MANCHETE
DO EPISÓDIO
Depois de "férias" na Terra, tripulação
brinda a volta ao quadrante Delta
Episódio
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episódio
Sinopse:
Data
Estelar: desconhecida.
As
tentativas de Janeway em teletransportar Henry Starling e a nave
temporal falham quando os transportes de longo alcance da Voyager
param de funcionar. Como plano alternativo, a astrônoma Rain
Robinson o atrai para um encontro no qual a tripulação espera
capturá-lo. Starling aparece com o Doutor, agora equipado com um
dispositivo do século 29 que o permite existir em ambientes sem os
emissores holográficos convencionais.
Após terem reconfigurado os defletores de uma
nave auxiliar para ocultá-la dos radares do século 20, Chakotay e
Torres tentam transportar Starling. Mas o empresário usa um
aparelho que interfere no processo.
A Voyager consegue redirecionar o sinal para materializá-lo, mas a
disrupção danifica os controles da nave auxiliar seriamente.
Chakotay e Torres fazem um pouso forçado no deserto e são feitos
reféns por um grupo paramilitar. A capitã consegue triangular o
local da queda no Arizona e manda o Doutor e Tuvok tentarem
localizá-los.
Na Voyager, Starling admite que quer viajar ao
futuro para roubar mais tecnologia. Embora Janeway acredite ter
posto um fim aos planos dele, o seu capanga na superfície consegue
transportá-lo de
volta ao escritório em Los Angeles. Do lado de fora do prédio, Paris
avista um caminhão que aparenta estar movendo a nave temporal para
outro lugar. No Arizona, Tuvok e o Doutor conseguem libertar
Chakotay e Torres. Torres repara a nave auxiliar, que eles usam para
localizar o caminhão e destruí-lo. Contudo, eles descobrem que o
caminhão era uma isca falsa; a nave temporal estava no escritório
de Starling, e ele acaba de lançá-la.
Recolhendo
Paris e Tuvok, a nave auxiliar volta à Voyager, onde Janeway
abre contato com Starling, que se recusa a abandonar a missão. Ela
não encontra alternativas, senão destruir a Aeon. Segundos depois,
uma fenda espacial abre e Braxton aparece em
sua nave temporal. Com a sua linha temporal anterior alterada pela
destruição de Starling, este Braxton
veio do futuro para levar a Voyager de volta ao
século 24, de onde nunca deveria ter saído. Janeway pede a Braxton
que os deixem na Terra, mas Braxton cita a Primeira Diretriz
Temporal, sobre a qual a capitã não discute. De volta ao quadrante
Delta, a tripulação desfruta da única vantagem dessa jornada: o
Doutor ficou com a tecnologia do século 29, o holo-emissor portátil
que finalmente o libertou de seu confinamento na enfermaria.
Comentários:
Embora
o episódio não tenha sido tão interessante quanto a primeira
parte --o que acontece com freqüência nos duplos de Jornada--,
"Future's End, Part II" foi uma conclusão adequada
à história apresentada na semana anterior. A qualidade do roteiro
foi quase tão boa, apesar de este trazer uma série de inconsistências.
Parece que os personagens que mais
brilharam na primeira parte desta vez ficaram em segundo plano, e
vice-versa. Rain Robinson, por exemplo, foi um dos pontos altos esta
semana, enquanto o capitão Braxton sequer apareceu (a referência
aqui é ao velho mendigo das ruas de Los Angeles) e, diga-se de
passagem, o telespectador nem tem como saber o que se fez dele. Nem
a Voyager, nem a Aeon, o resgataram. Infere-se que ele ficou preso
no século 20.
Fazendo
uma pausa na análise dos personagens, vale a pena insistir um pouco
nesse ponto, que é um dos maiores buracos no roteiro. Se a versão
jovem de Braxton apareceu ao final da história para retornar a
Voyager ao quadrante Delta, afirmando ter detectado uma anomalia
sobre a Terra do século 20, como é que ninguém no século 29
detectou a queda da Aeon em 1967, corrigindo essa anomalia em
primeiro lugar?
Enfim, voltando aos personagens,
outro que brilhou foi o Doutor. Aliás, não se podia esperar menos
dele --ou de Robert Picardo. Houve humor, sarcasmo e uma importante
adição ao personagem: o emissor holográfico portátil. Ao
introduzirem o aparelho, os produtores finalmente se tocavam que o
Doc era o personagem mais popular e carismático de Voyager.
Engraçado, pois a idéia inicial era deixá-lo como um secundário.
Mas também, tudo nessa série é inesperado. Nos episódios que se
seguem, será possível vê-lo andando pelos corredores da nave e até
se transportando para fora dela.
As
cenas envolvendo o Doutor e Starling, e Starling e Janeway,
estiveram entre as melhores. Isso por causa da dramaticidade que
passaram. Foram interessantes principalmente o trecho em que
Starling mostra ao Doc o que é a dor, derrubando a atitude sarcástica
e a falsa sensação de invulnerabilidade dele --algo que ninguém
na USS Voyager tinha conseguido fazer-- e aquele em que a capitã
tenta argumentar com o dono de um império capitalista sobre os
prejuízos que suas ações podem causar às vidas de pessoas, nove
séculos no futuro.
A trama secundária envolvendo
Chakotay e B'Elanna foi meio sem pé nem cabeça. Realmente não
acrescentou nada à construção da série. Sua única relevância
foi a conversa que os dois tiveram a bordo da nave auxiliar. Eles
começaram a especular, em tom irônico, o que aconteceria à
tripulação se ficassem presos no século 20, uma possibilidade que
até então ninguém tinha mencionado.
Falando
em naves auxiliares, surge outra dúvida: porque Harry Kim não
enviou uma delas resgatar a capitã e o comandante no final da
primeira parte. Com certeza as câmeras de vídeo não a teriam
identificado como um OVNI. E, sinceramente, como é que não passou
pela cabeça deles que uma nave auxiliar é praticamente invisível,
se comparada a um monstro de 15 decks, todo iluminado?! Mas tudo
bem... o público teria ficado sem a simbólica imagem da Voyager
cruzando os céus da Terra --este deve ter sido o raciocínio dos
roteiristas.
Em
"Future's End, Part II" novamente é levantado o
questionamento sobre as perícias técnicas de Starling. Ou o homem
é superdotado --o que dificulta a explicação sobre o fato de, nos
anos 60, ele ter sido um hippie bêbado--, ou estudou e muito os
manuais de pilotagem e operação de naves estelares. Chega a ser
engraçado o modo como se esquiva com tanta facilidade da tripulação
de Voyager, e como lida com a tecnologia do século 29. Nem os
oficiais das séries de Jornada são tão rápidos no gatilho quanto
Starling. É claro que também não se pode esquecer de citar o
capanga dele, que também conhece os sistemas da Aeon. Do jeito que
os caras são raposas, é de se espantar que os roteiristas não
cogitaram que a própria Voyager fosse alvo de Starling. Sim, porque
seu banco de dados lhe seria útil por décadas.
Vamos
a outra inconsistência que não deve ter passado pela cabeça de
muitos. Como é que Tuvok e o Doutor chegaram ao Arizona em tempo
menor do que aquele que Paris e Robinson levaram para cruzar Los
Angeles? Afinal, eles não foram transportados, ou pelo menos nada
foi dito a respeito.
Sobre Janeway, em primeiro lugar
ficou muito mais jovial com o novo penteado. E ela também está
visivelmente mais solta e acessível. Mas, quanto à sua conduta,
com que direito ela pode criticar o fato de Starling roubar
tecnologia do futuro, quando a ela mantém a tecnologia dada ao
Doutor? E como é que ela, como capitã da Frota, poderia ter ficado
surpresa quando Braxton citou a Primeira Diretriz Temporal? Ela
acreditou mesmo que a Voyager poderia ter ficado na Terra?
No final, a nossa intrépida nave está
de volta ao quadrante Delta, no momento exato em que encontrou
Braxton pela primeira vez. É o chamado "episódio-reset".
Mas, de fato, as coisas não mudaram muito, mudaram? O estrago foi
feito no século 20. Rain Robinson tem
uma bela noção do futuro (não vamos subestimar sua inteligência),
o velho Braxton supostamente ainda está em L.A. e só Deus sabe o
que aconteceu com a Chronowerks, a empresa de Starling. O fato de
ele ter desaparecido, e seu prédio ter um enorme rombo na estrutura
(falo sobre a seqüência de lançamento) não deve ter passado
desapercebido pela imprensa. Some a isso as imagens da Voyager
sobrevoando a cidade.
Só há mais alguns comentários a
fazer. Os feitos da Voyager são conhecidos no século 29. Então,
teoricamente, seria razoável a tripulação achar que ainda teria
alguma coisa importante a fazer no quadrante Delta e que
eventualmente chegaria em casa, já que a Frota sabe de suas
viagens.
Jeri
Taylor, produtora da série, disse que a equipe começaria a
"abraçar mais a aventura" nesta temporada. O episódio
comprova isso. No fim, a tripulação brinda o retorno ao quadrante
Delta.
Em um apanhado geral, a história deu
certo. Embora não tenha seguido a linha da primeira parte --talvez
porque teve uma outra pessoa na direção--, trouxe desenvolvimentos
importantes e potenciais, sobretudo a nova mobilidade do Doutor.
Citações:
Tuvok - "Would you pass me a burrito?"
("Você poderia me passar um burrito?")
Paris - "These things are
kinda... crude."
("Essas coisas são meio... cruas.")
Starling - "Your program...
really isn't very sophisticated."
("O seu programa... realmente não é muito
sofisticado.")
Doutor - "That is a matter of opinion."
("É uma questão de opiniões.")
Doutor - "If my History is
accurate, southern California in the late 20th century had no
shortage of psychotherapists, competent and otherwise. I suggest you
look for one."
("Se minha História está precisa, o sul da Califórnia no
final do século 20 não tinha escassez de psicoterapeutas,
competentes ou não. Eu sugiro que você procure um.")
Chakotay - "I could win a
Nobel Prize."
("Eu poderia ganhar um Prêmio Nobel.")
Seqüestrador - "This one
lookes Indian. But that one... I don't know what her story is."
("Este parece índio. Mas aquela ali... eu não sei qual é
a história dela.")
Janeway - "Welcome, to the
24th century. I took the precaution of removing your tricorder. That's
what it's called, by the way."
("Bem-vindo ao século 24. Por precaução eu removi o seu
tricorder. A propósito é esse o nome dele.")
Starling - "What are you
going to do? Shoot me?"
("O que você vai fazer? Atirar em mim?")
Janeway - "The thought has crossed my mind."
("O pensamento passou pela minha cabeça.")
Rain - "Let's recap. UFO in
orbit, laser pistols, people...vanishing. I've seen every episode of
Mission Impossible and you are not secret agents."
("Vamos recapitular. OVNI em órbita, pistolas laser,
pessoas... desaparecendo. Eu assisti a todos episódios de Missão
Impossível e vocês não são agentes secretos.")
Trivia:
Este episódio tem um pequeno blooper. Em uma cena, o Doutor sai do
carro, deixando a porta de trás aberta. Na tomada seguinte, ela está
fechada.
O caminhão explodindo mostrou o poder das novas técnicas de
efeitos especiais de Voyager. Embora a imagem seja gerada por
computador (CGI), é extremamente realista.
Ao final do episódio, o Doutor holográfico finalmente adquire um
sistema derivado de tecnologia do século 29, que permite que ele
ande livremente por qualquer ambiente.
No episódio fica estabelecido que Chakotay treinou como piloto na
América do Norte, no primeiro ano da Academia. Depois foi para Vênus
para aprender a lidar com tempestades atmosféricas, e mais tarde
estudou asteróides no Cinturão.
Ficha
técnica:
Direção de Cliff Bole
História de Brannon Braga & Joe Menosky
Exibido em 13/11/1996
Produção: 053
Elenco:
Kate Mulgrew como
Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B'Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garrett Wang como Harry Kim
Elenco convidado:
Sarah Silverman como Rain Robinson
Allan Royal como capitão Braxton
Ed Begley, Jr. como Henry Starling
Brent Hinkley como Butch
Clayton Murray como Porter
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