MANCHETE
DO EPISÓDIO
Voyager volta para casa em "viagem"
espaço-temporal de Braga
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episódio
Sinopse:
Data
Estelar: desconhecida
A
nave temporal Aeon da Federação, comandada pelo capitão Braxton,
viaja por uma fenda espacial para destruir a USS Voyager. O viajante
afirma que a nave de Janeway é responsável por uma explosão que
acabará com o Sistema Solar da Terra no século 29. Embora equipada
apenas com tecnologia do século 24, a tripulação consegue
defletir o ataque de Braxton e danifica a Aeon, mas ambas as naves são
puxadas para dentro da fenda. A Voyager vai parar em órbita da
Terra, em 1996.
Sabendo que a nave de Braxton é a
chave para voltar a sua própria era, a tripulação começa a
procurá-la, e um grupo avançado se transporta para Los Angeles a
fim de investigar leituras subespaciais que não parecem pertencer
ao século 20. Enquanto isso, no Observatório Griffith em Hollywood
Hills, a astrônoma Rain Robinson detecta as emissões de dobra da
Voyager em seus
instrumentos, relatando a descoberta ao gênio da computação Henry
Starling, que financia o laboratório. Contrariando as instruções
de Starling, Rain transmite uma saudação à nave, e a tripulação
focaliza suas coordenadas no laboratório. Enquanto Paris e Tuvok se
dirigem ao local, Chakotay e Janeway identificam um mendigo como
sendo o capitão Braxton. Ele explica que emergiu da fenda em 1967 e
fez um pouso forçado no deserto, onde o então jovem Henry Starling
encontrou a nave temporal e a utilizou para construir um império de
alta tecnologia. Starling agora planeja usar a Aeon para viajar ao
futuro, e, segundo Braxton, essa é a causa da explosão no século
29.
Temendo
que Rain seja um risco de segurança, Starling envia um capanga para
matá-la. Mas Paris e Tuvok conseguem impedir que ela seja ferida.
Quando a astrônoma os questiona sobre o que está acontecendo,
Paris diz a elas que são agentes secretos rastreando uma operação
de espionagem da KGB soviética. Ela percebe que é uma tentativa de
enganá-la pois a União Soviética já está extinta há anos.
Chakotay e Janeway entram
sorrateiramente no escritório de Starling, onde descobrem a nave
temporal pouco tempo antes de ele chegar para confrontá-los.
Janeway alerta Starling para não lançar a nave, explicando que
isso causaria um desastre sem proporções. Indiferente, Starling
tenta matá-los, mas
eles são transportados para a Voyager a tempo. A tripulação também
tenta transportar a Aeon, mas Starling usa o raio de
transporte deles para acessar o computador da nave e estudar os seus
sistemas. Minutos depois, Starling rouba o programa do Doutor da
Enfermaria. Para complicar as coisas ainda mais, a Voyager é
capturada por cinegrafistas amadores e chama a atenção dos
militares americanos.
Comentários:
"Future's
End" levou a tripulação da Voyager a Los Angeles, Califórnia,
no ano de 1996. Originalmente, foi concebido como uma história em
quatro partes, mas o estúdio acabou optando por duas. "Parte
de mim ainda gostaria que tivéssemos feito em quatro partes, porque
teríamos Paris e Tuvok presos em uma loja de conveniência durante
um assalto por membros de uma gangue", disse Brannon Braga,
produtor da série -- e roteirista do episódio.
Nos EUA, embora não tenha sido do
agrado de todos os fãs, a história convenceu e rendeu ótimos índices
de audiência, algo de que Voyager desesperadamente
precisava. Jeri Taylor chegou a comentar sobre isso: "Foi um
enorme sucesso de críticas e de audiência. Nós nos soltamos mais.
Estamos tentando fazer a série com mais aventura e excitação".
O
episódio realmente envolve mais elementos de ação do que ficção-científica.
Toda a trama se passa na Terra do século 20, apresentando portanto
elementos com que o público se identifica. A "tecnobaboseira"
serve para dar apoio às idéias que Braga inventou para o episódio.
Por exemplo, a questão dos
transportes. É óbvio que seria muito fácil a Voyager simplesmente
chegar na Terra e transportar Braxton com a nave temporal a bordo.
Por isso, Braga resolveu que a viagem pela fenda afetaria
transportes, sensores, enfim, toda tecnologia necessária para
resolver a problemática com facilidade. Só não fica claro como o
grupo avançado conseguiu descer em primeiro lugar.
As
cenas da tripulação na superfície foram a melhor parte da história.
Pode ser uma impressão muito particular, mas Tuvok lembrou demais
Spock em "Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa".
Não só pelo gorro escondendo as orelhas, mas pelo modo como
falava, portava-se, as expressões faciais e ironias. Paris e Tuvok
formaram uma boa dupla. Os dois extremos juntos --o da desorganização
e o do metodismo-- enriqueceram a história com humor.
Rain Robinson é uma personagem
interessante, mas não correspondeu a todo seu potencial. A impressão
que se tem é que o Paris precisava de um romance em tela, para
mostrar algum desenvolvimento, ignorado já há algum tempo. A função
dela é bem a de química em cena. Os dois são igualmente
despreocupados, soltos, dividem os mesmos interesses --e estão
sozinhos. Em suma, Tuvok fica "segurando vela".
Chakotay,
B'Elanna, Neelix e Kes não tiveram relevância alguma na história.
Embora o Doutor tenha aparecido apenas no final, há muita coisa boa
esperando por ele na conclusão de "Future's End".
Harry Kim assume pela primeira vez o comando da Voyager. Só não dá
para entender por que B'Elanna não ficou encarregada disso, já que
estava na ponte o tempo todo e é oficial de patente mais alta. Mas
Harry também precisava de "desenvolvimento", não é
mesmo? Quanto a Janeway, ela toma as dores do capitão Braxton
--outro personagem sub-utilizado.
Starling é o destaque. Ele rendeu um
bom vilão para a semana, lançou um desafio interessante. Só fica
a dúvida. Como é que um hippie bêbado, aparentemente largado e
sem rumo conseguiu se apossar da nave de Braxton e mantê-la em
segredo por tanto tempo? Como um capitão do século 29 foi incapaz
de detê-lo? E como Braxton conseguiu ser estúpido o suficiente
para violar a primeira diretriz temporal, revelando a todos quem
era? O mesmo vale para Janeway e cia... como é que um homem do século
20 pode para com a nave mais avançada da Frota? Como ele conhece e
compreende tão a fundo os sistemas de transporte a ponto de usá-los
para manipular os computadores da Voyager?
Mas,
o mais importante. O episódio tem mérito por não ser incoerente.
A história faz sentido. É claro, está totalmente longe da
realidade, mas convence. A primeira cena parece recriar os
depoimentos sobre avistamentos de OVNIs nos Estados Unidos. Pareceu
um daqueles filmes sobre abdução e experimentos alienígenas. O vôo
da Voyager sobre Los Angeles é que forçou um pouco a barra. Como
uma nave de 15 decks, mais de 300 m de comprimento e iluminada como
uma árvore de Natal não foi imediatamente vista por todos na
superfície? Se a idéia do episódio em quatro partes tivesse
pegado, seria interessante ver os militares americanos entrando em ação...
Nem vale a pena se aprofundar muito
na questão do paradoxo temporal. Braga nunca exatamente se lançou
de bases científicas para explicar suas anomalias --anomalias estas
que passarão a ser bastante freqüentes na série daqui para
frente, e que ocorrerão pelos mais diversos motivos.
O
outro mérito para a história é que sua primeira parte não deixa
indicações de como será a conclusão. O episódio não é óbvio,
embora todos saibam que, no final, a USS Voyager estará novamente
perdida, no quadrante Delta, no século 24.
Citações:
Chakotay - "Where are we?"
("Onde estamos?")
Paris - "Home."
("Em casa.")
Janeway - "The question isn't
where we are... it's when we are."
("A questão não é onde estamos... e sim quando
estamos.")
Paris - "Vulcans... deep down
you're all just a bunch of hypochondriacs."
("Vulcanos... no fundo vocês não passam de um bando de
hipocondríacos.")
Rain - "Who are you people
and what is that thing in your pants?"
("Quem são vocês e o que é essa coisa na sua calça?")
Tuvok - "I beg your pardon?"
("Perdão?")
Janeway - "Time travel...
from my first day on the job as captain I promised myself I'd never
let myself get caught up in one of these God-forsaken paradoxes. The
future is the past; the past is the future. It all gives me a
headache."
("Viagem temporal... desde meu primeiro dia como capitã eu
prometi a mim mesma que nunca me envolveria em um desses malditos
paradoxos. O futuro é o passado; o passado é o futuro. Isso tudo
me dá a maior dor de cabeça.")
Trivia:
Essa é a primeira vez que a Voyager volta para casa desde que se
perdeu no quadrante Delta. Mas o telespectador não deve se animar,
pois as coisas não são tão boas quando soam. "Future's
End" é um típico episódio "reset".
Neste episódio, a capitã abandona de vez o "coque de aço",
passando a usar um simpático rabo-de-cavalo. Isso é um reflete a
mudança de postura de Janeway, que estará mais solta a partir
desta temporada.
O Doutor finalmente consegue deixar o confinamento da enfermaria e
do holodeck em "Future's End". Com tecnologia do século
29, o personagem mais carismático de Voyager terá
mobilidade inclusive para deixar a nave. O fã pode esperar por
muitas histórias boas centradas nele.
"Future's End" é um episódio que desencadeia duas
tradições próprias de Voyager: as histórias envolvendo
viagens temporais, e os chamados "filmes para TV", que na
verdade eram episódios duplos especiais transmitidos em todo mês
de novembro nos EUA.
Ed Begley, Jr., ator que interpreta Starling, comenta seu
personagem: "Esse personagem é um cara que genuinamente pensa
estar transformando o mundo em um lugar melhor, e isso é bem mais
fascinante --e perigoso-- do que alguém que fica penteando o
bigode".
Michael Dorn (Worf, em A Nova Geração e Deep Space Nine),
não ficou muito impressionado com a trama deste episódio, quando
perguntado a respeito. "Lamento dizer que não fiquei tão
impressionado quanto esperava ficar. Mas a distorção na trama que
deu o emissor móvel ao Doutor foi ótima. Além disso, como o meu
amigo Scott ressaltou, havia uma bela fêmea astrônoma na história.
Exatamente o que todo cara que assiste a Jornada quer".
Ficha
técnica:
Direção de David Livingston
História de Brannon Braga & Joe Menosky
Exibido em 06/11/1996
Produção: 052
Elenco:
Kate Mulgrew como
Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B'Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garrett Wang como Harry Kim
Elenco convidado:
Sarah Silverman como Rain Robinson
Allan Royal como Capitão Braxton
Ed Begley, Jr. como Henry Starling
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