MANCHETE
DO EPISÓDIO
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Data Estelar:
3451.9.
Enquanto
atende um pedido de socorro e tenta descobrir o motivo do desaparecimento de 4
milhões de pessoas, a Enterprise é repentinamente atacada por uma força
poderosa. Após sofrer um único disparo. Após o segundo disparo, Spock
consegue localizar a fonte de disparo e a Enterprise contra-ataca, sem efeito.
Ao
perceber que não conseguira derrotar o inimigo, Kirk tenta se comunicar com
ele, e surpreendentemente, o ataque cessa, e um sinal de comunicação é
enviado. Uhura identifica o sinal como um código interplanetário obsoleto. Uma
tentativa de tradução pelo computador da nave causa a sobrecarga, mas mesmo
assim entidade consegue informações suficientes para estabelecer comunicação.
Após
o contato, a ser é levado a bordo e a tripulação da nave descobre que se
trata de uma maquina, um tipo de sonda espacial que chama a si mesmo de
Nomad. Spock descobre através dos bancos de dados da Enterprise que
Nomad havia inicialmente sido construída por um cientista chamado, Jackson
Roykirk e lançado da Terra no fim do século XX com intenção de pesquisar
formas de vida alienígena, mas dada como destruída.
Spock
conclui que a sonda foi alterada de algum modo, tanto em forma quanto em
programação. Agora a sonda dotada de um poder imenso tem a missão de eliminar
formas de vida biológicas não perfeitas, segundo seu próprio julgamento.
Enquanto
Kirk, Spock e McCoy tentam descobrir o que fazer, Nomad, atraído pelo som da
voz de Uhura, que cantava através do Intercom, segue pela nave até chegar a
ponte. Kirk é informado por Scotty da presença do mecanismo na ponte. Nomad se
aproxima da tenente e começa a questioná-la sobre o significado da musica que
cantava. De repente o mecanismo inicia algum tipo de sondagem em uhura. Scotty
ao perceber isto, tenta impedi-lo, mas é repelido por uma descarga de energia e
cai morto na ponte. Uhura, embora viva, está em estado catatônico.
Nomad
percebe o desgosto de Kirk, a quem julga ser o criador devido a semelhança
entre os nomes do cientista e do capitão da Enterprise, e se oferece para
“reparar” a unidade. Com
algumas informações sobre anatomia do banco de dados da Enterprise, a sonda
consegue trazer Scotty de volta a vida. Uhura, porém se mostra além da
capacidade de “reparo” de Nomad, pois embora fisicamente bem, todo o seu
conhecimento foi apagado da sua memória.
Embora
Spock se mostre interessado em estudar Nomad, Kirk está decidido a incapacitá-lo
assim que possível., e manda Spock trabalhar em uma pesquisa sobre possíveis
pontos fracos do mecanismo. Quando Nomad se recusa a baixar suas defesas, Kirk
consegue fazê-lo mudar de opinião, deixando claro que Nomad o reconhece como
“criador”. Enquanto isto, Chappel trabalha na reeducação de Uhura, que tem
a constituição mental de uma criança.
Sem
sucesso em sua pesquisa, Spock tenta usar o “elo mental Vulcano” com Nomad.
apesar da quase matar o vulcano, o procedimento tem sucesso. Spock descobre que
a sonda Nomad original (projetada para procurar novas formas de vida) após
sofrer um acidente, encontrou uma sonda alienígena que tinha como missão
descobrir e esterilizar amostras de solo em outro planeta, com a qual se fundiu.
Após este processo, Nomad criou uma nova diretriz baseada na fusão das
diretrizes de ambos os equipamentos.
Sem
que Kirk e Spock saibam, Nomad
deixa a sala de detenção, matando os dois guardas de segurança e se dirige até
a engenharia, onde começa a fazer “reparos” na nave, levando a Enterprise a
uma velocidade que quase a desmonta. Kirk chega na hora e manda Nomad para com
os “reparos”.
Kirk
finalmente revela a Nomad que ele não é Jackson Roykirk, e manda que ele
retorne a segurança, mas a sonda dificuldade em compreender o que para ela é
uma inconsistência. Ele retorna a cela, mas dá a entender que pretende voltar
ao “ponto de lançamento”, provavelmente, a Terra, um lugar cheio de
unidades biológicas imperfeitas.
A
caminho da detenção, Nomad mata mais dois guardas e segue para a enfermaria,
onde segundo McCoy teria examinado o histórico medico de Kirk, o que lhe daria
elementos para concluir que ele não é o “criador”. Nomad volta a
engenharia e desabilita os sistemas de suporte de vida, com objetivo de matar a
tripulação sem danificar a nave. A sonda sabe agora que Kirk não é seu
criador, e não aceita mais as suas ordens.
Kirk
começa então um duelo de lógica com Nomad, e o convence de que a própria
sonda é imperfeita, convencendo-a de que deve se auto-esterilizar. Eles
aproveitam este momento para transportar o aparelho para o espaço, onde Nomad
finalmente cumpre sua programação e implementa sua autodestruição.
De
volta a ponte, Kirk é informado que Uhura está
recuperação e deve voltar ao trabalho em uma semana, e então a
Enterprise retoma seu curso. Comentários:
Déjà
vu. Desde que Jornada nas Estrelas – O
Filme, foi ao ar, a primeira sensação que se tem é de que já vimos isto
antes, não obstante o fato de “The
Changeling” ter ido ao ar muitos anos antes da primeira versão cinematográfica
de Jornada. Mas é só por isto que temos esta sensação. O dilema Homem x
Maquina ™ , mais uma vez é o tema do episodio, o que ajuda a sensação de
repetição.
O
que diferencia esta versão do tema é o mistério da origem de “Nomad”.
Inicialmente confundido com algum equipamento ou mesmo ser alienígena, a
descoberta de que o mecanismo é na verdade uma sonda de origem terrestre
alterada suscita outras questões: Como Nomad e a sonda alienígena conseguem se
reparar ? Como se fundiram e evoluíram? Pode um mecanismo evoluir ?
Porém,
tais questões jamais são aprofundadas durante o segmento, que opta por seguir
a linha “Como vamos nos livrar de Nomad, antes que ele nos destrua”, e deixa
para o espectador conjecturar (ou não) a respeito destas questões. Embora tal
opção exija por parte de quem assiste o episodio uma forte dose de suspensão
de descrença, talvez esta tenha sido uma escolha acertada, uma vez que seria
complicado tratar os temas anteriormente citados com correção no pouco tempo
de duração do episodio.
Outro
tema recorrente é o do poder absoluto. Nomad é um mecanismo de certa forma
avançado, capaz de tirar e dar a vida as “unidades biológicas”, claramente
excedendo sua programação e indo além do planejado pelo “criador”, mas
por outro lado é uma criança mentalmente falando. Sua lógica simples é fácil
de ser entendida, mas ele por outro lado não consegue ir além da compreensão
desta simples diretriz.
Nos
já ouvimos o clichê “Com grande poder vem grande responsabilidade” varias
vezes, e Jornada nas Estrelas varias
vezes viria tratar este tema. De fato, todo mundo lembra do episodio de estréia
da serie, “Where No Man Has Gone Before”,
onde Gary Mitchel passa a controlar imensos poderes e acaba sendo corrompido
por eles. Ou em “Charlie X”, onde
um ser humano, criado por alienígenas e também imensamente poderoso não
consegue se adaptar a vida entre seres humanos normais, ou em “The
Squire of Gothos” , etc, etc.
A
mitologia de Jornada das Estrelas
esta cheia destes exemplos, e não importa se homem, maquina ou alienigena, a
conclusão é sempre a mesma. Em The
Changeling” Nomad não pode se corromper, e tem uma pureza de propósito
genuinamente ingênua: Ele quer fazer o que acredita o que é certo, a diretriz
do criador, mas ele não consegue julgar as conseqüências de suas ações. Sua
capacidade de compreensão não evoluiu tanto quanto o seu poder, e o resultado
é tão perigoso quanto o que vimos em “Where
No Man Has Gone Before”, ou em qualquer um dos exemplos citados.
Entre
as proezas de que Nomad é capaz está a capacidade de trazer Scotty de volta a
vida, fato pouco explorada no episodio. Se a morte é algo incomum, o que dirá
a ressurreição, mas fora uma demonstração parca de espanto por parte dos
oficiais, muito pouco se pode colher da morte de Scotty, além demonstrar as
habilidades de Nomad, mas tal situação poderia ter sido melhor explorada.
Scotty volta como se nada tivesse acontecido, e eu me pergunto de McCoy
realmente explicou ao engenheiro o que aconteceu, na verdade.
Outra
coisa tão interessante quanto pouco explicada é o”elo-mental” de Spock com
Nomad. Eventualmente certas linhas do segmento fazem questão de não atribuir a
Nomad o status de forma de vida, então, como pode se estabelecer um elo mental
com uma maquina ?
O
segmento passa batido por esta questão, ignorando que Nomad embora seja
poderoso, não tem nada mais do que uma inteligência mecânica, e parece muito
quem da capacidade de ter uma “mente”, como o próprio episodio procura
estabelecer, de forma sutil quando Spock diz a McCoy que sua reação imprevisível
as emoções “Quase o qualifica como forma de vida”. “Quase” pode ser tão
perto quanto se queira ou tão longe quanto se precise, mas não deixa de ser
“quase”.
Tal
situação nada acrescenta a Spock ou ao episodio, e classificar a sua inteligência
mecânica rudimentar como “pensamento” passa um pouco dos limites. Seria
muito mais simples extrair as informações através do computador, o que teria
um nível de credibilidade maior do que o que foi proposto.
Porém,
o que mais chama a atenção no quesito “coisas estranhas” é a forma
encontrada para re-educar Uhura. A
visão de Chappel “ensinando” a tenente como faria como uma criança do
maternal é ridícula. Algo que poderia ser facilmente evitado.
Chegamos
ao final do episodio e mais uma vez Kirk salva o dia usando a sua esperteza e
derrotando o computador em seu próprio terreno, num duelo de lógica, usando a
própria programação de Nomad contra ele. Uma solução simplista, porém
neste caso até eficiente. Tendo Nomad demonstrado nenhuma capacidade de ir além
de sua programação (falamos da programação alterada após seu acidente, que
fique claro) é tendo ele se equivocado quanto a identidade do “criador”,
podemos aceitar tal situação sem muitos danos as nossas sinapses. Como disse
Spock, um excelente uso da lógica.
No fim de tudo, “The
Changeling” passa bem por um primeiro contato, mas não suporta muito bem
ser re-visitado, uma vez que sua formula depende muito do mistério de sua
origem. Uma vez desfeito este mistério, sobra muito pouco que se possa extrair
dele, deixando-o um pouco aborrecido. Citações:
Spock: “Esta unidade é uma
Mulher.”
Nomad: “Uma massa de impulsos em
conflito.”
Spock:
“Inteligência não requer necessariamente massa, senhor Scotty.”
Trivia:
A voz de Vic Perrin, que da vida a Nomad, esteve também presente em “The
Corbomite Maneuver” (Balok), “Arena”
(Metron e Gorn) e “Mirror, Mirror”
(Tharn). Figura carimbada na TV nas décadas de 60, 70 e 80, Perrin emprestou
sua voz varias vezes a diversos personagem, porem um de seus trabalhos mais
marcantes foi com a introdução da serie “The
Outer Limits” original. Ele faleceu em 1989.
A musica que Uhura canta neste episodio foi escrita por Wilbur Hatch e se
chama “Beyond Antares”.
Em “Dead Stop” (Enterprise) encontramos um modelo da sonda Nomad no alojamento de
Travis Mayweather.
John
Meredyth Lucas, autor da historia, esteve envolvido em diversos projetos
relacionados a ficção cientifica. Alguns
exemplos são Logan's
Run , The Six Million Dollar Man e The
Starlost como escritor, Planet of the
Apes (1974), The Six Million Dollar
Man e The Invaders como Diretor. Em
Jornada, Lucas esteve envolvido como escritor, diretor e produtor.
Ficha
técnica:
Escrito por John
Meredyth Lucas
Direção de Marc Daniels
Musica de Fred Steiner
Exibido em 29/09/1967 Produção: 37
Elenco:
William Shatner como James Tiberius
Kirk Leonard Nimoy como Spock DeForest Kelley
como Leonard H. McCoy Nichelle Nichols como Uhura George
Takei como Hikaru Sulu Elenco convidado:
Blaisdell Makee como Mr. Singh
Vic
Perrin como voz de Nomad
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