MANCHETE
DO EPISÓDIO Seven
sente os efeitos do isolamento
Episódio
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Data Estelar: 51929.3 À
medida que a Voyager se aproxima de uma vasta nebulosa, a tripulação começa a
ser severamente afetada por uma radiação. Todos, exceto Seven e o Doutor. A
nuvem é tão grande que levaria um ano para contorná-la e um mês para
atravessá-la. Seguindo a sugestão do médico, Janeway decide que a melhor
opção é colocar os tripulantes em câmaras de estasse e cortar caminho. Seven
e o Doutor permanecerão conscientes e ficarão responsáveis por manter os
sistemas da nave e checar os sinais vitais dos colegas durante a travessia.
Depois de alguns dias, a falta de interação social e
atividade a bordo começa a mexer com a dupla. Ambos ficam cada vez mais tensos
e irritadiços. Para piorar a situação, no meio do percurso o computador
alerta que os tanques de anti-matéria estão falhando e o plasma está vazando.
Seven corre para a Engenharia para ejetar os tanques, mas, ao chegar, vê que
foi alarme falso. O computador começa a funcionar mal e os sensores passam a
captar leituras falsas. Aparentemente, a nebulosa agride também
tecnologia.
Enquanto Seven e o Doutor conduzem os reparos, o programa
dele começa a desestabilizar. A dupla consegue correr para a Enfermaria, porém
o emissor móvel do médico pifa. Agora, Seven terá que percorrer a nave
sozinha. Ainda mais isolada, ela começa a ter sonhos e visões perturbadoras.
Quando um alienígena abre contato com a Voyager, Seven o transporta a bordo e
concorda em negociar suprimentos. Mas os comentários impróprios do visitante a
fazem se sentir ameaçada. Ela decide escoltá-lo fora, mas, ao virar o rosto
por um instante, o alienígena corre pelo corredor e desaparece.
Embora os sensores não acusem a presença de intrusos ou
mesmo de uma nave nas proximidades, Seven inicia uma busca pela Voyager. Ouve
vozes de tripulantes a chamando e a do alienígena, que parece controlar os
sistemas da nave. Quando o Doutor finalmente conserta seu emissor móvel, corre
para ver a colega e descobre que ela está alucinando. Conclui que a radiação
passou a afetar também seus implantes Borgs, mas, antes que possa fazer algo a
respeito, os conduítes EPS sobrecarregam e o programa do médico é desativado.
Seven agora está realmente sozinha. Com o destino de toda a tripulação em
suas mãos, entra em pânico. Faltando apenas 17
horas até que a Voyager deixe a nebulosa, os sistemas de propulsão começam a
falhar. Seven enfrenta seus medos, luta contra as alucinações e procura
desviar energia para os motores da nave. A cada passo pelos corredores,
depara-se com seus medos. Em certo momento, um Borg a persegue, dizendo que ela
nunca sobreviverá como indivíduo. Depois, vê os colegas provocando-a e
fazendo insinuações desanimadoras. Nos últimos minutos, Seven desliga o
suporte de vida para dar potência à propulsão. Em seguida, cai desacordada.
Ao abrir os olhos, está na Enfermaria. Janeway lhe diz que a Voyager saiu da
nebulosa e que todos estão bem. Comentários:
"One" é um bom episódio pela mensagem
que pretende passar, mas sofre de problemas na sua execução. Novamente, a
estrela da vez é Seven. Não que isso seja ruim (para ela), pois o
desenvolvimento tem sido consistente. Contudo, esse excesso de atenções na sexy
Borg - em detrimento dos demais personagens - levou muita gente a rebatizar a
série como "Jornada nas Estrelas: Seven of Nine" - e
com razão. Debate-se no segmento da semana a dificuldade da ex-zangão em lidar com sua
individualidade em situação de isolamento.
À medida que a Voyager se aproxima de uma nebulosa
gigante, a tripulação começa a sentir efeitos letais. É uma premissa
simplista? Sim, mas válida, pois não se recorre à tecnobaboseira. Às vezes
é preciso criar uma certa aura de mistério. Aqui, o mecanismo funciona bem.
Só não dá para entender por que Janeway não mandou escanear a nuvem antes
de jogar a nave nela, o que custou a vida de um tripulante. Sobre este ponto,
é preciso fazer uma importante consideração. Até agora, tem sido muito difícil entender a forma como a tripulação da Voyager
encara a morte
de um colega. Eles não demonstram qualquer reação. Imagine se você
estivesse a 60.000 anos-luz de casa, confinado em uma pequena nave com 150
tripulantes. Em quatro anos, não teria ligações outras que não
profissionais com eles? Não seriam eles seus amigos? E, mesmo que não
fossem, não ficaria preocupado com a escassez de mão-de-obra? Tudo isso
parece crítica barata. Mas não é. Nessas ocasiões, a série trai os
aspectos mais fundamentais de sua premissa. E se tem algo de que Jornada
pode se orgulhar, é da sua fidelidade e atenção aos detalhes, que tornam
tudo mais crível.
Enfim, o problema dos oficiais com a nebulosa é que ela
se expande a centenas de anos-luz. Contorná-la seria inviável, pois o
comprimento é ainda maior. Quem são os dois únicos a bordo imunes aos
efeitos? O Doutor e Seven of Nine, protegida pela tecnologia Borg de seu
corpo. Janeway decide colocar todo mundo em estasse e deixar a
responsabilidade de controlar a nave com a dupla. Aqui, vem à tona uma
questão levantada no jurássico "The 37's",
da segunda temporada: Chakotay não deixara claro que a Voyager não pode ser
operada com menos de 75 tripulantes? Pois é...
A cena em que o comandante expressa sua
preocupação a Janeway na sala de conferências merece destaque. A capitã diz
que não sabe explicar a natureza de sua confiança na ex-Borg - que um dia
ameaçou a todos de assimilação e ainda comporta-se de modo insolente e
imprevisível. Ao telespectador já está claro desde "The
Gift" que há um elo muito forte entre as duas. Ela própria
enfrenta dúvidas, mas baseia sua decisão no palpite de que Seven lhes quer o
bem. A conversa convence a Chakotay e ao fã. Muito boa a seqüência.
A partir do momento em que a tripulação
fica inconsciente, a história se restringe a Seven e o Doutor. Logo surge a
questão: a ex-Borg, que mostrava dificuldades em lidar com apenas 150 humanos,
conseguirá sobreviver tendo apenas o Doutor como companhia? E quando os
sistemas da nave - inclusive o médico holográfico - começarem a falhar? Como
será? Por natureza, o ser humano é social. Para os Borgs, a solidão é um
conceito alienígena. Agora, Seven tem de lidar com a realidade de ser o único
indivíduo na nave e descobre que não está preparada para isso.
O isolamento amedronta, incapacita. E Ryan consegue
transmitir bem o pânico de sua personagem. No quesito atuação, o
telespectador está bem servido. Os problemas com "One", na
verdade, são as alucinações de Seven. Elas não funcionam. Talvez, apenas o
Borg assustador nos corredores da nave. Mas as cenas com a tripulação são
risíveis. Parece roteiro de história infantil. E o alienígena é dispensável. Embora os roteiristas quisessem provocar um twist, eles
irritaram o fã, que achou se tratar de um visitante real.
O mérito do episódio é o confronto entre o passado e o
presente de Seven. A personagem nota que a coletividade dos Borgs não mais lhe
conforta e que tornou-se socialmente dependente dos colegas, muito embora esteja
em pleno processo de reivindicação de sua individualidade humana. Com a
experiência traumática, finalmente compreende a necessidade e os benefícios
da vida em comunidade. Não se trata de reter informações relevantes, mas de
expressar sentimentos e pensamentos, outrora descartados como triviais. Nesse
sentido, é significativa a decisão de sacrificar a própria vida para salvar a
todos os outros. Seven dá vazão a seu lado emocional.
O furo no roteiro da semana é a insistência de Tom Paris
em deixar a câmara de estasse. Em primeiro lugar, porque a súbita
claustrofobia do tenente contrasta com todas as características de sua
personalidade estabelecidas desde a primeira temporada. Paris é piloto -
inclusive das confinadas naves auxiliares -, gosta de aventura, esportes
radicais e já até foi visto preso em cavernas ("Parturitions",
"Blood Fever"). Sem contar as diversas
vezes em que usou o traje espacial. Inconsistente. Depois, há de se questionar
como é que ele não foi afetado pela nebulosa ao sair de sua câmara, sobretudo
porque no próprio episódio foi dito que, se ela fosse desligada, o
ocupante morreria.
Relevando esses detalhes e focando a premissa maior, "One"
continua a tarefa de estabelecer Seven como personagem legítima de Voyager
e contribui para torná-la mais interessante. Ótimo. O problema, novamente, é
que tudo se restrige a essa busca pela individualidade dela. O resto do elenco
fica a ver navios. Faltam ao seriado mais desafios, mais arcos de histórias que
integrem todos, falta que se criem conflitos. Toda essa potencialidade terá de
ser trabalhada na temporada seguinte.
Citações:
Seven - "I believe I am overdue for
my weekly medical maintenance. We should go."
("Acredito que estou atrasada para a minha manutenção médica semanal.")
Doutor - "Seven, you've never volunteered for a check-up before."
("Seven, você nunca foi voluntariamente para um check-up antes.")
Seven - "It is preferable to remaining here."
("É preferível a permanecer aqui.")
Janeway - "We've come fifteen thousand
light years. We haven't been stopped by temporal anomalies, warp core breeches,
or hostile aliens, and I am damned if I'm going to be stopped by a nebula."
("Já percorremos quinze mil anos-luz. Não fomos impedidos por anomalias
temporais, rupturas no núcleo do reator, ou alienígenas hostis. Vou ficar furiosa se for impedida por uma nebulosa.")
Janeway - "I want you to
understand the seriousness of this responsibility. The lives of the entire
crew will be on your shoulders."
("Quero que entenda a seriedade dessa responsabilidade. As vidas de toda a
tripulação estarão nas suas mãos.")
Seven - "You doubt my ability to fulfil this task?"
("A senhora duvida da minha habilidade em cumprir com essa tarefa?")
Janeway - "Ordinarily not at all. But this is an unusual situation.
After being in the Collective, it wasn't easy for you to adjust to a ship with
only a 150 people on it, was it, Seven? How would you feel with only the
Doctor for company?"
("Normalmente, de jeito nenhum. Mas esta é uma situação incomum. Depois
de estar na Coletividade, não foi fácil para você se ajustar a uma nave com
apenas 150 pessoas, foi, Seven? Como se sentiria apenas com o Doutor como
companhia?")
Seven - "I will adapt."
("Vou me adaptar.")
Chakotay - "I want you to tell me that
this isn't a mistake."
("Quero que me diga que isso não é um erro.")
Janeway - "Your turn to get reassurance?"
("Sua vez de receber uma reafirmação?")
Chakotay - "Maybe. But my concern isn't about going into stasis. It's
about who you're leaving in charge."
("Talvez. Mas a minha preocupação não é entrar em estasse. É sobre
quem deixaremos no comando.")
Janeway - "You're worried about Seven."
(""Está preocupado com a Seven.)
Chakotay - "Maybe you need to step outside yourself for a minute. Look
at the fact that here's someone who's butted horns with you from the moment
she came on board, who disregards authority and actively disobeys orders when
she doesn't agree with them."
("Talvez deva olhar por outra perspectiva por um minuto. Ver o fato de que
ela é alguém que discute com você desde que veio a bordo, desrespeita
autoridade e ativamente desobedece ordens quando não concorda com elas.")
Janeway - "And this is the person I'm giving responsibility for the
lives of this entire crew. I suppose you want me to tell you I'm not crazy."
("E é essa pessoa a quem estou deixando a responsabilidade pelas vidas de
toda a tripulação. Suponho que queira que eu diga que não sou louca.")
Chakotay - "In a nutshell... I know your bond with Seven is unique,
different from everyone else's. From the beginning, you've seen things in her
that no one else could. But maybe you could help me understand some of those
things."
("Resumidamente... Eu sei que sua ligação com Seven é única, diferente
da de todos os outros. Desde o começo, você viu coisas nela que ninguém
mais conseguia. Mas pode me ajudar a entender algumas dessas coisas.")
Janeway - "I don't know if I can. It's just instinct. There's
something inside me that says she can be redeemed. In spite of her insolent
attitude, I honestly believe she wants to do well by us."
("Não sei se posso. É apenas instinto. Há algo dentro de mim que diz que
ela pode ser redimida. Apesar da atitude insolente, eu honestamente acredito
que ela nos quer bem.")
Chakotay - "That's good enough for me."
("Isso é o bastante para mim.")
Paris - "What if we had to get out in a
hurry?"
("E se tivermos que sair na pressa?")
Janeway - "You can unlock the unit from inside, Tom."
("Você pode destrancar a unidade por dentro, Tom.")
Doutor - "Do I detect a hint of claustrophobia, Lieutenant?"
("Estou detectando um traço de claustrofobia, tenente?")
Paris - "Why do they have to design these things like coffins?"
("Por que têm que projetar essas coisas como caixões?")
Kim - "Should we replicate you a teddy bear?"
("Acha bom replicarmos um ursinho de pelúcia?")
Seven - "Holodecks are a pointless
endeavour, fulfilling some human need to fantasise. I have no such need."
("Os holodecks são um esforço inútil, que preenche uma necessidade
humana de fantasiar. Não tenho tal necessidade.")
Doutor - "If the mobile emitter goes
offline while I'm out of Sickbay, my program may be irretrievable!"
("Se o emissor móvel desativar enquanto eu estiver fora da Enfermaria, meu
programa pode ser irrecuperável!")
Seven - "Don't panic. It's counterproductive."
("Não entre em pânico. É contraproducente.")
Doutor - "That's easy for you to say. You're not facing cybernetic
oblivion."
("É fácil para você falar. Não é você que está enfrentando o
esquecimento cibernético.")
Seven - "Doctor?"
("Doutor?")
Doutor - "If that happens again, I'm a goner. Ah! Home sweet Sickbay!
I never thought I'd be so glad to see these walls."
("Se isso acontecer de novo, eu já era. Ah! Lar doce Enfermaria! Nunca
achei que ficaria tão feliz em ver estas paredes.")
Seven - "Once, when I was a drone, I
was separated from the Collective for two hours. I experienced panic and
apprehension. I am feeling that way now."
("Uma vez, quando eu era um zangão, fui separada da Coletividade por duas
horas. Experimentei pânico e apreensão. Estou sentindo aquilo agora.")
Trivia:
Wade Andrew
Williams foi Garos em "Civilization", de Enterprise.
No final do episódio, quando Seven está no laboratório de Astrométricas,
faltam 17 horas e 11 minutos para a Voyager deixar a nebulosa. A personagem
caminha, interage com suas alucinações, vê um cubo Borg e, quando chega na
Ponte, faltam apenas 41 minutos.
Ficha
técnica: Direção de
Kenneth Biller Escrito por Jeri Taylor Exibido em 13/05/1998
Produção: 093 Elenco: Kate
Mulgrew como Kathryn Janeway Robert Beltran como
Chakotay Roxann Biggs-Dawson como B'Elanna Torres Robert
Duncan McNeill como Tom Paris Ethan Phillips como
Neelix Robert Picardo como Doutor Tim Russ
como Tuvok Jeri Ryan como Seven of Nine
Garrett Wang como Harry Kim Elenco
convidado: Wade Andrew
Williams como Trajis Lo-Tarik
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