MANCHETE
DO EPISÓDIO
Episódio
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Data Estelar:
3451.9.
Kirk lidera uma equipe em uma expedição a um planeta que parece
ser um paraíso tropical no sistema Gama Trianguli VI, entretanto ocorrências
desastrosas começam a acontecer, como o surgimento de plantas venenosas, explosões
inexplicáveis, e mudanças climáticas imprevisíveis, matando os homens da
tripulação, um a um. Ao mesmo tempo a Enterprise, em órbita, começa a sofrer
uma estranha perda de potencia que Scotty não consegue explicar. Ainda assim o
grupo fica em terra conduzindo as pesquisas de superfície. Eles percebem que
estão sendo observados, mas não conseguem identificar por quem.
Pouco tempo depois Scotty
informa que a situação na Enterprise vai piorando, deixando Kirk preocupado. O
engenheiro afirma ter identificado algum tipo de feixe de energia vindo da
superfície em direção a nave, mas não consegue definir exatamente como.
Pouco tempo depois Spock á atingido por espinhos venenosos ao se colocar na
frente de Kirk quando uma das plantas tenta atacá-lo.
Kirk decide voltar, mas o
transporte não consegue tirar o grupo do planeta, deixando o grupo ilhado.
Apesar disto, Spock volta a si e Kirk decide tentar descobrir o que está
interferindo com o funcionamento da Enterprise, porem mais duas mortes
acontecem, deixando Kirk transtornado.
Nesta hora Spock percebe que o
observador oculto está de volta. Eles criam uma distração e conseguem
surpreender o observador, que descobrem se chamar Akuta, o sacerdote de Vaal.
Segundo Akuta, Vaal é uma espécie de Deus, que controla tudo no planeta e
prove os recursos necessários a existência de seu povo. Akuta tem aparelhos
implantados que permitem que Vaal se comunique com as pessoas através dele.
A condição da Enterprise se
deteriora, sem que Spock possa fazer nada para interromper a perda de Energia, o
que fará que a Enterprise caia no planeta em dezesseis horas, o que o torna
ainda mais urgente encontrar o que quer que esteja causando o fenômeno.
Akuta concorda em levar o grupo até Vaal, e eles descobrem que este é
uma maquina provavelmente alienígena. O mecanismo, que se encontra cercado por
algum tipo de campo de força,.parece ser a causa dos problemas da Enterprise,
sendo capaz de transformar a matéria das oferendas trazidas pelo povo do
planeta em energia da qual se alimenta.
Uma vez que a condição não
permitia nenhuma ação de momento, o grupo se retira para a aldeia do povo de
Vaal. Lá eles começam a descobrir que eles vivem com marionetes. Eles são
protegidos por Vaal, mas trata de prover todas as necessidades das pessoas,
controlando tudo na planeta, desde prevenção de doenças até mesmo as variáveis
ambientais, impedindo até contato físico entre eles.
Enquanto aguardam uma chance
para agir, o grupo da Frota Estelar inicia um debate sobre a forma como Vaal
controla aquelas pessoas. Com a situação da nave cada vez pior Kirk esta
disposto a destruir Vaal mesmo que isto custe interferir na vida dos habitantes
locais.
Pouco tempo depois, um casal
nativo assiste Chekov e a ordenança Marta se beijarem e embora achem estranho,
experimentam fazer o mesmo. A experiência não passa desapercebida por Akuta, e
por extensão por Vaal, que decide que o grupo da Enterprise deve morrer. Vaal
fornece o conhecimento ao nativos para executar a tarefa, mas estes falham,
embora tenham causado mais uma baixa no grupo avançado.
Scotty realiza uma ultima tentativa de
salvar a nave, mas falha, então Kirk ordena que ele dispare os fasers contra
Vaal, que parece enfraquecido. O ataque tem sucesso e Vaal é destruído. Os
nativos se mostram totalmente desorientados com a nova situação, mas Kirk
os
encoraja, e coloca a Frota Estelar a disposição para ajudá-los, e após a
conclusão dos reparos o grupo deixa o planeta e a Enterprise segue seu caminho.
Comentários:
Diz o velho ditado que de boas
intenções o inferno está cheio. Se isto é verdade, “The
Apple” é um bom exemplo disto. O segmento tenta abrir uma vez mais a
discussão (recorrente em Jornada)
“Homem x Maquina”, mas consegue apenas ser um episodio desajeitado. A começar
pelo argumento reciclado de “The Return
of the Archons”, entre outros, onde
um computador também dirigia o destino das pessoas.
Uma vez mais Jornada
nas Estrelas finca sua bandeira no tema da substituição do homem pela
maquina, e mais, defende desesperadamente o direito do homem a liberdade de
escolha. O contra censo é que Kirk e McCoy desejam de qualquer maneira impor
este direito de escolha ao povo do planeta que mal conhecem, a partir do seu (pré)
conceito de que o paraíso de Vaal é
vazio, uma vez que seu povo é desprovido de propósito.
Vaal
é como um Deus para os simples habitantes deste planeta. Por algum motivo,
a maquina foi deixada com a missão de proteger aqueles seres de agentes
externos, e por muito tempo, isto foi feito com sucesso. Vaal
manteve aquelas pessoas em segurança, saudáveis, alimentadas e longe dos
perigos de seu planeta. O preço disto é a ignorância, que os membros da Frota
Estelar chamam de “estagnação”.
O que tenta fazer este segmento
diferente é o tema da procura do paraíso. Não que este seja novidade, pois
isto também é recorrente em Jornada,
mas nunca a analogia foi tão obvia. A questão aqui não é se o paraíso
existe ou não, mas o que é o paraíso? Vamos descobrir que esta definição
varia muito, dependendo da percepção que se tenha do assunto. Para Chekov, por
exemple, o Jardim do Éden é logo saída de Moscou.
Pode um homem ser governado por
uma maquina? Que tipo de sociedade surgirá deste tipo de associação? Terá
esta maquina condições reais de gerir a vida destes seres humanos? E se isto
fosse possível, poderia Kirk, ou a Federação ter o direito de decidir por
aquelas pessoas, a partir de sue conceito do que é certo ou errado? Tais
questionamentos são sugeridos, mas logo abandonados. Estrategicamente a
Enterprise é colocada em perigo, não dando a Kirk outra opção senão
destruir Vaal, para poder salvar a
nave, situação que sepulta todo o debate de forma abrupta.
Muitos (como Spock) se
perguntam de que vale a primeira diretriz ? Não muito. Apesar de fãs de
Jornada nas Estrelas passarem anos discutindo a tão falada lei máxima da
Federação dos Planetas Unidos, pelo menos na Série
Clássica tal lei nunca foi levada muito a sério e “The
Apple” é um mais exemplo disto, onde novamente vez Kirk chuta a lei máxima
da Federação sem reservas.
De forma intencional ou não, o
segmento abre uma outra perspectiva de leitura. Fica claro que existe um culto a
Vaal, e mostrar Akuta
como um sacerdote só reforça esta idéia. Pela lógica do segmento, tal
influencia é negativa. Impossível não fazer um paralelo com o pensamento de
muitas pessoas de que a religião pode ser usada como uma forma de controlar as
pessoas. Vaal mantêm o povo na ignorância
e ao mesmo tempo se apresenta como Deus,
tornando fácil a tarefa de mantê-los dentro daquilo que se considera certo,
pelo menos para os padrões de quem construiu Vaal.
A metáfora do “paraíso” só
complementa esta idéia. Por este prisma, o culto a Vaal
(a religião) tornou os habitantes daquele planeta (uma representação da
humanidade) pessoas sem propósito, incapazes de realizar algo por elas próprias,
logo é necessário se livrar de Vaal
para progredir, é necessário provar a maça, e deixar o paraíso. Karl Marx
dizia que “ A igreja é o ópio do povo”,
e sendo Roddenberry ateu, é bem provável que o “grande passaro da galáxia”
tivesse o mesmo pensamento.
A favor da trama, a de se dizer
que estas questões não passaram desapercebidas por seus mentores. Ao longo do
segmento Spock está sempre lá, ora ao lembrar a Kirk a diretriz de não
interferência ou ao tentar mostrar uma visão diferente e favorável da situação
dos locais, mas tal ação é feita de forma muito pontual, resultando em pouco
suporte para tornar tais momentos realmente importantes. Por fim, a discussão
entre Spock e McCoy tenta enfiar goela abaixo algum tipo de significado filosófico
no debate, que tem até algum sentido, mas não encontra eco no conjunto do
episodio.
“The Apple” fracassa por justamente por propor demais e realizar
quase nada. O tema (ou temas) que poderiam ser tratadas aqui são levados de
forma ingênua e superficial, e no fim do episodio, a conclusão simplista está
longe de atingir e considerar de forma mais correta as suas implicações. Kirk
e sua tripulação uma vez mais interferiram na vida da sociedade que
encontraram, de forma aguda e significativa. Onde fica a responsabilidade sobre
isto ?
Outros detalhes se somam para
atrapalhar o andamento do episodio. Primeiro, ele tem gosto de comida
requentada, pois os temas abordados aqui já p foram em outras ocasiões, como o
já citado “The Return of the Archons”, ou em “Court Martial”,
“A Taste of Armageddon”, “This Side of Paradise”, entre outros.
Segundo, por “The
Apple”, abusa em reunir uma série de clichês da Série Clássica, como as mortes idiotas dos red shirts, tratadas
com a sensibilidade de um rinoceronte, o
descaso com preparativos de segurança mínimos para uma missão a um planeta
desconhecido, e hostil (é ridículo ver aquele grupo de pessoas andando por um
lugar estranho e potencialmente perigoso como se fossem crianças em um
piquenique), o capitão, o primeiro oficial e medico da nave fazendo parte de um
grupo avançado,etc, etc.
Nem
os temas recorrentes e nem as situações citadas antes causam estranheza a quem
acompanha a série, mas o excesso, agrupados em um mesmo espaço, em período tão
curto, aliados a cenas vexatórias como o namorico de Chekov e da alferes Landon
(Celeste Yarnall), os cenários pobres excesso, situações forçadas,
como por exemplo, o fato de ninguém
pensar em usar uma nave auxiliar para buscar o povo em terra quando o.
transporte parou de funcionar, aliados a uma trama mal elaborada e mal
conduzida, fazem um estrago enorme na tentativa do enredo de funcionar.
Citações:
Spock: "Doctor
McCoy's potion is acting like all his potions -- turning my stomach. Other
than that, I am quite well."
("A
poção do Doutor McCoy está agindo como todas as poções: revirando meu
estomago. Fora isto, eu estou bem.") Kirk:
"You'll
learn something about men and women -the way they're supposed to be. Caring for
each other, being happy with each other, being good to each other. That's what
we call love. You'll like that a lot."
("Você
aprenderá algo sobre homens e mulheres – do jeito que tem que ser.
Importando-se um com o outro sendo felizes um com o outro. O que nos chamamos de
amor. Você irá gostar muito.") McCoy:
"There
are certain absolutes, Mister Spock, and one of them is the right of humanoids
to a free and unchained environment. The right to have conditions which permit
growth."
("Há
certos determinantes absolutos, senhor Spock, e um deles é o direito dos humanóides
a um ambiente livre e não acorrentado. O direito a ter condições que
permitem o crescimento.")
Spock:
"Another
is their right to choose that system which seems to work best for them."
("Outro
é seu direito a escolher o sistema que funciona melhor para eles.") Kirk:
"You'll
learn to care for yourselves, with our help. And there's no trick to putting
fruit on trees; you might even enjoy it. You'll learn to build for yourselves,
think for yourselves, and what you create is yours. That's what we call freedom.
You'll like it. A lot."
("Vocês
aprenderão a importar-se com vocês mesmos, com a nossa ajuda. E não há
nenhum truque a pôr a fruta sobre árvores; você pôde gostar disto. Vocês
aprenderão a construir por vocês mesmos, pensar
por vocês mesmos e tudo o que vocês criarem será seu. Isto é o que nós nos
chamamos liberdade. Você gostarão muito.") Kirk:
"Discard the warp drive nacelles if you have to and crack out of there with
the main section but get that ship out of there."
("Solte
as naceles de dobra, se precisar, a arranque fora a seção principal, mas tire
a minha nave daqui.") Trivia:
David Soul, que fez o papel de “Mekora”, viria a se tornar o popular "Hutch",
da série "Starsky
e Hutch.".
Outra
curiosidade a respeito de Soul é que o ator participou da serie de TV
"Here Come the Brides"
(1968-1970), conhecida no Brasil com “E
as Noivas Chegaram”, baseado no filme Sete noivas para Sete irmãos. Nessa série, Soul contracenou com Mark Lenard.
Ficha
técnica:
Escrito por Max Ehrlich
Direção de Joseph Pevney
Música de Gerald Fried
Exibido
em 13 de outubro de 1967
Produção: 38
Elenco:
William Shatner como James Tiberius
Kirk Leonard Nimoy como Spock DeForest Kelley
como Leonard H. McCoy Nichelle Nichols como Uhura George
Takei como Hikaru Sulu
Elenco convidado:
Keith Andes como Akuta
Celeste Yarnall como Martha Landon
Shari Nims como Sayana
David
Soul como Makora
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