MANCHETE
DO EPISÓDIO
Tripulante condenado salva o dia, em
episódio que muda os rumos da série
Episódio
anterior | Próximo
episódio
Sinopse:
Data Estelar: 50023.4
Abandonada pelos Kazons em um planeta dominado por terremotos e
criaturas ferozes, a tripulação procura por comida e abrigo. Ao
mesmo tempo, Paris, que conseguiu deixar a Voyager em uma nave
auxiliar, solicita a ajuda dos Talaxianos.
Na
Voyager, o Doutor surpreende Seska ao lhe revelar que seu bebê não
é filho de Chakotay, mas de Culluh. Depois que ela deixa a
Enfermaria, o médico descobre que não é o único membro da
tripulação na nave; o alferes Suder, violento sociopata que Tuvok
vinha tentando reabilitar, ainda está a bordo. Eles unem forças
contra os Kazons, mas ao traçarem uma estratégia de ação, Suder
expressa descontentamento quando pensa que possivelmente terá de
matar inimigos para recuperar o controle da Voyager.
No
planeta, Kes e Neelix são levados como reféns por uma cultura
humanóide primitiva. Chakotay e uma equipe de resgate os libertam,
mas durante o escape são obrigados a se esconder em uma das
perigosas cavernas. Eles conseguem se esquivar da enorme criatura
que habita o local e selam a abertura ao saírem.
À medida que Paris traça curso de
volta à Voyager com reforços, ele manda uma mensagem para o
Doutor, pedindo-lhe que desative as junções secundárias dos
phasers. Suder sabota uma série de sistemas usando velhos truques
Maquis para evitar ser detectado. Mas Seska, outrora membro dos
Maquis, percebe que há um sabotador a bordo e confronta o Doutor.
Ele diz que é o único responsável e Seska desativa seu programa
antes que ele possa cuidas das junções secundárias. Cabe a Suder
a tarefa de salvar nave e tripulação, e ele eroicamente desliga os
phasers pouco antes de ser morto pelos Kazons.
Paris
dispara contra os feisers principais da Voyager, e quando Culluh
tenta compensar com os sistemas de back-up, Seska e muitos outros na
ponte são mortalmente feridos. Ela morre enquanto Paris os
Talaxianos se transportam para a nave, e Culluh leva a criança
consigo ao evacuar suas tropas. Paris então toma o controle e volta
para resgatar seus colegas. Mais tarde, Tuvok oferece uma prece
Vulcana de paz a Suder, enquanto Janeway traça um curso para casa.
Comentários:
O terceiro ano de Voyager começou com tudo. Houve
muita coisa boa em "Basics, Part II",
principalmente no que se refere a um desenvolvimento significativo
de personagens --algo raro na série. Merecem destaque o Doutor,
Chakotay e Suder.
Também
Janeway, mas com menos destaque, principalmente por seu espírito de
liderança e por seu exemplo em situações limite. Basta relembrar
a cena em que ela ordena que a tripulação coma as minhocas das
pedras e a seqüência em que corta os longos cabelos para fazer o
fogo --foram especiais. O que uma mulher determinada no comando não
faz pela sobrevivência de seus subordinados?
Mais do que qualquer outra coisa, "Basics" dá um
toque mais humano a Voyager. Incrivelmente foram necessários
dois anos para os telespectadores assistirem à série e terem a noção:
"Nossa, eles estão desamparados e têm que fazer sacrifícios
para continuar vivos!". Até então, o que víamos eram
oficiais muito bonitos e bem vestidos, com botas polidas e estômagos
cheios, viajando em uma nave luxuosa e com recursos ilimitados
--isso sem falar na misteriosa regeneração dos sistemas bioneurais,
na limpeza do casco externo e nas eternas reservas de dilítio que
alimentam o reator de dobra.
Aqui,
vemos Frota e Maquis atirando pedras em neandertais alienígenas e a
batalha contra os fenômenos naturais e contra animais selvagens. É
um verdadeiro retorno às raízes humanas.
Os sentimentos e as emoções também afloram no episódio. O
Doutor, como sempre, foi magnífico. Além do humor de costume,
ajudou Suder a superar o impacto psicológico que a luta contra os
Kazons estava tendo sobre ele. Sobre Suder, tem-se a total regeneração
e redenção. Ele está genuinamente arrependido do que fez no
passado e percebe-se que tem levado a sério as técnicas de meditação
que Tuvok vinha lhe ensinando. Até Tuvok passa momentos
de emoção, ao oferecer uma prece Vulcana à alma de Suder. Não se
pode esquecer também momentos dramáticos como a morte de Hogan, o
cansaço da alferes Wildman e o sofrimento do bebê. Não é sempre
que se vê cenas como a de Chakotay se oferecendo para carregar a
criança ou da capitã dando atenção especial a um oficial menos
graduado.
Sobre Suder e Hogan, é uma pena que os personagens tenham sido
descartados. Suder, porque tinha toda uma nova existência à
frente. A repercussão do que fez para salvar a nave poderia render
bons roteiros futuros para a série. Quanto a Hogan, talvez seja o
personagens secundário de maior destaque e empatia com o público
durante a segunda temporada. Em "Alliances",
ele parece ser mais um Maquis frustrado por estar sob o comando de
uma capitã da Frota. Mas, com o decorrer do tempo, dá para notar
que é um bom homem, e um bom oficial. É realmente uma pena que
tenha morrido.
Outro
ponto negativo no episódio, aliás, como acontece em todo episódio
envolvendo os Kazons, são os próprios Kazons. Não dá para
entender o que os produtores e roteiristas querem da raça. Há
inconsistências por toda parte. Talvez seja por esse motivo que
decidiram seguir em frente e os deixar para trás. Onde estão as
outras facções e por que não lutam para tomar a Voyager de Culluh?
Como os Nistrim conseguem operar a nave mais avançada da Frota, e
com 87 tripulantes a bordo? Alguém se lembra que Chakotay comentou
com Janeway que seriam necessárias no mínimo 100 pessoas para
manter os sistemas ("The 37's")?
Como aquele Kazon conseguiu pousar a nave se, meses antes, nem Tom
Paris sabia como fazê-lo? E como a meticulosa e experiente Seska não
fez uma varredura interna da Voyager para detectar os sinais de vida
de Suder?
Mas o que prevalece é uma boa hora de ação, aventura e emoções.
É uma história pouco convencional para Voyager.
E
os principais fatos desse episódio (as mortes dos recorrentes e a
última aventura com os Kazons) de ceta forma representam o fim de
um compromisso em Voyager --o da continuidade. Mata-se os
personagens recorrentes mais marcantes, elimina-se o inimigo
recorrente da série (essa é a última aparição dos Kazons por um
longo, longo tempo) e tudo volta à estaca zero. Claramente há uma
ruptura e uma mudança de filosofia com relação à temporada
anterior. Nesse sentido, o episódio é um marco.
"Basics, Part II" dá início a uma bateria de
mudanças na série, mudanças essas que serão sentidas logo pelo público.
Daqui pra frente, vale a pena prestar atenção nos efeitos visuais,
no relacionamento Janeway/Chakotay, em Tom e B'Elanna, no Doutor e,
sobretudo, em Kes.
Citações:
Chakotay - "Trapped on a
barren planet, and you're stuck with the only Indian in the Universe
who can't start a fire by rubbing two sticks together!"
("Aprisionados em um planeta desolado, e você está presa com
o único índio no Universo que não consegue fazer fogo raspando
uma pedra na outra!")
Seska - "You're more talented in the art of deception than
you led me to believe."
("Você tem mais talento na arte de mentir do que me fez
acreditar.")
Doutor - "I was inspired by the presence of a master."
("Eu me inspirei na presença de uma mestre.")
Doutor - "What am I supposed to do? Lead a revolt with the
gang from Sandrine's? Conjure up holograms of Nathan Hale and Che
Guevara? I'm a doctor, not a counter-insurgent... Get a hold of
yourself. You're not just a hologram, you're a Starfleet hologram."
("O que devo fazer? Liderar uma revolta com a gang do Sandrine?
Criar hologramas de Nathan Hale e Che Guevara? Eu sou um médico, não
um revolucionário... Controle-se. Você não é só um holograma,
você é um holograma da Frota Estelar.")
Trivia:
A atriz Martha Hackett, que interpreta a espiã Seska, disse que
ficou desapontada com o final que escreveram para seu personagem.
"Achei que se Janeway ou Chakotay tivessem que matá-la em
auto-defesa, a história teria mais impacto. Ali estava uma vilã
capaz de tomar o controle da nave e ela morre em um acidente. Parece
que eles desmontaram o que haviam construído para mim".
"Eu particularmente estava cansada dos Kazons há muito tempo,
antes mesmo daquele episódio [Basics] ser produzido ou
idealizado", disse Jeri Taylor, que assumiu o controle da série
na passagem para o terceiro ano. "Estou feliz em poder dizer
que é a última vez que os veremos".
Em "Basics, Part II", o alferes Lon Suder (Brad
Dourif) aparece pela última vez em Voyager. O personagem só
é citado novamente no episódio "Counterpoint", do
quinto ano.
Ficha
técnica:
Escrito por Michael Piller
Direção de Winrich Kolbe
Exibido em 04/09/1996
Produção: 043
Elenco:
Kate Mulgrew como
Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B'Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garrett Wang como Harry Kim
Elenco convidado:
Martha Hackett como Seska
Anthony De Longis como Culluh
Nancy Hower como alferes Wildman
Brad Dourif como alferes Suder
Simon Billig como alferes Hogan
Scott Haven como engenheiro Kazon
David Cowgill como alienígena 2
Michael Bailey Smith como alienígena 1
Episódio
anterior | Próximo
episódio
|