Data Estelar: 2396.6
Data Terrestre: 2254
Sinopse:
O disparo da arma Tol Par-Doj causou sérios
danos à Enterprise, incluindo a queda de seus escudos. Indefesa,
a nave sofreu uma abordagem pelos Vulcanos rebeldes, liderados
pelo comandante Tagok. Os tripulantes resistem bravamente à
invasão, conseguindo contê-la, a custo de cinco mortos e 29
feridos.
Antes que a Cortez pudesse novamente voltar
a atacar --o que seria fatal para a Enterprise--, a Número Um
instruiu José Tyler a baixar os escudos da nave adversária
remotamente. Mohindas então disparou torpedos fotônicos contra a
Cortez, desativando seu sistema de gravidade artificial. Enquanto
os Vulcanos tentam contornar os danos, a equipe sênior da
Enterprise se reúne para debater uma saída da presente crise.
Enquanto isso, Pike e seu grupo de descida
são mais prisioneiros do que "convidados". T'Kell
revela a ele que pretende usar a Enterprise para a fuga de seus
comandados, depois que uma antiga arma Vulcana até então nunca
construída, a Vorl-Tak, destruir a Cortez e, junto com ela, seus
inimigos rebeldes. Spock conta a Pike do que se trata a Vorl-Tak
--uma arma que usa a força gravitacional de um planeta como
amplificadora de poderes psiônicos. Ela não só é devastadora
contra quem é usada, como causa o colapso do próprio planeta em
que está instalada. T'Kell quer dispará-la contra a Cortez. Caso
não atinja o alvo, mesmo assim o planeta será destruído,
acabando com as intenções de Tagok e seus subordinados de
permanecerem por lá.
Spock tenta dissuadir T'Kell de usar esse
recurso, argumentando que o equipamento poderia ser desmontado
para a construção de uma nave que levasse seu povo para fora de
lá. A matriarca está irrelutante. Ela ordena o disparo, que faz
a Cortez em mil pedaços. Enquanto isso, Pike volta à Enterprise
em sua nave auxiliar, para preparar o resgate do povo de T'Kell,
acordo que ele aceitou à base de chantagem.
O planeta está se desfazendo, o povo de T'Kell
está morrendo, e a interferência impede o teleporte do grupo de
descida da Enterprise de volta à nave. Pike ordena que a
Enterprise entre na atmosfera, para que seja atingido o limite de
alcance do transporte naquelas condições. Os membros do grupo de
descida são resgatados, mas nada se pode fazer pelos Vulcanos.
Enquanto a Enterprise se recupera do
incidente, Spock decide que os Vulcanos estão melhores sem
emoções devastadoras. Em razão disso, ele inicia um processo
para eliminar o que ainda resta de seu lado humano.
Comentários
Se a primeira parte da história deu
alimento ao personagem Spock, a segunda parte é ainda mais
contundente. Ela explica de forma clara o porquê de o Spock de "The
Cage" ainda apresentar vários traços de seu lado
humano, sorrindo no planeta e gritando a bordo da nave, enquanto
sua versão posterior, vista durante a Série Clássica,
ser muito mais austera e livre de emoções. Segundo "Early
Voyages", acabamos de ver o episódio que iniciou esse
ódio interno de Spock por seu lado humano.
Tirando esse grande arco para o único
personagem realmente conhecido da série, não há grandes
destaques. A história é em geral um pouco mais forçada do que
deveria, com armas Vulcanas tão devastadoras que chegam às
beiras do inacreditável.
A estratégia de baixar remotamente os
escudos da Cortez pode ter sido uma novidade para a tripulação
da Enterprise em 2254 --mas para os fãs de Jornada, já é
conhecida desde 1982, quando foi usada por Kirk em "A Ira
de Khan". E se no filme a manobra parece inovadora e
brilhante, aqui é mostrada de forma corriqueira e pouco
emocionante. Faltou criatividade.
Essa segunda parte é mais voltada para
ação do que para os personagens, diferentemente do que aconteceu
na primeira parte. Aqui temos boas sequências de adrenalina, como
a abordagem da Enterprise e a batalha espacial, que dão o tom do
enredo. Entretanto, temos algumas frases muito bem escritas, como
o momento em que a Número Um diz que "ninguém bagunça
minha nave no meu turno", ou Spock relata a Pike que
"minha perspectiva nisso não é diferente do que a sua seria
se tívessemos descoberto uma colônia dos guerreiros eugênicos
de Khan ou dos nazistas de Hitler".
A arte continua excelente como de costume,
mas dessa vez apresenta um 'blooper': numa das cenas, a Enterprise
claramente apresenta o código de registro "NCC 1707"!
Apesar do excesso de complicação, a
história não chega a se perder em nenhum momento e não deixa
muitos nós desatados, embora a má vontade de Pike em não salvar
os Vulcanos emotivos quando a Enterprise parte em resgate do grupo
de descida seja um pouco incômoda.