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MANCHETE
DO EPISÓDIO
Raro
segmento orientado a trama opta
por tom leve, em vez de um thriller
Episódio
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episódio
Sinopse:
Data Estelar:
desconhecida.
Jake Sisko está ajudando o chefe
O'Brien na conversão de uma antiga unidade de processamento de
minério Cardassiana em uma refinaria de deutério em DS9,
enquanto o comandante Sisko chega e convida os dois para comer.
Subitamente, o procedimento de remoção dos antigos arquivos do
computador local esbarra em um antigo programa de segurança,
desenvolvido pelo antigo comandante da estação, gul Dukat, que
aparece em todos os monitores de DS9 em uma gravação. O tal
programa interpreta a tentativa de acesso dos dois como "uma
rebelião de trabalhadores Bajorianos" (assumindo ainda estar
operando nos tempos da ocupação Cardassiana). O computador os
tranca na unidade e mesmo Kira, Dax e Bashir no OPS não conseguem
fazer nada sem um legítimo e válido código de acesso
Cardassiano.
Odo,
no seu escritório, chama Kira e diz que o seu antigo código
Cardassiano ainda é válido e ele está tentando ajudar do seu
terminal (o que não dá em nada). Quark chega e diz que a imagem
de Dukat nos monitores da estação está assustando a todos e
decide ficar, por achar aquele o lugar mais seguro de DS9 (os dois
acabam trancados no escritório do comissário, resmungando um com
o outro até o fim). Jake consegue se esgueirar por dentro da
tubulação que outrora transportava minério derretido e consegue
abrir o alçapão por onde descia o uridium, os três conseguem
escapar na hora em que o computador começa a liberar gás
neurocine (que é fatal) para dentro da unidade. Os três chegam a
um pequeno depósito totalmente lacrado, com restos de uridium não
processado e um vagão. Com a fuga deles o computador aperta o
cerco, entrando no seu primeiro nível de defesa contra insurreições
na estação, colocando campos de força envolvendo completamente
cada compartimento acessível e bloqueando também as vias de
acesso (campos de força que apenas Cardassianos devidamente
autorizados podem atravessar), além de produzir um campo de
dissipação que impede as comunicações. Sisko e cia. tentam
usar o vagão como aríete para abrir caminho, mas sem sucesso.
Sisko sugere então usar o uridium como explosivo, O'Brien começa
a arrancar uma luminária para obter um cabo elétrico para
detonar o minério.
Dax
está trabalhando no computador, quando um campo de força aparece
de repente e queima as suas mãos. Isto faz o programa passar para
o nível dois, que envolve a liberação de gás neurocine no anel
residencial. Neste momento, Garak (a única pessoa na estação
"habilitada" a atravessar os campos de força) chega ao
OPS e sugere que para impedir o gás eles devem destruir o
controle do suporte de vida, pois ainda ficariam com 12 horas de
oxigênio de reserva para resolver toda a situação. Kira assim o
faz e o programa vai para o nível três (assume que os
"revoltosos Bajorianos" tomaram a estação) e ativa o
programa de autodestruição de DS9, com retardo de duas horas.
Garak está tentando "crackear" o código de Dukat
enquanto Dax planeja desativar os sensores do OPS, para que o
computador não possa checar o DNA de Garak (e compará-lo com o
de Dukat). Infelizmente o plano deles falha antes de ser executado
e o computador entra no nível quatro do programa. Uma espécie de
arma feiser é materializada pelo replicador, e, enquanto todos
buscam um abrigo, um tripulante é vaporizado.
O plano de Sisko e cia. funciona e os três conseguem sair do depósito,
mas não conseguem ir muito longe nos corredores, com campos de
força em todo lugar. De volta ao OPS, em meio ao fogo cerrado de
feiser eis que o próprio Dukat surge se transportando de sua nave
(ele recebeu um absurdo "pedido de socorro" que dizia
que "revoltosos Bajorianos haviam tomado Terok Nor").
Primeiro ele tripudia da situação da tripulação (os disparos não
se dirigem a ele e descobrimos que também não para Garak),
depois pergunta por Sisko, toma um pouco de chá e diz que pode
ajudar, mas quer algo em troca da major Kira (ele desativa a tal
arma feiser, como sinal de "boa fé"). Ele quer
estabelecer uma guarnição Cardassiana permanente em DS9. Kira
diz que irá destruir a estação antes de deixá-la cair de novo
em mãos Cardassianas. Dukat diz que vai voltar para sua nave e
daqui a 25 minutos (faltam 30 minutos para a autodestruição) vem
saber a resposta de Kira. Quando ele tenta se transportar, acaba
por ativar uma contra-medida plantada por um superior dele na época
da ocupação (legado Kell), para impedi-lo de fugir se a estação
fosse tomada. Agora todos os códigos deixam de ser válidos e
Dukat está no mesmo barco que os demais.
O
código de Dukat de fato não vale mais nada. O gul explica o
processo de autodestruição: ao fim da contagem, o computador
desativa o estabilizador de reação e daí o reator de fusão
principal sobrecarrega até explodir, levando a estação com ele.
Um plano claro é chegar na sala de controle do reator para evitar
tal processo manualmente, e eles decidem também que precisam
desativar todos os campos de força da estação para chegar até
lá (um por um, levaria uma eternidade). Dax sugere que eles
sobrecarreguem a grade interna de energia. Como os antigos
"neutralizadores Cardassianos" (usados para campos de
contenção letais) estão desativados, mas ainda no fisicamente
no lugar, Dukat sugere conectá-los novamente à grade de força e
usá-los para produzir a sobrecarga, no que Kira concorda. Após várias
explosões devido à sobrecarga, os campos de força se vão e as
comunicações voltam. Sisko fala com Kira que explica o plano e
Sisko diz que eles são os únicos suficientemente perto para
executá-lo.
Com o corredor de acesso bloqueado devido às explosões, O'Brien
acha um duto de manutenção que eles descobrem cercado de ambos
os lados por chamas de plasma. O comandante e o chefe entram no
duto, O'Brien se acidenta, mas Sisko consegue chegar à sala de
controle. Jake, que havia ficado para trás, entra no duto para
ajudar O'Brien a sair. Ben Sisko consegue redirecionar o acúmulo
de energia para os escudos defletores e evitar a destruição da
estação. Odo e Quark são finalmente libertados e continuam a se
provocar mutuamente à medida que andam pelo Promenade.
Comentários:
Este é um raro episódio de DS9 por ser, em sua quase
totalidade, orientado pela sua trama e não por seus personagens
(propositalmente feito fora do formato do programa pelos
produtores). Apesar de atípico para a série, o episódio é
divertimento garantido e sua trama é sensível e faz sentido a
maior parte do tempo. Um (absurdamente) caricato Dukat e o sempre
interessante Garak são os astros do segmento, que conta também
com os melhores diálogos da temporada até aqui. Uma premissa
batida (uma "batalha homem versus computador" que deriva
em mais uma "contagem regressiva para a aniquilação"),
a falta de relevância das cenas entre Odo e Quark e um final
abrupto (claramente algum material foi cortado devido ao tamanho
do episódio) ferem o segmento, que é, ainda assim, bastante
agradável (ainda que não muito profundo --caindo ma categoria de
"DS9 Comic Book"(TM)). Saibam mais detalhes, sem ter que
salvar DS9 de sua destruição no processo, nas linhas abaixo.
A premissa do episódio definitivamente não ganha muitos pontos
por originalidade, apesar de ter uma execução bastante esperta
com reviravoltas bastante interessantes. Entretanto, o ponto de
partida da história é polêmico e costuma causar problemas para
alguns fãs.
Uma freqüente discussão entre os fãs da série ao longo dos
anos é se a estação Deep space Nine, com as necessárias e contínuas
reformas que a Federação realizou (e realiza), pode ser
considerada uma "estação quase que totalmente constituída
por tecnologia da Federação, apenas mantendo a sua aparência
Cardassiana original" ou uma "estação essencialmente
Cardassiana modificada apenas o suficiente para ser operada por
uma tripulação típica da Frota Estelar". Provavelmente a
verdade sobre tal questão está em algum lugar entre estes dois
extremos. Tal discussão foge ao escopo desta análise, mas cabe
salientar que tal questão nunca foi esclarecida explicitamente ao
longo da série. O episódio parece apontar (implicitamente) para
a segunda alternativa (que também parece ser mais consistente com
a série como um todo).
Dito
isto, vamos desconstruir a lógica em que se baseia o episódio.
Jake trabalhava com o "moribundo" sistema da workstation
daquela unidade de minério, fazendo coisas que não poderiam ter
sido feitas quando a unidade estava em boas condições no tempo
da ocupação. Por um azar, a tentativa de mover (copiar e
deletar) aquele arquivo específico (que não tem nada a ver com o
programa de segurança e cujas propriedades "especiais"
não interessam, pois o sistema local não estava funcionando
direito mesmo, em primeiro lugar) ativou o monitor de segurança
da workstation, que pediu a senha de supervisor. O'Brien deu a
senha errada, o sistema local mandou uma mensagem para o
computador central que ativou o programa de segurança de Dukat e
daí segue a história.
O programa de Dukat poderia fazer parte do subsistema de segurança
do sistema operacional do computador central de DS9, com a hipótese
de que o sistema original ainda estaria sendo usado de alguma
maneira (por exemplo, em operações em que a confiabilidade e um
baixo tempo de resposta fossem fundamentais, onde "segurança"
se encaixa perfeitamente). Se assumirmos que não existe mais uma
linha de código Cardassiano no computador central de DS9, ainda
assim o programa de Dukat poderia estar escondido em
"hardware", por exemplo, no periférico responsável
pelo recebimento de mensagens de unidades remotas. O tal periférico
recebeu, reconheceu o cabeçalho daquela mensagem específica e
"despertou" o programa de Dukat e daí também segue a
história. A existência da tal workstation funcionando e ainda
conectada ao computador central garante o ponto de partida da
trama.
Se a existência e a ativação de tal programa é até justificável,
a sugestão de Dax para pará-lo não é tão robusta assim. A única
maneira de garantir o sucesso na erradicação do tal programa
seria um "shutdown" completo do computador principal e
de todos os periféricos conectados a ele, seguidos por um
"boot limpo" (de uma versão dedicada de
"hardware" e "software" específica para isso)
e um completo e cuidadoso "back-up".
A melhor escolha do roteiro foi fazer o programa acreditar
plenamente estar ainda sendo executado nos tempo da ocupação. Além
disso, mudanças na configuração dos sistemas da estação
(desde aquela época) garantem dar trabalho para o programa também,
produzindo justificáveis atrasos e falhas que os "nossos heróis"
podem explorar. A ameaça cresce de forma gradual e consistente
com tal escolha e faz bastante sentido nesses termos.
Podemos dividir o episódio em três ângulos relacionados:
"xadrez", "mineração" e "OPS".
A parte do xadrez é a menos interessante, pois sua única conexão
com a trama real do episódio é a tentativa de Odo de obter
acesso ao sistema (uma boa idéia, aliás). De resto temos Odo e
Quark interagindo, o que isoladamente é até divertido, mas faz
pouco pelos personagens e nada pela presente história. O pior é
que este "ângulo" é que foi escolhido para encerrar o
episódio, que claramente ficou muito longo. Por que então não
cortar esta parte?
A
parte da "mineração" foi mais interessante. Ben, Jake
e O'Brien conseguem superar os obstáculos de forma inteligente,
sem maiores exageros estilo "MacGyver" (apesar de aquele
"cabo de força" ser meio ridículo). Jake ajuda de uma
forma crível, sem parecer uma espécie de "superboy"
(um ponto negativo é ele continuar usando aqueles
"pijamas"). O problema da seqüência final, com Sisko
finalmente evitando a explosão, é que ela é um bocado clichê.
Apesar das "chamas verdes" tentarem dar "um
clima", o resultado é extremamente previsível. A princípio
seria de se esperar que Sisko simplesmente iria desviar a descarga
para o espaço através dos circuitos dos defletores, mas os
efeitos visuais parecem indicar que ele desviou para os próprios
escudos, que já deveriam estar levantados (ou não?). O pessoal
de efeitos visuais também teve o cuidado de "ocultar" a
Defiant e a nave de Dukat nas tomadas.
A interação no "OPS" foi a melhor do episódio, com a
presença de Garak e de um Dukat "pra lá de over". O
"replicador assassino" foi uma grande idéia, mas
empalidece frente à chegada de Dukat (aparentemente de volta às
boas graças do Comando Central Cardassiano, após os eventos
vistos em "The
Maquis"), que vai falando com toda a calma enquanto
se apossa da situação e os demais tentam se proteger dos
disparos de feiser. Ainda temos Dukat dando um peteleco na bola de
beisebol de Sisko (uma questão recorrente entre os dois ao longo
da série) e finalmente (e esta é a melhor cena do episódio)
caindo refém do seu próprio programa (a reação dos outros à
situação do gul é hilária, principalmente a face de Kira). Por
outro lado a "proposta" de Dukat e a noção de poder
fazer alguma espécie de posterior "guerra de
trincheira" dentro da estação é meio idiota. Faltou um
fechamento do papel de Dukat nesta história (talvez uma cena com
Sisko e Dukat fosse a solução ideal para o encerramento do episódio,
que ficou faltando).
O "novato" Reza Badiyi foi feliz em perceber o
"problema" das cenas envolvendo Odo e Quark e utilizou
uma estratégia compatível com isso. Ele não tentou transformar
o episódio em um thriller intenso, pois se assim o fizesse as
cenas entre o comissário e o Ferengi colidiriam flagrantemente
com as das outras duas histórias, daí, adotando então um tom de
farsa em que é enfatizado mais o caráter de entretenimento e
menos o de um perigo real e imediato, que o roteiro como escrito
funciona em seus termos. A música do episódio foi bastante
fraca, basta conferir a cena em que Sisko e O'Brien rastejam,
ladeados pelo fogo. A trilha é anêmica, para dizer o mínimo.
Apesar de pouco efetivas (para a presente história e para os seus
personagens), as cenas dos dois juntos ganham o destaque para
Shimerman e Auberjonois (grande química) dentre os regulares.
Visitor também esteve ótima. Brooks deu algumas patinadas e
Farrell não foi muito feliz no seu tratamento das queimaduras das
mãos de Dax. Lofton, Meaney e El Fadil se saíram bem também (o
"acidente de O'Brien" e o imediatamente posterior
"resgate do chefe por Jake" poderiam ter sido mais
bem-executados, apesar de a culpa dos atores ser normalmente
pequena em tais situações).
Alaimo, talvez inspirado pelo tom de farsa do episódio, lança mão
da sua mais exagerada e caricata atuação no curso da série, o
que acaba funcionando e produzindo momentos bastante engraçados
(e felizmente não traz nenhum dano grave ao seu personagem).
Robinson é sempre um prazer de se assistir. A participação de
Danny Goldring, como o legado Kell, foi meio ingrata (para o
ator), mas o resultado final da sua única cena foi excelente.
O passado entre Dukat e Garak (especialmente os eventos que
levaram à morte do pai de Dukat) foi referido novamente ao longo
da série, mas nada muito específico foi estabelecido sobre tal
assunto. Uma versão (não-canônica) da origem de tal rivalidade
pode ser encontrada no livro "A Stitch In Time", do próprio
ator Andrew J. Robinson (o nosso querido Garak), que esmiúça
este e muitos outros pontos obscuros envolvendo o nosso
"alfaiate" predileto, contando toda a sua vida desde a
infância (leitura altamente recomendada para os fãs de Garak e
de DS9).
Durante a série, Dukat flertou com Kira sempre que pôde, ainda
que nunca tenha sido correspondido. Tal linha de história teria
um bizarro "payoff" em "Wrongs Darker than Death
or Night", da sexta temporada. O curioso é que os
relacionamentos entre Dukat e Garak, entre Garak e Kira e entre
Dukat e Kira seriam impactados por um mesmo evento: a introdução
de Zyial, a filha bastarda (e mestiça Bajoriana/Cardassiana) de
Dukat, em "Indiscretion", da quarta temporada.
Devemos também notar que os reatores, os computadores, a seqüência
de autodestruição e os defletores de DS9 continuaram a funcionar
apesar do colapso da rede de força interna da estação, o que
mostra a qualidade do seu projeto.
A idéia de uma unidade dedicada de campo de força para o
"xadrez" da estação também é válida. Apesar de ser
concebível que ela tivesse sido instalada para obter um certo
controle sobre Odo, faz muito mais sentido como uma óbvia medida
para impedir que potenciais revoltosos não libertassem os presos
para aumentar a anarquia, senão por alguma outra razão específica.
A visão de fundo da cena final também é fraca por não
demonstrar nenhuma urgência nos reparos da estação. Eles tinham
que recuperar o suporte de vida (que aparentemente fica em um
sistema de força separado também --Kira só destruiu a sua
interface com o computador), que precisava ser restabelecido em
menos de 12 horas. Dax falou sobre a eventual falta de oxigênio,
mas o suporte de vida também regula o aquecimento do ambiente,
entre outras tantas coisas. Na boa tradição de Jornada, a
gravidade artificial, ainda que conceitualmente parte do sistema
de suporte de vida, nunca "pifa" (por óbvias
dificuldades técnicas) quando este o faz. O que mostra aqui também
possuir um sistema de força independente em DS9, assim como os
campos de força estruturais. Demais danos à estação: bagunça
generalizada no sistema de computação, sobrecarga da grade
interna de força com danos de toda espécie em todo lugar, sem
campos de força de segurança, transportes ou turbo-elevadores (e
talvez os replicadores e outras coisas mais) etc. O pior é que
tais danos e reparos não seriam referidos em tela mais tarde, o
que fica debitado na conta da série como um todo.
Um regenerador dérmico não fazer parte do kit de primeiros
socorros de Bashir é um pouco estranho. Algo mais estranho ainda
é a ordem de Sisko para Kira iniciar uma evacuação da estação
utilizando os exploradores e a Defiant. Como as naves poderiam
partir com os escudos levantados? Se os escudos não estavam
levantados (o que aparentemente não é a verdade aqui), por que
eles não usaram os transportes das naves (incluindo também a de
Dukat) para encurtar a missão no final? Mesmo que os escudos
estivessem levantados, será que tais transportes não poderiam
ter sido usados de alguma maneira?
"Civil Defense" é um bom, ainda que raso, episódio
de DS9. O roteiro soube como despertar interesse em sua
batida premissa, mas teria produzido um melhor episódio se as
seguintes recomendações tivessem sido seguidas em uma hipotética
"versão final e definitiva": reduzir ao máximo as
cenas entre Odo e Quark, apertar o passo do episódio e transformá-lo
em um real thriller (sem abrir mão do bom humor), produzir uma
alternativa mais criativa para evitar a destruição de DS9 e
principalmente oferecer uma cena divertida com Dukat e Sisko como
encerramento. O episódio foi uma boa diversão, que poderia ter
sido realmente excelente.
Citações
Sisko - "You know, I
never knew how much this man's voice annoyed me."
("Sabe, nunca pensei no quanto a voz desse homem me
irritava.")
Quark - "Home is where the heart is, but the stars are
made of latinum."
("Lar é onde está o coração, mas as estrelas são feitas
de latinum.")
Dukat - "Let me guess; someone tried to duplicate my
access code, hm?"
("Deixe-me adivinhar; alguém tentou duplicar meu código de
acesso, hm?")
Dukat - "Garak groveling in a corner; this alone makes my
trip worthwhile."
("Garak se encolhendo num canto; só isso já fez a viagem
valer a pena.")
Dukat - "I see. The auto-destruct program has begun. Well,
well, well... you are in trouble."
("Sei. O programa de autodestruição foi iniciado. Bem, bem,
bem... vocês estão encrencados.")
Trivia:
Ira Behr lembra do episódio como uma daquelas terríveis experiências
em que o resultado acabou (felizmente) sendo satisfatório para a
equipe de produção da série. A história (e primeiro rascunho)
de Mike Krohn sobre o tema "homem versus máquina"
intrigou os roteiristas da série, que tiveram um enorme trabalho
para terminar o roteiro final (todos estiveram envolvidos no episódio,
apesar do "free-lancer" Krohn ser o único creditado).
No processo, cada roteirista que arriscava uma rescrita tinha o
"prazer" de voltar da sala de Michael Piller com uma
cara desanimada, depois de levar mais uma "lavada" do
chefe. Behr lembra: "ele odiava cada versão, nada funcionava
para ele". Ira acredita que a pressão e a literal insanidade
envolvida foi similar à que ele passou para transformar a
premissa do clássico "Yesterday's Enterprise" em
um sólido roteiro, durante a terceira temporada de A Nova Geração,
junto com a equipe de escribas daquela série na época.
Entretanto deve-se registrar que a idéia do episódio não veio
de Piller, mas sim de Behr, que queria fazer "um thiller, um
episódio de ação com várias reviravoltas, 100% trama".
Robert Wolfe lembra, que na época, eles estavam um pouco
atrasados no cronograma da temporada e que um episódio acabava de
ter sido retirado da "linha de montagem" da série.
Entretanto todos os envolvidos gostaram do resultado, com suas inúmeras
reviravoltas e com uma continuação da rivalidade entre Dukat e
Garak (que havia sido sugerida em "Cardassians").
Existe também uma sugestão de que Dukat tenha algum tipo de atração
pela major Kira. Tal elemento teria certas repercussões em episódios
posteriores, ainda que Kira --de forma alguma-- tenha dado a
entender que um relacionamento fosse possível entre os dois. Por
outro lado, Marc Alaimo, sempre colocou ao longo da série
bastante subtexto (sugerindo que de fato Dukat sempre esteve
interessado em Kira) nas suas cenas com Nana Visitor.
Nana Visitor não ficou muito satisfeita com a maneira em que foi
tratado no episódio o possível flerte de Dukat. Ela disse na época
que tal momento não deveria ter sido tratado como um momento cômico.
Segundo ela, existe uma coisa muito assustadora nisso tudo, se
Dukat a quisesse na época da ocupação ele teria conseguido a
major e ela não poderia ter dito nada a respeito. E Visitor
gostaria que Kira tivesse feito esse ponto claro no episódio. Em
episódios posteriores ("Return To Grace", da
quarta temporada, "By Inferno's Light", da quinta
etc.), os roteiristas fariam valer as preocupações da atriz.
Mesmo que Kira aprendesse a enxergar os Cardassianos como indivíduos,
"ela SEMPRE vai odiar Dukat", sempre repetiu a atriz em
suas entrevistas ao longo da série.
Por sua vez, o ator Armin Shimerman gostou de trabalhar em um
mesmo cenário com René Auberjonois, mas ficou decepcionado que
toda a conversa não tenha trazido nenhuma nova revelação à
relação dos dois. Descobrimos algumas informações sobre o
Ferengi Quark (ouvimos, por exemplo, pela primeira vez sobre o seu
infame "primo Gaila, aquele que tem uma lua", depois
referido em "Little Green Men", da quarta
temporada, visto em "Business As Usual", da
quinta, e "The Magnificent Ferengi", da sexta, e
mencionado novamente em "Profit and Lace" da
sexta temporada), mas nada de Odo e nada novo do relacionamento
dos dois, realmente. Tal relacionamento teria melhor sorte em "Crossfire",
da quarta temporada, e "The Ascent", da quinta.
O diretor de fotografia Jonathan West teve um trabalho especial em
baixar o nível de iluminação dos cenários, como pedido pelo
roteiro. O especialista em efeitos visuais, Gary Hutzel, teve
especial dificuldade na seqüência envolvendo o replicador
replicando uma arma feiser que atirava em todo o OPS. Uma
dificuldade foi ter uma continuo diálogo durante os disparos
(quase 60) e como posicioná-los em tempo e posição contra a edição
do episódio. Cada disparo aparece pouco em tela, mas é bastante
caro na pós-produção --a seqüência foi extremamente cara.
Entretanto, a cena em que Sisko e cia. se arrastam pelos tubos de
acesso foi relativamente simples. Eles modificaram um inofensivo
"fogo dourado" em "fogo verde de plasma" com o
auxílio de um programa de computador. Para obter o efeito
"em cena", eles teriam que ter usado produtos químicos
que, quando queimados, produzem substâncias tóxicas.
Esta foi a primeira participação do veterano diretor Reza Badiyi
("Mission: Impossible", "Mannnix" etc.) em Jornada.
Foi sua filha (e também fã de Jornada), Mina, que ensinou
"tudo" sobre DS9 ao pai. Depois o diretor
retribuiu o favor, arrumando um pequeno papel para ela em "Paradise
Lost", da quarta temporada (que foi também o último que
ele dirigiu para DS9). O diretor voltaria nesta temporada
em "Past Tense, Part I", "Life
Support" e "Visionary".
O uniforme de Odo mudou de novo. René Auberjonois tinha gostado
muito do uniforme do "Mirror-Odo" de "Crossover",
mas ao usá-lo começou a achar o cinto meio
"esquisito", "meio coisa de Buck Rogers",
disse Auberjonois na época. Daí o cinto foi retirado do
uniforme. Uma piada entre os roteiristas foi feita em "Crossfire",
da quarta temporada, quando Kira finalmente nota a falta do cinto.
O ator Danny Goldring (aqui como legado Kell) retorna na quinta
temporada para viver Burke em "Nor The Battle To The
Strong". Ele também apareceria como um Hirogen em "The
Killing Game, Part I" e "The Killing Game, Part
II", da quarta temporada de Voyager, e como um
capitão Nausicaan em "Fortunate
Son", da primeira temporada de Enterprise.
Ficha
técnica:
Escrito por Mike Krohn
Direção de Reza Badiyi
Exibido em 07/11/1994
Produção: 053
Elenco:
Avery Brooks como
Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Nana Visitor como Kira Nerys
Colm Meaney como Miles Edward O'Brien
Siddig El Fadil como Julian Subatoi Bashir
Armin Shimerman como Quark
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko
Elenco convidado:
Andrew Robinson
como Elim Garak
Marc Alaimo como gul Dukat
Danny Goldring como legado Kell
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