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Voyager
Temporada 4
Análise do episódio por
Daniel
Sasaki
       
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| MANCHETE
DO EPISÓDIO Data Estelar: 51367.2.  Em
um mercado no planeta dos Mari, uma raça telepática, um homem chamado Frane colide
com B'Elanna. Em seguida, France ataca violentamente outro homem. Durante interrogatório,
a tenente admite à inspetora Nimira que pensou em agredir France quando ele tombou
com ela. Para sua surpresa, a Klingon é presa por cometer o crise de pensamento
violento agravado resultante em grave prejuízo físico. B'Elanna descobre que terá de passar por um procedimento cirúrgico para identificar e remover as imagens ofensivas de sua mente, assim como Frane. Janeway protesta quando é informada de que há risco de dano neurológico e designa Tuvok para examinar as evidências. Eles averiguam que Frane tem um histórico de prisões por mentalizar pensamentos violentos. No entanto, Nimira afirma que ele foi curado através das sessões de "limpeza". No mercado, uma mulher Mari woman capta os pensamentos de B'Elanna e mata uma vendedora de frutas.
Guill nega responsabilidade pelo ataque no mercado, mas o oficial de segurança pede que ele se apresente a Nimira para interrogatório. Neste momento, enquanto a dupla é interceptada por dois conspiradores do Mari, tem início o procedimento com B'Elanna. Tuvok engana
Guill em um elo mental. Em vez de transferir pensamentos hostis, inflige uma dor
que o desabilita. Em seguida, leva-o para a Voyager, onde Janeway convoca Nimira
para apresentar as provas. A inspetora toma conhecimento dos fatos antes que se
consume a operação em B'Elanna. "Random Thoughts" é um segmento mediano
da temporada. Nada tem de extraordinário. Pelo contrário. Retrata mais um planeta
visitado pela Voyager, onde se desenvolve um conflito. Ao ser solucionado, tudo
fica para trás e a série continua como se nada tivesse acontecido. De certa forma,
tem o mesmo impacto que "Year of Hell".
A diferença é que não existe um "reset" oficial. Eis
o primeiro questionamento do telespectador: por que a capitã não foi informada
de que pensamentos violentos poderiam causar tanto incômodo? Por que não procurou
saber das leis locais? Parece que o erro partiu dos dois lados. Também os Mari
deveriam ter advertido os visitantes. Sem dúvidas, a Voyager não foi a primeira
nave a visitá-los e soa igualmente difícil acreditar que problemas do tipo não
tenham ocorrido antes. Afinal, o Quadrante Delta não é exatamente um oceano de
águas calmas. Outra pergunta inevitável: por que
os oficiais Mari não foram afetados por outros pensamentos de B'Elanna, quando
ela foi presa e, depois, imobilizada para a operação? De certo, a engenheira-chefe
mais irritadiça da Frota deve ter querido "quebrar uns ossos alheios". A interação entre Tuvok e Nimira chama a atenção. Os Mari não são vilões. Nimira é uma mulher razoável e profissional. Não deseja ser injusta e enfrenta um dilema legítimo. Há um respeito entre ela e o Vulcano. A dupla acaba roubando a cena. Todos os outros personagens acabam secundários, incluindo a própria B'Elanna. Aliás, parece que o segmento se foca mais em Tuvok do que na Klingon. Desnecessária mesmo é a sub-trama, em que a "amiga" de Neelix é assassinada. O fato nada acrescentou à história. A reação do Talaxiano deixou a desejar. Parece ter sido incluída apenas para ele dizer a Tuvok que buscasse a verdade em honra à vítima. Bom, também ajudou a levantar a dúvida sobre a permanência do pensamento pelo mercado após a prisão de B'Elanna.
A história da semana termina com o ótimo diálogo entre Seven e Janeway. Quando a capitã reitera a missão da Voyager, de conhecer novas civilizações, está restaurando a idéia primeira de Jornada. A seriedade de Seven é quebrada pelo olhar irônico da superior. A ex-Borg tem bons fundamentos ao apontar que a viagem de volta para a Terra seria mais curta e livre de incidentes se a nave traçasse um curso direto que evitasse contatos com culturas alienígenas. Mas não é disso que tudo se trata. Mais do que um grupo de humanos perdidos, a tripulação é composta por oficiais da Frota Estelar. Isso sim é Jornada nas Estrelas.
Neelix - "I mean, you're involved now.
You won't be availing yourself of all the beautiful, fascinating, and very open-minded
Mari women." Doutor
- "You can return to duty, Lieutenant. Though perhaps with one or two fewer
violent engrams in the fiery head of yours." Janeway
- "We seek out new races because we want to, not because we're following
protocols. We have an insatiable curiosity about the universe." Janeway
- "I dread the day when everyone on this ship agrees with me."
Direção
de Alexander Singer Elenco: Kate
Mulgrew como Kathryn Janeway Elenco
convidado: |
Intrigado
pelos ataques correlatos entre um povo não-violento, Tuvok decide estabelecer
um elo mental com a Klingon, a fim de obter mais informações sobre o episódio
com Frane. O Vulcano descobre que um Mari chamado Guill se a aproximou dela depois
do incidente e sondou seus pensamentos. Quando o questiona, percebe que o homem
sente atração por impulsos sombrios. Tuvok
determina, ainda, que Guill costuma comprar ou tomar pensamentos violentos --
tal como fez com a engenheira da Voyager. 
Nesta
semana, a Voyager estabelece contato com os Mari, uma raça de telepatas pacíficos
que conseguiram, através do tempo, eliminar a violência de sua sociedade. O problema
surge quando Frane esbarra em B'Elanna. Ela se irrita, mas, compreendendo que
fora um "acidente", tenta esquecer o assunto. Quando Frane infringe
a lei atacando outra pessoa, a inspetora Nimira inicia uma investigação. Ela conclui
que B'Elanna foi responsável por transmitir seus pensamentos violentos, provocando,
por conseguinte, o incidente no mercado. A Klingon é presa e sentenciada a submeter-se
a uma cirurgia de "extração" das imagens hostis. Designado pela capitã,
Tuvok inicia a sua própria perícia para tentar provar a inocência da colega, em
uma trama que se assemelha muito a 
A
faceta interessante de "Random Thoughts" é que os roteiristas
tentam trazer ao cenário trekker um tema não muito explorado na franquia: violência,
fascinação perversa pelo sombrio. E mais: os Mari, tão admirados por Tuvok e aparentemente
dotados de moral mais apurada que os humanos, conseguiram eliminar a violência
a que custo? O povo não pode pensar livremente. Há um mercado negro de imagens
e pensamentos.
O
episódio não é estupendo, mas agrada. Acaba resumindo-se à questão sobre se a
violência pode ou não ser eliminada ou controlada. Mais do que reprimir pela lei
pensamentos violentos, o desafio dos Mari é lidar com uma situação que nunca havia
desaparecido. Nimira reluta em acreditar que os cidadãos pacíficos do planeta
deliberadamente se sujeitariam a receber aquelas informações tão danosas. É uma
crítica social, talvez. Traça paralelos com temas-tabus da sociedade contemporânea.
Proibir o abordo pela jurisprudência é eficaz na eliminação dessas ocorrências?
Faz pensar.
De acordo com Tuvok, apenas durante 1% do tempo em que a Voyager está no Quadrante
Delta, a cela de detenção esteve ocupada.
