A
melhor temporada de toda a Jornada!
Com
a chegada da edição em DVD da quinta temporada
de Deep Space Nine nos Estados Unidos no
começo deste mês de outubro, torna-se oportuna
uma examinada dos episódios que compõem tal
pacote e cuja distribuição (em qualquer forma)
em terras brasileiras ainda é incerta (as demais duas
temporadas da série saem respectivamente em novembro
e dezembro deste ano na América, uma por mês,
e todas terão oportunamente cobertura similar do Trek
Brasilis).
Este artigo apresenta um formato deveras simples, se dividindo
em uma primeira parte que é dedicada a uma breve visão
geral da quinta temporada de DS9 e uma segunda
parte mais extensa, que trata da temporada, episódio
a episódio (incluindo spoilers!)
Breve
visão geral da quinta temporada de DS9
Esta temporada em um certo sentido é uma continuação
da, já excelente, quarta
temporada, devido à estabilidade da equipe
de roteiristas, mas ela dá um passo além. Ao
adicionar a já excelente qualidade sustentada e a variedade
de histórias da temporada anterior, um senso de planejamento
e propósito, Ira Behr colocou definitivamente o seu
nome dentre aqueles que realmente trouxeram algo original
e inovador para a marca. Esta é provavelmente a melhor
e mais complexa temporada de DS9 e de toda a história
da franquia de Jornada nas Estrelas.
Behr
e cia. já mostraram o inicio da reaproximação
entre Klingons e Federados em "Apocalypse Rising".
Em seguida as visões de Sisko em "Rapture"
(episódio em que são introduzidos na série
os uniformes
no estilo do filme "Primeiro Contato") previram
a aliança ente Cardassia e o Dominion, bem como o pacto
de não agressão entre Bajor e o Dominion e a
inevitável guerra entre os aliados da Federação
e os aliados do Dominion. O duplo "In Purgatory's
Shadow" e "By Inferno's Light",
marcou de fato o estabelecimento da aliança entre Dominion
e Cardassia (e a traição de Dukat imortaliza
o cardassiano como o maior vilão da história
de Jornada). Com a massiva ofensiva dos Jem'Hadar,
os Klingons tiveram que bater em retirada do território
Cardassiano e Sisko consegue convencer o chanceler Gowron
a revalidar os acordos diplomáticos entre Federados
e Klingons. Pouco depois é formalizada a derrocada
completa dos Maquis frente aos mesmos Jem'Hadar em "Blaze
Of Glory". "In The Cards" serve
como um prenúncio da guerra que se faz inevitável
e "Call To Arms" dá início
a um combate que parecia inevitável desde a primeira
vez que o nome Dominion foi citado em um episódio Ferengi
("Rules Of Acquisition")
da segunda temporada.
Além
do popular episódio comemorativo dos 30 anos de Jornada
("Trials and Tribble-ations"), a temporada
marcou a estréia de dois importantes diretores, Alan
Kroeker (que ganhou confiança total dos envolvidos
na série e trabalhou em vários episódios
importantes posteriores) e Mike Vejar (muito conhecido dos
fãs de "Babylon 5"). O episódio final
da temporada ("Call To Arms") marcou a despedida
de Robert Wolfe de suas funções de produtor
da série, após cinco temporadas na equipe.
A
temporada, episódio a episódio
"Apocalypse
Rising" (***)
Na
esteira dos eventos de "Broken Link" do final
da temporada passada, Sisko recebe do comando da Frota Estelar
a missão de se infiltrar no coração do
Império Klingon (mais especificamente em um torneio
de Bat'leths) e desmascarar o Fundador disfarçado de
Gowron. Sisko, Odo (agora humano) e O'Brien (alterados cirurgicamente
para se parecerem com Klingons) formam com Worf a equipe encarregada
da missão. Dukat (comandando a sua Ave de Rapina particular)
dá uma carona para o improvável quarteto até
o seu destino. Lá chegando Sisko e cia. esperam a chegada
de Gowron, mas são reconhecidos pelo general Martok
(ver "The Way Of The Warrior") que os joga
em uma cela, Sisko consegue convence-lo a deixa-los sair para
que eles eliminem Gowron. Worf desafia o chanceler para um
duelo até a morte. Odo, entretanto, percebe o real
impostor e expõe o "general Martok" como
o verdadeiro agente do Dominion, que passa para os livros
como o personagem mais alvejado da história da franquia.
Gowron decide por um cessar fogo temporário para reavaliar
as crescentes hostilidades entre a Federação
e o Império a luz de tal revelação.
Um
bom episódio, por dar o passo inicial na recolocação
da série no caminho certo e oferecer salpicados alguns
bons momentos dos personagens. Além de esclarecer mais
uma manipulação do Dominion, mostra a clara
intenção de Behr e cia. de reaproximar Federados
e Klingons. Marc Alaimo é competente como sempre na
pele de Dukat (a expressão do Cardassiano quando Kira
diz que o bebê que carrega é do chefe O'Brien
é antológica) e a adquirida "humanidade"
de Odo é tocada com grande propriedade (incluindo um
irônico abuso de bebida em pleno bar do Quark). Os valores
de produção são excelentes, a direção
(de James L. Conway) e fotografia (indicada ao Emmy, de Jonathan
West) do episódio são particularmente inspiradas
e Brooks como Klingon é definitivamente divertido.
Não memorável por si só, mas demonstra
em perspectiva claramente as intenções globais
dos realizadores.
"The
Ship" (***1/2)
Enquanto
inspecionando um planeta no quadrante Gama por minérios,
Sisko e cia. vislumbram a queda de um caça Jem'Hadar
e, constatando a morte de toda a tripulação,
o capitão reclama a posse da nave e envia mensagem
a estação pedindo a ajuda da Defiant para reboque.
Antes da chegada da "navezinha valente", uma outra
equipe de Jem'Hadars chega (comandada por uma Vorta de nome
Kilana), destrói o explorador Federado em órbita
e deixa como únicos sobreviventes no interior da nave
acidentada: Sisko, Worf, Dax, O'Brien e um ferido alferes
Muniz (engenheiro da equipe do chefe). Entretanto, apesar
de possuírem tecnologia para se transportar a bordo
da nave a qualquer momento, a líder do destacamento
Jem'Hadar decide discutir com Sisko a presente situação.
Neste ínterim, um Jem'Hadar se transporta sim e acaba
sendo morto com dificuldade por Muniz, ele instalou uma espécie
de sensor, que se desativa quando O'Brien o encontra sem permitir
identificar a sua função.
Fica
claro para todos, menos para O'Brien, que Muniz irá
morrer e o chefe quase sai no braço com Worf a este
respeito. Kilana chama de novo e oferece a nave a Sisko desde
que ele deixe que os seus homens retirem um item confidencial
da nave, Sisko não concorda. Os Jem'Hadar começam
a bombardear a nave acidentada, levando os seus ocupantes
ao limite. Uma tentativa de O'Brien de decolar a nave falha
e Muniz morre durante o processo, então a Trill vê
uma substância gelatinosa descendo do teto. É
um fundador ferido que não consegue manter a forma
e morre (emitindo ruídos absolutamente tenebrosos)
em um monte de cinzas. O bombardeio cessa e Kilana se transporta
a bordo e informa que os seus homens cometeram suicídio
por terem falhado em sua missão. Sisko permite que
ela recolha alguns restos do seu deus e parta. Mais tarde
no caminho de volta a estação, Worf se junta
a O'Brien para velar o caixão de Muniz enquanto Sisko
se senta com Dax preparando as cartas para as famílias
de todos os seus comandados que perderam as vidas para que
esta única nave pudesse ser trazida para ser estudada
pela Federação.
Um
excelente episódio, com uma ainda superior execução,
sobre confiança em tempos de guerra. Este trágico
conto é extremamente cativante e a morte de Muniz é
mais tocante do que as perdas combinadas de todos os "camisas
vermelha" da história desta franquia. A direção
de Kim Friedman é de fato inspirada e a situação
extrema vivida pelos regulares no interior da nave acidentada
foi feita de forma absolutamente envolvente para a audiência.
Os conflitos se mostraram verdadeiramente naturais e os personagens
regulares brilharam intensamente sob tensão (notadamente
Sisko, graças a um ótimo Brooks). A conclusão
é apropriadamente intensa e dramática. Belo
trabalho dos envolvidos.
"Looking
for Par'Mach in All The Wrong Places" (**)
Em
"Looking For Par'Mach in All the Wrong Places",
Grilka (a "ex-mulher" Klingon de Quark, como visto
no episódio "The
House Of Quark", da terceira temporada da série)
volta à DS9 para ver o Ferengi. Worf sente uma
profunda atração pela fêmea Klingon, mas
não tem esperanças de um relacionamento, devido
a sua situação de exilado do Império
(ver "The Way of the Warrior", que abre a
quarta temporada da série). Ao contrário, Worf
acaba concordando (por insistência de Jadzia) em ajudar
Quark na sedução da bela guerreira (que de fato
está interessada no dono do bar da estação),
ao melhor estilo de "Cyrano de Bergerac".
Equipado
com um dispositivo cerebral, que permite que Worf manipule
a distância o corpo de Quark (literalmente como uma
marionete), o Ferengi consegue vencer um insatisfeito quarda-costas
Klingon de Grilka e acaba por receber uma boa dose de sexo
Klingon de sua "Roxanne". Para o final, Jadzia (que
toma a iniciativa) também se enrosca com Worf em análogo
ritual sado-masoquista e os dois casais vão parar na
enfermaria, para a surpresa de Bashir.
Existe
também uma história secundária em que
O'Brien e Kira (a major carregando o filho dos O'Brien e vivendo
com o casal) começam a sentir atração
um pelo outro, mas sem maiores conseqüências.
Um
episódio fraco globalmente (primariamente pelo fato
de que todos os personagens atuam de uma forma meio infantil
a maior parte do tempo), mas com alguns bons momentos espalhados,
notadamente aqueles baseados no talento de Armim Shimerman.
Não tão feliz em explorar as diferenças
culturais entre Klingons e Ferengis quanto o já citado
"The House Of Quark".
"Nor
the Battle to the Strong" (****)
Voltando
a estação em um explorador, Bashir e Jake recebem
o pedido de ajuda de uma colônia Federada sob ataque
Klingon. O doutor tem inicialmente reservas em levar Jake
com ele em uma situação de combate, mas acaba
fazendo a vontade do jovem Sisko. Jake passa a ajudar Bashir
e os demais no tratamento dos feridos, mas a crescente ameaça
de um ataque Klingon ao posto põem fim a qualquer romantismo
sobre guerra que o aspirante a repórter poderia ter.
Em um dado momento, Jake e Bashir recebem a missão
de voltar ao seu explorador para recuperar uma crucial peça
de equipamento, para tanto devem tomar uma trilha sob bombardeio
dos Klingons. Jake se desespera e sai em disparada deixando
Bashir para trás, possivelmente para morrer. Jake corre
sem parar, até que tropeça e cai próximo
a um moribundo soldado Federado. O filho de Sisko tenta racionalizar
a sua situação como se ele pudesse obter redenção
(pelo seu "ato de covardia") salvando o soldado,
porém este morre sem trazer paz à mente de Jake.
O rapaz acaba conseguindo voltar ao posto e é saudado
por Bashir (que milagrosamente sobreviveu e conseguiu trazer
de volta o equipamento necessário), o que só
aumenta a angústia de Jake. Quando chega a hora da
ofensiva Klingon, em mais um momento de desespero, o jovem
Sisko faz o que pode para salvar a sua vida, acidentalmente
colapsando o teto de uma caverna com um feiser, dando tempo
ao grupo de resgate liderado por seu pai chegar até
ele. Finalmente Jake escreve sobre o ocorrido e impressiona
grandemente ao capitão pela sua honestidade.
Dentre
os episódios de Jornada que tratam do tema da
guerra, este ocupa um lugar todo especial. A razão
para tanto é bastante simples: contar a história
sob a ótica de Jake faz a guerra parecer naturalmente
muito mais assustadora e muito mais real, muito mais próxima
de um espectador típico, que assim pode se ver naturalmente
imerso na pele do personagem. Jake é o mais distante
que podemos chegar de um herói dentre os personagens
regulares de DS9 e seguir os seus passos e não
trapacear e transforma-lo em um "herói no último
minuto", traz uma atitude extremamente característica
a todo o episódio, que salta aos olhos como diferente,
como uma verdadeira lufada de ar fresco. Parece simples, mas
não é. Pois requer extrema convicção
dos envolvidos para adotar uma determinada (e arriscada) visão
e seguir com ela até as últimas conseqüências.
Novamente destaque para a direção de Kim Friedman,
que explora com propriedade os "personagens da semana"
para incrementar ainda mais a atitude diferenciada do segmento
e para os excelentes valores de produção. Em
última instância Jake se mostrou bastante corajoso
ao partilhar a sua experiência com Bashir e com seu
pai. Fácil o melhor momento de Cirroc Lofton nas sete
temporadas e um clássico de DS9 (cortesia do
"Mestre da Caracterização", o roterista
René Echevarria)!
"The
Assignment" (***)
Keiko
volta de Bajor com Molly, só para informar ao chefe
O'Brien que na realidade ela é uma entidade que tomou
posse do corpo de sua esposa e que se ele não realizar
um conjunto de extremamente complexas manipulações
nos sistemas da estação (com objetivos desconhecidos
pelo engenheiro) e não contar nada sobre isto a ninguém,
Keiko morre.
A
entidade conhece O'Brien bem demais (através das memórias
da verdadeira Keiko) e mostra o real peso de sua ameaça,
suspendendo as funções vitais de Keiko por alguns
momentos. A tensão de O'Brien continua a crescer à
medida que "Keiko" renova seguidamente o seu ultimato
de maneiras sutis, mesmo em ocasiões sociais. Ela chega
a se jogar do segundo piso do Promenade, quando o chefe já
ia contar tudo a Sisko.
Neste
ponto o episódio parece destinado a uma grandeza similar
a de "Whispers"
da segunda temporada e Meaney está absolutamente no
topo da forma com o seu personagem, mas eis que surge um Ferengi
no caminho... Rom é trazido por O'Brien para auxiliar
em sua tarefa, aparentemente pelo único motivo que
ele é suficientemente idiota para acreditar no absurdo
das explicações dadas por O'Brien. O mais incrível
é que mesmo depois de servir Rom para Odo em uma bandeja
como o "sabotador" da estação, o pai
de Nog continua achando que está em uma missão
secreta (!?) para Sisko.
Eis
que subitamente, Rom recebe um cérebro do roteiro e
em uma única tacada de diálogo explica a O'Brien
que as modificações visam um ataque aos Profetas
e conta à lenda Bajoriana dos Pagh-Wraiths (seres introduzidos
aqui e que seriam retratados de forma mais proeminente até
o final da série), que diz que os Profetas, eras atrás,
expulsaram alguns dissidentes seus do templo celestial, aprisionado-os
nas "Cavernas de Fogo" em Bajor. Exatamente o lugar
que Keiko visitou pouco antes de voltar à estação.
O'Brien
percebe o que tem que fazer consegue nocautear Odo e levar
"Keiko" no explorador em direção a
Fenda Espacial, ele ativa remotamente o defletor da estação,
mas redireciona o feixe para a sua nave, que mata o Pagh-Wraith
e liberta Keiko. O'Brien acaba por explicar o que houve a
todos os envolvidos.
Apesar
do "fator Rom" e da falha de estratégia de
"Keiko" ao final, o episódio é mais
um bom exemplar do tipo: "Vamos torturar O'Brien"
(TM).
"Trials
and Tribble-ations" (****)
"Trials
and Tribble-ations" é a maior homenagem já
feita à Série Original de Jornada nas Estrelas.
Neste episódio, a Defiant (com todos os regulares a
bordo, exceto Jake e Quark) é transportada no espaço
e no tempo até a estação K7, em meio
aos eventos de um episódio da Série Original,
o clássico "The Trouble With Tribbles".
Aqui, os cenários da Série Original (incluindo
os modelos da Enterprise original, do cruzador Klingon D7
do grande amigo de Dax, Koloth --não apresentado no
episódio original-- e da própria estação
K7) são reproduzidos nos mínimos detalhes, em
um trabalho simplesmente sobrenatural da produção.
Os
personagens de DS9 são inseridos no filme do episódio
original (através de desconcertantes técnicas
"estilo Forrest Gump"), chegando realmente a interagir
com Kirk e cia. Antes de voltar para casa à tripulação
de DS9 deve, entretanto prender o Klingon Arne Darvin (sua
versão do século 24, que conseguiu se infiltrar
na Defiant e utilizar o Orb do tempo, que estava sendo transportado
de Cardassia de volta a Bajor, para forçar tal "volta
ao passado") e impedir o seu plano de vingança
pessoal que envolve o assassinato de Kirk (ironicamente via
uma bomba implantada em um pingo). Darvin é vivido
pelo mesmo Charles Brill do episódio original.
Ainda
que a "exuberância" de Jadzia e a idolatria
generalizada por Kirk pareçam exagerados, porque fica
clara a atitude dos roteiristas e produtores em tomar emprestado
as bocas dos personagens e falar através deles (não
por acaso toda a equipe de escribas da série é
creditada pelo episódio), nada disso fere o caráter
"especial" objetivado e atingido pelo segmento.
Um verdadeiro clássico, sem rivais em termos de puro
entretenimento acessível, constante e sustentado em
toda a história do franchise. O episódio existe
essencialmente "fora" da série e o fato de
Sisko contar a história para dois "investigadores
temporais" (Dulmer e Lucsly, anagramas dos nomes de dois
conhecidos "agentes do FBI") só caracteriza
melhor este senso de não realidade.
Existem
inúmeros momentos antológicos em "Trials..."
(que também recria de forma desconcertante os interiores
tanto da estação K7 quanto os da Enterprise
original). Praticamente cada cena tem algo a se elogiar (nos
termos deste gigantesco senso de nostalgia evocado), as favoritas
do autor são (por pareceram ter sido feitas originalmente
para este propósito): a cena da ponte em que Kirk interage
com Jadzia, de uma forma aparentemente ensaiada, e quando
Uhura parece "dar mole" para Sisko quando este pede
"um autógrafo" a Kirk (esta última
cena sendo retirada do episódio "Mirror, Mirror").
(George
Takei é que pegou a pior parte aqui. Ele participou
do lastimável "Flashback",
da terceira temporada de Voyager --também um
episódio comemorativo dos 30 anos de Jornada--,
e não participou do "The Trouble With Tribbles",
não "participando" também de "Trials
and Tribble-ations".)
"Let
He Who Is Without Sin..." (SEM ESTRELAS)
Este
é um forte candidato a "pior episódio da
série" (na realidade talvez o seu único
concorrente "a altura" seja "Profit and
Lace" da sexta temporada) e é claramente o
pior desta quinta temporada.
Dax
e Worf vão para Risa (levando Quark, Leeta e Bashir
com eles) para discutir "coisas sérias" sobre
o seu relacionamento. Dax irrita Worf por levar o relacionamento
dos dois pouco a sério. Já a Trill pensa que
o Klingon deve relaxar um pouco.
Infelizmente
o que temos é uma trama aparentemente inspirada em
uma HISTÓRIA RECUSADA de "Baywatch", em que
diálogos ruins se intercalam a cenas de pessoas na
praia e (ou) em situações pseudo-sensuais (obviamente
artificiais). De fato existe uma cena em que a exposição
da silhueta de Dax em um maiô faz o guerreiro Klingon
mudar instantaneamente de opinião.
Como
toda "Boa história de um casal em férias"
(TM), assim que chegam a Risa, Worf e Jadzia começam
a brigar sem parar e Worf chega a "surpreender"
Jadzia com uma ex-amante de Curzon (interpretada por Vanessa
Williams --E O AUTOR NÃO ESTÁ BRINCANDO QUANTO
A ISTO-- e "sexualmente responsável" pela
morte do velho Trill), o que não ajuda em nada a situação
dos dois. Eis que surge um bizarro grupo de "fundamentalistas"
que acham que a Federação "perdeu o seu
rumo" devido ao seu uso e dependência de tecnologia
e que consideram Risa uma representação viva
deste "mal" (por ser terraformada para ser um paraíso
turístico).
O
incrível é que Worf parece aceitar os argumentos
imbecis do chefe de tal grupo (!) e acaba tomando conta do
controle climático do planeta (através de um
tricorder modificado) e literalmente "faz chover"
em cima de todo mundo (!?), muito mais motivado pelos seus
problemas com Jadzia do que por qualquer outra coisa. Tudo
aqui é abismal e o discurso final de Worf parece indicar
que "enfim tudo esta bem", quando uma derrapada
tão grande como a que o Klingon cometeu (estragando
as férias de milhares e milhares de pessoas) deveria
ter significado o fim da carreira de qualquer oficial. Lamentável!
ANTIMATÉRIA PURA!
Um
dos momentos mais constrangedores do segmento se dá
quando Leeta e Bashir --realmente é ver para crer--
realizam um EXTREMAMENTE LONGO E ELABORADO "ritual de
separação Bajoriano", que termina com Leeta
anunciando o seu interesse por Rom, para espanto de Bashir.
Por falar nisto, Siddig El Fadil já admitiu publicamente
que durante as filmagens do episódio estava mais preocupado
com o fato de Nana Visitor ter ido para o hospital para ter
o filho do casal do que com o episódio em si. E aparentemente
os demais envolvidos não estavam muito longe de tal
atitude também. Robert Hewitt Wolfe já disse
que este foi o pior episódio que ele já escreveu.
"Things
Past" (***)
Voltando
de um congresso (sobre a ocupação Cardassiana)
em Bajor; Garak, Dax, Odo e Sisko subitamente se vêm
na Terok Nor dos tempos da ocupação sob o comando
de gul Dukat. Mas curiosamente eles são vistos naquele
ambiente como Bajorianos. Odo informa que eles não
são Bajorianos quaisquer, são exatamente aqueles
acusados e executados por um atentado contra a vida de Dukat
em um famoso caso. Enquanto isto é mostrada a audiência
à chegada dos quatro inconscientes à estação
em um estado que Bashir não consegue explicar. A ação
vista está se passando na mente dos quatro.
Curiosamente
o oficial de segurança da estação ainda
é o cardassiano Thrax (Kurtwood Smith), mas pela data
da execução, Odo já seria o responsável.
Quando os quatro são presos, na esteira de um atentado
a vida de Dukat, aguardando a execução, Thrax
visita a cela e fica claro que Odo fala consigo mesmo a respeito
da necessidade de uma melhor e mais completa investigação
do caso (Thrax inclusive se apresenta como um transmorfo).
A
realidade daquela "Terok Nor" torna impossível
a fuga dos quatro até que finalmente Odo admite sua
falha naquela investigação e como algum tempo
depois descobriu a respeito de sua inocência, ao mesmo
tempo em que são apresentadas as imagens da execução
dos verdadeiros bajorianos. Os quatro acordam e Bashir explica,
que de alguma forma a mente inconsciente de Odo formou uma
espécie de "Elo" entre os quatro.
A
menos do capenga dispositivo de trama que coloca a história
em movimento (baseado em uma discutível, se não
absurda, "tecnobaboseira") e da desnecessária
"falsa encrenca" que ameaça a vida de Sisko,
Dax e Garak enquanto revivendo as memórias de Odo,
temos um muito bem realizada conto (mais uma bela recriação
de Terok Nor, agora comandada pelo diretor Levar Burton) sobre
a culpa de um homem e a necessidade de colocar tal coisa para
fora. Os paralelos com o clássico "Necessary
Evil" (da segunda temporada da série)
são evidentes e muito bem-vindos. A cena final entre
Kira e Odo é gêmea daquela que encerra "Evil",
somente com a posição dos personagens agora
invertida.
"The
Ascent" (**1/2)
Odo
finalmente prende Quark para levá-lo a uma corte da
Federação a respeito de um caso contra o Sindicato
Orion (mais tarde descobrimos, para surpresa de Odo, que Quark
não era um suspeito, mas sim uma testemunha no processo).
A caminho do julgamento o explorador sofre uma explosão
(bomba plantada pelo Sindicato) e se acidenta em um planeta
gelado. Os dois só conseguiram salvar alguma comida
e um dispositivo de comunicação (que só
vai atravessar a interferência se levado ao cume de
uma montanha). Daí começam a escalada. O contínuo
atrito entre os dois leva a Odo acidentalmente fraturar a
perna. Quark tem agora que arrasta-lo em uma maca improvisada.
No limite de sua resistência o Ferengi deixa Odo para
trás e consegue enviar o sinal. Ao final, ao acordar
na enfermaria da Defiant, os dois renovam o seu "ódio"
mútuo e em seguida explodem em um dueto de gargalhadas.
Este,
talvez seja o maior segmento envolvendo a dupla oficial de
"amigos/inimigos" da estação e a sua
curiosa relação, mas aqui fica a dúvida
se tal relação é mais efetiva em pequenas
doses por episódio, ou se a trama escolhida aqui foi
simples demais (ou comum demais) para sustentar o tempo de
tela alocado a ela, ou ainda se a história não
foi suficientemente fundo na complexidade de tal relação
para desvende-la a contento e de maneira menos previsível.
De toda a forma, Auberjonois e Shimerman são ótimos
juntos e as externas foram muito bem feitas.
Em
uma história secundária, Jake deixa os aposentos
do pai e vai morar com Nog, de volta a estação
para os seus estados de campo referentes ao segundo de curso
da Academia. Nog se tornou alguém extremamente disciplinado
e entra em conflito com o mais relaxado Jake. Com uma ajuda
de Sisko, os dois acabam cedendo um pouco em cada lado da
questão. Os resultados desta parte do episódio
são amigáveis e genuínos, apesar de novamente
nada revolucionárias.
"Rapture"
(****)
A
entrada de Bajor na Federação se aproxima ao
mesmo tempo em que Sisko fica fascinado com a perspectiva
de encontrar a cidade perdida e sagrada de B'hala, um feito
que reza a lenda somente alguém tocado pelos Profetas
poderia realizar. Sisko começa a ter episódios
de ausência de consciência e desmaios ao mesmo
tempo em que começa a ter em sua mente visões
do passado e do futuro. Kasidy Yates volta da prisão
e imediatamente é saudada por um beijo do capitão
que a convida para um visita a Bajor. Sisko encontra B'hala,
um feito que impressiona até mesmo Kai Winn.
Os
superiores de Sisko começam a pressiona-lo a respeito
dos preparativos da cerimônia de admissão de
Bajor, mas Sisko não está muito interessado
nisto e começa a ter visões cada vez mais estranhas
e metafóricas, agora sobre gafanhotos que atravessam
o Templo Celestial e rumam para Cardassia. Sisko começa
a atingir um estado de iluminação em que o passado,
presente e futuro tornam-se uma única coisa e caminha
no Promenade (em uma antológica cena), oferecendo conselhos
e conforto a todos.
Após
uma experiência com um Orb, Sisko irrompe a sessão
de admissão Bajoriana e diz que é muito cedo
e que Bajor deve permanecer isolado senão será
destruído. O que faz com as negociações
sejam adiadas por tempo indeterminado. Sisko está às
portas da morte e como recusou o tratamento para ver as visões
até o fim, cabe a Jake decidir por uma operação
de emergência. Sisko lamenta muito a perda das visões,
mas entende a posição do seu filho e de Kasidy.
Sisko também promete que um dia Bajor irá entrar
para a Federação e isto ele diz como capitão
e como Emissário.
Sem
dúvida um dos melhores, mais substantivos e mais bem
escritos episódios de toda a série. Ao se recusar
a tratar as visões de Sisko em termos de "tecnobaboseira"
ou que tais Behr e cia. entram em um terreno de extrema originalidade
dentro da franquia. Uma rota que trata legitimamente da fé
e que é magistralmente capturada no OPS em uma conversa
entre Kira, Dax, O'Brien e Worf em que a major recebe uma
memorável ajuda do Klingon em seu argumento.
Brooks
(em sua melhor atuação em toda a série)
nos absorve completamente com a descrição de
sua experiência. Sua "lembrança" de
ter estado em B'hala e a impressão de estar carregando
em seus braços o próprio universo, como uma
criança que ele quer olhar a face e que quer compreender,
são simplesmente arrebatadores, trazendo um senso de
deslumbramento e ao mesmo tempo de viagem de descoberta pessoal
raramente visto na história da franquia.
O
episódio mostra a Sisko, algo que vale a pena morrer
para entender. Deste ponto em diante na série ele abraça
o seu papel como Emissário e protetor de Bajor. Suas
visões aqui se tornam verdade e servem de prenúncio
a guerra que se aproxima. O episódio também
apresenta a melhor caracterização de Kai Winn
em toda a série (e pelo menos duas cenas clássicas
com Kira).
"The
Darkness and the Light" (***)
Alguém
começa a matar os ex-membros da célula de resistência
Shakaar, que Kira fez parte nos tempos da ocupação
Cardassiana. A cada ex-membro morto, o assassino (que utiliza
sempre sofisticados métodos para cometer os crimes)
envia uma mensagem para Kira a respeito do fato, levando a
major ao limite com tal sadismo. Furel e Lupaza (ver o episódio
"Shakaar" da terceira temporada) vêm
à estação para ajudar Kira a encontrar
o culpado, quando os dois são mortos em uma explosão
dos aposentos dos O'Brien. Kira diz "basta" e rouba
a lista de suspeitos do escritório de Odo e parte sozinha
em um explorador para caçar o culpado sem dar satisfação
a ninguém.
O
episódio não faz muito esforço em explicar
como Kira identificou o nome do recluso Cardassiano Silaran
Prin na lista como o assassino e exatamente como ele conseguiu
executar homicídios com tamanha sofisticação
e precisão (ninguém ter sequer citado o nome
do próprio Shakaar durante o curso do segmento também
é uma falha), entretanto após a major descobrir
o esconderijo do Cardassiano é que chegamos ao coração
do segmento, uma reflexão sobre inocência e culpa
em meio a uma situação de guerra. O deformado
Prin alega que ele era um inocente que simplesmente servia
aos altos militares Cardassianos e foi uma vítima de
um atentado promovido pelo grupo de Shakaar anos atrás.
Seu discurso é claramente de alguém perturbado,
mas que ainda assim traz verdade a mesa de discussão.
Kira
(imobilizada para "cirurgia") não fica muito
sensibilizada com a dor do cardassiano e diz que ele era culpado
por simplesmente estar lá. Prin diz que vai matar Kira,
mas preservar o inocente, o filho dos O'Brien. A major consegue
enganar o cardassiano e mata-lo. Sisko e cia. chegam e ouvem
Kira refletir sobre o ocorrido. O vigor das atitudes de Kira
neste episódio, mesmo ainda grávida, e o fato
dela não recuar um milímetro sequer frente às
acusações de Prin, chocou alguns fãs
na época. Os valores e produção são
excelentes e o ambiente do esconderijo é extremamente
bem fotografado pelo diretor Mike Vejar, capturando perfeitamente
a essência da questão: a escuridão e a
luz.
Apesar
de ser muito bom ter de volta todo o fogo da "velha Kira"
das duas primeiras temporadas, a falta de conseqüência
para os atos da major (com relação à
quebra de protocolo e cadeia de comando e colocar o filho
de O'Brien em perigo) fere mais o episódio do que os
problemas de trama citados acima (algo que fica melhor debitado
na conta da série como um todo).
"The
Begotten" (***)
Chega
a posse de Quark uma porção de goma que na realidade
é um "bebê transmorfo", aparentemente
um dos cem enviados ao universo pelos Fundadores, assim como
Odo, para trazer conhecimento ao "Grande Elo". Odo
assume a tutela do infante e o comissário é
pressionado para obter informações a respeito
de sua fisiologia pela frota Estelar. Entra em cena o doutor
Mora Pol (do episódio "The
Alternate" da segunda temporada e vivido por
James Sloyan) para tentar acelerar o processo.
Odo
não quer impor ao "bebê" nenhum dos
métodos que Mora aplicou nele quando no laboratório
do Bajoriano, mas a pressão por resultados aumenta
e Odo começa a se colocar na posição
do seu "pai" nos tempos da ocupação
Cardassiana. As táticas mais gentis e empáticas
de Odo de fato produzem melhores resultados e isto é
reconhecido por Mora, o que acaba aproximando os dois. Infelizmente
o "bebê" começa a apresentar sinais
de instabilidade em direção a uma morte rápida.
Entretanto antes do seu fim, ele se funde a Odo que assim
recupera as suas habilidades metamórficas.
Uma
bela história sobre reconciliação entre
pais e filhos, em uma situação espelho e Auberjonois
e Sloyan trabalham maravilhosamente bem juntos. Fica a dúvida
se este foi o melhor momento e maneira de Odo recuperar os
seus poderes, apesar da execução de tal ato
ter sido sem dúvida excelente em tela.
A
história secundária que traz do nascimento de
Kirayoshi O'Brien é pouco efetiva e as cenas envolvendo
os ciumentos Shakaar e Miles O'Brien são um tanto quanto
ridículas. A noção de que uma mulher
Bajoriana dá a luz completamente relaxada é
até interessante, mas muito pouco para levantar esta
parte do episódio.
"For
the Uniform" (***1/2)
Informações
completas sobre "For The Uniform" aqui.
A
completa história dos Maquis em Jornada está
disponível em um artigo em cinco partes. Dê um
pulo nesta página
para ler.
"In
Purgatory's Shadow" (****)
Garak
recebe uma mensagem codificada de Enabran Tain (presumido
morto ao final de "The
Die Is Cast"), e Sisko envia o Cardassiano e
Worf para investigar em um explorador, eles vislumbram uma
frota do Dominion escondida em uma nebulosa próxima
à entrada da Fenda Espacial, um óbvio prenúncio
de invasão. Antes do explorador ser capturado, Worf
envia uma mensagem a estação. Os dois são
levados a um campo de prisioneiros do Dominion (aparentemente
para pessoas chave ou que foram substituídas por Fundadores)
em que surpresas de trama saltam literalmente da tela: o verdadeiro
Martok (que mostra aqui ter sido substituído antes
de "The Way Of The Warrior", por não
reconhecer Worf), o verdadeiro Bashir (realmente chocante
e pelo uniforme teria sido substituído antes de "Rapture")
e é claro, um moribundo Tain.
Na
potente cena da morte do velho Cardassiano, tem-se mais uma
revelação, agora de que Tain é o verdadeiro
pai de Garak. A cena é extremamente tocante e tão
verdadeira que realmente emociona. De volta a estação,
Sisko e cia. se preparam para um iminente ataque.
Brilhante
trabalho de todos os envolvidos em mais um grande momento
da série, excepcionais caracterizações
colidem com uma trama que parece querer virar o espectador
do avesso e revirar as suas entranhas. Clássico absoluto!
"By
Inferno's Light" (***1/2)
As
naves Jem'Hadar atravessam a Fenda Espacial e rumam para Cardassia
e são seguidas por Dukat, Cardassia está se
unindo ao Dominion e Dukat é o seu novo líder.
O que constitui uma das poderosas e bem vindas reviravoltas
de toda a série.
De
volta ao campo de prisioneiros, Worf e cia decidem usar o
painel de comunicação improvisado por Tain para
contatar o explorador e fazer o transporte para fora do complexo.
Garak é obviamente o mais indicado para o trabalho,
mas ele terá que controlar a sua claustrofobia para
realiza-lo. Worf luta continuamente com os Jem'Hadar em uma
espécie de "torneios", com um crescente grau
de dificuldade. De volta estação o Fundador-Bashir
parece ter uma sabotagem em mente e tudo aponta para um grande
ataque do Dominion, à medida que Dukat ameaça
seguidamente Sisko.
Os
Klingons são expulsos de Cardassia pelos Jem'Hadar
e são forçados a parar para reparos em Deep
Space Nine, Sisko aproveita a oportunidade para convencer
o chanceler a revalidar os acordos diplomáticos com
a Federação que ele assim o faz e ainda mais
surpreendente uma frota de aves de guerra Romulanas pede permissão
para se juntar a Frota, o que Sisko concede.
Infelizmente,
apesar de funcionar maravilhosamente em longo prazo, o final
do episódio não é tão satisfatório
em si próprio. Na realidade o Dominion não desejava
realizar um ataque, mas simplesmente fazer Federados, Romulanos
e Klingons acumulares forças na vizinhança da
Fenda Espacial para poderem ser dizimadas quando o sol de
Bajor se torna uma supernova, cortesia do Fundador-Bashir,
sem disparar um único tiro. Worf e cia fogem no último
momento possível do campo de prisioneiros e avisam
a estação sobre o Fundador-Bashir, Kira consegue
então impedir o explorador do impostor de realizar
o seu objetivo. O final realmente saiu apressado demais, não
fazendo jus a um "setup" desta monta. De todo modo
mais um excelente segmento da série e definitivamente
um "para os livros" por suas várias implicações
a longo prazo.
"Dr.
Bashir, I Presume" (***)
O
doutor Lewis Zimerman (criador do doutor holográfico
de Voyager e vivido pelo mesmo Robert Picardo) chega
a estação com o objetivo de usar Bashir como
modelo para a próxima versão do seu programa.
Durante as pesquisas, Zimerman convoca os pais de Bashir para
a estação e quando os dois confundem uma simulação
de Julian com o seu filho, eis que o segredo de que Bashir
fora modificado geneticamente por seus pais ainda criança
(com sérios problemas de aprendizado) vem à
tona. Tal procedimento é proibido pela lei da Federação
e a carreira e a vida prática de Bashir estão
por um fio. Eis que o seu pai faz um acordo com o almirantado
para cumprir pena pelo seu crime em troca de Julian não
perder o que conquistou.
Talvez
o mais importante desenvolvimento de Bashir em toda a série,
tal descoberta traz uma nova luz a inúmeras características
que Bashir exibiu durante até este ponto, fazendo muito
sentido e ao mesmo tempo chocando os fãs regulares.
Tal fato seria utilizado recorrentemente até o final
das sete temporadas do programa.
Uma
história secundária que envolve um absurdo triangulo
amoroso entre Rom, Leeta e Zimerman é do tipo "quanto
menos se falar melhor".
"A
Simple Investigation" (**)
Odo
prende uma mulher de nome Arissa (Dey Young) por esta estar
acessando ilegalmente informação a bordo da
estação. Arissa confidencia ao comissário,
que ela trabalha para um certo Draim do Sindicato Orion e
que está querendo arrumar uma maneira de deixar a organização.
Odo decide ajudar Arissa a entrar em uma espécie de
programa de proteção às testemunhas e
se vê se apaixonando por ela ao passar o tempo cuidando
de sua segurança. Tal paixão é consumada
e, "sexo transmorfo" ou não, a química
entre Auberjonois e Young é excelente.
Obviamente
a primeira real história de amor de Odo teria que terminar
em um coração partido, em que vem a tona que
na realidade Arissa é uma agente Idaniana que teve
suas memórias (e feições) alteradas para
se tornar capaz de se infiltrar de forma mais eficiente no
sindicato e colher evidências para derruba-lo. Ela é
casada, o que impossibilita a continuação do
relacionamento com o comissário.
O
segmento lembra muito "Crossfire" da quarta
temporada, com uma trama extremamente batida e previsível,
dependendo quase que exclusivamente da ressonância emocional
de um dilema amoroso de Odo para funcionar. Se naquela ocasião
tal tarefa foi feita apenas de forma marginal (graças
em grande parte a uma cena chave entre Odo e Quark), aqui
o efeito residual do episódio é praticamente
nulo, apesar de alguns bons elementos espalhados. Simplesmente
o segmento não tem peso suficiente para se sustentar.
"Business
as Usual" (***)
Naquele
que talvez seja o melhor veículo dramático de
Quark em toda a série, o Ferengi se vê na iminência
de perder até a roupa do corpo para os seus credores
quando recebe uma oferta de negócio do seu infame primo
Gaila (aquele mesmo que lhe deu um presente que quase o matou
em "The Little Green Men") e de um contrabandista
de armas amigo dele de nome Hagath. Quark concorda em usar
a estação para fazer a venda de armas. Ele dribla
as restrições legais usando um "mostruário
holográfico" para implementar as vendas. Kira
e Sisko não podem pegá-lo legalmente, o que
não impede que eles desçam o "sarrafo verbal"
em cima do Ferengi (o que é mais do que justificável
se lembrarmos da ajuda que o pessoal da estação
deu a Quark ao final de "Body Parts" da quarta temporada).
Quark
percebe no que se meteu e planeja ganhar o suficiente para
cobrir suas dívidas e desistir do negócio, quando
descobre que Hagath tem o costume de eliminar os parceiros
de negócios que o traem ou abandonam. Eis que chega
a estação um regente de um mundo não-federado
procurando por uma arma de destruição em massa,
algo na casa de 28 milhões de baixas. Quark sabe que
tem que desistir do negócio já, apesar de Gaila
tentar racionalizar como insignificante as perdas de milhões
de vidas em meio a todos os povos em guerra na galáxia.
Quark não pode fazer o mesmo, ele não queria
vender armas em primeiro lugar e definitivamente não
quer fazer parte de tamanha destruição de vidas.
A
solução encontrada por Quark é um tanto
simplista, beirando o absurdo. Ele simplesmente convida as
duas partes do conflito (o tal "regente" e sua contraparte)
para oferecer as armas na estação e força
o encontro surpresa dos dois no hangar de carga, que é
proverbialmente explosivo. O "regente" é
morto e Gaila e Hagath fogem que nem loucos dos seus inimigos.
Quark
se sai essencialmente incólume, apesar de ter chegado
tão perto do poço. O episódio não
faz uma grande "coleta de lixo" ao seu final e Sisko
deixa Quark fora de problemas de uma maneira um tanto fácil
demais. A mensagem do episódio não é
particularmente profunda em termos puramente humanos, mas
é bastante relevante para uma sociedade tão
guiada pelos lucros como a dos Ferengis. Existe também
uma história secundária em que O'Brien tem cuidar
do seu filho sozinho sem Keiko e os resultados são
inofensivos, ainda que agradáveis.
"Ties
of Blood and Water" (***)
Tekeny
Ghemor (Lawrence Pressman), o "pai Cardassiano"
de Kira (ver "Second Skin" da terceira temporada)
chega à estação para encontrar a major.
Ele sofre de uma doença terminal e quer passar o seu
conhecimento sobre a política Cardassiana (bem como
as fraquezas de Dukat e da aliança com o Dominion)
para a coisa mais próxima de uma família que
lhe resta, no caso a major. Será algo bastante difícil
para Kira como logo lhe alerta Bashir, mas os segredos que
Ghemor traz podem ser muito valiosos para o conflito entre
a Federação e Dominion que se forma no horizonte.
O que logo Dukat confirma, enviando uma mensagem a Sisko pedindo
Ghemor de volta.
Dukat
obviamente não desiste e vai a DS9 com o embaixador
Vorta Weyoun a tiracolo (vivido por Jefrey Combs e inaugurando
a noção da continua clonagem dos Vortas na série
- o Weyoun anterior foi morto ao final de "To The
Death" da quarta temporada) e tenta pessoalmente
convencer Ghemor a se entregar o que obviamente não
acontece. Ele em seguida envia uma garrafa de bebida envenenada
para o velho Cardassiano. Em uma das cenas clássicas
de toda a série, Sisko traz calmamente a garrafa fechada
para a mesa de Dukat e Weyoun, onde o Cardassiano nega tudo,
Weyoun não faz cerimônia e bebe (para espanto
dos outros dois) o vinho e descobrimos que os Vortas são
imunes a maioria dos venenos conhecidos (algo "muito
útil na política" segundo o Vorta).
O
coração do episódio reside nos paralelos
que Kira vê entre a iminente morte de Ghemor e na morte
do seu próprio pai. Após Ghemor começar
a ditar as suas "memórias" vemos em flahsback
(com direito a presença de um Furel com os dois braços)
como o seu verdadeiro pai Bajoriano chegou ferido ao seu acampamento
da resistência. Enquanto isto Dukat não desiste
e entrega a major o registro militar de Ghemor que mostra
que quando muito jovem ele serviu na ocupação
Cardassiana e teve seu nome associado (aparentemente de uma
forma insignificante) a um massacre em um monastério
Bajoriano, mas isto é o suficiente para Kira ficar
com raiva de Ghemor por ter omitido isto e por Dukat por se
valer de ardil tão sujo para fazer com que ela dê
as costas para um velho moribundo.
Bashir
tenta convencer Kira a reconsiderar e ficar com Ghemor nos
seus últimos minutos de vida, mas isto é em
vão. Kira então se recorda como ela partiu naquele
dia para buscar vingança ao invés de ficar com
seu pai para morrer, o fez por vontade própria, pelo
simples motivo que não podia dar conta de tal situação.
Ela decide não cometer o mesmo erro e faz uso desta
"segunda chance" ficando a beira da cama do Cardassiano.
Ela enterra o seu "segundo pai" ao lado do primeiro,
em uma mostra de um pequeno e extremamente bem realizado drama.
"Ferengi
Love Songs" (*)
"Ferengi
Love Songs" é mais um catastrófico episódio
Ferengi. Esta PÉSSIMA hora de televisão, que
degenera em um dramalhão horroroso, só não
é o pior segmento da temporada devido à "imbatível
concorrência" de "Let He Who is Without
Sin...".
Quark,
em meio a uma grande maré de azar, retorna para Ferenginar
para passar algum tempo com sua mãe Ishka (ver "Family
Business" da terceira temporada), só para
descobrir que ela está tendo um caso com o Grande Nagus
Zek (agora sofrendo graves perdas de memória e dependendo
cada vez mais das habilidades financeiras da "problemática
Ferengi").
Obviamente
Quark tenta tirar vantagem da situação e chega
mesmo a fazer um acordo com o seu arqui-rival Brunt (da F.C.A.)
em troca da sua licença de volta (ver "Body
Parts" da quarta temporada). Mas ao final volta atrás,
faz as pazes com a sua mãe e dá sua benção
ao relacionamento de Zek e Iskha. Realmente o episódio
é ruim e previsível ao extremo, chega a assustar.
Uma história secundária envolvendo Rom e Leeta
decidindo se vão se casar ou não só deixa
tudo ainda pior.
"Soldiers
of the Empire" (***)
O
general Martok tem a primeira chance de comandar uma missão
após o seu retorno do campo de prisioneiros do Dominion
e recruta Worf como primeiro oficial e Dax como oficial de
ciências para ir com ele na Ave de Rapina Rotarran,
cuja tripulação se encontra desmoralizada por
uma sucessão de derrotas frente aos Jem'Hadar. Sua
missão, recuperar o cruzador B'Moth, dado como perdido
na fronteira Cardassiana.
A
premissa é bastante simples e existem inúmeros
elementos já rotineiros nas aventuras Klingon que são
reutilizados no episódio, mas o que o faz funcionar
é a iminente e inevitável colisão entre
um guerreiro (Martok) inseguro em entrar em combate contra
o mesmo inimigo que lhe proporcionou tão brutal experiência
no cativeiro e uma tripulação que simplesmente
não agüenta mais ser objeto do ridículo.
À
medida que as intenções de Martok de não
entrar em combate se tornam claras e o descontentamento entre
a tripulação cresce, cabe a Worf desafiar Martok
para um duelo e tomar o controle da nave. Martok sem um olho
não é páreo para Worf, que abre intencionalmente
a sua guarda, porém Martok não o fere mortalmente,
e de alguma forma Martok recupera a sua confiança e
ordena que a nave atravesse a fronteira Cardassiana para resgatar
os sobreviventes da recém detectada B'Moth.
De
volta a estação, Martok muito agradecido convida
Worf a se juntar à Casa de Martok, cujo símbolo
Worf passa a usar a partir dai. Iniciando um dos relacionamentos
mais queridos e verdadeiros de toda a série.
"Children
of Time" (****)
A
Defiant investiga, por insistência de Dax, um planeta
no quadrante Gama cercado por uma estranha barreira quântica.
Ao atravessa-la eles encontram na superfície uma colônia
povoada por oito mil descendentes da tripulação
da Defiant que se acidentou ali duzentos anos atrás.
Daqui a dois dias a Defiant vai partir, sofrer um acidente,
voltar no tempo e colocar em movimento esta cadeia de eventos.
Yedrin
Dax (o hospedeiro atual do simbionte) tem um plano para salvar
tanto a Defiant quanto à colônia, através
de uma complicada manipulação que produziria
duas Defiants, uma partindo de volta a estação
e uma outra voltando no tempo e levando a criação
da colônia. A teoria de Yedrin (que se culpa por ter
sido Dax que convenceu a todos a investigar o planeta em primeiro
lugar) é uma fraude que visa a preservação
da colônia, impossibilitando a Defiant de voltar para
casa, não existe maneira de fazer as duas coisas.
O
pior é que o ferimento de Kira adquirido quando a Defiant
atravessou a barreira é mais sério do que pensa
Bashir inicialmente e ela irá morrer se não
voltar para estação e receber tratamento adequado,
como prova temos o seu túmulo próximo à
colônia. Odo está em um receptáculo por
que não é capaz de manter a sua forma humanóide
dentro dos limites da barreira. Para surpresa de Kira, ela
encontra a versão futura do Odo de Gaia, que de uma
tacada só diz que a ama, que sempre a amou.
Do
dilema de Dax, ao de Kira que caminha sobre a sua própria
sepultura se perguntando se é certo viver em detrimento
daquelas oito mil vidas de Gaia, até a simpatia que
Worf adquire por um grupo de nativos que se intitulam apropriadamente
como os "filhos de Mogh", tudo no episódio
é absolutamente brilhante e totalmente guiado pelos
seus personagens.
Após
uma linda cena em que todos se juntam para plantar a próxima
colheita, Sisko e cia. decidem voltar no tempo e preservar
a colônia, a para a sua surpresa o piloto automático
da Defiant muda a rota no último momento e a nave segue
seu caminho de volta ao espaço normal, a colônia
desaparece instantaneamente. Quem terá mudado o plano
de vôo?
Odo
vai aos aposentos de Kira e confidencia a major que foi o
Odo de Gaia que mudou a programação do computador
da Defiant. Odo diz que ele fez isto por que ele a amava e
não poderia deixa-la morrer de novo. Kira fica chocada
e pensa se poderá olhar da mesma forma para alguém
que sacrificou (ou melhor, que poderia sacrificar) uma civilização
inteira por ela. Finalizando um dos mais belos e tocantes
episódios de viagem no tempo (e paradoxos associados)
da história da franquia.
"Blaze
of Glory" (***1/2)
Informações
completas sobre "Blaze Of Glory" aqui.
A
completa história dos Maquis em Jornada está
disponível em um artigo em cinco partes. Dê um
pulo nesta página
para ler.
"Empok
Nor" (***)
O'Brien
precisa de peças de reposição para DS9
e não pode replica-las, ele sugere a Sisko que eles
tentem salvar algo da estação gêmea, de
nome Empok Nor, abandonada há tempos em um setor próximo.
O'Brien recruta Garak (como especialista, uma vez que normalmente
os cardassianos deixam armadilhas quando abandonam as suas
instalações), Nog e mais dois engenheiros e
dois oficiais de segurança.
Garak
tem sucesso em abrir a comporta de atracação
e restaurar o suporte de vida básico na estação
(o que também traz a "de volta a vida" um
par de Cardassianos fruto de algum experimento Cardassiano
que deu errado - na prática dois "autômatos
orgânicos", sob controle de uma potente droga -
que servem de seguranças para o que restou da estação).
A equipe sobe a bordo e começa a busca por partes.
Garak descobre as câmaras dos dois soldados abertas
na enfermaria e tem pelo pior. Nog vai verificar a comporta
e vê o explorador a deriva, explodindo logo em seguida.
O'Brien rapidamente bola um plano para emitir um SOS usando
o defletor da estação. Garak não está
muito interessado em ajudar e vai atrás dos dois soldados.
Um
dos soldados Cardassianos mata dois membros da equipe de O'Brien
e em seguida é morto por Garak, que informa a O'Brien
sobre o ocorrido. O ex-agente da Ordem Obsidiana persegue
o outro soldado e consegue mata-lo, pouco depois dele tirar
a vida de mais um membro da equipe Federada. Só que
surpreendentemente Garak apunha-la um outro membro da equipe
(que ainda consegue avisar o chefe antes de morrer). A citada
droga passou a afeta-lo também.
Garak
começa a elaborar pequenos "joguinhos" com
o passado de soldado de O'Brien, e de sua conhecida aversão
por Cardassianos, que leva a um confronto naquele Promenade
em que se vem os Federados mortos pendurados nas paredes e
Nog preso. Um combate corpo a corpo favorece Garak até
que O'Brien toca o seu comunicador que faz detonar um feiser
modificado no chão que coloca Garak inconsciente.
De
volta a enfermaria da estação, Garak (já
livre dos efeitos da droga) pede que O'Brien fale coma família
do oficial que ele matou. O'Brien confessa que a sua pequena
armadilha era para matar o Cardassiano, que não pode
culpar o chefe por isto.
Este
é um efetivo e pequeno "filme B", versão
DS9, onde o estilo e horror gráfico tomam a
frente da caracterização e das motivações
dos personagens. Empok Nor é soberbamente iluminada
e fotografada e a atmosfera do episódio é densa
o suficiente para ser coletada com uma colher. Os cenários,
obviamente os mesmos de DS9, são modificados de forma
tão criativa que é difícil de manter
o pensamento em que isto é realmente verdade. Robinson
tem a chance (a contragosto) de fazer mais um psicopata e
o faz de forma simplesmente brutal em bela sintonia com Meaney.
Um atípico episódio para DS9, mas efetivo
mesmo assim.
"In
the Cards" (****)
No
começo do clássico "In the Cards",
o moral da tripulação está muito baixo,
o início de uma guerra com o Dominion é iminente
e Sisko --especialmente-- está muito preocupado. Jake
decide dar um presente a Sisko, e um raro card de beisebol,
de 1951, de Willie Mays, que será leiloado em breve
por Quark, seria o perfeito presente para o seu pai.
Jake
"recruta" Nog (obviamente contando com as economias
em Latinum do jovem Ferengi) para o leilão. Infelizmente,
uma estranha figura, um tal de doutor Giger, arremata o lote
com o card, para desespero de Jake. Eles contatam o infame
cientista, o qual propõe uma troca por uma enorme lista
de produtos que seriam utilizados em sua experiência.
Giger
busca a imortalidade, ele acredita que a causa do envelhecimento
e da morte é o "tédio celular", e
planeja terminar a construção de uma "câmara
de entretenimento celular". Uma pessoa que entrasse em
tal câmara periodicamente atingiria a vida eterna. Jake
e Nog (com certeza que Giger é louco, mas sem outra
opção para reaver o card) não podem pedir
ajuda diretamente a ninguém, pois o presente para Sisko
é uma surpresa, e decidem trocar favores com o resto
dos personagens pelos itens da lista de Giger (sem que ninguém
saiba realmente o que eles estão fazendo).
Daí,
eles registram suprimentos para O'Brien, remasterizam a coleção
de ópera Klingon de Worf, escrevem discursos para Kira
e mesmo recuperam o ursinho de pelúcia de Bashir (o
fofinho "Kukalaka", citado em "The Quickening"
da temporada passada). Quando eles voltam para os aposentos
do cientista, este está completamente vazio. Antes
que possam fazer qualquer coisa, são transportados
para a nave de Weyoun (o embaixador Vorta vivido por Jefrey
Combs, que estava na estação para um encontro
diplomático com Kai Winn, visando à assinatura,
por parte de Bajor, de um pacto de não agressão
com o Dominion), onde já estão Giger e todo
o seu equipamento. O representante dos Fundadores quer saber
porque o cientista estava realizando experimentos (com fontes
de energia radioativas) justo embaixo dos seus aposentos e
porque Jake e Nog tiveram encontros com o cientista, com Kai
Winn (que por um momento Jake pensou ser responsável
pelo sumiço do cientista) e com todos os oficiais superiores
da estação nas últimas horas.
Jake,
depois de falar a verdade e não conseguir efeito inventa
a mais absurda e hilária história sobre trabalhar
(secretamente) para a Frota Estelar, em uma missão
de segurança para a própria Federação:
deter um viajante do tempo de nome (adivinhem) Willie Mays.
Weyoun não acredita em nada do que Jake fala e percebe
que a primeira versão era de fato verdadeira. Fascinado
com o objetivo de Giger (os Vortas são continuamente
clonados), ele deixa os dois livres com o card. Jake dá
o presente ao seu pai, que dita uma emocionante entrada do
seu diário, sobreposta a uma bela música e as
imagens dos outros tripulantes aproveitando os "efeitos
colaterais" deste seu presente (inclusive de Weyoun entrando
na tal Câmara), em um dos melhores momentos da série
e do franchise.
A
forma como Ronald D. Moore (o roteirista do segmento) conecta
as duas histórias (uma muito séria e uma completamente
"fofinha") sem descaracterizar nenhum personagem
é brilhante, com um estilo de "dramédia"
que lembra muito o do mestre David E. Kelley em sua melhor
forma. Este episódio é provavelmente a mais
inteligente, sofisticada e humana comédia da história
de Jornada nas Estrelas. Sem truques ou high-concepts,
simplesmente se preocupando em contar uma boa história
DENTRO dos limites de DS9.
"Call
to Arms" (****)
E
uma brilhante conclusão para uma brilhante temporada...
Sisko decide que não pode permitir que mais naves Jem'Hadar
atravessem a Fenda Espacial rumando para Cardassia e coloca
em movimento um plano para minar a entrada da passagem (utilizando
minas auto-replicantes com dispositivos de camuflagem). O
embaixador Weyoun é enviado a DS9 com um ultimato e
quando Sisko diz que não vai tirar as minas fica claro
que a guerra total é iminente. Neste ínterim
os Romulanos assinam um pacto de não agressão
mútua com o Dominion, o que só complica ainda
mais as coisas. Sisko aconselha o governo Bajoriano a fazer
o mesmo, como uma maneira arriscada de proteger Bajor.
Finalmente
a força tarefa do Dominion sob o comando de Dukat e
Weyoun ataca DS9. Martok a bordo da Rotarran consegue dar
a Defiant comandada por Dax suficiente tempo para posicionar
e ativar o campo minado. De volta a estação,
percebendo que não poderia mais conter o ataque inimigo,
Sisko ordena que todos os Federados devem partir. Ele profere
um discurso emocionado, dizendo que ao mesmo tempo em que
combatiam as forças de Dukat, uma força tarefa
Federada-Klingon atacava um importante estaleiro no coração
de cardassia. O capitão jura que irá retornar.
Kira
(que sabota a estação), Odo e Quark ficam para
trás para recepcionar Dukat e companhia. Jake também
fica para trás como parte do serviço de notícias
da Frota e Rom volta a trabalhar (no papel de espião
federado) como garçom no bar do Quark (além
de Leeta, Zyial e Morn é claro). Dukat encontra a bola
de beisebol no escritório de Sisko e entende perfeitamente
o recado que o capitão pretende voltar. A Defiant (com
Sisko, Bashir, Dax, O'Brien, Nog e Garak a bordo) e a Rotarran
(com Martok e Worf a bordo) se encontram com uma massiva frota
aliada no final, deixando uma grande promessa para a temporada
seguinte.
O
mapeamento da temporada tem aqui a sua conclusão, onde
vemos claramente o esforço dispendido dos realizadores
e de como a sua construção baseada logicamente
em acontecimentos passados faz a diferença para uma
série que pretende ser mais do que a mera soma de suas
partes. A série percorre um círculo completo
onde os Cardassianos voltam a tomar posse de "Terok Nor"
após a retirada dos Federados e tem início uma
segunda ocupação. É tão desconcertante
a ousadia de Behr e companhia em separar os personagens desta
maneira e balançar o Status Quo da série
de forma tão profunda que tal atitude é realmente
digna de aplauso.
É
impressionante o quanto este episódio consegue colocar
em tela em termos de história e ao mesmo tempo construir
tal coisa em termos de uma infinita colagem de um sólido
momento com personagens atrás do outro. De tantas falas
e momentos inesquecíveis, o mais justo seria colocar
o roteiro inteiro do episódio aqui, na falta de espaço,
fica o convite para a continuação com o arco
de seis episódios que abre a sexta temporada e com
o restante desta, no mês que vem.
Luiz
Castanheira é editor do Trek Brasilis
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