MANCHETE
DO EPISÓDIO
Janeway interfere em guerra dos Q e
quase vira a "primeira-dama do cosmo"
Episódio
anterior | Próximo
episódio
Sinopse:
Data
Estelar: 50384.2
Depois
que a tripulação da Voyager testemunha de perto uma supernova, fenômeno
que acontece apenas uma vez a cada século nesta galáxia, Q aparece
nos alojamentos da capitã com uma proposta: ele quer que ela
carregue seu bebê. Janeway recusa de cara, mas Q é persistente.
Ele reaparece diversas vezes, e, embora Janeway admita que gostaria
de ter um filho algum dia, ela afirma que não será com ele — o
que deixa aliviada uma ciumenta mulher Q que aparece na nave .
Depois que a tripulação assiste a
uma terceira supernova, eles começam a suspeitar que Q pode estar
por trás das explosões. Temendo o impacto que as ondas de choque
do fenômeno cósmico teriam sobre a Voyager, Janeway pede a Q que
faça algo a respeito. Como resposta, ele transporta a capitã para
a Dimensão Q, que desta vez se manifesta como as colônias do sul
dos Estados Unidos em plena Guerra Civil.
O conflito é uma repercussão da morte de Quinn,
o Q que cometeu o suicídio a bordo da Voyager um ano antes. Sua
morte trouxe o caos à Dimensão. Agora o status quo dos Q
luta uma sangrenta batalha contra os Q que, como Quinn, acreditavam
no individualismo. Um dos efeitos do conflito é a freqüência
pouco convencional das supernovas, causadas pelas descontinuidades
espaciais na Dimensão. Para acabar com a guerra, Q decidiu criar
uma nova linhagem de Qs, que incorporaria as melhores qualidades
humanas.
Na
Voyager, Chakotay pergunta à mulher Q sobre a guerra e eles
concordam em unir forças. Ela ajuda a nave a entrar na Dimensão,
onde Janeway encoraja Q a associar-se com a mulher Q. Enquanto ele
considera a idéia, Janeway visita o campo inimigo para discutir o
cessar-fogo. Em nome de Q, ela oferece uma trégua, mas o coronel
opositor decide pôr fim ao conflito executando Q -- e sentenciando
a capitã à morte por colaborar com o inimigo.
Encarando o batalhão, Q declara a
inocência de Janeway e pede que a vida dela seja poupada. O coronel
ignora o pedido, mas uma cavalaria -- formada pela tripulação da
Voyager e a mulher Q -- vem para o resgate. Q acaba concordando com
a idéia de Janeway e pede à mulher Q que conceba o seu filho. Eles
se tocam com a ponta dos dedos e a paz reina novamente na Dimensão.
Mais tarde, Q visita a capitã com seu filho, e pede que ela seja a
madrinha da criança.
Comentários:
Qualquer episódio de Jornada
em que John de Lancie aparece como o instável Q está condenado a
ser bom entretenimento. "The Q and the Grey" não
foi diferente. Aliás, teve sim uma diferença. O humor também
dominou o set de filmagens -- lembrando que Kate Mulgrew e De Lancie
são amigos de longa data. A produção sucedeu com mais
naturalidade.
O
primeiro mérito da história -- além, é claro, da atuação de de
Lancie, que dispensa maiores comentários -- é a continuidade que
estabelece com o clássico episódio "Death
Wish", da temporada anterior. E foi feito um bom
trabalho. Os roteiristas mostraram a repercussão que a morte de
Quinn, o Q que cometeu o suicídio a bordo da Voyager, teve sobre a
Dimensão Q. A idéia da linguagem figurada para representar a
Dimensão é um bom artifício que a produção escolheu para não
ter que desvendar o que se passa lá. Mas, é claro, eles tinham que
representá-la como a Guerra Civil dos Estados Unidos...
O
roteiro se dividiu em duas tramas principais: a luta pelos direitos
do indivíduo na Dimensão, e as intenções românticas de Q para
com a capitã. É aí que a história se perde. Que Q sempre se
intrigou com a humanidade não há dúvidas, motivo que justificaria
a escolha de Janeway como mãe de seu filho. Agora, os motivos por
que queria ter uma criança não são convincentes. Como um ser
onipotente e onipresente não saberia que as chamadas "melhores
qualidades humanas" não se tratam de determinismo biológico?
Q sabe, mais do que ninguém, que a humanidade se tornou o que é
pelo aprendizado de séculos, e não por causa de seu DNA. Qualquer
ser de uma "espécie intelectualmente limitada" -- como
insistia em dizer a mulher Q, referindo-se aos humanos -- saberia
disso.
Também não fica exatamente claro
como a Voyager entra na Dimensão Q por meio da explosão de uma
supernova. A boa e velha "tecnobaboseira" deve se
encarregar da resposta.
É
por isso que a atenção deve ser dada à carga humorística da história.
Sobretudo, a interação entre Q e Janeway, e a mulher Q e a tripulação
da Voyager. O casal da semana vive momentos hilários principalmente
no começo do episódio, quando Q tenta cortejar a capitã com
presentes e palavras. As cenas da "namorada" de Q com
Chakotay, Tuvok e B'Elanna também estiveram entre as melhores. A
mulher sempre tentava rebaixá-los com seu ar de superioridade, mas
acabava tendo que se calar.
Engraçada
também -- mas pouco plausível -- foi a participação da tripulação
da Voyager na batalha dos Q. Engraçado foi ver Tuvok, com suas
orelhas e sobrancelhas vulcanas em um uniforme militar
norte-americano do século 19, e Paris rendendo o coronel Q. Mas foi
pouco plausível ver um grupo de humanos amedrontando a poderosa
Dimensão Q, que até então mostrava qualidades divinas. Isto no
entanto passa a ser uma tendência em Voyager a partir da
terceira temporada: o enfrentamento direto e destemido dos inimigos
mais ferozes da Federação, por exemplo os Borgs.
Enfim, ao final da história a paz é
restaurada no universo e a capitã sai como heroína, e madrinha de
um Q -- algo que também terá uma repercussão, no último ano da série.
Só não dá para entender outras duas coisas. A primeira é por que
a Voyager ainda está no quadrante Delta. O mínimo que os Q
poderiam ter feito é tê-los mandado de volta para casa como sinal
de gratidão. O outro ponto são os comentários de Janeway no
acampamento, enquanto cuidava de Q, quando disse que a tripulação
não buscava um conserto rápido para sua situação, mas queria
chegar em casa através de trabalho árduo e determinação. Isto
contradiz muito do que foi dito na série, e muito do que será
feito também.
Citações:
Q - "Out of all the females,
of all the species, in all the galaxies, I have chosen you to be the
mother of my child."
("De todas as fêmeas, de todas as espécies, em todas as
galáxias, eu a escolhi para ser a mãe do meu filho.")
Janeway - "Sorry, but I'm
busy for the next 60 or 70 years."
("Desculpe, mas estou ocupada pelos próximos 60 ou 70
anos.")
mulher Q - "What are you
doing with that dog? I'm not talking about the puppy."
("O que você está fazendo com aquela cadela? Eu não
estou falando do filhote.")
mulher Q - "The Vulcan talent
for stating the obvious never ceases to amaze me."
("O talento vulcano de afirmar o óbvio nunca deixa de me
surpreender.")
B'Elanna - "Well, here's
another fact: if don't stop pastring me, I'm never going to finish.
In which case your eternal association with Q might not be quite
eternal as you think."
("Bom, eis um outro fato: se você não parar de me
atormentar, eu nunca vou terminar. Nesse caso a sua associação
eterna com o Q não será tão eterna quanto pensa.")
mulher Q - "You know I've always liked Klingon females. You've
got such... spunk."
("Sabe, eu sempre gostei das mulheres Klingon. Vocês têm
tanta... coragem.")
Trivia:
O episódio mostra a repercussão da morte de Quinn --a entidade que
se tornou mortal a bordo da Voyager em "Death
Wish"-- sobre a Dimensão Q.
Esta é a segunda aparição de John de Lancie (Q) em Voyager;
na sétima e última temporada da série o ator retorna para a sua
última participação em Jornada.
Ficha
técnica:
História de Shawn Piller
Roteiro de Kenneth Biller
Direção de Cliff Bole
Exibido em 27/11/1996
Produção: 053
Elenco:
Kate Mulgrew como
Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B'Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garrett Wang como Harry Kim
Elenco convidado:
John de Lancie como Q
Suzie Plakson como mulher Q
Harve Presnell como coronel Q
Episódio
anterior | Próximo
episódio
|