A USS Enterprise
esta a caminho da colônia Beta 6 com um carregamento de suprimentos
quando subitamente os sensores passam a indicar a presença de um
planeta não mapeado próximo ao curso da nave. Spock estranha a ausência
deste dado nos registros da nave, mas Kirk lembra que não há tempo
para investigações devido a urgência para entrega das provisões
em Beta 6.
Kirk manda que
Uhura notifique a Frota Estelar a descoberta, mas esta reporta forte
interferência nas comunicações, interferência que suspeita estar
sendo causada pelo planeta recém descoberto. Kirk manda sulu mudar
o curso para distanciar-se do planeta, mas enquanto tenta fazê-lo
subitamente desaparece da ponte. Logo em seguida é Kirk quem
desaparece. Spock coloca a nave em alerta.
A Enterprise
permanece em órbita do planeta misterioso, e Spock conduz uma busca
em toda a nave e na superfície do planeta usando os instrumentos da
Enterprise, mas após quatro horas nenhum sinal de Kirk ou Sulu é
encontrado, o que leva o tenente DeSalle a pedir permissão para
levar um grupo de desembarque a superfície, no que imediatamente
apoiada por McCoy.
Spock entretanto
esta preocupado com a segurança dos membros da tripulação, pois
as informações coletadas pelos sensores informar que as condições
na superfície são extremamente nocivas a vida humana, condições
estas que incluem ausência de vegetação, solo estéril,
temperaturas extremamente elevadas, atmosfera tóxica, tempestades
de tornados e erupções vulcânicas.
Enquanto se discute
qual ação a ser tomada, Uhura recebe uma mensagem incomum em uma
dos seus monitores : "Greetings...and felicitations.".
Intriga, spock manda Uhura enviar uma mensagem destinada a superfície
do planeta solicitando alguma identificação, provavelmente
esperando que quem mandou a primeira mensagem recebe-se a comunicação
da Enterprise. Como resposta uma reposta ainda mais intrigante
apareceu no monitor : "Hip-hip...hoorah" e “tallyho”.
Apesar de
zombeteira, a mensagem aponta a existência de algum tipo de forma
de vida na superfície, o faz Spock decidir-se por mandar um grupo
investigar. Scott pede para ser incluído neste grupo mas Spock
nega, sob alegação de que o engenheiro não pode ser substituído
em suas funções. A mesma alegação vale para o próprio Spock,
que decide por enviar Desalle, McCoy e o geofísico Jaeger. O grupo
é transportado para as coordenadas de onde foram enviadas as
mensagens com ordens de estabelecer comunicação com a nave assim
que chegarem à superfície.
Mas assim que o
grupo é materializado, eles se vêem em um ambiente agradável e
confortável totalmente adequado a sua sobrevivência, em total
contraste com as leituras feitas em órbita. Apesar disto eles não
conseguem estabelecer comunicações de forma alguma com a nave.
Enquanto procuram um melhor local para tentar estabelecer contato, o
grupo encontra uma estrutura similar a entrada de um antigo castelo
medieval.
Eles movem-se para
investigar a estrutura,
e em seu interior encontram uma decoração idêntica a da Terra, do
período napoleônico. Também encontram Kirk e Sulu, paralisados
como estatuas de cera, porém vivos. Subitamente eles ouvem uma
musica e quando se voltam para a fonte de tal som se deparam com um
homem vestido em trajes do exercito francês do século XVIII
tocando uma espécie de piano. Este dá as boas vindas ao grupo e
desperta Kirk e Sulu de seu sono forçado com um simples gesto de mão.
A pedido do capitão, que parece ignorar os eventos desde seu
desaparecimento, McCoy resume os fatos das ultimas quatros horas.
O anfitrião
informar que eles estão no planeta Ghotos, e pede desculpas pela
forma como foram levados ali, mas que ele não pode resistir ao vê-los
passando. Kirk se identifica como capitão da nave e após
novas felicitações de seu anfitrião, este se identifica como
General Trelane, parecendo sempre muito solicito e cordial,
entretanto DeSalle lembra a Kirk que eles estão presos, sem
comunicação com a nave.
Ignorando as
preocupações de DeSalle, Trelane parece surpreso com o fato dos
humanos poderem viajar pelo espaço, o que não estaria de acordo
com suas “observações”. Jaeger percebe que a decoração do
lugar lembra um período histórico de cerca de 900 anos, segundo
seus cálculos, o período que alguém poderia enxergar olhando para
a Terra daquele ponto do espaço. Tal conclusão aborrece Trelane,
por ter sido este incapaz de recriar um ambiente familiar a seus
convidados forçados.
Trelane insiste na
tese de que são todos convidados de seu pequeno império e que
deseja discutir com estes as campanhas de conquista da Terra,
aparentemente tendo como referência o período da expansão Militar
Francesa sobre a Europa conduzida por Napoleão. Apesar do esforço
de Kirk para mostrar a Trelane a missão atual da Enterprise e de
exploração cientifica pacifica, este permanece fixado no propósito
de estudar a beligerância da Terra.
Quando DeSalle
tenta usar o faser contra Trelane, Kirk lembra a este para que use a
arma em modo tonteio, Trelane identifica o nome do navegador da Enterprise como sendo de origem
francesa, inclusive falando algumas palavras em Francês. Tal origem
é confirmada por DeSalle que informa ter ancestrais nascidos neste
pais, o que faz Trelane declarar sua admiração por Napoleão
Bonaparte.
Kirk estende então
as apresentações ao restante do grupo, Sulu, McCoy e Karl Jaeger.
Trelane identifica a origem alemã deste ultimo, inclusive falando
com ele também nesta língua. Jaeger afirma a Trelane ser um
cientista e não um militar, afirmação posta em duvida pelo
anfitrião. Pensando que Trelane estivesse distraído DeSalle tenta
usar o fazer contra ele, mas é paralisado antes que possa disparar.
Trelane pega o
faser de DeSalle, rapidamente descobrindo como a mesma funciona e
como esta pode ser mortal as disparar com carga máxima em algumas
das estatuas que “enfeitavam” o lugar, provocando neste um tipo
de admiração. Kirk toma de volta a arma temendo que Trelane possa
querer testá-la em algum dos membros de sua equipe.
Trelane deixa
transparecer não ser esta sua intenção, e diz que a reação de
Kirk era esperada, uma vez que a reação de todo o humano frente ao
desconhecido é o temê-lo. Ele antecipa o desejo de Kirk de saber
como Trelane criou todo aquele ambiente, e diz que seu povo criou um
dispositivo que permite o controle da matéria, transformado-a em
qualquer coisa que queiram.
Kirk continua a
questionar Trelane, que começa a ficar entediado com tal
comportamento, e quando Kirk ameaça ir embora Trelane diz que
precisará dar a este uma demonstração de sua autoridade.
Com um gesto ele faz o capitão da Enterprise desaparecer,
para ser colocado em um lugar com ambiente irrespirável. Segundos
depois Trelane trás Kirk de volta, e diz a este que o lugar onde
esteve era um exemplo da real atmosfera do planeta, longe de sua
influencia. Trelane ameaça ficar mais “bravo” caso seus
convidados não se “comportem”.
A bordo da
Enterprise Spock e Scott conseguem alterar o equipamento da nave
permitindo que eles identifiquem uma pequena área estável o
suficiente para permitir a sobrevivência do grupo de desembarque.
Ele planeja focalizar qualquer forma de vida detectável nesta área
para bordo, imaginando que caso os membros do grupo estejam vivos, só
poderiam estar ali.
De volta a Ghotos,
Trelane está discursando para uma platéia pouco atenta sobre períodos
violentos da Historia humana, enquanto seus “hospedes” estão
mais interessados em discutir entre si a origem de Trelane, e seu
propósito uma vez que as leituras do tricorder de McCoy não
registram a presença dele, de forma alguma.
Jaeger percebe que
o fogo da lareira está aceso e queimando, mas não emite calor
algum. Kirk junta este fato aos enganos cometidos por Trelane quanto
a ao período histórico da Terra atual para concluir que Trelane,
apesar do poder que tem, é passível de muitos enganos, o que lhe
da a esperança de poder usar isto de alguma forma para livrar-se de
seu anfitrião indesejável. Trelane percebe que estão comentando
sobre ele, mas isto o deixa animado, ao invés de aborrecê-lo.
Kirk tenta convencê-lo
a libertá-los mas Trelane não demonstra ter tal intenção. Ele
diz a Kirk que estava muito “aborrecido” antes que Kirk e seu
grupo chegassem e que eles devem ficar. Kirk
insiste, e enquanto tenta convencer Trelane deixa escapar que
existem mulheres a bordo da Enterprise, fato que o deixa surpreso e
satisfeito. Ele faz menção de trazer algumas mulheres para a
superfície, mas antes que possa acontecer, o grupo recebe um sinal
de transporte da nave, indicando que Spock conseguiu romper a
barreira de impedia sua localização. O grupo desmaterializa-se sob
os protestos de Trelane.
A bordo da
Enterprise Kirk pergunta a Spock como este foi capaz de localizá-lo
na superfície, e Spock responde que simplesmente mandou trazer
todas as formas de vida localizadas naquela área. Como Trelane não
foi transportado McCoy conclui que este não é uma forma de vida
conforme eles suspeitavam.
Na ponte, Kirk
ordena partida imediata, mas antes que isto possa ser feito Trelane
aparece na ponte da nave, perguntando a Kirk por suas armas e
querendo saber quem era Spock, responsável pela fuga do grupo de
desembarque, fato que o teria aborrecido. Quando Spock se identifica
Trelane espanta-se pelo fato dele não ser humano.
Trelane leva o
grupo de volta a Ghotos para um “jantar”, incluindo desta vez
Spock, Uhura e a ordenança Teresa Ross, as quais passa a galantear,
isto após mais uma tentativa de ataque de DeSalle a Trelane ser
impedida por este sem nenhum esforço. Não há represálias, mas
Trelane ameaça mais uma vez não ser tão indulgente, caso eles
continuem sendo “mal comportados”.
Apesar disto Spock
mais uma vez deixa claro a Trelane que se compraz nas atitudes de
Trelane. Este ao invés de se irritar com o Vulcano exulta em ver
como Spock se opõe a ele, atribuindo tal a fato a parte humana de
Spock. Trelane faz com Uhura agora toque o seu o piano enquanto dança
com a ordenança Ross.
Enquanto isto o
grupo volta a discutir o que fazer e como se livrar do incomodo
anfitrião. Diante dos poderes de Trelane Kirk decidi aceitar a
“hospitalidade” de Trelane até que eles consigam um modo de
escapar. McCoy reclama que a comida servida por Trelane não tem
gosto, o que Spock encara como sendo algo esperado, uma vez que este
conhece a Terra somente por observação, mas que não tem nenhuma
experiência real sobre ela.
Eles mais uma vez
concluem que Trelane é poderoso mas falível o que pode ser usado
contra ele. Spock conclui também que deve haver alguma espécie de
máquina que permita a Trelane fazer suas “mágicas”. Enquanto
isto o jovem general providencia uma nova vestimenta para a ordenança
Ross, um lindo vestido medieval.
Spock suspeita, e
Kirk concorda, que talvez o enorme espelho pendurado na sala, e do
qual Trelane está sempre perto, possa ter algo a ver com este
suposto dispositivo. Ambos acreditam que o equipamento que permite a
Trelane seu controle dentro da sala onde eles estão é independente
do equipamento que mantém a atmosfera externa do planeta
controlada. Kirk, acreditando que pode tirar proveito do
comportamento imaturo de Trelane para de alguma forma ludibriá-lo
inicia parte de um estratagema neste sentido.
Subitamente o capitão
começa uma discussão com Trelane, causada por ciúmes da ordenança
Ross. Após esta breve discussão, Trelane, exultante se auto
desafia para um duelo de morte com Kirk. Momentos depois todo o
grupo de desembarque esta prestes a assistir Kirk e Trelane lutando
em um duelo de armas mortal.
Trelane reclama o
direito do primeiro tiro para si, mas Kirk diz que ambos devem
atirar juntos. Trelane insiste mais uma vez com ameaças, fazendo
capitão ceder, entretanto, Trelane erra o tiro propositalmente
disparando sua arma para ao alto e se colocando a seguir
a mercê de Kirk.
Este atira, mas não
em Trelane e sim no espelho que julgava ser a fonte do seu poder. O
tiro parece causar o efeito esperado, destruindo o espelho e
causando uma série de problemas ao ambiente e cessando a interferência
que impedia o contato com a nave. O grupo vai embora sob ameaças de
Trelane que mataria a todos, especialmente a Kirk.
O grupo chega a
Enterprise e esta deixa órbita imediatamente, mas quando pareciam
estar livres novamente a nave se vê frente ao planeta Ghotos.
Trelane, de alguma forma, trouxe o planeta inteiro a frente da nave.
Nenhuma ação evasiva tem sucesso, pois o planeta literalmente muda
de posição acompanhando cada mudança de curso de Sulu. Kirk
desiste, manda Sulu colocar a nave em órbita e se prepara para
descer ao planeta novamente, sob os protestos de McCoy. Ele deixa
ordens para que a nave vá embora caso ele não volte em uma hora.
Ao descer Kirk
encontra desta vez o cenário de um tribunal, tendo como juiz nenhum
outro senão o próprio Trelane, que esta disposto a seguir com seus
jogos e avisa a Kirk que desta vez seus instrumentos são indestrutíveis.
O capitão pede para Trelane canalize sua raiva nele somente, pois
ele era o líder e que deixa a nave seguir, mas Trelane não parece
disposto a aceitar tal proposta, além de condenar Kirk à forca.
O tempo passa e
Spock está prestes a ter que deixar a órbita de Ghotos sem Kirk.
Enquanto Trelane encerra o julgamento de Kirk radiante por ter,
segundo ele próprio, conseguido ficar genuinamente enfurecido.
Embora Trelane tenha deixado a idéia de que tudo era uma espécie
de experiência, ele continua firme em seu propósito de enforcar
Kirk, enforcamento do qual pretende ser o carrasco.
Kirk tenta então
convencer Trelane a aceitar um desafio “real”, manipulando-o
para que este aceite a
proposta de Kirk. Este se oferece para ser a presa de Trelane em uma
caçada, o que lhe daria uma real diversão, e em troca a Enterprise
estaria livre para partir. Trelane diz aceitar mas não oferece
condições para Kirk informe a Spock que pode partir.
Do lado de fora da
estrutura, na floresta, o capitão da Enterprise faz o que pode para
se manter longe do quase onipresente perseguidor, mas não demora
muito para ser encurralado, principalmente por que Trelane não
hesita nenhum segundo em usar seus truque para impedir que Kirk
tenha alguma chance, e deixa claro que não pretende libertar os
outros.
Com kirk preso
entre grades sem ter por onde escapar, e com uma espada apontada em
sua direção, Trelane se conclama vencedor do jogo, mas Kirk
refuta, afirmando que Trelane não vencer nada, por ter usado seus
truques mais uma vez, trapaceando. Num ato de ira, o capitão toma a
espada de Trelane e a quebra, incrivelmente Trelane fica brevemente
desnorteado, então Kirk o esbofeteia, deixando-o mais zangado
ainda, porem sem ação.
Mas apesar disto
Trelane não dá mostras que vá ceder aos subterfúgios de Kirk
desta vez. É quando uma voz feminina surge chamando por Trelane,
voz que ele reconhece, chamando de “Mãe”. Em seguida uma voz
masculina ecoa, a voz do “pai” de Trelane. Ambas as criaturas
aparecem em forma de energia pura, passando uma reprimenda no filho.
Ao final de tudo era exatamente isto que Trelane era, um garoto
desobediente brincando em seu parque de diversões particular.
O “casal” passa
um “pito” no menino reclamão, e Kirk ainda sofre da indignidade
de ser comparada a um animal de estimação. Mas pelo menos durante
o sermão a Trelane, é dito que eles (os humanos) têm “espírito”
e que são superiores. Sobre protestos, o “menino” é retirado
do local, sendo possivelmente colocado de castigo em seu quarto e
tendo revogada sua permissão para fazer planetas.
Após Trelane ter
ido embora, o casal dirige-se a Kirk pedindo-lhes desculpas pelos
problemas causados pelo seu filho mal comportado. Kirk pergunta quem
são eles, mas sua pergunta é ignorada. Os seres apenas informam
que manterão as condições de vida no planeta até que ele tenha
ido embora e desaparecem.
Kirk
volta a Enterprise e esta retoma seu curso e enquanto se afasta de
Ghotos,. Kirk nota que pelo menos Spock ainda pensa bastante sobre o
assunto. Indagado sobre a questão Spock revela estar em duvida
sobre como registrar Trelane no Banco de Dados da Enterprise. Kirk
sugere “Deus da Guerra”, algo que causa estranheza a Spock. Kirk
então sugere chamá-lo de menino malcriado, comparando as ações
de Trelane as brincadeiras de gosto duvidoso que qualquer criança
faz na infância, o que deixa Spock indignado.
Mais
uma vez a tripulação da Enterprise é levada a um confronto com
uma entidade super poderosa, capaz de proezas inimagináveis para um
ser humano. Se alguém duvida que este é um tema recorrente, vai
encontrar as provas só na primeira temporada em pelo mais quatro
episódios : “Where No Man Has Gone Before”, “Charlie
X”,“Arena” e “Errand of Mercy”.
A
novidade aqui é Trelane, personagem com vaga cativa na galeria de
vilões da Série Clássica e alma deste segmento. Num dia
calmo e rotineiro ele surge para infernizar a vida da brava tripulação
da Enterprise, e como toda criança levada, além de nos tirar do sério,
ainda tem a capacidade de fazer os adultos de bobos.
Aqui
não é diferente, pois se o episodio começa sério e até com um
certo ar de mistério, com o sumiço de Sulu e Kirk colocando o
sisudo Spock no comando da nave e conseqüentemente na busca ambos,
o panorama muda quando somos apresentados ao Senhor de Ghotos, que
apesar de pegajoso em sua curiosidade infantil e com uma admiração
de gosto duvidoso, jamais aparenta ser realmente perigoso.
Este
é o mote de “The
Squire of Ghotos”: Kirk e sua tripulação levando
Trelane a sério e sem saber como escapar, enquanto Trelane leva a
tripulação da Enterprise na brincadeira, literalmente.
E enquanto o espectador não sabe do que se trata, (assim como Kirk
e sua tripulação) é divertido acompanhá-lo em sua “experiência”,
divertido por que em quase todo o episodio não se sente uma real
ameaça por parte de Trelane.
Mérito
absoluto de William Campbell, que conseguiu compor um personagem
absolutamente fiel a proposta do trama: Uma criança, embora uma
criança com poderes extraordinários, ainda uma criança, curiosa e
ávida por companhia. É muito difícil para qualquer um que assista
ao episodio não se identificar em algum momento com Trelane, em
algum momento da própria infância.
Do
ponto de vista de Trelane a tripulação da Enterprise não passa de
mero brinquedo, de seres primitivos e selvagens que servem apenas
como distração. Embora as referências do “jovem” sejam um
pouco atrasadas, não há como negar que mesmo no século 23 a
cultura da Federação ainda é consideravelmente atrasada pelo
menos tecnologicamente em relação a seu anfitrião. É
interessante como apesar de retratar uma raça humana evoluída em Jornada
nas Estrelas, muito mais do que nos mesmos acreditamos que um
dia venhamos a ser, Roddenberry sempre que pode faz questão de
ressaltar que sempre encontraremos alguém que nos supere, uma
mensagem que hoje fica no campo da metafísica, mas que na década
de sessenta tinha uma relevância muito forte para o ser humano da século
vinte, considerarmos a intervenção americana no Vietnã e a luta
contra o racismo.
Mesmo
os exemplos escolhidos por Trelane como objetos de sua admiração são
uma representação sutil daquilo que os seres humanos também
admiram, pois tanto Napoleão Bonaparte como Alexander Hamilton
(este ultimo mais conhecido dos americanos) foram homens que se
impuseram pela força e violência. Napoleão, apesar de derrotado,
é admirado por muita gente até os dias de hoje e o sistema estatal
Napoleônico influenciou a formação da Europa moderna, e mesmo
adversários do imperialismo Francês como Espanha, Itália e
Alemanha se inspiram neste modelo. Hamilton
é herói nacional.
“The
Squire os Ghotos” traz na entrelinhas algumas metáforas sob o
comportamento humano de
forma absolutamente subliminar, talvez até de mais, pois apesar do
bom trabalho de Campbell o segmento segue meio morno, sem se definir
se quer ser engraçado ou s