Data Estelar: desconhecida
Data Terrestre: 2254
Sinopse:
O grupo médico de assistência está
atendendo os sobreviventes de Theta Kalyb, enquanto a frota
comandada pela Enterprise está enfrentando os Chakuuns. As naves
menores não são páreo para os federados, mas as naves-fantasma
continuam ameaçando Pike e seus tripulantes.
Enquanto uma batalha ferrenha é travada no
espaço, a enfermeira Carlotti vê uma nave se acidentando na
superfície --uma das naves menores Chakuun, com apenas um
tripulante, que está inconsciente. Ela se aproxima, e seu
primeiro impulso é matar um dos monstros responsáveis pela morte
de seus pais em New Milan, mas ela resiste à ação bárbara e
decide tratar o alienígena ferido.
Ao abrir o capacete, Carlotti fica chocada
ao descobrir que o rosto dos Chakuuns é bastante similar ao
humano e que aquele especificamente era uma mulher. A Chakuun
recupera a consciência, mas não entende por quê aquela humana a
está tratando, em vez de matá-la.
As duas travam um intenso diálogo, em que a
Chakuun explica a política territorial Tholiana, baseada nas
modificações constantes que acontecem no espaço, exigindo que
as fronteiras sejam refeitas. Com essas modificações, algumas
colônias humanas acabam indo parar dentro do território Tholiano,
que manda suas tropas Chakuuns para "limpar" seus
domínios.
Embora Carlotti esteja revoltada pelas
ações e filosofia Chakuuns/Tholianas, ela começa a perceber que
há razões e motivações por trás das atitudes alienígenas
--não somente a maldade pura. Ela também percebe que não pode
interpretar raciocínios alienígenas a partir de uma moral humana
--fato que a Chakuun insiste em lembrá-la.
Em órbita, a batalha está feia. Embora as
naves da Frota Estelar estejam aplicando táticas inovadoras, os
Chakuuns estão vencendo. A Brazzaville, a Achilles e a Providence
foram perdidas, e não há chance de vencer.
No planeta, Carlotti e a alienígena são
surpreendidas por um destacamento de resgate Chakuun. Neste
momento a Chakuun ferida se identifica como a General da Coorte, e
decide poupar a vida de Carlotti, em retribuição pela
generosidade da humana em poupá-la. Ela também ordena uma
retirada das naves Chakuun, antes que a Enterprise e a Nelson
fossem também destruídas.
As duas naves restantes resgatam as equipes
médicas e os sobreviventes da colônia e partem para uma base
estelar em Algol, para reparos. Lá, Pike e Carlotti passam as
informações recém-adquiridas ao Comando da Frota Estelar e
voltam à Enterprise, no intuito de seguir viagem.
Comentários
A conclusão de "The Fallen"
é adrenalina pura. Mas, mais que isso, consegue a mescla perfeita
entre ação e uma história inteligente. Várias páginas são
gastas na batalha espacial entre as naves da Frota Estelar e dos
Chakuuns, o que poderia facilmente levar a história a um beco sem
saída criativo.
Entretanto, as soluções e estratégias
propostas pelos roteiristas Abnett e Edginton para as batalhas
são brilhantes, e desta vez totalmente originais. Em "Cloak
& Dagger", a sessão de confronto espacial estava
recheada de táticas e soluções mostradas em filmes e episódios
da Série Clássica, o que era bom pelo aspecto de
nostalgia, mas mostrava alguma fadiga criativa.
Aqui, temos duas ou três passagens
memoráveis envolvendo novas estratégias de batalha, nunca antes
vistas em Jornada nas Estrelas. Pike mostra toda a sua
capacidade de comando, e vemos algo inédito no franchise: a
melhor idéia para combater os inimigos não parte da Enterprise,
mas de um desconhecido capitão da Achilles. Isso serve para dar
incrível realismo e fluidez à sequência. Não seria exagero
dizer que esta edição contém uma das melhores quadrinizações
de batalha espacial já feita para Jornada nas Estrelas.
No planeta, temos a enfermeira Carlotti
enfrentando os seus fantasmas do passado, o que dá pano para a
manga em termos dramáticos. Os diálogos entre ela e a Chakuun
são fantásticos, e servem não só para desenvolver a
personalidade da oficial da Frota como também para dar um
excelente background sobre os praticamente desconhecidos Tholianos
e um interessante elemento de reflexão à história.
Todas as explicações relativas à
política territorial Tholiana parecem extremamente convincentes,
e o mérito é todo da dupla de roteiristas. Além disso, a
crítica sobre a antropomorfização da ética e da moral é muito
mais profunda do que poderia parecer à primeira vista. Não é
só algo relativo à essa história, mas a Jornada nas Estrelas
como um todo. Como disse a embaixadora Klingon Azetbur em "A
Terra Desconhecida", a Frota Estelar é um clube privado
para Homo sapiens. Ela não está muito longe da verdade, e
"The Fallen" tem o mérito de discutir isso
abertamente. Brilhante.
A conclusão da história, que ata a
situação de Carlotti no planeta com o beco sem saída da
Enterprise em órbita, também funciona perfeitamente. Não há a
sensação de algo arranjado e concluído convenientemente, mas de
algo que realmente casa e faz todo o sentido do mundo.
Enfim, mais um grande vencedor da série,
que fez jus ao cliffhanger que havia sido estabelecido na edição
anterior.