001. Emissary, Part I
002. Emissary, Part II
003. Past Prologue
004. A Man Alone
005. Babel
006. Captive Pursuit
007. Q-Less
008. Dax
009. The Passenger
010. Move Along Home ---
011. The Nagus
012. Vortex
013. Battle Lines
014. The Storyteller
015. Progress
016. If Wishes Were Horses
017. The Forsaken
018. Dramatis Personae
019. Duet
020. In the Hands of the Prophets

 

Avaliação geral

A primeira temporada de Deep Space Nine é surpreendentemente boa. É claro que existem problemas, mas parece existir um senso de direcionamento para a série e, principalmente, de construção de uma identidade própria, tanto em forma quanto em conteúdo.

Em termos de forma, DS9 desde o seu início se notabilizou por ser uma série muito mais "orientada a elenco" (incluindo aí não somente o elenco regular, mas o recorrente também) e "orientada a personagens" do que suas antecessoras (Série Clássica e A Nova Geração).

Já em termos de conteúdo, a longa ocupação de Bajor (um povo de antiquíssima cultura e profunda espiritualidade) por Cardássia, a retirada de Cardássia de Bajor (e a posterior relação política entre Bajor-Cardássia-Federação) e a chegada da Federação para ajudar na reconstrução do planeta recém-desocupado oferecem uma verdadeira infinidade de temas com deliciosos "tons de cinza".

Deste contexto e de temas baseados nos dilemas pessoais dos personagens saíram os melhores momentos do primeiro ano da série.

Existiram dois grandes problemas nesta temporada. O primeiro é a quase total falta de um conteúdo de "Sci-Fi" original e realmente interessante. À exceção do inesquecível encontro de Ben Sisko com os "Profetas" em "Emissary", estivemos muito mal servidos neste departamento, algo entre o "totalmente não inspirado" e o "totalmente imbecil".

Outro grande defeito "detectado" por boa parte dos fãs de Jornada foi a falta de preocupação em transformar o personagem de Ben Sisko em uma figura "maior que a vida". Ainda além, muitos igualaram o estilo "professional & cool" que Brooks imprimiu ao personagem a "total falta de paixão".

Acredito que muitos dos sentimentos negativos que as pessoas têm para com essa temporada advém destes dois fatores: um quociente insuficiente de "Sci-Fi" de qualidade e a falta da figura de um protagonista "apaixonante e apaixonado" e "maior que a vida".

 

Altos

Entre os melhores momentos desta temporada temos a arrepiante alegoria do holocausto em "Duet", a jornada de auto-entendimento de Ben Sisko em "Emissary", relevantes discussões religiosas e filosóficas em "In The Hands Of The Prophets", Kira lidando com um difícil conflito pessoal em "Progress", um vislumbre do lado mais sombrio do ser humano em "Battle Lines" e o essencial episódio de Dax, que leva o nome da personagem.

Um pouco mais atrás temos uma divertida paródia do crime organizado (utilizando os Ferengis) em "The Nagus", um primeiro mergulho nas motivações pessoais de Odo (apesar de uma sub-trama de ação meio esquecível) em "Vortex" e Kira tendo sua lealdade testada em "Past Prologue".

Dentre as premissas de "Sci-Fi" que, apesar da pouca originalidade, funcionaram devido a boa execução temos "Captive Pursuit" e "Babel".

 

Baixos

Dentre os piores momentos temos essencialmente exemplares de "Sci-Fi" de má qualidade e um bocado de "tecnobaboseira": a "matriz telepática que revive uma antiga disputa de poder usando os personagens como marionetes" em "Dramatis Personae", a "tentativa de incriminar um antigo desafeto utilizando o assassinato do próprio clone" em "A Man Alone", a "arraia alienígena rebocadora de estações espaciais" em "Q-Less", a "imaginação da tripulação ganhando vida própria" em "If Wishes Were Horses", o "programa de computador alienígena que toma o controle do computador da estação e que ao final do episódio é compreendido como uma diferente 'solitária forma de vida'" em "The Forsaken" , o "contador de histórias que afasta os maus espíritos" em "The Storyteller", a "entidade maligna capaz de possuir corpos" em "The Passenger" e "um jogo em que as peças representam (e de fato são) os personagens" no abominável "Move Along Home".

 

Notas finais

A equipe de roteiristas foi formada por Michael Piller, Ira Steven Behr, Peter Allan Fields e Robert Hewitt Wolfe (a partir de "Q-Less"). Sugestões de histórias e roteiros foram escritas também por velhos conhecidos, tais como Rick Berman, David Livingston, Naren Shankar, Morgan Gendel, Joe Menoski, D.C. Fontana e por "free-lancers".

Personagens como Q (da forma com usado em "Q-Less"), Vash e Lwaxana Troi (que, para meu desespero, acabou aparecendo mais duas vezes durante a série, uma pior do que a outra) mostraram que não têm lugar em DS9.

Joe Menoski também está muito fora do seu elemento em DS9 (ele também infelizmente escreveu mais para a série posteriormente, novamente não conseguindo quebrar a barreira da mediocridade). Porém as irmãs de Duras foram postas para bom uso em "Past Prologue" e a utilização dos Borgs em "Emissary" foi simplesmente brilhante.

 

Personagens

Regulares

Benjamin Lafayette Sisko (Avery Brooks)
Patente: Comandante
Posto: Comandante de Deep Space Nine

Entre sua jornada de auto-entendimento em "Emissary" e sua bela presença em "In The Hands Of The Prophets", descobrimos, surpreendentemente, muito pouco sobre o comandante de DS9.

temp1-5.jpg (15616 bytes)Seu imbatível relacionamento com Jake esteve presente (bem como um verdadeiro sentimento mútuo entre ele e Jadzia, para que a sua amizade sobreviva à mudança de hospedeiros), mas no geral o personagem foi pouco desenvolvido.

Odo (René Auberjonois)
Posto: Chefe de Segurança

Observamos nesta temporada seu senso de decência, seu senso de justiça, sua extrema capacidade profissional, suas afiadas observações sobre a condição humana, seu orgulho e também seu lado mais frágil, sua solidão e sua intimidade.

Seu relacionamento com Kira promete se tornar um dos mais fascinantes da série e as suas "brigas" com Quark tornaram-se ao longo do caminho uma das marcas registradas da série.

Julian Subatoi Bashir (Siddig El Fadil)
Patente: Tenente de Segunda Classe
Posto: Oficial Médico Chefe

Ele é jovem, inexperiente, idealista e incrivelmente brilhante, o que se traduz em uma caracterização frenética em termos de falatório e ingenuidade, com picos de absurda e divertida arrogância.

O personagem também demonstrou poder ser bem usado em situações mais dramáticas como em "Battle Lines" e "Duet". Claros pontos negativos foram seus excessivos flertes com Dax.

Sua "química" com Garak se mostrou vencedora desde a estréia em "Past Prologue", porém sua primeira experiência com O'Brien não foi tão feliz, em "The Storyteller".

Jadzia Dax (Terry Farrell)
Patente: Tenente de Primeira Classe
Posto: Oficial de Ciências

Uma caracterização de paz e harmonia (como sugerida em "Emissary") e apresentada ao longo da temporada me parece inadequada frente à drástica mudança que a união com o simbionte deve ter trazido para sua vida.

Este tipo de atitude teve como extremo Jadzia "bancando o Yoda" para Bashir em "A Man Alone". Mesmo aceitando esta caracterização, eu ainda teria problemas com a sua execução, tão semelhante a da caracterização vulcana (reparem na posição dos braços sempre às costas).

Um outro motivo de frustração é que eu sou extremamente fascinado pelos Trills enquanto raça (especialmente sobre a sua perspectiva da sexualidade) e o seu uso nesta temporada também não foi suficientemente interessante.

Embora o episódio "Dax" tenha nos oferecido vários detalhes do passado de Curzon Dax, falhou em nos falar algo mais sobre Jadzia Dax, de fato o personagem mais problemático desta temporada de estréia.

Jake Sisko (Cirroc Lofton)

O meu único real problema com Jake nesta temporada foi que Cirroc Lofton ainda estava um pouco pequeno e novo demais para o papel, nada além disto.

O relacionamento entre Ben Sisko e Jake Sisko é uma das marcas da série e as cenas entre os dois sempre funcionam em termos de qualidade dramática, química e realismo (para todos os fins práticos, Jake é realmente filho de Ben).

O outro parceiro de Jake nesta temporada e ao longo da série é Nog, geralmente com bons resultados, sendo o melhor momento dos dois nesta temporada a trama secundária de "Progress", com um tipo de humor que posteriormente seria utilizado em outros episódios ao longo da série.

Miles Edward O'Brien (Colm Meaney)
Posto: Oficial de Operações

Como um personagem já conhecido de A Nova Geração (assim como Keiko e Molly), O'Brien leva uma vantagem sobre os demais.

Além da melhor caracterização do seu desgosto pelos Cardassianos (estabelecido já na série anterior), o qual data de sua participação nas guerras de fronteira entre Cardássia e a Federação, pouco se descobriu a mais sobre o personagem.

O'Brien notabilizou-se nesta temporada (e no decorrer da série) como um "Homen-Comun" (ou um "Homen-Família") com o qual qualquer um poderia se identificar.

Desta temporada datam as qualidades de O'Brien como um fazedor de milagres, capaz de compatibilizar tecnologias totalmente diferentes e desenhar (e batizar), em sua mente, equipamentos inexistentes para tarefas de campo sob grande pressão. Seu maior veículo na temporada foi "Captive Pursuit".

Sua mulher Keiko foi posta para bom uso como professora e a escola teve papel importante em alguns episódios, especialmente em "In The Hands Of The Prophets" e sobre sua filha Molly só posso falar que ela é "bonitinha".

Quark (Armin Shimerman)
Barman da estação

Quark entrou para a história como o primeiro Ferengi de Jornada nas Estrelas com uma real personalidade (um pouco rasa, devo admitir). Geralmente posta para bom uso, sua caracterização oscila entre o "alívio cômico" e o "trambiqueiro atrapalhado".

Ao lado de Odo e Kira, foi um dos três personagens com a caracterização inicial mais consistente.

Seu irmão Rom (Max Grodénchick) é essencialmente um idiota (o que não mudou ao longo da série), com a estabilidade psicológica e emocional de uma criança de cinco anos, mas com um incrível talento para consertar (e mesmo conceber e projetar) coisas.

Seu sobrinho Nog (Aron Eisenberg) nesta temporada se resume bem ao "parceiro de Jake". Zek (Wallace Shawn) teve uma boa estréia em "The Nagus" com o seu "cabide particular" Maihar'du (Tiny Ron).

Kira Nerys (Nana Visitor)
Patente: Major da Milícia Bajoriana
Posto: Primeiro-oficial de Deep Space Nine

Os temas mais relevantes desta temporada vieram do planeta Bajor (de sua política e filosofia). Como personagem principal representante (via microcosmo) do povo Bajoriano, Kira Nerys foi o personagem melhor desenvolvido desta temporada.

Com a apaixonada presença de Nana Visitor (para registro: provavelmente a melhor atriz da história de Jornada nas Estrelas), o personagem brilhou em um arco crível e muito bem escrito, composto principalmente (mas não somente) por: "Emissary", "Past Prologue", "Battle Lines", "Progress", "Duet" e "In The Hands Of The Prophets".

Recorrentes

É fascinante ver como a caracterização de personagens recorrentes (muitos dos quais continuaram aparecendo até o ultimo episódio da série) foi consistente desde o primeiro dia.

Dukat (carismático e arrogante adversário), Garak (misterioso e ambíguo), Winn (condescendente e sedenta por poder), Bareil (uma figura religiosa nobre e progressista) e mesmo Zek (como líder da sociedade em que as virtudes são nossos defeitos) e Maihar'du (o criado particular de Zek) já se encontram extremamente bem caracterizados nesta temporada de estréia.

O mesmo não pode ser dito de Rom, que iniciou a série com uma caracterização extremamente adversária, similar à dos Ferengis de A Nova Geração, o que "respingou" também na caracterização do seu filho Nog.

Entretanto, esse problema está essencialmente confinado ao primeiro episódio em que os dois efetivamente aparecem, "A Man Alone".

 

Produção

Produtor de Campo: Robert Della Santina (incorporado durante a temporada)
Co-produtor: Peter Allan Fields
Produtor: Peter Lauritson
Produtores Supervisores: David Livingston e Ira Steven Behr
Produtores Executivos: Rick Berman e Michael Piller
Produtor Associado: Steve Oster
Elenco: Junie Lowry-Johnson e Ron Surma
Música: Dennis McCarthy, Jay Chattaway etc.
Tema de Abertura: Dennis McCarthy
Diretor de Fotografia: Marvin Rush
Designer de Produção: Herman Zimmerman
Editor: Terry Kelley e Richard E. Rabjohn
Gerente da Unidade de Produção: Roberto Della Santina
Primeiro Assistente de Direção: Venita Ozols-Graham
Segundo Assistente de Direção: Gail Fortmuller e B.C. Cameron
Designer de Vestuário: Robert Blackman
Diretor de Arte: Randy McIlvain
Efeitos Visuais: Robert Legato
Supervisor de Efeitos Visuais: Bob Bailey e Glenn Neufeld
Supervisor de Pós-Produção: Terri Martinez
Supervisor-chefe de Arte/Consultor Técnico: Michael Okuda
Ilustrador-chefe/Consultor Técnico: Rick Sternbach
Decorador de cenários: Mickey S. Michaels
Maquiador-chefe: Michael Westmore
Designer de Cenários: Joseph Hodges e Tom Betts
Ilustrador: Ricardo F. Delgado
Coordenador de Efeitos Visuais: Sue Jones e Cari Thomas
Supervisor de guarda-roupa: Caro Kunz
Supervisor de roteiros: Judi Brown
Efeitos Especiais: Gary Monak
Administrador de propriedades: Joe Longo
Coordenador de Construções: Richard J. Bayard
Artistas Cênicos: Denise Okuda e Doug Drexler
Designer de penteados: Candy Neal
Maquiadores: Janna Phillips, Craig Reardon e Jill Rockow
Cabelereiros: Gerald Solomon e Ronald W. Smith
Mixagem de Som: Bill Gocke
Operador de Câmera: Joe Chess
Iluminador-chefe: William Peets
"First Company Grip": Bob Sordal
"Key Costumers": Maurice Palinski e Jerry Bono
Editor Musical: Stephen M. Rowe
Supervisor da edição de som: Bill Wistrom
Supervisor da edição de efeitos sonoros: Jim Wolvington
Editores de Som: Ashley Harvey, Miguel Rivera, Dan Yale & Sean Callery, Steffan Falesitch
Coordenador da Produção: Heidi Julian
Coordenador da Pós-Produção: Dawn Hernandez
Associado de Efeitos Visuais: Cari Thomas & Laura Lang
Associado da Produção: Kim Fitzgerald
Consultor Científico: Naren Shankar
Abertura: Dan Curry
Coordenador de Dublês: Dennis Madalone
Pré-Produtora: Lolita Fatjo
Executivo do elenco: Helen Mossler
Lentes & Câmeras: Panavision
Efeitos vídeo-óticos: Digital Magic
Composição especial de vídeo: CIS Hollwood
Fotografia com controle de movimento: Image "G"
Animação por computador: Vision Art Design & Animation
Instalações de edição: Unitel Video
Som de Pós-produção: Modern Sound