entek e seus asseclas entram na sala, matam Ari e
capturam Ghemor e Kira. Porém, logo chega a cavalaria de Garak,
Sisko e Odo para o resgate. Quando Entek tenta reagir, ele é
prontamente morto por Garak.
Ghemor volta com Sisko e cia. para DS9, onde Bashir prova que Kira
(já com suas feições Bajorianas restauradas) é de fato 100%
Bajoriana e se descobre que o Bajoriano que
"identificou" Kira na prisão sumiu sem deixar rastros
(provavelmente ele próprio modificou os registros a serviço da
Ordem, em primeiro lugar). Ghemor diz que espera um dia encontrar
Iliana, que ele acredita que ainda está viva perdida em algum
lugar em Bajor. Pede também para que ela e os seus companheiros
tomem muito cuidado com Garak, que ele acredita poder traí-los a
qualquer momento, se isso for do interesse dele. Os dois se
despedem, aparentemente como pai e filha substitutos, um para o
outro. Ghemor aceitou o asilo político do governo Mathenite e
Kira fica com uma pulseira que foi da mãe de Iliana.
Comentários:
Uma
controversa premissa (que tende automaticamente a alienar --de saída--
uma fração da audiência ao seu final) e um grande problema logístico
(e outros furos de roteiro, menores e secundários) quase põem
por terra um episódio, que funciona pela sinceridade e
honestidade do seu final, pelas belas caracterizações e pelas
boas atuações de Nana Visitor e (principalmente) dos três
principais atores convidados. Mais detalhes, sem ter que virar
um(a) Cardassiano(a) no processo, nas linhas abaixo.
O ponto crucial e potencialmente mais polêmico do episódio é a
sua infame premissa: "Será Kira uma Cardassiana?"
A decisão final de responder tal questão com um sonoro "NÃO"
foi a mais acertada, tanto para a personagem quanto para a série.
Tal decisão a priori abandona implicitamente o "truque"
de identidade trocada como linha condutora da história e deixa
reais sentimentos aflorarem. (Além do que, decidir por outra
resposta e não transformar Bashir em um idiota parece
completamente impossível.)
Uma resposta "sim" seria uma reviravolta tamanha para a
personagem e exigiria tanto planejamento para tratá-la (ou mesmo
para mantê-la) na série, que simplesmente não seria executável
na prática (ou pior, cairia no completo ridículo).
Um "talvez" seria mais tratável em termos da série,
mas também seria uma espécie de "trapaça", no arco de
história da personagem, que o transformaria em um arco mais de
busca de identidade pessoal (mais como o de Odo), distanciando-se
do caminho de colocar os seus fantasmas pessoais para trás e se
libertar (em todos os sentidos) do seu passado. Seria claramente
danoso a personagem.
A operação de resgate de Sisko é definitivamente complicada de
se explicar (sem dúvida um grande problema logístico). E colocar
todas as "minúcias que a tornam possível" por conta da
bolsa de truques de Garak é um grande erro. Fica difícil de
saber o que houve, o episódio foi escrito e produzido de acordo
com o cronograma padrão de produção (ao contrário do anterior "Equilibrium",
que foi literalmente escrito e rescrito durante as filmagens --o
qual curiosamente, apesar de seus vários problemas, não teve um
furo deste tamanho). Será que tais explicações ficaram no chão
da sala de edição? Será que a cara-de-pau imperou e Wolfe e
cia. acharam que ninguém iria reparar?
Vamos quebrar a história para identificar a raiz do problema. O
começo, com Garak descobrindo sobre o paradeiro de Kira e Bajor e
a Frota considerando essa situação (o seqüestro de Kira pela
Ordem) como uma quebra de segurança tão grande que autorizam uma
missão tão arriscada parece ok. O final, com Sisko, Odo como uma
bolsa, "documentos quentes" e Garak, já em solo
Cardassiano, conseguindo chegar à casa de Ghemor, possivelmente
em alguma vila residencial militar, e realizar o seu pequeno
"assalto", parece funcionar também. Nossa turma
conseguir voltar para algum tipo de "ponto de encontro"
para deixar o planeta também parece possível, pois Entek deixa
claro que a participação de Garak pegou a Ordem desprevenida.
Claramente
o problema está no meio, em colocar o pessoal em solo Cardassiano
e tirá-los de lá e trazê-los até DS9. O truque de "fazer
a nave parecer um cargueiro", de "The
Homecoming", é usado novamente aqui (o curioso é
que, ao contrário de em "The
Homecoming", o truque de "tem alguém importante
esperando a minha carga" não funcionou aqui. A reação de
Benil ao código reconhecido de Garak lembrou a de Boheeka, em "The
Wire", ao consultar o código do implante de Garak,
fornecido por Quark).
Só que a Defiant em vez de um Explorador e Cardássia Prime em
vez de Cardássia IV fazem uma enorme diferença. Chega até a ser
engraçado imaginar Sisko levando a Defiant até a órbita de Cardássia
Prime (?!), se transportando (?!) para a superfície, se
transportando de volta algum tempo depois (?!) e conseguindo
chegar inteiro em DS9 (?!).
Para fazer isso funcionar, obviamente a Defiant teria que ter
levado o nosso valoroso trio apenas a algum ponto de encontro com
algum ex-colega de Garak da Ordem, que daí seguiria, com alguma
nave bem discreta, ida e volta até Cardássia Prime. Como o
roteiro nem tentou salvar a pátria de tal incursão, só nos
resta rir mais um pouco. Sisko cirurgicamente alterado para
parecer um Cardassiano poderia ajudar no sucesso da missão também.
E existe um detalhe que torna tudo isto ainda mais engraçado: por
que diabos Sisko não rumou camuflado até Cardássia? Existem
duas respostas para isso, uma pior do que a outra.
A primeira é que para ficar com o dispositivo de camuflagem a
bordo da Defiant a Federação empenhou a sua palavra de que tal
dispositivo só seria utilizado no quadrante Gama e que quaisquer
informações adicionais sobre o Dominion seriam partilhadas com
os Romulanos. O "pequeno" problema de tal explicação
é que tal informação ainda não havia sido estabelecida em tela
(!).
A segunda é que os produtores não tinham muita certeza (e eu não
estou brincando quanto a isso) se T'Rul tinha levado o dispositivo
de camuflagem com ela pra casa em Romulus ou não.
Isso sem falar na chegada de ajuda na hora certa para salvar Kira
e Ghemor, que foi até interessante pela interação entre Entek e
Garak, mas conveniente e clichê ao extremo.
O
estratagema de Entek (em termos de meios para executar e motivos
para realizar) funciona razoavelmente bem em termos de história.
Parece que a sua escolha de Kira não se deve só à semelhança física
com Iliana (que não seria um problema para a tecnologia da
Ordem), mas sim ao fato de ela ser Bajoriana e ocupar uma posição
(de primeiro oficial de DS9) que a torna portadora de informações
suficientemente privilegiadas que justificariam um interrogatório
mais agressivo (aos olhos de Ghemor) por parte de Entek. Fato que
também justifica o tempo que a Ordem demorou, após a retirada
Cardassiana de Bajor, para trazer "Iliana" para casa.
O que não pode ser explicado pelo que foi visto em tela é como
Entek sabia do incidente de Kira com a tal felina. Isso poderia
ter sido ao menos levantado pela major no final com Ghemor,
deixando o ponto assumidamente como mistério. O que não foi o
caso aqui.
Finalmente os personagens...
A história de "Kira versus Iliana" tem alguns pontos de
real interesse. A escultura de Iliana é uma maneira sutil de
causar confusão em Kira. A sua mãe era uma artista, assim como
Iliana. Em contrapartida, Kira é uma negação no ramo, como a mãe
de Iliana. Após o colapso, a primeira coisa que vemos Kira fazer
é examinar a escultura e aparentemente imaginar: "Será possível?"
Bom trabalho!
O começo do episódio explica que Kira não está tão acostumada
assim, e parece mesmo ter uma certa aversão, a holo-suítes.
Quando Entek apresenta "o corpo de Kira Nerys", Kira diz
que aquilo tudo poderia bem ser uma simulação no interior de uma
holo-suíte, mas lá no fundo da personagem parece que já brota
uma dúvida, um pouco pelo choque e um pouco talvez por falta de
entendimento de tal tecnologia. O último ponto interessante é
que o contraponto entre o interrogatório brutal de Entek e a
compaixão desmedida de Ghemor parece recriar de alguma maneira a
(aparentemente infalível --se julgarmos a sua perene utilização
em dramas policiais) dinâmica do "tira malvado e do tira
bonzinho", e isso é o que mais afeta Kira em seu cativeiro.
Sisko manipulando Garak aqui (assim como fez com Quark em "The
Search, Part I") exemplifica o estilo do comandante,
bem como a sua ousadia em resgatar Kira (apesar dos problemas com
essa parte da trama). A interação entre Sisko e Garak é
excelente e continuaria dando frutos ao longo da série,
culminando com o clássico absoluto "In The Pale
Moonlight", da sexta temporada. Os outros regulares pouco
apareceram (e nada do chefe O'Brien de novo esta semana).
Garak é sempre um ponto positivo para qualquer episódio. Temos
com ele mais uma referência a como a ameaça do Dominion afetou a
vida na estação e a alfaiataria de Garak (além do Bar de Quark
e da Escola de Keiko, como visto em "The
House of Quark"), a confirmação que ele só deixou
a estação uma única vez (ver "Cardassians",
da temporada passada) nos últimos três anos e que ele não o fez
por temer pela própria vida.
Entek é um perfeito modelo de vilão gelado e bem articulado,
muito interessante de se assistir (e que teria um bom potencial
para interagir com Garak no futuro --pena que virou pó). Ghemor
é um pai amoroso e sensível e acima de tudo absolutamente crível
(ainda que alguns possam reclamar que justo o mais simpático de
todos os Cardassianos tenha de ser também um dissidente político).
Existe algo de muito tocante em sua tantalizante tragédia
pessoal.
Temos Les Landau de novo na direção e as atuações dos atores
corresponderam completamente. Talvez o seu maior problema com este
episódio tenham sido alguns closes extremos do rosto de Nana
Visitor, especialmente no final de atos. O ponto alto foi a cena
em que Kira quebra o espelho (uma cena claramente não-original,
com certeza), que é executada aqui com absoluta perfeição. A
briga entre Entek e Ghemor, Kira olhando para o espelho e o
atingindo. Kira colapsando entre as pernas de Ghemor, meio que se
agarrando na esperança que ele oferecia a ela. Mais humano impossível.
A música de David Bell também funcionou bem na cena. (O óbvio
truque de Odo como sacola foi executado de forma perfeita também.)
O destaque dentre os regulares vai para Visitor, que nunca falha
quando genuína emoção é necessária, e aqui não foi exceção.
O mais emocionante é a forma como ela dá vida à verdadeira
Iliana na mensagem gravada dez anos atrás. A reação de Kira a
tal mensagem também é excelente. Brooks de novo se saiu bem. A
fala em que ele confirma a sua extorsão para Garak é magistral.
O destaque dentre os convidados vai para Robinson, que parece
conseguir fazer mágica com qualquer texto e em qualquer situação.
Um claro exemplo é a cena em que ele mata Entek e em seguida
lamenta por gostar do falecido. Sem o subtexto que Robinson coloca
em cada fala de Garak, a cena seria um mero alívio cômico, o que
absolutamente nunca é o caso com o personagem. Sierra e Pressman
foram ótimos e os demais convidados não comprometeram.
É uma pena que a dinâmica entre Entek e Ghemor sirva tão pouco
como um microcosmo da relação entre a Ordem Obsidiana e o
Comando Central. Não por culpa de Entek; é a postura de Ghemor
que é obviamente atípica para um militar Cardassiano (ele é
contrário à manutenção dos dois poderes).
A fala final de Ghemor parece um aviso tanto Kira e cia. quanto
para a audiência de que Garak é um elemento imprevisível e
perigoso no contexto da série. Esse ponto e a fala de Entek, que
a Ordem não vai deixar barata a "pequena aventura" de
Garak nesse episódio, servem como "setup" para o legendário
duplo "Improbable Cause" e "The Die Is
Cast" mais à frente, nesta mesma terceira temporada.
O episódio sugere que o motivo para o governo Bajoriano não
investir pesadamente na remoção de Garak de Deep Space Nine é a
continuada interferência por parte de Sisko, possivelmente
mantendo o "alfaiate" por perto para uma eventual
necessidade, envolvendo os Cardassianos ou não.
A verdadeira história por trás da morte da mãe de Kira só
seria revelada no episódio "Wrongs Darker Than Death or
Night", da sexta temporada. Mais detalhes sobre a morte
do pai de Kira em "Ties of Blood and Water", da
quinta temporada, que marca também a volta de Ghemor à série.
Iliana Ghemor nunca foi encontrada.
Algumas outras pequenas coisas: Que fim levaram os outros dois
alegados companheiros de cela de Kira em Elemspur? Será que
Bashir nunca fez um teste anterior do DNA de Kira? O quintal da
casa de Ghemor ficou triste, de tão mal feito. Temos uma rápida
menção da claustrofobia de Garak (que viria a "puxar o pé"
do personagem mais tarde na série) e dos Maquis (mais Maquis em
"Defiant", ainda nesta temporada). Este é um dos raros
episódios em vimos Odo com uma arma (a de Entek) na mão (ainda
que sem usar).
Uma breve tomada de localização da Capital Cardassiana foi
"roubada" de "Tribunal".
A técnica de infiltração Cardassiana (de mudar a aparência de
seus agentes) pode ser conferida tanto no anterior "Tribunal"
quanto no posterior "State
of Flux" (da primeira temporada de Voyager,
com Seska). A idéia da técnica de implante e supressão de memórias
parece ser inspirada em filmes como "Blade Runner" e
"Total Recall".
O movimento de Ghemor nunca teve o seu potencial realmente
aproveitado no curso da série, uma pena. Também nunca foi
estabelecido (nem que sim, nem que não) se tal movimento tem de
fato alguma relação com aquele da qual Natima Lang e cia. faziam
parte (ver "Profit
and Loss").
"Second Skin" evita, sabiamente, qualquer tipo de
final mais "impactante" com relação à identidade de
Kira e, apesar de suas óbvias falhas, mostra saber muito bem onde
está o seu coração, situando-se no sempre fértil terreno da
interação entre Cardassianos e Bajorianos e da ocupação,
fazendo Kira galgar mais um degrau (ganhando um "pai postiço
Cardassiano" de presente!) na escada de sua redenção
pessoal. Uma boa hora de TV.
Citações
Ghemor - "Personally, I
think Cardassia could use a few more artists."
("Pessoalmente, eu penso que Cardássia poderia ter mais
artistas.")
Garak - "Commander, this is extortion."
("Comandante, isso é chantagem.")
Sisko - "Mmm... yes, it is."
("Mmm... sim, é.")
Kira - "Don't worry, he's on our side... I think."
("Não se preocupe, ele está do nosso lado... eu
acho.")
Garak - "Major, I don't think I've ever seen you looking
so ravishing."
("Major, eu não acho que já tenha visto você assim tão
encantadora.")
Sisko - "Mr. Garak, I'm impressed."
("Sr. Garak, estou impressionado.")
Garak - "Just something I overheard while hemming
someone's pants."
("Somente algo que ouvi enquanto fazia a bainha das calças
de alguém.")
Garak - "Treason, like beauty, is in the eye of the
beholder."
("Traição, como beleza, está nos olhos de quem vê.")
Trivia:
O roteirista do episódio, Robert Hewitt Wolfe, diz que mesmo
antes de trabalhar em DS9 ele tentou vender uma história
para a produção de A Nova Geração, em que personagens
daquela série se tornariam Romulanos no curso de um episódio
(pra falar a verdade ninguém menos que "Q" transformava
Picard, Data e Troi em Romulanos). História que acabou não
levando a uma venda, apesar de "Face of the Enemy",
da sexta temporada das aventuras de Picard e cia., ter um tema
relacionado.
Ele continuou com a idéia que eventualmente se transformaria em "Second
Skin", só que originalmente o plano era fazer de O'Brien
um Cardassiano que substituiu o verdadeiro O'Brien durante as
guerras de fronteira, anos atrás. Tal história foi abandonada
pelo fato do chefe ter uma filha humana e a história acabou com
Kira, que, como o chefe, obviamente tem um passado com os
Cardassianos.
O final original do roteiro tornava indefinido se Kira era de fato
Cardassiana ou não. A versão produzida deixa absolutamente claro
que não.
Wolfe acredita que o tema maior do episódio seja: "nunca
julgue um livro pela sua capa". Devido aos diversos níveis
de manipulação e enganação apresentados, "todos parecem
estar usando uma 'segunda pele'", diz o roteirista.
A imagem do capitão Kobheeriano foi um reuso de "Duet".
A maquiagem Cardassiana foi uma verdadeira tortura para a
claustrofóbica Nana Visitor, que tinha que chegar as 2h30 da manhã
para iniciar a aplicação que demorava quase cinco horas para
ficar pronta (o tempo da aplicação Bajoriana é de
aproximadamente 90 minutos).
Ira Behr diz que o episódio foi o primeiro roteiro de Wolfe que não
sofreu nenhuma rescrita, nem dele e nem de Michael Pelar.
"Foi melhor que um rito de passagem para Wolfe", diz o
produtor.
Lawrence Pressman retornará como o legado Tekeny Ghemor em "Ties
of Blood and Water" da quinta temporada, mas deixou tão
boa impressão nos produtores que volta já em "The
Adversary" (último episódio desta terceira temporada)
como o embaixador Krajensky.
Ficha
técnica:
Escrito por Robert Hewitt Wolfe
Direção de Les Landau
Exibido em 24/10/1994
Produção: 051
Elenco:
Avery Brooks como
Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Nana Visitor como Kira Nerys
Colm Meaney como Miles Edward O'Brien
Siddig El Fadil como Julian Subatoi Bashir
Armin Shimerman como Quark
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko
Elenco convidado:
Andrew Robinson
como Elim Garak
Gregory Sierra como Entek
Tony Papenfuss como Yeln
Cindy Katz como Yteppa
Lawrence Pressman como Tekeny Ghemor
Christopher Carroll como Gul Benil
Freyda Thomas como Alenis Grem
Billy Burke como Ari
Nana Visitor como Iliana Ghemor [não-creditada]