MANCHETE
DO EPISÓDIO
Sequência
erra ao "economizar" tempo
para concluir história em dois episódios
Episódio
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episódio
Sinopse:
Data Estelar: 48213.1.
A Fundadora diz a Odo que de fato
este é o seu planeta natal. Isso não traz sossego a Odo, que
continua cheio de perguntas e insatisfeito com as respostas que
ela está fornecendo. A Fundadora diz que ela, Odo e todos os
demais transmorfos são parte do "Grande Elo". Fundindo
o seu braço com o dele, Odo experimenta uma breve e pequena
amostra desse "Elo" e finalmente tem certeza de ter
chegado em casa. Kira é claramente a forasteira neste cenário e
diz que vai tentar contatar Sisko, a Fundadora diz que não pode
permitir isso, porque a transmissão pode fornecer a localização
do seu mundo. Mais tarde Kira diz a Odo que vai tentar usando uma
técnica que não pode ser rastreada (e que Sisko conhece).
Um casulo de fuga da Defiant ocupado por Sisko e Bashir voando às
cegas é encontrado por uma nave de busca com Dax e O'Brien a
bordo. Jadzia diz que conseguiu contatar os Fundadores em seu
cativeiro e que grandes mudanças estão em progresso em DS9. Um
tratado de paz entre a Federação e o Dominion deve ser assinado
em questão de dias, como confirma a almirante Nechayev, quando do
retorno de Sisko à estação.
Tudo parece correr bem, mas Sisko está desconfiado da ostensiva
presença de soldados Jem'Hadares na estação. Sisko se encontra
com Borath, que se apresenta como um Fundador. O fato de Borath
ser da mesma espécie de Eris (de "The Jem'Hadar") só
preocupa mais o comandante. Quando Sisko descobre que os Romulanos
estão sendo excluídos das negociações, ele já tem certeza que
algo está errado, mas a almirante continua a dizer que tudo está
correndo de acordo com os interesses da Federação.
De
volta ao quadrante Gama, Kira não consegue enviar a mensagem
devido à interferência de uma fonte de energia artificial no
planeta. Pesquisando o local de tal "fonte", ela
descobre uma porta com trava, algo sem utilidade para os
transmorfos. Odo recebe lições sobre mudar de forma e sobre a
história do seu povo. A Fundadora explica que no passado os
transmorfos vagaram pelo Universo procurando meios para aumentar o
seu conhecimento sobre o cosmos, mas só encontraram a desconfiança
e a selvageria dos sólidos e terminaram por se isolar neste
mundo. Mas, ainda curiosos, enviaram 100 "bebês
transmorfos" para o Universo. a fim de expandir seu
conhecimento através deles. Odo foi o primeiro desses a retornar
ao lar. A Fundadora e Odo fundem completamente os seus corpos em
uma demonstração completa do Elo.
Em DS9, O'Brien é surrado pelos Jem'Hadares no Quark's, e
Eddington não os prende alegando estar "cumprindo
ordens" da almirante, que o instruiu pessoalmente a dar
"espaço de manobra" aos Jem'Hadares. Sisko descobre que
os seus oficiais estão sendo transferidos e que a Frota está
deixando o setor Bajoriano, deixando-o de mão beijada para o
Dominion. As objeções de Sisko são tardias, a almirante diz que
o tratado já foi assinado. Depois que uma desarmada T'Rul é
morta por um Jem'Hadar, Sisko dá "uma basta" na situação,
organizando uma missão suicida com Bashir, Dax, O'Brien e Garak
(que morre na fuga do grupo da estação). A missão: levar o
explorador Rio Grande até a borda da Fenda Espacial e selá-la
permanentemente com torpedos fotônicos para impedir a entrada das
forças do Dominion no quadrante Alfa. Eles têm sucesso
na missão (ou será que não?).
De volta ao outro lado da galáxia, Odo diz que vai ficar com o
seu povo, mas faz um último favor a Kira, abrindo a já citada
"porta". Para espanto deles, a dupla é encontrada e
escoltada por soldados Jem'Hadares para o interior da instalação,
em uma câmara onde Sisko, Bashir, Dax, O'brien e T'Rul se
encontram inconscientes e conectados a estranhos equipamentos.
Borath também está presente e diz que os oficiais estiveram
sendo submetidos a um experimento de manipulação mental, sobre
como eles reagiriam a uma tentativa de estabelecimento de uma
presença do Dominion no quadrante Alfa. Quando a Fundadora entra
no local, Odo descobre que a sua raça é na realidade a dos
Fundadores do Dominion, que decidiram eras atrás impor ordem a um
Universo considerado por eles caótico e nocivo a sua existência.
Controlar a tudo e a todos deforma que nunca mais pudessem ser
feridos. Borath é um dos Vortas (assim como Eris) que servem os
Fundadores, assim como os Jem'Hadares.
Odo
não pode sancionar as atitudes de seu povo e decide retornar com
o resto de seus companheiros para DS9 a bordo da Defiant (que
estava em órbita do planeta o tempo todo). A Fundadora concorda
(relutantemente) e deixa Odo seguir seu caminho juntamente com os
seus companheiros.
Comentários:
O ambicioso cliffhanger da semana passada é concluído aqui de
uma forma extremamente decepcionante com o grosso do episódio
reduzido por uma triste "reviravolta" de trama (acima de
tudo bastante esperada) a uma simulação em realidade virtual do
Dominion (em um de fato "reset button"). Temos uma boa
dose de senso de deslumbramento com Odo e a Fundadora, mas a decisão
final de deixar o seu planeta natal parece ter ficado para os
produtores e não para o chefe de segurança de DS9. Saibam mais
detalhes, sem ter que selar nenhuma Fenda Espacial no processo,
nas linhas abaixo.
Resolver em um contexto de ação-aventura o cliffhanger da semana
passada seria provavelmente uma tarefa para mais de um episódio.
Compactando o que deveria ser expandido e usando em partes os
personagens mais como elementos de trama do que pessoas, o episódio
deixa um gosto ruim na boca do fã. De fato a escrita aqui parece
mais preguiçosa do que de costume, com alguns belos furos.
Para
começar, não é explicado como Odo conseguiu escapar na nave
auxiliar ao final da primeira parte. Ele não é um bom piloto e
havia pelo menos cinco naves Jem'Hadares no local. E mesmo que
eles (reconhecendo-o como um Fundador) o tivessem deixado partir,
seria difícil que eles conseguissem fazer isso sem o comissário
perceber o ocorrido. Entretanto continuo não vendo problemas com
ele chegando à nave auxiliar através dos corredores da Defiant
carregando Kira.
(O fato de os soldados Jem'Hadares abordarem a Defiant de uma
forma não letal na primeira parte fica bem explicado com a
reviravolta do final da segunda.)
O fato de os "100 bebês enviados ao Universo" terem
sido programados com o desejo de voltar para casa não justifica
por que justo agora Odo sentiu este desespero para voltar ao lar,
uma vez que ele já havia vindo anteriormente para o quadrante
Gama (ver "Shadowplay").
Tentar racionalizar que esta foi a primeira vez que ele se sentiu
realmente sozinho e foi isso que desencadeou a sua lembrança é
meio forçado e abrupto, mas parece ser esta a noção em que os
produtores se basearam para desenvolver esta parte da história
(se o roteiro da primeira parte tivesse deixado claro que o
"gatilho" foi a visão da nebulosa Omarion, teria sido
mais fácil de aceitar).
A
"Simulação em Realidade Virtual do Dominion" (TM) pode
ser analisada sob a perspectiva da audiência e a do próprio
Dominion. Como só tivemos tomadas de localização do planeta
errante, isso indica implicitamente que toda a ação do episódio
ocorre nele, daí decorre que algum tipo de cenário de realidade
virtual estava em ação para sustentar as cenas de Sisko e cia.
"em DS9" --simples assim. Além disso, pistas foram
deixadas (com a sutileza de uma manada de mamutes em fúria, devo
dizer) para indicar que se tratava realmente de "uma situação
irreal", sendo a morte de Garak e o colapso da Fenda Espacial
as proverbiais "cerejas no bolo" dessa atitude do
roteiro.
Gosto de pensar que o Dominion testou diversos cenários com eles
(o que o roteiro não parece garantir). Julgando somente por esta
simulação, os Fundadores não parecem ser as mais pacientes
criaturas ou mesmo as mais espertas, pois tudo que é apresentado
parece pedir por uma atitude radical por parte de Sisko, o que
definitivamente não é uma boa estratégia. Talvez o melhor cenário
fosse fazer uma simulação que se desse ao longo de várias décadas,
mostrando como o Dominion iria absorvendo gradualmente a Federação
sem ela perceber. Provavelmente algo assim não foi tentado, por
ser dificilmente compatível com o cenário de Odo e Kira no
planeta errante.
Apesar de toda frustração que a simulação traz ao espectador
ao seu final, tivemos boas cenas como as de Sisko e Borath e Sisko
e Garak, ambas bastante bem dirigidas por Frakes. Já a
"piada da semana" de Quark --justiça seja feita, uma
recriação do Dominion-- foi bem ruim desta vez.
O "outro lado da história" (ou seria da galáxia?)
funcionou melhor, sendo um dos poucos problemas ver Kira falando
com uma floresta (que poderia ser facilmente um bando de
Fundadores disfarçados) e descrevendo todo o seu plano de ação.
Todos os momentos entre Kira e Odo foram genuinamente tocantes e
as cenas entre o comissário e a Fundadora foram preenchidos com
um bem-vindo senso de deslumbramento.
A história dos Fundadores foi interessante, com seu ressentimento
e paranóia com relação aos "sólidos" (cuja memória
deve ser integralmente preservada no Grande Elo) levando ao longo
do tempo à formação de um imbatível Império com tanto poder
que nunca surgiu nenhuma situação que os fizesse reavaliar (de
uma forma ou de outra) a sua atitude com relação aos "sólidos".
De fato interessante, mas bem básica em termos de vilania.
O frustrante é que a revelação final de que o seu povo de fato
é o dos Fundadores do Dominion não dá margem a nenhum tipo de
escolha a Odo. Se ele não escolhesse partir, a série
literalmente não poderia continuar, pois todo o elenco iria
permanecer prisioneiro do Dominion. É sempre péssimo quando um
personagem é usado dessa forma (isto sem falar que a demissão de
Odo e o conflito dele com Eddington foram convenientemente
varridos rapidamente para debaixo do tapete).
Gostei
quando a Fundadora jogou que Odo busca trazer a ordem ao Universo
assim como todos os outros do Grande Elo, e não justiça. Aliás,
gostaria que um maior tempo (sempre o "tempo") tivesse
sido dado para Odo permanecer entre os de sua espécie (e
continuar seu aprendizado da história e dos costumes do seu povo)
antes de se dar a "grande revelação" (a qual em
conceito é interessante), o que levaria a uma escolha real do
comissário, não à forçada de barra apresentada aqui. Para ser
bastante sincero, os produtores só colocariam essa questão
(escolher viver entre os de sua espécie ou em DS9) de uma forma
realmente justa e equilibrada para Odo em "Chimera",
da sétima temporada da série (para referência futura: Odo
decidiu ficar no planeta, com Kira partindo, antes de descobrir
que a sua espécie era a dos Fundadores do Dominion).
As "vozes" dos personagens voltaram ao normal depois das
instabilidades da semana passada. A direção de Frakes foi muito
boa (especialmente por termos um cenário de realidade virtual em
andamento) nas cenas "na estação" (excluindo a da
"morte" de T'Rul). Uma parte especialmente bem dirigida
foi a cena final da fuga de Sisko e seus oficiais (a música de
Chattaway também ajudou). Entretanto o alter-ego de Riker pisou
feio na bola nas cenas do planeta errante. Os grotescos, toscos E
incrivelmente falsos cenários do planeta tiveram as suas
"melhores" qualidades amplificadas pelas tomadas amplas
de Frakes, de uma tal maneira que as cenas chegam a ser
constrangedoras. Parece um óbvio palco de teatro com uma
descarada parede azul ao fundo. Uma lástima só!
Brooks se saiu muito bem. Um cenário de crescente tensão e
antagonismo sempre favoreceu o ator. O destaque fica para
Auberjonois, talvez o maior responsável pelo episódio não ter
ido totalmente para a privada. Sai tanta emoção e sub-texto
debaixo de toda aquela borracha que chega a ser desconcertante às
vezes. Visitor trabalhou muito bem com Auberjonois (como usual) e
o resto do elenco honrou o pagamento esó.
Robinson roubou a cena dentre os convidados (como usual) e
acredito que ele fez um esforço de fazer um Garak virtual
sutilmente diferente do real, belo trabalho (Garak é sempre um
trunfo em termos de excelentes diálogos potenciais,
entretenimento e imprevisibilidade). Jens foi outra excelente
presença e sua leitura clara e suave é sempre um prazer de ouvir
(um contraste perfeito para os seus funestos desejos de trazer
"ordem ao Universo"). Os demais convidados ficaram na
neutralidade, a menos de Dennis Christopher, que patinou feio como
o real Borath no final (além de soar totalmente desrespeitoso com
relação a Odo --o que não faz muito sentido para um Vorta).
A plausibilidade científica do planeta errante não pode ser
discutida porque nós não sabemos o quanto de tecnologia foi
incorporado a ele pelos Fundadores. Ele deve ter um mecanismo de
interferência bastante eficiente para impedir que os sensores da
nave auxiliar detectassem as atividades dos transportes dos
prisioneiros ou pelo menos a Defiant orbitando o planeta.
Os Fundadores, enquanto cultura, ganharam um bocado. "Ser uma
coisa é conhecer esta coisa". Uma perfeita definição do
modo de vida dos transmorfos que Odo mal consegue começar a
entender. Ficam claras aqui as limitações das habilidades de Odo
quando comparadas às dos seus irmãos, o que daria assunto para
episódios posteriores.
Nunca foi explicado durante a série por que os demais transmorfos
assumem sempre uma forma humanóide básica similar à de Odo (além
de servir de indicador para a audiência da série, é claro). O
que é mais curioso é que as feições de Odo vêm de uma emulação
parcial do rosto de um "certo" cientista Bajoriano que o
ajudou em seu desenvolvimento inicial (Dr. Mora Pol, visto em "The
Alternate"). Temos um "pilar" similar àquele
de "The
Alternate" no cenário do planeta dos Fundadores,
sinal de que a pista daquele episódio era mais quente do que
pareceu ser, quanto à origem do povo de Odo.
Nunca ficou muito claro durante a série o que quer dizer
"recém-formado" para um transmorfo. Também nunca foi
exclarecido como Odo foi "enviado ao Universo" pelo seu
povo, como chegou à Fenda Espacial e como ele foi encontrado no
cinturão Denorios. Nunca foi mostrada em tela a definitiva
designação oficial da Defiant para DS9. Nem foi explicado por
que T'Rul voltou para Romulus e deixou o dispositivo de camuflagem
na Defiant.
A simulação do Dominion (apesar da frustração que sua utilização
acabou por produzir no espectador aqui) levou a alguns pontos
interessantes que afetariam alguns episódios mais tarde na série:
o Dominion tem conhecimento e tecnologia absolutamente inacreditáveis
no tocante ao entendimento da mente de qualquer criatura
(definitivamente os Fundadores têm uma perspectiva única sobre o
assunto, devido ao seu modo de vida). Eles fizeram registros das
respostas dos participantes da simulação. Garak parece
introduzir um elemento de imprevisibilidade que nem os Fundadores
parecem entender muito bem. Os Romulanos são claramente um
elemento crítico para a estratégia do Dominion, que considera os
Cardassianos mais previsíveis do que os primos distantes dos
Vulcanos. E fica claro para o Dominion a potencial estratégia de
fechar a Fenda Espacial por parte da Federação, se uma invasão
se fizer iminente.
Levar os prisioneiros (Sisko e cia.) para serem interrogados no
seu planeta natal não parece uma medida muito inteligente dos
Fundadores (sem falar em deixá-los partir com a localização do
seu mundo --aliás, com a tecnologia que eles mostraram, não
deveria ser muito difícil apagar da mente de nossos heróis e dos
computadores da Defiant todo o incidente).
O Borath virtual parece indicar que Eris continua viva e contou a
ele sobre o incidente de "The
Jem'Hadar", o que é inconsistente com o restante da
série. Provavelmente o real Borath conhece melhor esta história.
"The Search, Part II" é um fraco episódio de DS9,
quebrando uma série que já acumulava nove episódios
"vencedores" desde a temporada passada. Apesar dos óbvios
furos do roteiro, o que incomoda mais é o mau tratamento dado aos
personagens aqui. Não bastasse a irreal (em mais de um sentido)
simulação do Dominion, a decisão final de Odo deixar o seu
planeta natal e voltar a DS9 parece mais uma decisão do
roteirista, para restabelecer o status quo da série, do que do
nosso comissário. Obviamente a semente para vários episódios
futuros sobre o Dominion e Odo foi plantada aqui, mas no fundo é
um segmento que suporta pouco escrutínio.
Citações
Fundadora - "The link
is the very foundation of our society. It provides a meaning to
our existence. It is the merging of thought and form, the sharing
of idea and sensation."
("O Elo é a fundação de nossa sociedade. Ele fornece um
significado à nossa existência. É a união de pensamento e
forma, o compartilhar de idéia e sensação.")
Kira - "I don't believe it; I'm talking to a tree."
("Não acredito; estou falando com uma árvore.")
Garak - "The only explanation I can find it that our
leaders have simply gone insane."
("A única explicação que posso encontrar é que nossos líderes
simplesmente ficaram malucos.")
Garak - "It's a little foolish to worry about your careers
at a time like this, when there's a good chance we're all about to
be killed."
("É um pouco bobo se preocupar com suas carreiras em uma
hora como essa, em que há uma boa chance de que sejamos todos
mortos.")
Garak - "Didn't anyone tell you? You see, I pretend to be
their friend, and then I shoot you."
("Ninguém disse a vocês? Veja, eu finjo ser amigo deles, e
então eu atiro em vocês.")
Fundadora - "No Changeling has ever harmed another."
("Nenhum transmorfo jamais feriu outro.")
Fundadora - "We will miss you, Odo. But you will miss us
even more."
("Sentiremos sua falta, Odo. Mas você sentira a nossa ainda
mais.")
Trivia:
Durante toda a segunda temporada, Ira Steven Behr e Robert Hewitt
Wolfe brincavam entre si sobre a possibilidade de os Fundadores
serem de fato a raça de Odo. Um certo dia, Michael Piller
confidenciou aos dois algo que ele julgava como "uma idéia
muito louca": "Não seria interessante se os Fundadores
fossem o povo de Odo?" Os três riram um bocado antes e
depois das explicações serem dadas e apresentaram o conceito a
Rick Berman, que gostou muito da idéia. Em seguida eles chamaram
Rene Auberjonois para uma conversa, contaram a idéia assegurando
que Odo não iria deixar a série (o ator sempre teve uma certa noção
de que no momento em que fosse estabelecida a raça de Odo, o
personagem perderia o seu principal apelo e deixaria de participar
de DS9). Auberjonois ficou meio cético no início, mas
logo percebeu que tal manobra, ao invés de diminuir a
complexidade do personagem, de fato a aumentava, fornecendo muito
material para que ele pudesse trabalhar como seu intérprete dali
em diante.
O co-produtor-executivo (feito produtor-executivo ao final da
temporada) Ira Steven Behr admite que a mudança de estilo da
primeira parte para a segunda parte de "The Search"
foi proposital, uma maneira de subverter a expectativa da audiência,
segundo ele. Behr garante que a sua intenção (enquanto
roteirista do episódio) foi apresentar um pequeno drama
envolvendo Odo e utilizar a trama envolvendo Sisko e cia. como um
mero enfeite ("Fireworks and Mirrors", nas palavras
dele). Quanto ao protesto dos fãs pelo frustrante desfecho do
episódio que muitos consideraram apenas mais uma variação do
batido "era tudo um sonho", Behr diz que este não foi o
caso aqui e que a forma que os Fundadores manipularam nossos heróis
(através de implantes de pensamentos e não "sonhos"),
não deveria transmitir nada além de medo à audiência. Medo de
um inimigo absolutamente além de Sisko e cia. em todos os
sentidos, um inimigo que pode manipulá-los desta forma e com esta
facilidade.
Segundo o editor-executivo de histórias, Robert Hewitt Wolfe, o
episódio apresenta claramente o modus operandi do Dominion. Se
eles podem conquistar acesso a territórios através de tratados e
manobras diplomáticas e absorver civilizações inteiras de modo
extremamente gradual e lento em seu modo de vida, eles assim o
fazem. Somente se esta rota se mostra completamente inócua é que
eles partem para a utilização da força bruta. E quando chegam a
este ponto, eles o fazem com extrema indiferença, rapidez e eficiência.
Behr ficou extremamente despontado com o visual final do planeta
dos Fundadores, que ele considerou falho em conceito e execução
(ainda que o visual do "Great Link" tenha agradado a
todos). O cenário "bastante escuro e cheio de coisas
esquisitas" não funcionou de forma alguma, segundo o
produtor. Entretanto Behr acredita que, apesar de todos os
problemas, o episódio foi um belo veículo para Odo (Rene
Auberjonois) e funcionou principalmente pelos assuntos que
abordou.
A linha "nenhum transmorfo nunca feriu um outro" voltará
para "assombrar" Odo no episódio final da temporada, "The
Adversary".
O episódio introduz mais um Vorta, Borath, ainda que parte do
tempo ele seja referido (como parte da estratégia do Dominion no
episódio) como Fundador. Os produtores pensaram inicialmente em
trazer de volta Molly Hagen, Eris em "The
Jem'Hadar", mas quando a atriz se mostrou não disponível
eles utilizaram Dennis Christopher como Borath. Enquanto os
Jem'Hadares e os Fundadores continuarão a aparecer de forma freqüente
em um futuro próximo na série, os Vortas só serão vistos
novamente em "To the Death" (quando seria também
apresentado o seu principal representante: Weyoun, vivido
magistralmente por Jeffrey Combs), quase no final da quarta
temporada (uma bobeada em termos da organização da série por
parte dos seus produtores).
Com o final de A Nova Geração, Jonathan Frakes teve tempo
para várias participações nesta temporada de DS9. Ele
dirigiu este "The Search, Part II", além de "Meridian"
e Past Tense, Part II". Vale destacar que foi justo
uma fita contendo "Past Tense, Part II" e "Cause
and Effect" (da quinta temporada de A Nova Geração)
que acabou levando a aprovação da Paramount para que Frakes
pudesse dirigir o filme "Primeiro Contato".
Frakes participa desta temporada de DS9 também como ator,
em "Defiant".
De acordo com as normas do Sindicato dos diretores da América
(DGA), os dois diretores de "The Search", Kim
Friedman e Jonathan Frakes, tiveram de estar presentes e dirigir
conjuntamente o final da primeira parte e o começo da segunda.
Frakes já havia dirigido anteriormente Salome Jens, no episódio "The
Chase", de A Nova Geração, além de já ter
(obviamente) trabalhado com Colm Meaney, Natalija Nogulich e Armim
Shimerman na sua antiga série. O diretor também conhecia toda a
equipe atrás das câmeras durante as filmagens.
Foi o editor (montador) Robert Lederman que apontou que Frakes tem
uma espécie de "assinatura pessoal", pois gosta de
colocar a câmera em lugares bastante altos nos cenários, mesmo
"desafiando tetos existentes em cena". Tal
"assinatura" pode ser conferida na cena em que Kira está
sozinha no planeta dos Fundadores, totalmente isolada, uma
verdadeira forasteira.
Frakes não foi o único "diretor não nascido diretor"
a trabalhar nesta temporada de DS9. Avery Brooks continuou
sua carreira na direção de episódios da série (iniciada na
temporada passada com "Tribunal"), com as
seguintes entradas adicionais: "The Abandoned", "Fascination"
e "Improbable Cause". Rene Auberjonois seguiu os
passos de Brooks e começou a dirigir também: "Prophet
Motive" e "Family Business". Mesmo o
cinegrafista Jonathan West fez o seu "debut" na direção
nesta temporada, com "Shakaar".
DS9 manteve a coroa de série mais assistida em
syndication, com números 20% superiores aos do segundo lugar, da
série (pasmem) "Baywatch", durante esta terceira
temporada. A introdução da série "Hercules: The Legendary
Journeys" não afetou muito a audiência de DS9
inicialmente, mas a futura competição conjunta de
"Hercules" e de "Xena: The Warrior Princess"
tornou-se significante em anos posteriores.
Ficha
técnica:
História de Ira Steven Behr
& Robert Hewitt Wolfe
Roteiro de Ira Steven Behr
Direção de Jonathan Frakes
Exibido em 03/10/1994
Produção: 048
Elenco:
Avery Brooks como
Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Nana Visitor como Kira Nerys
Colm Meaney como Miles Edward O'Brien
Siddig El Fadil como Julian Subatoi Bashir
Armin Shimerman como Quark
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko
Elenco convidado:
Salome Jens como Fundadora
Andrew Robinson como Elim Garak
Natalija Nogulich como almirante Nechayev
Martha Hackett como T'Rul
Kenneth Marshall como Michael Eddington
William Frankfather como um Fundador
Dennis Christopher como Borath
Christopher Doyle como um oficial Jem'Hadar
Tom Morga como um soldado Jem'Hadar
Diaunté como um guarda Jem'Hadar
Majel Barrett-Roddenberry como a voz do computador