MANCHETE
DO EPISÓDIO
História com baixo valor de produção e
má caracterização tem tom moralista
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Sinopse:
Data Estelar: desconhecida.
Após a tripulação transportar um robô desativado a bordo, B'Elanna
Torres trabalha noite e dia para religar o misterioso ser mecânico.
Após várias tentativas, a engenheiro-chefe finalmenet encontra um
fonte de força apropriada é fica encantada ao reativar a forma de
vida artificial.
O
robô se apresenta como Unidade Automática 3947, um de uma quase
extinta linha de trabalhadores criada pelos Pralor, uma espécie
humanóide que não existe mais. Ele pede que Torres construa o protótipo
de um módulo de energia para a criação de unidades adicionais,
mas Janeway aponta que esta seria uma violação da Primeira
Diretriz.
A unidade não iria aceitar "não" como resposta. Antes de
ser devolvida a sua nave, ela deixa Torres inconsciente e a
sequestra, levando-a ao veículo Pralor, onde outros robôs os
esperam.
Para a insatisfação de Janeway, a tripulação é incapaz de
penetrar um escudo de defesa subespacial que envolve a nave Pralor,
e o comunicador de Torres é desativado pelos robôs. Quando a
Voyager dispara na nave alienígena, os robôs respondem com um
violento ataque que ameaça destruir a nave da Federação. Para
interromper a agressão, Torres concorda em construir o protótipo.
Enquanto a tripulação da Voyager planeja um resgate, Torres
descobre que os robôs são incapazes de produzir seu próprio protótipo
porque cada módulo tem um código individual de enrgia. Ela cria um
módulo padrão, capaz de funcionar com qualquer unidade.
Outra nave se aproxima, tripulada por robôs parecidos. Ela começa
a atacar a nave onde está Torres, e a engenheira descobre que os
construtores desses robôs, os Cravics, usaram as máquinas para
lutar sua guerra contra os construtores Pralor.
Todos
os robôs guerreiros foram programados para vencer, e quando os
humanóides Pralor e Cravic decidiram por uma trégua, os robôs os
destruíram e continuaram sua batalha. O novo protótipo que Torres
havia criado permitiria aos robôs Pralor vencer a guerra contra
seus inimigos. Horrorizada, Torres destrói o protótipo, e a
tripulação consegue transportá-la da nave Pralor, deixando os robôs
continuarem sua guerra.
Comentários:
A apologia à
Primeira Diretriz chega com força total em "Prototype".
Janeway nem parece a mesma capitã que na semana anterior estava
negociando armas e provisões com rebeldes em um planeta alienígena.
Desta vez, ela volta à sua inflexível defesa da regra máxima da
Frota Estelar.
E o mais engraçado é que o começo do episódio nos faz pensar que
ela está sendo radical demais em negar aos robôs a chance de
procriar. Começamos torcendo para que ela deixe de bobeira, e nos
alinhamos à posição adotada por B'Elanna. Graças a isso, podemos
também sentir o horror da engenheira quando ela descobre que coisa
terrível ela havia feito ao criar o protótipo.
Portanto,
bem ou mal, o roteiro foi muito esperto: queria passar uma mensagem
moral, defendendo a razão absoluta da Primeira Diretriz, e
conseguiu, transmitindo isso em forma de lógica e sensação para a
audiência. Pena que algumas coisas tenham sido sacrificadas no
caminho.
Para começar, não dá para entender a obsessão de Torres para
colocar o robô em funcionamento. Faltou algum elemento que
justificasse esse comportamento. Pode parecer um problema bobo, mas
ele serve como parâmetro para que entendamos um dos maiores
problemas de Voyager: a caracterização dos personagens.
No caso, a obsessão de B'Elanna não faz parte de seu rol básico
de características. Ela foi introduzida sem mais nem menos pelos
roteiristas só para dar andamento à história. O problema é
especialmente lamentavel por poder ser facilmente corrigido, com uma
ou duas frases de diálogo.
Em vez disso, o roteiro negligencia completamente os conflitos
enfrentados por B'Elanna no decorrer do seriado. Parece que suas
tendências Klingons foram colocadas de lado e a tenente vira
"material da Frota" de um episódio para o outro.
O que vemos aqui,
assim como em futuros episódios da temporada, é um lado mais tranqüilo
de Torres, o que é um grande desperdiço de tempo e histórias. Por
exemplo, o modo como ela encara os protocolos da Voyager desde "Prime
Factors" a nivela a qualquer outro tripulante que
passou pela Academia. Ela preferiria morrer a decepcionar Janeway
novamente. Daí surge uma contradição, pois a personagem é tão
orgulhosa por ser Maquis quanto oficial da Frota.
Além disso, o episódio não quis se apropriar apenas do moralismo
da Série Clássica, com suas típicas "mensagens da
semana". Optou também por rechear a história com alguns
elementos de produções baratas, como a da série original. Em
destaque, os robôs, um dos piores trabalhos de maquiagem da história
do franchise --principalmente porque poderia ter sido bem melhor.
Em termos de estrutura narrativa, o diretor Jonathan Frakes faz bom
uso de alguns recursos, como a visão em primeira pessoa do robô e
algumas tomadas mais agitadas, mas nada que seja verdadeiramente
revolucionário. O feijão com arroz habitual.
No
final das contas, trata-se de um episódio mediano. Só não é bom
pelos já mencionados baixos valores de produção e a falta de
cuidado na caracterização dos personagens. O tema é bom, e
trata-se de uma interessante peça de ficção científica. Pena que
seja uma tecla que já foi tão batida em Jornada nas Estrelas,
e outrora com toques mais qualificados.
Citações:
3947 - "It would be
inadvisable for your captain to provoke us."
("Seria desaconselhável para sua capitã nos provocar.")
Janeway - "Who are we to swoop in, play God, then continue
on our way without the slightest consideration of the long-term
effects of our actions?"
("Quem somos nós para chegar, brincar de Deus, então
continuar nosso caminho sem a menor consideração sobre os efeitos
de longo prazo de nossas ações?")
B'Elanna - "39... do you mind if I call you '39?'"
("39... você se importaria se eu te chamasse de '39'?")
3947 - "I am 3947."
("Eu sou 3947.")
Doutor - "I'm a doctor, not an engineer."
("Eu sou um médico, não um engenheiro")
Chakotay - "You don't mind if the rest of us give you a
little help, do you Paris? I'd hate to lose another shuttle."
("Você não se importa se nós dermos uma mãozinha, não é
Paris? Eu odiaria perder outra nave auxiliar.")
Trivia:
Jonathan Frakes (William Riker) dirigiu o episódio. Em entrevista,
ele reclamou do baixo custo da produção, que resultou num visual
bobo dos robôs em que a história se centrava.
Ficha
técnica:
Escrito por Nicholas Corea
Direção de Jonathan Frakes
Exibido em 15/01/1996
Produção: 029
Elenco:
Kate Mulgrew como
Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B'Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garrett Wang como Harry Kim
Elenco convidado:
Rick Worthy como 3947
Hugh Hodgin como 6263
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