MANCHETE
DO EPISÓDIO
Dinossauros invadem o quadrante
Delta e tomam o controle da Voyager
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episódio
Sinopse:
Data estelar: desconhecida.
O professor Gegen e seu assistente Veer encontram os restos de um
oficial da Frota em uma caverna de um mundo alienígena. Gegen
acredita que o achado é a chave para descobrir as verdadeiras
origens de sua raça, os Voth, uma espécie réptil que, segundo
ele, vem de uma parte longínqua da galáxia. A teoria da
"Origem Distante" contradiz a doutrina da ministro Odala e
dos poderosos anciãos Voth, os quais acreditam que sua raça foi a
primeira a evoluir a seres inteligentes no quadrante. Os anciãos são
muito avessos às afirmações, mas Gegen encontra uma pista
consistente no uniforme do cadáver: o nome de uma nave chamada
"Voyager".
Gegen e Veer trilham o caminho da Voyager pelo quadrante Delta até
finalmente encontrarem a própria nave. Graças à sua sofisticada
tecnologia de camuflagem, eles se transportam a bordo e observam a
tripulação sem serem detectados. Mas os sensores internos acabam
localizando-os e, assustado, Veer dispara um tranqüilizante contra
Chakotay. O Voth é incapacitado por um tiro de phaser, porém Gegen
se transporta de volta à sua nave, levando consigo o inconsciente
Chakotay.
Na Enfermaria, Veer tenta se proteger entrando em um estado de
hibernação. Examinando a sua estrutura genética, o Doutor
descobre que ele evoluiu dos dinossauros da Terra. Na nave Voth,
depois que Chakotay recupera a consciência, ele e Gegen chegam a
conclusões parecidas, apontando que os ancestrais dos Voth
sobreviveram à extinção, desenvolveram tecnologia de viagens
espaciais e deixaram o planeta. Acusado de heresia pelos anciãos,
Gegen traça um curso para mostrar sua evidência mais palpável -
Chakotay - àqueles que o apóiam. Mas antes que chegue a seu
destino, recebe notícia de que a Voyager foi capturada pela
nave-cidade dos Voth.
A tripulação é mantida presa pelo Ministério dos Anciãos, que
promete destruir a nave da Federação a não ser que Gegen retorne
para enfrentá-lo. Odala o acusa de ser uma influência destrutiva
para a sociedade Voth e o ordena a retirar suas afirmações.
Contudo, o cientista se recusa a fazê-lo, até o ponto em que a
ministro o ameaça dizendo que mandará a tripulação para uma colônia
de detenção. Para salvá-los, Gegen desmente publicamente sua
teoria, sabendo que a herança verdadeira de seu povo permanecerá
um segredo... por enquanto.
Comentários:
A princípio, o roteiro de "Distant
Origin" parece se basear em mais uma premissa
sem-pé-nem-cabeça dos roteiristas, certo? Desculpe desapontá-lo,
mas esta é só a impressão inicial. É possível que até os mais
céticos tenham mudado de opinião quando assistiram ao episódio.
Apesar de improvável, a história é coerente, interessante e rica,
seguindo a mesma tendência do segmento anterior, "Real
Life", o que a torna uma agradável surpresa.
É
claro, tratar desse assunto inevitavelmente causaria protestos no
fandom. Mas, mais do que a forçada tentativa de explicar a
sobrevivência dos dinossauros ou a sua existência no século 24,
é a sua presença no quadrante Delta e, mais convenientemente, o
encontro com a USS Voyager que tornam o roteiro implausível. Os
roteiristas insistem em trazer para a série elementos do quadrante
Alfa, o que tira toda a unicidade e dramaticidade da premissa
original. O telespectador simplesmente não engole a idéia de que a
nave está isolada nos confins da galáxia, por dois motivos
básicos: primeiro; a tripulação não se comporta como se fosse o
único grupo de humanos num raio de 70.000 anos-luz; segundo; a
produção não foi capaz de ilustrar um quadrante Delta vasto e
inexplorado. É só ir até o próximo sistema para encontrar alguma
raça conhecida. Basta lembrar de "The
37's", em que um grupo de humanos do século 20 foi
abduzido e transportado ao quadrante Delta por alienígenas hostis,
de "Tattoo", onde
conhecemos os ancestrais de Chakotay, ou até mesmo de "False
Profits" e "Unity",
em que vemos, respectivamente, Ferengis e humanos assimilados pelos
Borgs em Wolf 359.
Portanto, o episódio peca por
deslocar os dinossauros algumas dezenas de milhares de anos-luz e
por permitir que a tripulação os encontre do enorme quadrante, e
não pelas improbabilidades já mencionadas.
Desligando-se
disso, o roteiro é excelente. Braga e Menosky conseguem fazer com
que a história seja digerível. A premissa "dinossauros"
deixa de ser importante assim que se tem uma amostra de como é a
estrutura social dos Voth. Apesar de tecnologicamente avançada, a
raça vive uma realidade semelhante ao período medieval europeu, em
que a doutrina era imposta pelo poder papal e não podia ser
desafiada por novas possibilidades de interpretação. No caso, o
poder em questão seria o do ministério.
Histórias
que retratam experiências ocorridas na realidade geralmente
originam episódios de boa qualidade. Não poderia ser de outra
forma, afinal o que o público está vendo é um retrato do que de
fato aconteceu na Terra. Vale lembrar algumas obras-primas de Deep
Space Nine, como é o caso de "Duet", da
primeira temporada, uma clara alusão ao holocausto promovido pelos
nazistas, e "The Collaborator", episódio do
segundo ano dentro do mesmo assunto.
Têm mérito também os métodos de
investigação de Gegen. Ele sim é um cientista. Por mais que os
produtores tentem vender essa imagem, a tripulação da Voyager não
é composta por cientistas.
As
descobertas de Gegen abrem espaço para bons traços de continuidade
na série. Os ossos que ele encontra no início da história são os
restos do alferes Hogan, morto em "Basics,
Part II". A Expansão Nekrit é citada e pode-se ver
até mesmo a estação espacial de "Fair
Trade", onde Neelix se envolveu em atos
ilícitos.
Mas
o episódio também é sensacional por mostrar a nave sob a
perspectiva de uma raça alienígena. Até a metade da história,
as ações da tripulação são vistas em terceira pessoa.
Igualmente interessantes são as deduções preliminares de Gegen e
de seu aprendiz quanto aos aspectos antropológicos da sociedade
humana (obviamente, a primeira idéia é a de que os humanos são
uma sociedade matriarcal), os comentários sobre as interações
entre Tom e B'Elanna e o método de observação.
O episódio termina muito bem,
deixando a questão em aberto e, inclusive, permitindo uma eventual
continuação - mas não se anime, ela não virá. As teorias de Gegen
são postas a julgamento e ele é forçado a abandonar o meio
científico, no qual brilhantemente atuara durante anos. A crítica
do progresso versus tradição fica clara.
Contudo,
na ânsia de mostrar os dinos, os roteiristas novamente ignoraram o
ponto crucial da série. Em momento algum falou-se em "voltar
para casa". Por que levantar essa questão agora? Simplesmente
porque os Voth fizeram a mesma viagem que a Voyager está fazendo
(no sentido oposto, é claro), são uma raça altamente evoluída,
experiente, e eles têm tecnologia de transdobra. Por que a capitã
não tentou negociar, nem cogitou a possibilidade? Nunca saberemos.
Mas foi uma pisada feia na bola. Quando oportunidades como esta são
desperdiçadas, Voyager volta a parecer a série sem
identidade tentando copiar A Nova Geração. Também não há
como saber por que a ministra Odala permitiu que a nave continuasse
em sua jornada. Qualquer um em sua posição teria destruído toda e
qualquer evidência que ameaçasse os dogmas que regem a sociedade.
Mas, nesse caso, os fãs não teriam mais uma série, não?
Citações:
Veer - "Curious. I didn't
expect the smell..."
("Curioso. Eu não esperava o cheiro...")
Gegen - "Male and female
interacting. Let's observe."
("Macho e fêmea interagindo. Vamos observar.")
Chakotay - "Do you always
harpoon the local wildlife?"
("Vocês sempre arpoam a vida selvagem local?")
Doutor - "That creature
napping in Sickbay... is a dinosaur."
("Aquela criatura cochilando na Enfermaria... é um
dinossauro.")
Paris - "Tuvok, I hope that's your stomach."
("Tuvok, espero que isso seja o seu estômago.")
Voth - "Who's that?"
("Quem é ele?")
Janeway - "My helmsman. Sounds like he's about to blast a whole
inside of your ship. Lieutenant Paris, fire!"
("Meu piloto. Parece que ele está para abrir um buraco
dentro da sua nave. Tenente Paris, fogo!")
Trivia:
Henry Woronicz interpretou J’Dan em “The Drumhead”, do
quarto ano de A Nova Geração, e voltou a aparecer em Voyager
como Quarren, no episódio “Living Witness”, do quarto
ano.
Christopher Liam Moore volta a aparecer em Voyager como um
membro dos Varros, no episódio “The Disease”, da quinta
temporada.
Marshall Teague já teve outras experiências na ficção científica.
Interpretou três personagens diferentes em "Babylon 5" e
atuou em "Crusade", "Sliders" e "Stargate
SG-1".
Joe Menosky e Brannon Braga disseram que usaram o julgamento de
Galileo Galilei pela Igreja Católica como inspiração para este
episódio. Para Menosky, o segmento ainda teve um gosto de A Nova
Geração. O produtor Michael Piller disse que "Distant
Origin" apresentava o melhor roteiro de Voyager que
ele já havia lido até então.
A cidade Voth criada para este episódio é uma das maiores já
feitas para um episódio de TV das série de Jornada.
Neste episódio é dito que há 148 formas de vida a bordo da USS
Voyager.
São 14 minutos de episódio até que possamos ver alguém da
tripulação de Voyager. Um recorde!
Ficha
técnica:
Escrito por Brannon Braga
& Joe Menosky
Direção de David Livingston
Exibido em 30/04/1997
Produção: 065
Elenco:
Kate Mulgrew como
Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B'Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garrett Wang como Harry Kim
Elenco convidado:
Henry Woronicz como Gegen
Christopher Liam Moore como Veer
Marshall Teague como Hulak
Concetta Tomei como Odala
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