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Universo paralelo

Palavras do artista
Entrevista com Javier Pulido, desenhista

Material produzido por Salvador Nogueira para o Trek Brasilis

Javier Pulido, 32, estudou Belas Artes antes de iniciar sua carreira como quadrinista. Nascido nas Ilhas Canárias, Espanha, começou a fazer quadrinhos há oito anos, principalmente para editores espanhóis. Seu trabalho com a indústria americana foi iniciado justamente com "Early Voyages", há seis anos.

Sua pouca familiaridade com Jornada nas Estrelas se tornou uma bênção no trabalho. Com uma abordagem nova e traços bastante característicos, sua arte se destacou com um refresco expressionista, se comparado ao estilo mais realista e detalhista de Patrick Zircher. Infelizmente, quando Pulido começou a colocar as manguinhas de fora, a revista foi cancelada. Leia abaixo a entrevista que ele concedeu ao Trek Brasilis.

 

Trek Brasilis - Como você se envolveu com "Early Voyages"?

Javier Pulido - Enviei algumas amostras de meu trabalho anterior à Marvel e Bobbie Chase me chamou e perguntou se eu estaria interessado em fazer alguns trabalhos para eles, incluindo as edições da "Early Voyages". Obviamente eu aceitei.

TB - Você sentiu, da parte dos escritores, Abnett e Edginton, um entusiasmo sobre o projeto?

Pulido - Não poderia dizer, era a primeira vez que eu trabalhava com um roteiro escrito em inglês e não acho que poderia apreciar esse tipo de coisa na época. Talvez se tivesse que trabalhar com isso agora pudesse dar uma opinião nesse sentido.

TB - E sobre você? Você era um fã de Jornada nas Estrelas?

Pulido - Não, sinto muito.

TB - Esse trabalho influenciou sua opinião sobre a franquia de Jornada?

Pulido - Bem, eu aprendi um pouco, mas não posso dizer que minha opinião mudou muito.

TB - Você foi o terceiro artista a desenhar para "Early Voyages", seguindo Patrick Zircher e Mike Colins. Você estudou os desenhos deles antes de dar sua própria tacada? Ou sua versão dos personagens era baseada principalmente no piloto "The Cage"?

Pulido - A editora enviou algumas das edições anteriores, mas ela nunca me disse que eu deveria imitar seu estilo ou algo assim, então eu não tentei. Mas suponho que, sendo a única referência de quadrinhos que eu tinha da série, deve ter me influenciado de algum modo. Eu também vi o episódio-piloto e também ajudou, principalmente com os personagens.

TB - Você era considerado artista "regular" ou "convidado" na série no momento do cancelamento?

Pulido - Acertamos de eu fazer duas edições, quando eu fiz a primeira eles me ofereceram outra, que eu aceitei. Então a série foi cancelada e eu fiz apenas as duas edições mesmo.

TB - Como você se sentiu com o cancelamento e os problemas que a Marvel enfrentava na época?

Pulido - Eu supus que fosse uma coisa usual, e, sobre o que estava acontecendo, a verdade é que você nunca sabe do que está acontecendo nas editoras em momento algum, então por que ficar pensando muito sobre isso?

TB - Falando de sua abordagem no projeto, você tinha traços muito distintivos, comparados aos seus predecessores em "Early Voyages". Seus desenhos eram muito mais expressivos, limpos e quase caricaturais. Isso era só o seu estilo como artista ou fruto de uma escolha intencional, baseada no que você achava que a aparência da série deveria ser?

Pulido - Acho que foram as duas coisas, eu peguei as coisas que eles me deram e tentei adaptar o meu estilo o melhor que pude. Uma das coisas importantes era que os personagens deveriam ser reconhecíveis e tão similares aos atores do piloto quanto possível. Eu me lembro que tive de fazer um par de desenhos do Spock para serem aprovados pelo Nimoy, segundo eles me disseram.

TB - Acho que seus desenhos eram melhores que os de Zircher e os de Collings quando os personagens estavam em cena, mas perdiam muito quando se tratava de cenas espaciais, com naves em vez de pessoas no foco. Foi intencional, para dar aos personagens maior importância e valor na história?

Pulido - Obrigado pelo elogio. Não, aquele efeito que você viu não foi deliberado, acho que talvez eu me sentisse mais confortável com a parte humana.

TB - Você não parecia particularmente atraído por desenhos de máquinas. A Enterprise, por exemplo, estava muito simplista em sua versão. Outro ilustrado com quem eu falei disse ter se divertido muito com a chance de desenhar a Enterprise. Você não estava interessado em recriar a nave?

Pulido - Eu nunca tive nada a ver com Jornada nas Estrelas, acho que nunca tive sentimentos por desenhar a Enterprise ou coisas do tipo. De fato, me lembro de pensar que a disposição dos elementos, com o capitão sentado no centro e o resto da tripulação em torno dele, era um pouco estranha, incomum.

TB - Um desenhista tem algum input no roteiro, quando ele acha que algo não funciona no que diz respeito a desenhar coisas? Você teve alguma influência, nesse sentido, em "Early Voyages"?

Pulido - Talvez, algumas vezes, se vejo algo que acho que não funciona visualmente, eu vou falar com o editor. Não me lembro desse tipo de coisa em "Early Voyages".

TB - No que você está trabalhando agora?

Pulido - Acabei uma Graphic Novel para a Vertigo, "Human Target: Final Cut", que acabou de ser publicada. Agora estou dando um tempo.

TB - Mais alguma coisa que você gostaria de dizer?

Pulido - Espero que os fãs de Jornada nas Estrelas tenham gostado de meu trabalho na série "Early Voyages". Foi meu primeiro trabalho na indústria americana e eu pus muita ilusão e esforço lá. Se alguém quiser dar uma olhada em alguns de meus outros trabalhos, acho que o "Human Target" é um bom trabalho, e eu também fiz a minissérie "Robin: Year One" para a DC.