Devido ao fato de a nova série de Jornada
nas Estrelas, Enterprise, se passar cerca de 100 anos
antes das aventuras de Kirk e sua tripulação da Série
Clássica, o tópico "continuidade" e a relacionada
questão de "canonicidade" têm estado em alta nas
discussões entre os fãs, sejam elas realizadas no mundo real ou
no virtual, sobre as histórias de Archer e seus comandados.
Um assunto especialmente crítico é sobre
uma possível participação dos Romulanos em Enterprise. O
motivo é simples: muitos fãs querem ver os Romulanos em Enterprise,
mas por outro lado também não querem que tal presença venha a
ferir a elementos estabelecidos anteriormente no franchise,
notadamente no episódio "Balance
of Terror", da Série Clássica.
O Romulanos foram introduzidos antes mesmo
dos Klingons na Série Clássica, mas foram utilizados de
forma muito menos freqüente, naquela e nas séries posteriores.
Em particular, a sua utilização nos filmes de cinema de Jornada
tem sido minúscula até agora, e mesmo o décimo filme de A
Nova Geração, "Nemesis", não deve cobrir
essa diferença (apesar de contar com eles em sua trama).
Por terem sido usados relativamente pouco ao
longo dos mais de 35 anos do franchise e por carregarem uma
característica de reclusão (entre outras), os Romulanos são
considerados fãs muito misteriosos e interessantes. Sua conexão
com os Vulcanos, a questão da guerra Terra-Romulana e a
possibilidade desta levar à fundação da Federação Unida dos
Planetas fazem dos Romulanos um literal "tem que ter" em
Enterprise. A questão é: Podemos ter Romulanos sem violar
a continuidade estabelecida?
Esse artigo tem o objetivo de colocar em
perspectiva a questão, trazendo à tona as restrições que devem
ser satisfeitas e discutindo-as em termos de sua validade original
e atual para fins da produção de Enterprise.
Para isso, faremos logo adiante uma
análise, no que diz respeito ao tema, do episódio "Balance
of Terror" (a principal fonte canônica para esta
questão), uma discussão de dois tópicos associados fundamentais
("Os Romulanos de fato não tinham dobra espacial na época
de 'Balance of Terror'?"
e "É possível um Império Estelar Romulano e uma guerra com
a Terra sem dobra?") e, finalmente, a resposta à pergunta
que motivou o artigo: os Romulanos em Enterprise podem
respeitar a continuidade?
O artigo se encerra com um apêndice,
mostrando uma mini-cronologia que pode ser útil nas discussões
sobre os Romulanos em Jornada.
Boa leitura!
Discutindo "Balance
of Terror" (Série Clássica)
Uma sinopse informal
Durante patrulha ao longo da Zona Neutra
Romulana, a Enterprise é chamada a responder a um sinal de
socorro enviado por postos de observação terrestres na fronteira
Romulana. Ao chegar lá, Kirk e cia. descobrem que os postos foram
destruídos, obviamente pelos Romulanos.
A partir daí começa um jogo de gato e rato
onde a Enterprise começa a perseguir a nave inimiga, que possui
um trunfo aparentemente decisivo, um escudo de invisibilidade
permitindo que esta seja localizada apenas pelos sensores de
movimento da nave da Federação. Este episódio me lembra um
antigo filme sobre a Segunda Guerra Mundial (infelizmente não me
lembro o nome) onde um destróier americano persegue um submarino
alemão após este ter atacado um comboio de suprimentos dos
aliados.
(O episódio é bastante adaptado para se
moldar em tal situação do mundo real. Um fato notável é a
necessidade de ordenar que a seção de armamentos da Enterprise
abra fogo em uma situação de batalha, um fato que não se repete
ao longo da série, onde Sulu pessoalmente cuida do disparo das
armas. Provavelmente tal estratégia foi utilizada exclusivamente
em "Balance of
Terror", para que Spock pudesse salvar Stiles e a
própria Enterprise mais tarde. Neste episódio, apesar de ordens
para o fogo dos feisers serem dadas, os efeitos ópticos mostrados
são os dos torpedos fotônicos.)
Em "Balance
of Terror", temos todos os elementos de uma caçada
deste tipo, em que a "embarcação de superfície"
Enterprise precisa deter a fuga do "submarino" Romulano.
Voltando ao episódio, nele temos de um lado o capitão Kirk, que
pela primeira vez na série precisa tomar decisões que vão
afetar não só a sua tripulação, mas também a política da
Federação, uma vez que suas atitudes podem significar o inicio
de um novo conflito interplanetário entre os dois povos. Sem
condições de se comunicar com o comando da Frota Estelar devido
à distância da Zona Neutra ele precisa decidir o que fazer,
atacar e destruir a nave agressora ou deixá-la partir, sendo que
qualquer uma das duas alternativas pode ser o estopim de uma nova
guerra.
Para complicar ainda mais as coisas, Kirk
ainda precisa lidar com uma crise de relacionamento em seu comando
quando se descobre que os Romulanos e os Vulcanos são fisicamente
idênticos, o que causa desconfianças sob a lealdade do
primeiro-oficial Spock, principalmente por parte do tenente Stiles
(Paul Comi), um descendente direto de homens que teriam perecido
na guerra anterior entre humanos e Romulanos.
Do outro lado, como adversário de Kirk,
temos o falecido Mark Lenard (que mais tarde viria a interpretar
Sarek, o pai de Spock) como o comandante Romulano (sem nome em
tela), que precisa fazer de tudo para retornar à sua terra natal,
mas que no fim acaba sendo vencido por Kirk e sua trupe.
Talvez seja aqui que possamos ver (pela
primeira vez) de forma mais aguda as principais características
dos três personagens que formariam o tripé da série, com o
capitão Kirk assumindo o papel do brilhante, determinado e
heróico comandante que irá liderar seus homens rumo a vitória,
o escudeiro Spock, racional e lógico (que considera o ataque a
medida mais lógica a ser tomada, além de não se abater com o
preconceito de Stiles e salvar a vida dele ao final) e sua
antítese, McCoy, que sempre tem uma contribuição emocional e
apaixonada a dar (totalmente contrário à guerra, mas apoiando
Kirk em suas difíceis decisões em uma das cenas mais
inesquecíveis da história do franchise).
Colocando o episódio em perspectiva
quanto à mitologia
"Balance
of Terror" estabelece alguns pontos que se tornariam
fundamentais na "mitologia" de Jornada:
- Introduz os Romulanos, uma raça com
profundo apelo para os fãs e que viria a ser recorrente em todas
as séries de Jornada nas Estrelas desde então. Os Klingons, que
acabaram virando a bola da vez em matéria de "grandes
inimigos" da Federação, só vieram a aparecer no episódio "Errand
of Mercy" (com o saudoso John Colicos no papel de Kor),
quase ao fim da primeira temporada da Série Clássica.
(Isso aconteceu primariamente por questões
de orçamento, uma vez que a maquiagem dos Romulanos era mais cara
do que a dos Klingons -- por isso os "primos dos Vulcanos"
foram pouco usados na Série Clássica. Foram vistos
novamente só em "The Enterprise Incident", ponto
alto da famigerada terceira temporada da Série Clássica.
A "participação" dos Romulanos em "The Deadly
Years", da segunda temporada, se resume essencialmente na
reutilização dos efeitos ópticos de "Balance
of Terror".)
- Apresenta os Romulanos com uma faceta
diferente daquela que aprendemos a ver em A Nova Geração
e além, onde eles são quase sempre retratados como um povo sem
princípios, disposto a qualquer coisa para prejudicar os
interesses da Federação. Em "Balance
of Terror" o que vemos neles são fortes indícios de
honra, caráter e dignidade, embora guiados por uma noção de
valores diferentes da Federação, pois, como Spock disse, para
eles a guerra é imperativa. Os Romulanos vistos aqui tem muito
das características atribuídas aos Klingons a partir de A
Nova Geração e além. O curioso é que os Klingons trilharam
aparentemente o caminho inverso nessa "transição" da Série
Clássica para A Nova Geração.
- Define estes Romulanos como sendo uma
cultura marcial. O autor da história, Paul Schneider, baseou seus
antagonistas claramente na cultura Romana, como se pode ver tanto
pela filosofia, como pelos nomes empregados, títulos etc.
- Estabelece que houve um violento conflito
entre a Terra (não a Federação) e os Romulanos mais de cem anos
antes dos fatos ocorridos em "Balance
of Terror", em 2266. As melhores conjecturas atuais
apontam para uma Guerra de 2156 a 2160, sendo a Federação
fundada logo em seguida, em 2161 (para efeito de comparação, a
primeira temporada da série Enterprise se passa em 2151 e
cada temporada de uma série de Jornada equivale a um ano
de tempo corrido dentro do universo do franchise).
- Estabelece também uma Zona Neutra
Romulana (região do espaço que separa o espaço da Federação e
o do Império Estelar Romulano, baseado nos planetas Romulus e
Remus, apesar de parte do texto do episódio sugerir que ela
separa o espaço Romulano do resto do Universo, o que parece um
cenário por demais idealizado), que foi criada ao final do
conflito e violada pela primeira vez em "Balance
of Terror".
- Os Romulanos são descendentes de uma
dissidência dos antigos Vulcanos.
- Os Romulanos não possuíam um dispositivo
de invisibilidade durante o conflito com a Terra (em particular é
bem conhecido o fato de que as naves Romulanas têm Aves de Rapina
pintadas em seus cascos -- ou um equivalente Romulano que pode ser
interpretado como tal).
(O posterior episódio "The
Enterprise Incident" indica que o "dispositivo de
camuflagem" daquele episódio é um aperfeiçoamento do
"dispositivo de invisibilidade" de "Balance
of Terror". Observem, entretanto, que eles são
referidos da mesma maneira na série, como "cloaking device",
mas claramente a sua capacidade é diferente. Tal evolução da
tecnologia Romulana é que deve ter forçado a Federação a dar a
Kirk a missão de roubar o dispositivo em "The Enterprise
Incident".)
(A informação de que os Klingons trocaram
a sua tecnologia de dobra pela camuflagem Romulana é
não-canônica e fruto de especulação de fãs ao longo dos
anos.)
- O tratado assinado ao final do conflito
Terra-Romulano foi estabelecido por rádio subespacial, sem
comunicação visual. As partes combatentes jamais viram os rostos
umas das outras (no melhor do conhecimento de Spock).
(Este ponto é o mais crítico. Introduzido
para preparar a revelação do "parentesco" entre os
Vulcanos e os Romulanos e explorar o ângulo do preconceito de
Stiles, tal informação é de difícil aceitação. Como em um
conflito militar nunca um governo combatente teve acesso a um
corpo da espécie do seu oponente, fruto de escaramuças em terra,
ar, mar ou no espaço sideral? Tal idéia parece apontar para uma
noção simplista de um "modelo de guerra" em que os
adversários ficam isolados em seus respectivos QGs lançando
bombas ou equivalentes de forma remota. Algumas "teorias de
fãs" defendem que uma vez que a prática de auto-destruir as
suas naves em caso de derrota era comum entre os Romulanos, corpos
não seriam encontrados, o que parece extremamente improvável
também. Outros fãs tendem a especular que certas figuras-chave
do governo tanto da Terra quanto de Vulcano saberiam de tal
informação, mas a esconderam para não fomentar a paranóia
entre os seus dois povos ou algo parecido.)
Dois tópicos
fundamentais:
Os Romulanos de fato não tinham dobra
espacial na época de "Balance of Terror"?
Uma das questões mais controversas
levantadas neste episódio é se naquela altura os Romulanos
tinham ou não velocidade de dobra. Tudo por causa de uma frase
dita por Scott ao capitão Kirk durante a reunião para discutir
como tratar o problema Romulano. Kirk perguntou: "Podemos
confrontá-los com uma razoável possibilidade de vitória?"
E obteve do engenheiro-chefe da Enterprise a seguinte resposta:
"Com certeza, a força deles é simples impulso".
A partir daí muitos assumem que os
Romulanos não dominavam a tecnologia da dobra espacial naquela
época. Particularmente acho difícil de acreditar nessa idéia, e
por conta disso andei vasculhando algo entre os episódios da Série
Clássica. Embora não tenha encontrado nada tão taxativo
como um Romulano ordenando uma dobra espacial, encontrei algo no
mínimo interessante em um certo episódio da segunda temporada da
série.
Analisando os eventos de "The Deadly
Years"
Neste episódio, Kirk, Spock e McCoy
adquirem uma doença que acelera o processo de envelhecimento e,
por conta disso, com Kirk incapacitado e com Spock indo pelo mesmo
caminho, o comodoro Stocker, um burocrata que está a bordo da
Enterprise como passageiro com destino a uma base estelar,
acredita que deve assumir o comando no lugar de Kirk, e assim o
faz, temendo pela vida dos três que estão doentes. Ele acredita
que nas instalações de uma base estelar a doença dos três
poderá ser mais bem tratada. Ele ordena a Sulu e Chekov um curso
através da Zona Neutra, por ser este o caminho mais rápido,
apesar dos protestos dos dois oficiais.
Obviamente os Romulanos atacaram a
Enterprise. Apesar de Stocker ser apresentado como um oficial
inexperiente, acredito que ninguém chega a um posto de comando na
Frota Estelar sem saber que uma nave da classe Constitution tem
capacidade de dobra espacial, portanto, a partir desta conclusão
totalmente óbvia, podemos criar alguns cenários lógicos.
- Se Stocker tinha tanta pressa a ponto de
atravessar a Zona Neutra ele tinha também razões para fazer isso
em dobra. Primeiro por que obviamente é mais rápido, e segundo,
se o fizesse, mesmo que os Romulanos pudessem detectar a
Enterprise, eles não poderiam alcançá-la e sequer atingi-la,
"uma vez que todos sabemos que as naves Romulanas não têm
capacidade de dobra espacial" (não é mesmo?).
- Mesmo que por algum motivo (que
definitivamente não parece existir) Stocker tivesse entrado na
Zona Neutra em "simples força de impulso", nada
impediria a Enterprise de entrar em dobra assim que as naves
Romulanas aparecessem nos sensores e deixar seus perseguidores
comendo poeira.
- Alguém que se lembre do episódio pode
dizer, "Mas quando voltou ao comando Kirk fez isso, ordenou
dobra oito e deixou os Romulanos na estrada". E é verdade,
mas aí eu diria: para poder ter certeza de que a Enterprise teria
tempo de se afastar ele utilizou um ardil (uma repetição de "The
Corbomite Maneuver") que fez com que os Romulanos se
afastassem da nave em vez de prosseguirem com o ataque e só
então ordenou a velocidade de dobra oito. Por que os Romulanos
precisavam ser ludibriados se não podiam perseguir uma nave em
dobra espacial?
- Se a Enterprise pode entrar em dobra e as
naves Romulanas não, bastaria apenas um "fator de dobra
um" para tranqüilamente sair do alcance das naves Romulanas
caso elas só pudessem se mover em "simples impulso",
tornando desnecessária a dobra oito ordenada por Kirk.
- Eu ainda acrescentaria um último ponto:
pode um torpedo de plasma Romulano disparado de uma nave cruzando
o espaço em força de impulso atingir uma outra navegando em
velocidade de dobra? Esta é uma questão que provavelmente daria
um livro sobre física, então vamos fugir dela, pois não creio
ser necessária para demonstrar o meu ponto de vista.
Colocados estes fatores, podemos concluir
que a única maneira de as naves Romulanas poderem alcançar a USS
Enterprise é desenvolver a mesma velocidade que ela. Logo, elas
precisam ter capacidade de dobra. Podemos acrescentar que é o
único motivo para que Kirk tivesse que criar um subterfúgio, de
modo a fazer com as naves Romulanas se afastassem da Enterprise.
Isso pode ser entendido da seguinte maneira: se ele simplesmente
ordenasse a dobra com as naves Romulanas tão perto, elas ainda
seriam capazes de persegui-la por algum tempo, o que indica que
estas naves podiam alcançar velocidades próximas da Enterprise,
ainda que pudessem sustentá-la por um tempo menor que ela.
A análise das entrelinhas aponta claramente
para a conclusão de que os Romulanos já tinham capacidade de
dobra na época!
(Propositadamente deixei de lado "The
Enterprise Incident", pois com certeza o design
claramente Klingon das naves usadas pelos Romulanos neste
episódio poderia suscitar (inevitáveis) declarações do tipo
"Os Romulanos só têm a velocidade de dobra por que trocaram
com os Klingons pela tecnologia de camuflagem", mas em "The
Deadly Years" as naves que vemos atacando a Enterprise
são claramente do mesmo tipo que de ave de rapina que vemos em "Balance
of Terror", que portanto devem ter as mesmas
características.)
Além dos eventos mostrados em "The
Deadly Years", temos outros argumentos de ordem ainda
mais prática.
Um fator importante que devemos considerar
é o porquê do surgimento da velocidade de dobra em Jornada.
Sem ela a série simplesmente não poderia existir, uma vez que as
distâncias com as quais a USS Enterprise tem que lidar são
inimagináveis, tornando impossíveis viagens interestelares sem
algum tipo de método para se viajar mais rápido que a velocidade
da luz.
Além do que, as leis da relatividade
restrita nos dizem que o tempo passaria mais lentamente para um
grupo de pessoas viajando a bordo de uma nave espacial em
velocidades próximas à da luz do que para aqueles que foram
deixados para trás, digamos na Terra. Por exemplo, imaginemos que
a Federação não domine a tecnologia da dobra espacial e envie
uma nave em uma viagem de cinco anos de exploração científica.
Se esta espaçonave percorrer todo o tempo em uma velocidade
próxima à velocidade da luz e imaginando que ela leve cinco anos
indo e depois outros cinco anos voltando, teriam, de acordo com as
leis da relatividade, se passado 25.000 mil anos na Terra.
Acho que não preciso descrever os problemas
que isso causaria a criação, manutenção e administração de
um vasto império interestelar com naves indo e vindo a todo o
momento de todo lugar. Isto se aplica não só à Federação, mas
também aos Klingons, Ferengis, Borgs, e pasmem, aos próprios
Romulanos.
A velocidade de dobra resolve o problema
não só das distâncias, mas também da sincronização do
tempo-espaço, e é absolutamente inestimável em Jornada.
Fica claro tanto pelas limitações das viagens subluz quanto
pelas das leis da relatividade que os Romulanos tinham que ter a
dobra espacial!
Voltando a "Balance
of Terror" -- nossa principal fonte de consulta para
este artigo -- o que diabos então Scott estava querendo dizer?
Atentando apenas aos fatos vamos rever o que disseram Kirk e
Scotty:
Kirk: "Podemos confrontá-los
com uma razoável possibilidade de vitória?"
Scotty: "Com certeza, a
força deles é simples impulso".
Ora, Scott e a tripulação da Enterprise
não tinham informações suficientes para afirmar que o Império
Romulano não dominava a tecnologia de dobra espacial, assim como
não sabiam do escudo de invisibilidade e nem mesmo das armas de
plasma Romulanas. Então, com base em que ele concluiu aquilo? Com
base na informação de sensores que podiam detectar apenas o
movimento da nave inimiga que se dava em impulso?
Tentando entender o raciocínio de Scott:
por que uma nave que está sendo perseguida não entra em dobra
espacial enquanto pode e se manda? "Logicamente porque eles
não têm motores de dobra", Scott deve ter concluído.
Parece brincadeira, mas além desta especulação não há em todo
o episódio nada que possa comprovar que os Romulanos desconheciam
a tecnologia, e o máximo que se podia dizer com certeza era que
eles não podiam usá-la naquele momento ou que aquela nave em
particular não possuía dobra espacial.
No episódio Spock diz ao capitão Kirk que
"Uma tela de invisibilidade é teoricamente possível usando
uma 'torção seletiva da luz', mas o custo em energia seria
altíssimo. Podem ter solucionado". Ora, Spock só pôde ver
o que acontecia na ponte da nave Romulana por um breve momento,
mas nós pudemos acompanhar passo a passo tudo o que acontecia lá
e sabemos que a situação da energia na nave Romulana era de fato
crítica.
Especulando, a nave Romulana tinha uma
missão clara que era de testar sua superioridade contra as
defesas da Federação, em particular os postos avançados, mas o
tratado assinado há cem anos dizia claramente que atravessar a
Zona Neutra seria considerado um ato de guerra. Os Romulanos nunca
foram bobos e não iriam iniciar um conflito ser ter certeza de
terem alguma superioridade.
Então (provavelmente) os Romulanos enviaram
a nave à Zona neutra até um dos postos Romulanos onde ela seria
reabastecida e, então, usando seu escudo de invisibilidade, esta
nave entraria no espaço da Federação e atacaria os postos de
surpresa e depois retornaria ao mesmo posto, onde reabasteceria
uma segunda vez e depois seguiria tranqüilamente para casa em
velocidade de dobra com seu relatório. Usando uma parada para
reabastecimento ainda na borda da fronteira, mas dentro do espaço
Romulano, a nave poderia usar os motores de impulso para uma
viagem relativamente curta até os postos da Federação o que
tornaria desnecessário o uso da dobra espacial, permitindo que
toda a travessia fosse efetuada em modo furtivo (onde fica clara a
razoável hipótese de que a utilização da dobra espacial e da
camuflagem seriam tecnologias mutuamente exclusivas para aquela
nave). Tudo saiu como planejado e a nave atacou os postos dois,
três e quatro com sucesso e então tomou o curso de volta para
espaço Romulano.
Infelizmente para eles, exatamente quando se
preparavam para voltar, a USS Enterprise, que patrulhava a Zona
Neutra, conseguiu localizá-los e a esta altura a Ave de Rapina
havia exaurido suas reservas e tinha apenas o combustível
necessário para retornar ao espaço Romulano em força de impulso
ou (talvez) precisasse desligar a camuflagem para poder entrar em
dobra, o que os deixaria expostos ao maior alcance das armas da
Enterprise. O comandante Romulano fez sua escolha, que era tentar
se manter fiel ao plano original e chegar à Zona Neutra. O fim da
história todo mundo já sabe, mas acho este cenário
absolutamente plausível dentro do contexto que o próprio
episódio apresenta.
(Uma pequena variação desta teoria
envolveria uma nave-mãe com dobra espacial que levaria e traria a
nave da missão do citado posto Romulano. Neste caso a nave da
missão não possuiria nenhuma capacidade de dobra.)
Resumindo: não existe nenhuma informação
explícita em "Balance
of Terror" ou em qualquer outro segmento de Jornada
que justifique a afirmação de que os Romulanos não possuíam
dobra espacial naquela época. Por outro lado, o volume de
informação canônica disponível que aponta na direção
contrária é enorme e irrefutável.
É possível um Império Estelar e uma
guerra com a Terra sem dobra? (Existem outros obstáculos
canônicos?)
A partir das conclusões traçadas até
aqui, a resposta a isso é simplesmente NÃO. Não há nenhuma
possibilidade de haver um Império Estelar Romulano, uma Frota
Estelar e o tal conflito Terra-Romulus sem a dobra espacial, uma
vez que as distâncias a serem vencidas são impensáveis sem uma
maneira de viajar a velocidades muito maiores que a da luz, além
das já apresentadas questões da relatividade impostas.
Apesar disso estar claro, vamos tocar ainda
nos restantes pontos duvidosos de "Balance
of Terror".
Em "Balance
of Terror", Spock diz entre outras coisas que "o
conflito Terra-Romulano foi travado há mais de cem anos, para
nossos padrões atuais com armas atômicas primitivas em naves
também primitivas". Para muitos, esta declaração, junto
com a crença de que não houve uso de dobra espacial (que a nave
de Archer possui) no conflito, sepulta as chances dos Romulanos
aparecerem em Enterprise. O que não parece ser de fato verdade.
Uma das questões é quanto ao uso de armas
nucleares no conflito Terra-Romulano, fato alegado por Spock no
episódio "Balance
of Terror". Mas em Enterprise vemos que a NX-01 já
conta com torpedos e canhões de fase, dois tipos de armamento
(armas nucleares versus canhões de fase/torpedos) considerados
por muitos inconsistentes entre si. Mas Spock não entrou em
detalhes sobre as armas usadas no conflito -- apenas informou que
armas atômicas ainda eram usadas na ocasião, em uma guerra
travada em "padrões considerados ultrapassados" no
tempo em que Kirk encontra os Romulanos.
Os "canhões de fase" (ou
torpedos) da Enterprise de Archer não podem de maneira alguma ser
comparados aos bancos "feiser" (ou torpedos fotônicos)
da Enterprise de Kirk por uma única questão que não pode ser
discutida: mais de cem anos os separam. Isto justifica a fala de
Spock sobre "combate em padrões mais primitivos".
Além disso, voltando às questões das
armas atômicas, não creio que seria exagero presumir que elas
poderiam sim ter sido usadas em tal conflito. Para examinar tal
questão, vamos lembrar dos efeitos hoje conhecidos de uma
explosão nuclear que estão descritos abaixo de forma resumida:
- Ondas de choque
A extremamente rápida expansão dos
materiais de uma bomba produz um impulso de altas pressões, ou
onda de choque, que se move rapidamente em várias direções. No
ar este fenômeno é acompanhado por ventos muito fortes e de
intensidades superiores às dos furacões. Os estragos são
provocados quer pelo centro de altas pressões, quer pelos ventos
extremamente fortes que persistem mesmo depois do centro de altas
pressões desaparecer.
- Efeitos térmicos
As grandes temperaturas obtidas pela
explosão nuclear resultam na formação de uma bola de fogo; uma
massa de gás extremamente quente e incandescente. Para uma bomba
de 10 kilotons, forma-se uma bola com cerca de 300 m de diâmetro.
- Efeitos climáticos
Conhecida como a teoria do inverno nuclear.
De acordo com esta teoria, a detonação de menos da metade do
arsenal conjunto dos EUA e da Rússia originaria pó e fumaça na
atmosfera suficiente para bloquear a entrada de luz solar durante
vários meses, particularmente no hemisfério Norte. Destruiria as
plantas e criaria um clima gelado até que a poeira se
dispersasse. A camada de ozônio também seria afetada, provocando
assim uma maior entrada de radiação ultravioleta proveniente do
Sol. Se a poeira persistisse, a vida na Terra iria acabar.
- Radiação penetrante
Além da explosão e do calor libertado, uma
explosão nuclear tem um efeito único -- liberta radiação
nuclear penetrante que é diferente do calor. A natureza das
radiações e as vastas áreas contaminadas por uma simples
explosão fazem sem dúvida com que o decaimento da radioatividade
seja um efeito mortal das armas nucleares. Quando absorvida pelo
corpo, a radiação nuclear provoca lesões sérias no organismo.
- Emissão eletromagnética
Uma explosão nuclear produz também uma
fonte de emissão eletromagnética que é capaz de sobrecarregar
estações elétricas, assim como queimar resistências e
capacitores. Uma explosão de capacidade de 10 megatons a pouca
altitude pode destruir toda a capacidade de produzir e fornecer
energia de uma dada região ou país, bem como colocar em pane
sistemas elétricos variados.
Analisando...
Os três primeiros efeitos são claramente
descartados em uma possível guerra travada entre naves em espaço
aberto, uma vez que a ausência de atmosfera os inviabiliza. A
radiação penetrante poderia causar danos físicos sérios às
tripulações das naves em disputa, mas a última alternativa é
que seria a mais interessante, uma vez que a explosão de um
dispositivo nuclear poderia desabilitar, com seu "pulso
eletromagnético", uma boa parte dos sistemas -- senão todos
-- de uma nave que sofresse um ataque desse tipo de artefato (uma
possibilidade seria utilizar um ataque inicial com "pulso
eletromagnético" para abrir as linhas inimigas e depois
fazer um assalto com armas "mais convencionais" -- de
fato já temos hoje em dia no mundo real dispositivos que produzem
exatamente esse efeito eletromagnético de uma bomba nuclear, sem
uma explosão de uma bomba nuclear).
O quanto esta arma pode ser efetiva é
discutível, mas mesmo em "Balance
of Terror" essas armas ainda existem, como vemos
quando o comandante Romulano tenta um ardil para atingir a
Enterprise de Kirk utilizando uma "antiga ogiva nuclear"
-- mostrando que a tecnologia, apesar de ultrapassada, era
conhecida dos Romulanos e mostrou-se perigosa mesmo para uma nave
da classe Constitution (um ponto importante a ser realçado).
Também do lado da Federação e já no
século 24, podemos em "Caretaker"
(episódio-piloto de Voyager) assistir à capitã Janeway
utilizar dispositivos de "Tri-Cobalto" para destruir a
estação espacial do próprio "Guardião". Em teoria,
estes seriam dispositivos nucleares. Dispositivos baseados em
fissão-fusão-fissão do elemento Cobalto -- que se mostraram bem
eficientes nesta ocasião. Tudo isto mostra ser possível que
algum tipo de torpedo (ou variante) da NX-01 fosse construído
para carregar uma ogiva nuclear (ou a bisneta de uma).
Outra questão (dentro da fala "batalha
com naves primitivas") é que a NX-01 não foi construída
para uma guerra e sim para uma missão de pesquisa. Então quem
disse que a guerra foi travada por naves iguais a ela?
Após anos de desenvolvimento (conforme
vemos em "Broken Bow",
episódio-piloto de Enterprise) era de se esperar que esta
contasse com o que havia de mais moderno na época, mas uma guerra
é um processo um pouco diferente. Quanto mais moderno, mais
complicado, e quanto mais complicado, mais passivo de falhas e,
principalmente, mais demorado para construir. Portanto, numa
situação em que fosse preciso construir naves de combate em
grande numero em um curto espaço de tempo, é muito provável que
se optasse por um projeto mais simples, privilegiando a
quantidade.
Exemplos disso existem na vida real. Na
Segunda Guerra Mundial, apesar de serem muito mais modernos e
eficientes, os panzers alemães não foram capazes de sustentar a
"blitzkrieg", pois, apesar de muito bons quando em
ação, eles eram difíceis de consertar, sendo necessários
recolhê-los de volta às fabricas para isso. Por outro lado, os
tanques Sherman americanos, apesar de possuírem uma blindagem e
alcance inferiores, dependendo do modelo (um panzer tiger V
atingia um alvo a 4 km), acabaram vencendo a guerra dos blindados
porque eram mais fáceis de consertar e principalmente porque
foram construídos mais de 30.000 deles, contra 5.500 panzers
alemães. Posso achar outros exemplos, mas acho desnecessário.
Mesmo que não fosse este o caso, embora a
Enterprise NX-01 possa ter parecido um pouco avançadinha (em
termos de visual especialmente, se comparada à Enterprise da Série
Clássica), ela na verdade não está nem aos pés das naves
da classe Constitution (em um contexto "interno" ao
universo do franchise). Com um interior extremamente apertado, com
limitada capacidade de dobra, um teletransporte (fora uma ou outra
forçada de barra) ainda meio barro meio tijolo, sem um
processador de alimentos sofisticado, sem tradutores universais de
fato universais, usando um cabo com um gancho como "raio
trator" (ou seja lá que nome que eles dão para aquilo) etc.
Em "Broken
Bow", por exemplo, o capitão Archer tenta dar uns
tirinhos nos Sulibans e para surpresa de todos não acerta um. É
ou não é um ferro velho? Para mim esta NX-01 sob nenhum ponto de
vista derruba a informação de Spock de que os equipamentos
usados no conflito eram obsoletos. Pelo contrario, reafirma isso.
Tal tecnologia será fatalmente atualizada no curso da série (já
tivemos algumas melhoras), mas nunca chegará nem perto de uma
Constitution.
O assunto "os Romulanos tinham ou não
dobra espacial e quando" já foi tratado à exaustão neste
artigo (Spock não disse que eles não tinham e eu também não
vou dizer). Apenas reafirmo que considero essa questão fora de
discussão, pelos motivos já discutidos anteriormente. Eu ainda
ousaria dizer que, se um povo pacifico como o Vulcano dominava a
tecnologia, assim como a Terra, é muito improvável que os
Romulanos não a dominassem. Por mais que não gostemos disso, a
História nos mostra que muitas das principais conquistas
tecnológicas do mundo moderno tiveram por trás motivações
militares e sendo os Romulanos uma cultura marcial, em tese é
muito provável que eles estivessem até mesmo à frente dos
outros tecnologicamente (talvez um motivo para uma aliança
contrária a eles em primeiro lugar), e nesse contexto de uma
guerra com linhas de frente a grandiosas distâncias de seu mundo
natal, o uso da dobra espacial é imprescindível.
Spock diz também que "não havia
comunicação visual de nave a nave, nenhum humano, Romulano ou
aliado jamais viu um ao outro, o tratado negociado por rádio
subespacial estabeleceu a Zona Neutra". Já ouvi algumas
pessoas comentarem que a NX-01 tendo comunicação visual, e acho
que podemos presumir que os Romulanos talvez a tivessem também.
Isso inviabilizaria o encontro dela com os Romulanos, segundo as
leis "canônicas". Mas eu acho importante lembrar que
mesmo que ambos os lados tivessem a capacidade de comunicação
visual, é necessário que ambos os lados queiram fazê-lo.
O meu ponto aqui é que podemos argumentar
que a aparência dos Romulanos (semelhante aos Vulcanos) poderia
ser um fato desconhecido para Vulcanos e humanos, mas não para os
próprios Romulanos (ver mais sobre isto no Apêndice sobre
Romulanos em Jornada) -- e eles fariam o máximo para
manter essa situação, uma vez que isto lhes traria vantagens
táticas claras.
Mesmo após o fim da guerra, isso poderia
ser usado em operações de espionagem dentro do território da
Federação. Podemos facilmente estabelecer esse fato através de
dois episódios, um, o já citado "The Enterprise Incident",
quando os Romulanos identificam Kirk como comandante da Enterprise,
e quando a comandante Romulana afirma a Spock que a inteligência
Romulana tem interesse especial em certos Vulcanos dentro da
Federação, estabelecendo claramente que existia naquele momento
uma ação de espionagem Romulana dentro da Frota Estelar.
O outro episódio é "Data's
Day", onde a embaixadora Vulcana T'Pel revelou-se ser
na verdade a subcomandante Selok, uma espiã a serviço Romulano,
mostrando que mesmo nos séculos 23 e 24 os Romulanos vêm se
utilizando dessa aparência como vantagem tática, ao passo que a
Federação não parece ter conseguido meios totalmente eficientes
para evitar essas ações.
A construção da provável história dos
Romulanos em Enterprise pode (e deve) partir dessa premissa, se
quiser manter a credibilidade da série junto aos fãs.
Para fechar, podemos ter
Romulanos em Enterprise?
De volta à questão principal. Após toda
essa discussão, todos esses tópicos levantados e explicados à
exaustão, a resposta é: não só podemos como devemos.
Podemos porque em momento algum "Balance
of Terror" nos coloca barreiras verdadeiramente
intransponíveis, pois, como visto, cada argumento pode, com
alguma dose de criatividade (e sem exageros de racionalização)
ser justificado sem grandes prejuízos às questões canônicas
que tanto preocupam aos fãs. Devemos porque se eles não forem
utilizados, isso sim será a grande quebra na continuidade, pois
uma coisa absolutamente fora de discussão é que o conflito (Terra-Romulano)
definitivamente ocorreu e pelo menos uma conseqüência direta
dele foi a criação da Zona Neutra Romulana (além da eterna
especulação de que tal conflito levou à fundação da própria
Federação).
A introdução dos Romulanos em Enterprise
não é somente possível ou desejável: ela é imperativa e
urgente! Por que a pressa? Por que segundo um misto de
informações canônicas e especulações bem ponderadas, esta
guerra estaria em vias de começar. E se a Terra (com seus
aliados) venceu, ela o fez com mais naves que apenas a NX-01. Logo
a Terra terá que implementar um espetacular processo de
produção de naves em escala industrial a fim de confrontar a
ameaça Romulana (veremos novos modelos de naves de um e de dois
cascos e mesmo uma Daedalus?). Sem esquecer que até agora a Terra
mostrou-se tecnologicamente inferior à maioria das raças
encontradas por Archer e cia. Logo se torna ainda mais importante
um esforço para modificar tal situação.
A Terra deve obviamente receber uma ajuda
considerável dos Vulcanos nesse esforço de guerra, mas também
de outras raças que já devem ter tido seus problemas com os
Romulanos (será que das outras raças fundadoras da
Federação?). Que motivo melhor para o surgimento do embrião do
que viria no futuro a ser conhecido como a Federação Unida de
Planetas?
Fora essas questões logísticas, seria
necessário algum tempo para implementar e amadurecer uma trama
que incluísse o primeiro contato com os Romulanos, o começo das
hostilidades, até evoluir a uma situação de guerra declarada.
Mas cenários são possíveis como, por exemplo, uma guerra de
expansão territorial, uma motivação potencialmente aceitável
do ponto de vista Romulano. Sendo esta uma cultura guerreira e
expansionista, por que não considerar que estes tivessem
interesse em levar sua esfera de poder até o quadrante Alfa? (A
maior parte do Império Romulano estaria localizada no quadrante
Beta.)
Feitas todas essas considerações, fica
claro que não só é plenamente possível como espero ver os
Romulanos em Enterprise, e de preferência em meio à
Guerra Romulana. Problemas existem, mas podem ser superados, além
da necessidade que se impõe pela canonicidade. Além do quê, os
Romulanos merecem um espaço mais importante do que o que lhes foi
dado até hoje em Jornada. Sem falar em seu óbvio
potencial, se bem trabalhado, para alavancar de vez a série
Enterprise entre os trekkers que ainda estão com o pé atrás em
relação à atual versão da saga de Jornada nas Estrelas.
Apêndice: Romulanos em
Jornada, uma cronologia
250: Os Vulcanos travam terríveis
guerras entre si. Surak mostra um caminho de paz e lógica que
salva a civilização Vulcana da destruição. Surak é
reverenciado como pai do povo Vulcano.
360: Dissidentes Vulcanos dos
ensinamentos de Surak deixam seu planeta natal. Tais Vulcanos
dariam origem ao povo Romulano.
2063: Zephram Cochrane rompe a
barreira da dobra espacial e acontece o primeiro contato entre
humanos e Vulcanos.
2151: A Enterprise NX-01 é lançada
sob o comando de Jonathan Archer.
2152: A NX-01 faz o primeiro contato
com os Romulanos.
2160: Termina a guerra Terra-Romulus,
com a Batalha de Cheron.
2161: Fundação da Federação Unida
de Planetas.
2165: Nasce Sarek.
2168: Já existem naves da classe
Daedalus em serviço há algum tempo nesta época. Tal classe só
sairia de linha em 2196.
2266: Eventos de "Balance
of Terror".
2267: Eventos de "The Deadly
Years".
2268: Eventos de "The
Enterprise Incident". Início de alguma espécie de
aliança entre os Klingons e os Romulanos.
2271: Kor lidera forças Klingons em
uma vitória sobre os Romulanos em Klach D'kel Brakt. (Existe uma
certa disputa neste ponto, mas é bastante seguro que a aliança
entre as duas potências teria terminado na mesma época.)
2311: Milhares de cidadãos da
Federação morrem no incidente de Tomed. Após o incidente, o
Tratado de Algeron é assinado entre a Federação e os Romulanos.
A Federação abre mão de qualquer pesquisa para desenvolver a
sua própria versão do dispositivo de camuflagem. Os Romulanos
partem para uma atitude isolacionista que só seria reduzida em
2364.
2344: Os Romulanos atacam o posto
Klingon de Narendra III. A Enterprise-C é destruída no confronto
enquanto heroicamente tentava dar assistência aos Klingons.
2346: Os Romulanos atacam Khitomer.
Worf (com seis anos) é o único membro de sua família presente a
permanecer vivo.