Enterprise
Temporada 2

Análise do episódio por
Salvador Nogueira



 









 

MANCHETE DO EPISÓDIO
Introdução de Romulanos no século 22,
além de muito fraca, é problemática

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Sinopse:

O tenente Reed está bastante nervoso ao ser convidado para uma refeição com seu capitão. Archer quer apenas melhorar seu relacionamento pessoal com o oficial de armamentos, mas Malcolm tem sérias dificuldades para interagir de forma não-profissional com seu comandante.

Por sorte, a refeição é interrompida pela descoberta de um sistema solar não-mapeado, com um planeta classe M. Archer ordena que a Enterprise vá investigar, mas o mundo é totalmente desabitado. Esse não seria um grande problema se uma súbita explosão não acontecesse, abrindo um enorme rombo no casco da nave e colocando todos em alerta.

Hoshi Sato é ferida e levada à enfermaria. Diversos outros tripulantes estão seriamente feridos, e algumas partes da nave perderam a pressurização. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu, até que os sensores conseguem identificar uma mina acoplada ao casco da Enterprise, que acabou de se descamuflar.

Logo, a tripulação conclui que a causa para o rombo no casco foi a colisão com outra das minas. Archer suspeita que a Enterprise esteja no meio de um campo minado. Ele pede que T'Pol recalibre os sistemas utilizados recentemente para a detecção de naves Sulibans camufladas para poder detectar outras minas. Com as modificações, os temores de Archer são confirmados.

Enquanto isso, há uma mina prestes a explodir presa no casco. Se ela detonar, causará a total imobilização da Enterprise. Por isso, é imperativo desativá-la. Reed se voluntaria como o oficial ideal para a missão. Archer hesita um pouco, mas concorda. O oficial de armamentos então coloca um traje espacial e vai ao casco exterior da Enterprise.

Na ponte, Archer quer um plano B. Ele pergunta a Tucker sobre a possibilidade de destacar apenas a placa do casco em que a mina está presa. O engenheiro confirma que é possível, com três a quatro horas de trabalho, mas não recomendável. Archer opta então por seguir com o plano original do tenente Reed.

O tenente inicia o trabalho de estudo e desativação da mina, quando um dos ganchos de fixação da arma se desprende e perfura a perna de Reed, prendendo-a junto ao casco e à mina. Ao saber do ocorrido, Archer imediatamente decide ir ao resgate de seu oficial. Tucker se oferece para ir em seu lugar, mas o capitão ressalta a importância dele a bordo.

Archer leva então um poderoso analgésico do doutor Phlox para Reed e pretende desprendê-lo do casco, mas descobre que não pode fazê-lo, pois a haste de fixação que perfurou a perna do tenente contém sistemas que ativariam a mina caso fossem danificados. Reed se oferece para ter o membro amputado, mas Archer se recusa.

O capitão decide então desarmar a mina ele mesmo, com as instruções do tenente. Enquanto isso, uma nave se descamufla perto da Enterprise e abre frequências de saudação. O tradutor universal não funciona e a ausência de Hoshi, que está ferida na enfermaria, atrasa em vários minutos a tradução da mensagem alienígena.

Assim que Hoshi tem acesso à mensagem, ela faz a tradução, dizendo ser uma ordem para se afastar daquele sistema imediatamente, por estar violando o espaço do Império Estelar Romulano. Archer é informado a respeito e se lembra de que viu uma referência aos Romulanos no século 31, embora não tenha aprendido nada sobre eles. T'Pol confirma que tem algum conhecimento sobre os Romulanos, que ela diz ser uma espécie agressiva e territorial, mas diz que Vulcano nunca teve contato oficial com essa espécie.

Reed insiste que o capitão deve abandoná-lo e destacar a mina do casco conforme o plano de Tucker, para salvar a Enterprise antes que ela seja atacada pelos Romulanos. Archer, entretanto, se recusa a aceitar essa solução. Enquanto ele continua trabalhando, ele procura conversar sobre amenidades com Reed, que o ajudam a se concentrar. Eles finalmente têm a conversa que não tiveram durante aquela refeição, em que Reed conta como se sente a respeito do estilo de comando amistoso do capitão e sobre o porquê de não ter seguido a carreira de seus familiares, como um marinheiro -- ele tem hidrofobia.

Archer segue desmantelando a mina, enquanto Travis Mayweather usa toda a sua habilidade como piloto para levar a Enterprise para longe do campo minado. As coisas prosseguem com razoável sucesso até que o capitão inadvertidamente dispara um sistema de ativação auxiliar de detonação da mina. Reed diz que o tempo acabou e que Archer precisa abandoná-lo. Ainda assim, o capitão se recusa, o que faz com que o tenente tome uma atitude desesperada: corte o suprimento de ar de seu traje espacial.

Antes que Reed morra sufocado, Archer consegue restaurar o ar, salvando-o. O capitão em seguida volta à Enterprise, e Trip e T'Pol acham que ele desistiu de salvar Reed. Mas Archer tem outros planos. Ele pretende destacar a placa do casco com a mina -- mas vai acompanhar Reed na viagem. Ele pede que Tucker prepare dois anteparos originalmente componentes do shuttlepod para que ele e Reed possam se proteger da explosão da mina. A placa do casco é liberada e Archer corre contra o tempo para libertar Reed, com a explosão da mina iminente. Os dois então saltam da placa do casco e usam os anteparos para se proteger da explosão.

A Enterprise está em vias de ser atacada por duas aves de guerra Romulanas, mas consegue resgatar Archer e Reed antes disso e partir em dobra sem sofrer novos danos.

 

Comentários:

"Minefield" é um episódio de altos e baixos. Há momentos em que parece nunca ter havido nada mais dramático na história televisiva de Jornada nas Estrelas. Há outros em que você quase pode tirar um cochilo sem prejuízo do que está perdendo. E uma coisa ficou comprovada: os roteiristas vão ter de rebolar um bocado para tornar os Romulanos interessantes sem mostrá-los a Archer e cia.

O "campo minado" aqui não é só para a Enterprise de Jonathan Archer; também é para a Enterprise de Rick Berman e Brannon Braga. E, infelizmente, e apesar de Braga ter dito repetidas vezes que não há nenhum problema de continuidade, há mais de um conflito com o que havia sido estabelecido antes na história da franquia.

Primeiro, a mais óbvia: os Romulanos não deveriam ter um dispositivo eficiente de camuflagem. Em "Balance of Terror", da Série Clássica, onde esse dispositivo é apresentado pela primeira vez, os diálogos entre Kirk e Spock dão a entender que o conceito de invisibilidade pelo desvio seletivo dos raios de luz da nave Romulana do episódio é, até então, apenas uma concepção teórica, sem nenhuma aplicação efetiva já observada anteriormente.

Claro, o problema aqui na verdade já vem de antes: desde "Unexpected" a tripulação já tem visto naves alienígenas com dispositivos de camuflagem, fato que também "quebra as pernas" de todo o diálogo entre Kirk e Spock, sem nem mesmo mencionar o nome "Romulano". O único diferencial entre os segmentos anteriores da série e "Minefield" é que antes os roteiristas estavam tomando algum cuidado ao se referir à tecnologia, chamando-a de "stealth", numa tentativa de diferenciar o sistema daqueles que seriam vistos no futuro, que atendem pelo nome "cloak". Em "Minefield", tudo vira "cloak", inclusive as antigas "stealth" Sulibans, provando por A mais B que "stealth" e "cloak" são a mesma coisa e acabando com a desculpa esfarrapada que poderia haver para tantas naves invisíveis no século 22.

Segundo problema: T'Pol enuncia durante o episódio algum conhecimento sobre os Romulanos por parte dos Vulcanos. Até aí, tudo bem. O problema é ela dizer que nunca houve um contato oficial entre os dois povos. Em "Death Wish", de Voyager, fica estabelecido o fato de que houve uma guerra sangrenta de cem anos entre Vulcanos e Romulanos, em algum ponto antes do ano terrestre 2072 (mas muito provavelmente bem antes disso).

Para salvar a continuidade, só mesmo supondo que os Vulcanos conhecem a real aparência dos Romulanos e escondem essa informação dos humanos para evitar que sofram algum preconceito pelo parentesco entre as duas raças (hipótese que "Balance of Terror" até parece reforçar). Daí T'Pol "minimizar" sua descrição dos contatos entre Romulanos e Vulcanos.

E para concluir essa rápida análise dos problemas e tropeços de continuidade na espinhosa questão Romulana, temos o sempre infame tradutor universal, que é movido a conveniência de roteiro. É incrível como essa maravilhosa tecnologia consegue, quando quer, traduzir instantaneamente línguas que nunca ouviu antes, mas é totalmente inefetiva para um sistema linguístico que seguramente guarda algum parentesco (mesmo que distante) com a língua Vulcana, que provavelmente é a língua alienígena mais conhecida entre os humanos. E, num nitpick ainda mais cruel (e insignificante, confesso), como o tradutor (ou mesmo Hoshi) pode oferecer de pronto a tradução "Romulano", sendo o termo derivado da mitologia romana, da história de Rômulo e Remo?

Mas chega de contextualização e de lição de história de Jornada. O que o povo sempre quer saber é: o episódio é bom ou não é? E a resposta vem na forma de pergunta. Qual deles?

Há momentos em que "Minefield" parece uma obra-prima. A abertura, com Reed e Archer compartilhando uma constrangedora confraternização, é extremamente bem-executada, arrancando boas risadas. A explosão que arranca um belo naco da Enterprise e conduz ao teaser gera uma tensão espetacular, que faz com que o telespectador mal consiga esperar pelo fim da abertura para saber o que vai acontecer a seguir. A sequência em que Reed tenta o suicídio para salvar a Enterprise, para o desespero do capitão Archer, é provavelmente a cena mais marcante da série até aqui. E alguns momentos criados para Reed colocam de forma significativa um dos "mocinhos" da série numa situação de fragilidade raras vezes vista com um personagem regular de Enterprise.

O conflito de personalidades de Reed e Archer, assim como a introspecção do tenente e o estilo de comando diferenciado do capitão, são muito bem trabalhados em alguns momentos, lembrando um pouco o que foi feito, com extrema eficiência, do mesmo Reed e de Tucker, em "Shuttlepod One".

Mas há também um outro lado do episódio, um que, por mais que o restante apresente qualidades, ainda assim se faz notar, com direito a alguns bocejos. Parece que, em dados momentos, há uma total perda de ritmo na história. O tempo parece estacionar. Isso acontece algumas vezes durante o longo processo de desmanche da mina, enquanto Archer tenta fazer o trabalho de Reed. Seria preciso um diálogo muito melhor do que o que existe, e um ambiente muito mais permissível para a interação entre os personagens, para que a audiência se sentisse à vontade em gastar 20 minutos vendo Archer puxar pininhos de uma mina alienígena.

Por maior que tenha sido o esforço de Scott Bakula e Dominic Keating, os trajes espaciais não facilitam a valorização dos diálogos, uma vez que mal se vê a expressão dos atores. Além disso, em alguns momentos os dois não parecem nada convincentes ao emular seu comportamento em um ambiente de microgravidade (não é culpa deles que a série seja toda filmada na superfície da Terra!). Para completar a desgraça, toda vez que sou levado a lembrar que Travis está zanzando com a Enterprise para lá e para cá enquanto Archer e Reed estão caminhando sobre o casco, me pergunto como os dois estão lá como se a nave estivesse parada.

Se a nave estivesse sob uma força constante, ok. Mas tanto a direção quanto a intensidade da força variam enormemente. Se fôssemos respeitar as leis da física, Archer, com ou sem botas magnéticas, seria atirado para longe da nave na primeira virada brusca de Travis (que finalmente tem algo importante para fazer, embora continue tão "falante" quanto de costume). E, se era para esquecer as leis da física, deveria ter havido pelo menos uma compensação, na forma de uma tomada externa da Enterprise contornando as minas (mostrando-as ou deixando-as invisíveis, mas permitindo a observação das manobras de Travis). Só temos a chance de ver a coisa toda pelo lado de dentro, na tela da ponte.

Mas tudo isso nem é um grande problema. O verdadeiro elo fraco do episódio, e seu principal atrativo inicial, é a presença Romulana. Em primeiro lugar, esses são os Romulanos menos discretos que eu já vi. Em segundo, são os mais lerdos. Por que diabos aquelas naves precisam descamuflar e camuflar tantas vezes, criando uma falsa tensão absurda? E por que os Romulanos, supostamente agressivos e territoriais, hesitam tanto em explodir a Enterprise? Para dar um tiro de aviso de precisão milimétrica, eles foram rapidinhos. Para dar o golpe de misericórdia, passo de tartaruga. Quando digo que o episódio parece se dar em dois ritmos distintos, é disso que estou falando!

É bem verdade que, nas cenas de caminhada espacial, a presença daquela nave Romulana prestes a atacar causa um real senso de urgência à coisa toda. Mas não compensa pelos momentos de torpor. E o pior: o clímax do episódio é justamente o momento mais lento de todos. Depois de ter de aturar o conceito idiota de Archer e Reed "pegando jacaré" em onda de choque de mina, ainda precisamos ver os Romulanos esperando oitocentos anos até que os dois "surfistas do espaço" consigam retornar à Enterprise -- fato que é todo retratado em uma cena patética na ponte da nave, sem direito a nenhuma tomada externa. Só reencontramos nossos heróis na baía do shuttlepod, devidamente fechada.

Pelo menos, em meio a todos os problemas, temos um episódio com um excelente senso estético. O design das naves Romulanas do século 22 talvez seja o mais adequado à premissa de Enterprise até agora, incluindo na lista até a nave que dá nome à série. Os artistas criaram um design extremamente elegante, mas ainda assim bastante consistente com o desenho tosco que vemos no século 23, durante a Série Clássica.

Além disso, as cenas de efeitos especiais em CGI são espetaculares, com enormes zoom ins e outs da ação de Reed e Archer sobre o casco da Enterprise, tomadas em close das naceles de dobra da NX-01, e as aparições sempre bem executadas das naves Romulanas.

Para completar, a iluminação dos cenários a bordo da Enterprise parece estar levemente alterada, e o efeito se faz notar nos uniformes dos tripulantes. Apesar da mudança sutil, as cores um pouco mais saturadas que resultam dela trazem um ar de nostalgia ainda maior à série, lembrando um pouco mais o estilo visual da Série Clássica. Resta saber se essas mudanças serão mantidas para os próximos episódios, gerando uma nova estética para o programa nesta segunda temporada.

No fim, o resumo da ópera é o seguinte: "Minefield" é um episódio com grandes momentos, mas que em última análise poderia muito bem ser classificado como "ruim". O roteiro de Shiban não conseguiu sustentar o ritmo da história, apesar de termos algumas tomadas, sequências e diálogos de particular brilhantismo. E os Romulanos seguem sendo uma "promessa" para o futuro da série (principalmente se os produtores decidirem apostar nessa rusga antiga e não-relatada entre Vulcanos e Romulanos e na verdadeira manobra conspiratória para esconder dos humanos a real aparência desses inimigos), embora seu uso inicial não tenha sido particularmente marcante. Não foi um começo espetacular, mas ainda há razão para esperança.

 

Citações:

Archer - "Thought you might need a hand."
("Pensei que estaria precisando de uma mãozinha.")
Reed - "Actually I'd prefer a leg."
("Na verdade, eu preferiria uma perna.")

Reed - "I would consider letting you amputate, but if chef got hold of it, he'd be serving 'roast Reed' for Sunday dinner."
("Eu consideraria deixar você amputar, mas se o chef a pegasse, serviria 'roast Reed' no jantar de domingo.") 

Archer - "If I were the kind of captain you think I should be I'd be busting your ass back to crewman."
("Se eu fosse o tipo de capitão que eu você pensa que eu devia ser, você já estaria rebaixado a recruta.")

Reed - "Your style of command does have its advantages."
("Seu estilo de comando tem de fato suas vantagens.") 


Trivia:

int.jpg (476 bytes) Esse é o primeiro episódio escrito por John Shiban, ex-escritor de "Arquivo-X". Ele chega a Enterprise já no alto cargo de co-produtor-executivo. 

int.jpg (476 bytes) As filmagens começaram no dia 19 de julho de 2002, uma sexta-feira, e foram concluídas na quarta-feira, 31 de julho. Depois disso, vários dias de trabalho foram exigidas de Scott Bakula e Dominic Keating, para a filmagem das cenas com fundo verde, ambientadas no casco externo da Enterprise.

int.jpg (476 bytes) "Nós vemos as naves legais deles, mas nunca vemos os Romulanos", disse Brannon Braga, garantindo não haver qualquer problema de continuidade entre essa história e o que já havia sido estabelecido antes. Ah, se o problema fosse só esse... 

int.jpg (476 bytes) Braga também comentou sobre o elo entre a aparição dos Romulanos em "Minefield" e em "Nemesis", o décimo filme de Jornada para cinema, também de 2002. "Acho que é legal que em 'Nemesis' você possa ver os Romulanos da época de Picard e ao mesmo tempo você esteja vendo os primeiros encontros com eles em Enterprise; há grande sinergia aí."

int.jpg (476 bytes) John Shiban também comentou sobre sua estréia na série. "No meu primeiro episódio, estamos trabalhando a dinâmica de Archer e Reed. Não sabemos muito sobre Reed, o que faz dele um personagem bem interessante. Sabemos qual é sua comida favorita, sabemos um pouco sobre sua relação com seus pais. Ele e Archer não têm uma amizade que Archer e Trip têm. Temos em mente uma situação que irá forçá-los a se aproximarem, então o quanto eles aprendem um sobre o outro, quão bem eles trabalham junto, quão bem não?"

int.jpg (476 bytes) John Billingsley elogiou o episódio. "Eu achei que ele fez um excelente trabalho em manter aquela sensação de que o relógio está tiquetaqueando, tiquetaqueando, tiquetaqueando até o final, que é algo que para mim, como telespectador de séries de ação/aventura, é geralmente um dos maiores problemas do gênero."

int.jpg (476 bytes) Anthony Montgomery gostou de sua participação no segmento. "Esse é um episódio realmente muito legal para a pilotagem do Travis. Ele precisa conduzir a Enterprise por um campo minado. E há uma mina presa à nave."

int.jpg (476 bytes) Scott Bakula ressaltou o trabalho da equipe de pós-produção. "Dominic e eu acabamos no espaço e filmamos tudo contra uma tela verde e será incrível. Vamos estar lá fora no casco e atrás de nós você poderá ver as naceles e coisas que não foram visualmente feitas antes. Há um momento em que uma nave se materializa atrás de Dominic quando ele está no casco que eu acho que vai ser de arrepiar."


Ficha técnica:

Escrito por John Shiban
Direção de James Contner

Exibido em
02/10/2002

Produção: 029

Elenco:

Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T'Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie 'Trip' Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato

Elenco convidado:

Tim Glenn como técnico médico 
Elizabeth Magness como tripulante ferida

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