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Voyager
Temporada 4
Análise do episódio por
Daniel
Sasaki
       
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| MANCHETE
DO EPISÓDIO Data Estelar: 51008  Quando
Seven of Nine descobre que seu elo com a Coletividade foi cortado, ela protesta
veementemente e pede para ser levada de volta aos Borgs, mas cai em ouvidos surdos.
Investigando o passado da zangão, Janeway descobre que ela se chamava Annika Hansen
e que foi assimilada ainda criança. À medida que a fisiologia humana começa a
se manifestar, o sistema imunológico de Seven passa a rejeitar os implantes Borgs
e o Doutor se vê obrigado a removê-los. Enquanto a situação acontece na Enfermaria,
Kes experimenta um desenvolvimento sem precedentes em suas habilidades telepáticas.
Janeway pede que Seven ajude a tripulação a remover as modificações Borgs que fez à nave. Porém, enquanto trabalha, ela acessa o transmissor subespacial, em uma tentativa de se comunicar com a Coletividade. Kes sente a ameaça e com suas novas habilidades impede que a nova tripulante transmita. Seven é, então, colocada em uma cela. Janeway a visita e tem uma longa conversa, tentando-a convencer a aceitar sua nova condição e a recuperar a humanidade há muito perdida.
O Doutor extrai o máximo de tecnologia Borg do corpo de Seven, recuperando a aparência humana e a agora ex-zangão começa o processo de readaptação à vida como indivíduo em uma comunidade.
"The Gift" encerra uma trilogia bem-sucedida. Parece que Voyager finalmente está encontrando o seu próprio caminho. O roteiro é muito bom e parece subestimado por alguns trekkers - o que não significa que não apresente problemas. A história é composta de duas sub-tramas: a chegada de Seven of Nine e a saída de Kes. A primeira foi impecável. Já a segunda deixou a desejar.
Tudo isso que estava em falta veio e aconteceu em velocidade de dobra no exíguo espaço de tempo de 45 minutos. Em "The Gift", aprende-se mais sobre Kes do que em todas as temporadas anteriores. É aí que o episódio peca. As transformações por que ela passa são misteriosas, não se sabe de onde vêm ou por que vêm, desenvolvem-se rápido demais e terminam sem explicações. Realmente, depreende-se que os roteiristas precisavam tirá-la de qualquer forma da série.
Mas, afinal, tratava-se de uma escolha? Janeway não podia devolver a ex-zangão à colméia, primeiro porque estaria colocando a vida de toda a tripulação em risco e, depois, porque o metabolismo humano de Seven já estava se manifestando e pedia cuidados médicos imediatos. Além disso, pensava Janeway, a passageira foi assimilada quando criança; nunca teve a chance de compreender o que é ser humana antes de sucumbir às bilhões de mentes da Coletividade. Em suma, nunca pôde escolher um caminho para a sua vida. Ele lhe foi imposto pelos Borgs.
Janeway também brilha no segmento. Suas decisões em relação a Seven - tão injustas e insensíveis à superfície - são as mais humanas que um capitão poderia tomar. Aqui, Janeway é mais do que capitã. É também uma líder comunitária e tem-se de fato um senso de família na série, algo que costuma faltar na maioria dos episódios. Fica muito claro não apenas o potencial que Voyager tem e que é desperdiçado, mas a versatilidade de Kate Mulgrew como atriz. Se se pode atribuir falhas a Janeway, a responsabilidade deve cair exclusivamente sobre os roteiristas. Por fim, o presente de Kes: a seqüência, completada com a cena de Tuvok acendendo uma vela perto da janela, foi de trazer lágrimas aos olhos e sinaliza bons ventos. A Voyager deu o seu primeiro grande salto em direção à Terra. Correu 10.000 anos-luz em questão de minutos e isso traz um grande refresco à trama maior. Revigoram-se as esperanças da tripulação. Novas raças aparecerão. Quem sabe a partir daqui o Quadrante Delta passará a ser verdadeiramente explorado. É esperar para ver. Seven of Nine - "We need nothing
from you. We are Borg." Tuvok -
"Perhaps she's experiencing an after effect of some kind." Doutor
- "If you think there's a risk, Mr. Tuvok, you can throw one of your little
force fields around the chamber." Kes
- "I can see further, beyond the subatomic." Janeway - "I have an Ocampa who wants to
become something more and a Borg who's afraid of becoming something less. Here's
to Vulcan stability." Seven
of Nine - "You are hypocritical, manipulative. We do not want to be what
you are! Return us to the Collective!" Janeway
- "She's thrown us safely beyond Borg space... ten years closer to home."
Roteiro
de Joe Menosky Elenco: Kate
Mulgrew como Kathryn Janeway Elenco
convidado: |
Tuvok,
que vinha acompanhando as mudanças em Kes, descobre que sua transformação está
danificando a infra-estrutura da Voyager em nível subatômico. A Ocampa decide
que é hora de deixar os amigos para explorar essa nova existência. Ela mal consegue
se despedir e sair em uma nave auxiliar, quando dissolve-se em pura energia. Antes
de partir, no entanto, presenteia a tripulação atirando a Voyager em segurança
cerca de 10.000 anos-luz mais perto de casa.
Não
é segredo que Kes vinha sendo mal desenvolvida desde a primeira temporada. Tem-se
a impressão de que os roteiristas nunca souberam como aproveitá-la, pois seu diferencial
- as habilidades mentais - nunca foi utilizado. Há quem diga que apareceram indícios
em 
Contudo,
o episódio funciona no tocante a Seven of Nine. Ryan tem uma presença em tela
maravilhosa, é uma excelente atriz e os momentos com Mulgrew foram poderosos.
Há algumas controvérsias sobre a ética da capitã no roteiro. Seven, que não é
um membro da Fderação, portanto não responde às suas leis, pede explicita e enfaticamente
para ser devolvida aos Borgs. Janeway nega o pleito com a mesma veemência. Então,
Seven diz que prefere morrer a ficar na Voyager. Janeway a contraria de novo e
ordena que o Doutor prossiga com a cirurgia de retirada dos implantes cibernéticos.
Assim,
não é surpreendente que Seven of Nine não queira ter nada a ver com a Voyager
ou a chance de redescobrir a própria humanidade. Ela quer voltar a ouvir as vozes
da colméia, porque aquilo é tudo o que ela conhece e entende, e é psicologicamente
dependente delas. Medo, solidão, frustração, insegurança, vazio; é isso o que
sente e Ryan consegue transmitir bem as sensações. Aliás, os melhores momentos
do episódio são justamente aqueles ligados ao dilema da personagem.
Pela primeira vez em Jornada (a não ser pela tentativa grosseira
no piloto original da Série Clássica), cria-se uma cena na qual a câmera
começa dentro da nave e se afasta gradualmente até o espaço.
