Data Estelar: 51762.4
Uma
nave alienígena que necessita de ajuda aparece de repente no caminho da Voyager.
Seu piloto, Steth, tentava utilizar um sistema de propulsão experimental
energizado por um dispositivo de dobra
coaxial. Só que a tecnologia desestabilizou, colocando-o em perigo. Janeway o
transporta a bordo junto com o protótipo. Paris, que andava entediado e
irritadiço, propõe-se a ajudar nos reparos. O que ninguém sabe é que, na
verdade, um alienígena havia tomado o corpo de Steth.
Enquanto Paris usa seus conhecimentos para restaurar a
nave, Steth acessa os computadores da Voyager e baixa informações sobre o DNA
do tenente. Assim que as reformas terminam, o alienígena troca de corpo com
Paris. A nave parte e o impostor permanece na Voyager, vivendo normalmente a
rotina do oficial. Quando o verdadeiro Paris acorda no corpo de Steth, é
surpreendido pelos Benthans, uma espécie que o vinha perseguindo há tempos.
Das naves Benthans se transporta Daelen, uma mulher
bastante irritada. Ela diz ser Steth e exige seu corpo de volta. Na Voyager, o
alienígena deixa de convencer por causa do comportamento errático. Ele briga
com B'Elanna e Seven, e passa a beber em horário de serviço. Quando Janeway
expressa suas preocupações, ele a ataca. Tuvok chega a tempo e o leva para a
Enfermaria.
Na outra nave, Daelen explica a forma de agir do
alienígena. Ele colocou Steth em seu corpo e o de Paris no de Steth. A dupla
aciona a dobra coaxial e consegue encontrar a Voyager. Por lá, a tripulação
percebe que o alienígena tomou o corpo de Janeway. A capitã, na verdade, agora
está no de Paris. O alienígena tenta fugir em uma nave auxiliar. Mas Paris
e Steth o perseguem e conseguem pará-lo. Com o impostor em custódia, todos
conseguem retornar a seus respectivos corpos e Paris conclui que a
"monotonia" de sua vida não era tão ruim.
Comentários:
Que historinha fraca. O triste é que a estrela da semana
é o órfão-de-longa-data Tom Paris. Quando finalmente decidem (tentar)
desenvolvê-lo, fracassam. A esta altura, é seguro dizer: Paris é o personagem
mais desperdiçado da série. Curiosamente, no piloto, estava entre os mais
promissores - mais até do que Chakotay. Quem não depositou expectativas
naquele renegado mercenário, que não era nem Frota, nem Maquis? "Vis
à Vis" reflete bem a mediocridade a que foi jogado o would be
herói de Voyager. Ele consegue, agora, ficar
menos interessante até do que Harry, que anda perdido de amores por Seven.
Preocupante.
Exceto por alguns momentos de tensão e humor, o roteiro
é absolutamente dispensável. Serve apenas para fazer volume na lista de
produções de Jornada. "Mais um
episódio... próximo"! Parece até que alguns membros da equipe criativa
nutrem esse sentimento pela franquia. É difícil pensar em algo que salve a
história. Personagens que trocam de corpo? Pouco original e totalmente
previsível. Será que algum telespectador duvidava que todos viveriam felizes
para sempre, em seus "corpos nativos", e a Voyager seguiria o curso
para casa?
Mas vamos à "coincidência da semana" (TM),
como alguns colegas do TB gostam de dizer. Incrivelmente, nosso grupo
de perdidos encontra uma nave que, veja só, testa um novo sistema de
propulsão. De certa forma, o "distante" Quadrante Delta não parece
tão grande. A "dobra coaxial" é um mero pretexto mascarado
com um nome esquisito para a Voyager encontrar o pouco interessante
alienígena Steth. Aliás, um ser que passa seu
tempo mudando de corpo com quem cruza seu caminho - apenas para se distrair
com as novidades. O que nos leva à pergunta. O que veio antes: o ovo ou a
galinha? Steth se diverte porque muda de corpo ou muda de corpo para se
divertir? Característica evolutiva notável.
Aqui também tentam ressuscitar características há
muito deixadas de lado no tenente. Claro, todos sabem como ele apreciava
aventuras. Mas, inexplicavelmente, Paris entediou-se com a vida e passou a
relaxar nos protocolos. A metamorfose não convence a ninguém, porque não
foi gradual. Além disso, sempre que os roteiristas decidem trabalhá-lo,
voltam àquela abordagem original comparativa. A vida antes da Voyager e
agora. Já deu o que tinha que dar. Esperava-se que tivessem aprendido a
lição com o sofrível "Threshold".
Infelizmente, é só isso que conseguem "espremer" do outrora
personagem cheio de vitalidade e potencial. Com a constatação, só ignorando
o episódio, ou partindo em dobra 10 para virar lagarto...