MANCHETE
DO EPISÓDIO
Janeway testemunha a vida após a
morte e enfrenta entidade maligna
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episódio
Sinopse:
Data
Estelar: 50518.6.
Depois
que a nave auxiliar de Chakotay e Janeway cai em um planeta, o
comandante acredita que se trata de um ataque Vidiian. Pouco depois,
um grupo de Vidiians chega e os ataca, matando-os. Subitamente, os
dois estão de volta em sua nave, sob o ataque dos alienígenas.
Antes que os oficiais possam aterrissar, o reator da nave auxiliar
explode. Segundos mais tarde, a dupla está de volta à nave.
Acreditando estarem presos em um loop
temporal, Janeway e Chakotay contatam a Voyager e conseguem escapar
dos Vidiians. Entretanto, quando chegam à Ponte, Chakotay refuta as
afirmações da capitã sobre um loop temporal. O Doutor diagnostica
que Janeway está sofrendo da fagia Vidiian e pratica a eutanásia
contra a vontade da paciente, depois do que a capitã se encontra
novamente na nave auxiliar com Chakotay. À medida que se aproximam
de um estranho fenômeno espacial, a nave explode, e tudo o que
Janeway vê agora é Chakotay tentando ressuscitá-la na superfície
do planeta -- sem sucesso.
Retornando
à Voyager com Chakotay, Janeway descobre que ninguém consegue
vê-la. Na enfermaria, as tentativas do Doutor de reanimar o seu
corpo falham, mas a capitã consegue fazer com que Kes sinta a sua
presença telepaticamente. Enquanto a tripulação cogita a
hipótese de sua capitã estar perdida em uma dimensão alternativa,
Janeway fica chocada ao ver seu pai -- morto há mais de quinze
anos. O almirante Janeway conta que ela realmente morreu naquele
acidente com a nave auxiliar e tenta convencê-la a aceitar a morte.
Dias se passam com repetidas tentativas fracassadas de alcançar a
capitã, então a tripulação organiza um serviço memorial.
Janeway
diz ao pai que ainda não está pronta para abandonar sua
tripulação. De repente, ela sente que ainda está em seu corpo
físico, e que o Doutor está tentando salvá-la. O almirante diz
que a cena é uma alucinação e fala para ela desistir e aceitar a
situação. Janeway sabe que o pai nunca a forçaria daquela
maneira, e percebe que ele é um alienígena disfarçado com a
figura de Edward Janeway. De fato, uma presença alienígena invadiu
o seu córtex cerebral, mas agora que ela está ciente disso,
recupera a consciência na superfície do planeta, onde estava sendo
tratada de seus ferimentos com Chakotay.
Comentários:
Loops temporais, experiências fora
do corpo, habitações alienígenas, Vidiians, queda de naves
auxiliares, morte, proximidade da morte, show de talentos, e assim
por diante. Esse foi "Coda", o "episódio
espiritual" de Voyager.
A
princípio, parecia que a história seria muito parecida com "Cause
and Effect", de A Nova Geração, centrada em
repetidos loops temporais. Mas logo o telespectador se deu conta que
a maior parte das coisas que via não estavam de fato acontecendo --
era tudo fruto da imaginação da capitã. E que imaginação
fértil ela tem. As experiências com a morte, as reações da
tripulação, quase tudo estava na cabeça dela. Na verdade, pode-se
dizer que todos na Voyager estavam agindo como ela gostaria que eles
agissem; aqui só não se encaixa o Doutor, com aquele papo sem pé
nem cabeça de eutanásia e fagia (provavelmente refletindo um medo,
provavelmente inconsciente, da capitã de ter uma peça de
tecnologia como médico, fria e sem emoções).
Uma coisa que fica muito clara é
que, ao final, Janeway voltará. Mas o episódio prende a atenção
por levar o telespectador a crer que essa é mesmo uma história de
vida após a morte. Algumas das idéias que foram colocadas são
coerentes com a doutrina espírita.
Mas parece que a verdadeira meta do
segmento é incorporar à história oficial de Jornada o
máximo possível de detalhes apresentados no livro "Mosaic",
de Jeri Taylor. Muito do passado de Janeway que apareceu aqui vem
direto da novela.
Levando
em conta que muito do que foi visto vem da mente da capitã, a
imagem mostrada de Chakotay é bastante significativa. O público
pôde ver uma enorme aproximação entre os dois personagens em "Resolutions",
da temporada anterior --que coincidentemente trazia os Vidiians--, e
aqui fica clara a intimidade entre capitã e primeiro-oficial.
Mas aqueles que torcem por um
relacionamento "menos profissional" entre os dois não
devem se animar muito. O estúdio ficou muito preocupado com essa
aproximação, garantindo que na série sempre pairasse um ar de
dúvida. O motivo desse temor é que muitas séries de TV em que os
personagens principais se envolveram romanticamente sofreram graves
quedas nos índices de audiência.
Particularmente, uma relação entre
os dois não comprometeria a qualidade de Voyager --pelo
contrário, talvez até a elevasse-- já que isso representaria um
diferencial em Jornada, um frescor na forma de contar
histórias (algo que Jeri Taylor deixou mais do que claro como meta
para a temporada). Isso remete a uma questão importantíssima, que
é pouco (ou nada) trabalhada na série; a postura dos personagens
com relação a relacionamentos.
Janeway
e cia. nunca se comportam como se estivessem enfrentando uma viagem
de pelo menos 70 anos. Em "Elogium",
do primeiro ano, rola o papo de uma nave-comunidade, em que os
tripulantes se preocupariam em ter filhos para garantir a
continuidade da jornada para casa. Tendo esse senso de realidade em
mente, por que a tripulação continua sempre tão formal? Por que a
Voyager ainda tem esse visual de nave militar, e não de um lar? Por
que não há casais a bordo? E por que capitã e primeiro-oficial
não podem se aproximar -- o que seria uma decorrência lógica,
dadas as circunstâncias?
Enfim, voltando ao episódio, as
cenas de Chakotay no planeta mexeram com a emoção do público. Foi
uma das melhores atuações de Robert Beltran na série. O que vem a
seguir pode gerar controvérsia, mas foi também uma das poucas
vezes em que Chakotay agiu legitimamente como primeiro-oficial.
Ainda
sobre a carga emocional da história, a seqüência do memorial
também foi bem montada. Não muito pelos tripulantes, de quem se
esperava ao menos umas poucas lágrimas (e menos pataquada de Harry
Kim). Mas mais por Janeway, tão brilhantemente interpretada por
Kate Mulgrew. É de se surpreender a objetividade de todos na forma
de lidar com a morte de Janeway, que até então para todos não era
só a oficial comandante, mas uma mãe confortadora. No mínimo,
esperava-se que Kes, Neelix e Kim chorassem rios. É nessa falta de
realismo que Voyager peca. Os personagens mais parecem
soldados treinados --ou um bando de Vulcanos-- do que os únicos 150
humanos lá fora.
Um episódio um tanto confuso e com
algumas limitações. Mas "Coda" vale pela ótima
atuação dos protagonistas. É sempre bom ver Kathryn Janeway ser
trabalhada pelos roteiristas, e uma raridade ver Chakotay em foco.
Citações:
Janeway - "Our secret, Neelix."
("É o nosso segredo, Neelix.")
Neelix - "We never had this discussion."
("Nós nunca tivemos essa discussão.")
Janeway - "Maybe I could
stand with an apple on my head and you could phaser it off."
("Talvez eu pudesse ficar com uma maçã na cabeça para
você atirar com feiser.")
Chakotay - "Sounds great! If I miss, I get to be Captain."
(Parece ótimo! Se eu errar, viro o capitão.")
Janeway - "That's more like
it."
("Assim está melhor.")
Janeway - "Tuvok, surely you
must know I'm here. We've shared so much."
("Tuvok, certamente você deve saber que eu estou aqui. Nós
dividimos tanta coisa.")
Janeway - "This can't be
happening. I can't believe it."
("Isto não pode estar acontecendo. Eu não acredito.")
Alienígena - "You're in a
dangerous profession, Captain. You face death everyday. There'll be
another time, and I'll be waiting."
("Sua profissão é perigosa, capitã. Você enfrenta a
morte todos os dias. Haverá outra vez e eu estarei
esperando.")
Janeway - "Go back to hell,
coward."
("Volte para o inferno, seu covarde.")
Trivia:
No episódio, o almirante Janeway chama Kathryn de "minha
avezinha". A expressão é uma referência ao livro escrito por
Jeri Taylor ambientado na série, "Mosaic", que conta o
passado da capitã. É um dos raros casos em que a literatura de Jornada
influencia algum episódio. Também, com Taylor sendo co-criadora,
produtora-executiva da série e escritora do episódio em questão,
fica mais fácil.
Quem gosta de contar perdas de nave auxiliar na série vai se
divertir com "Coda". Durante o episódio, a nave
Sacajawea é destruída diversas vezes. Claro, o famoso 'botão
reset' vai apagar todos esses impactos da existência até o fim do
episódio...
Esta
é a sexta aparição dos Vidiians na série; eles não eram
mostrados desde “Resolutions”,
da temporada anterior, e só retornarão para "Fury"
(sexto ano), episódio no mínimo controverso.
Aqui fica estabelecido que o pai de Kathryn, o almirante Edward
Janeway morreu há mais de quinze anos.
Ficha
técnica:
Escrito
por
Jeri
Taylor
Dirigido por Nancy Malone
Exibido em 29/01/1997
Produção: 058
Elenco:
Kate Mulgrew como
Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B'Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garrett Wang como Harry Kim
Elenco convidado:
Len Cariou como almirante Edward Janeway
Majel Barrett-Roddenberry como a voz do computador
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