Literatura

 









 

''FEDERATION"


Escrito por:
Judith & Garfield Reeves-Stevens

Publicado por: Pocket Books

Lançamento Original: 1995

Formato: Pocket


Séries: Clássica e A Nova Geração

Páginas: 467

 
 

Há muito tempo, depois que saímos da reunião trekker no Rio, vamos para a casa de Ana Beatriz fazer um lanche. Então, eu tenho o hábito de ficar olhando para a sua estante, procurando um livro qualquer de Jornada nas Estrelas que me interesse de ler. Arranjei um pouco mais de espaço para isso e peguei com ela um livro emprestado: "Federation", de Judith & Garfield Reeves-Stevens.

Era momento razoavelmente propício por causa da criação da malfadada série Enterprise que, de tão problemática, não sei se poderíamos chamar de canônica, em relação às obras literárias que gozam desta classificação no mundo trekker. De todo modo, o livro é bem escrito e visa conciliar as atividades da famosa dupla de capitães da USS Enterprise, agindo, cada qual no seu tempo, para desvendar uma determinada trama que envolve: o guardião da Eternidade, o obelisco alienígena do planeta de Kirok, os romulanos , os ferengis, os klingons e, nada mais nada menos do que Zefram Cochrane e a comissária Nancy Redford.

Zefram está sendo perseguido pelo criador de um tal "movimento optimum", liderado por Adrik Thorsen. O casal de "Metamorphosis" (episódio do 2º ano da Clássica) é o fio condutor entre Kirk e Picard, como personagens de uma série de eventos após a criação da tecnologia da dobra espacial e a viagem para Alfa Centauro, feita na ocasião por Cochrane. Na confusão está presente no século 21 a eclosão da 3ª Guerra Mundial/Guerras Eugênicas.

Cochrane (foto) realiza o seu feito maravilhoso, mas, algumas décadas à frente, desaparece no espaço até ser encontrado por Kirk no planetóide J27 da região de Gama Canaris, conforme vimos na Série Clássica (de novo, "Metamorphosis"). Os autores do livro tentaram explicar porque o herói esteve sumido: na verdade Cochrane estava fugindo da perseguição obsessiva do vilão e líder do movimento optimum, que tenta se aproveitar da tecnologia de dobra para construir uma bomba de enorme potência para ter poder sobre os inimigos e conquistar a civilização humana, além de outras possivelmente existentes por aí. Cochrane e seus amigos se tornaram grandes opositores de Thorsen, e por isso teve que fugir para não ser morto, como alguns. Thorsen vai perseguindo Cochrane e seus amigos até que este se finge de morto por muito tempo.

A obsessão do vilão é tanta que ele vai atrás de Cochrane. Kirk o reencontra e tenta escondê-lo numa singularidade temporal. Anos mais tarde, Picard encontra Cochrane neste lugar, mas Thorsen se esconde numa inteligência artificial e persegue Cochrane e à sua mulher. Até o tenente-comandante Data é possuído pelo "espírito" de Thorsen para tentar matar nosso herói. O livro não se refere aos eventos descritos no filme para cinema "Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato", onde Picard conhece Cochrane no início de sua fabulosa tentativa de inovação tecnológica, afinal, foi escrito em 1995, um ano antes do lançamento de "Primeiro Contato" nos cinemas. Porém, isso não compromete o desenvolvimento da história contada na obra. Ao
contrário que possa parecer pelo título, não é uma história sobre a origem da Federação, mas a narrativa alternativa da vida de uma grande figura, que possibilitou a sua construção no futuro, com seus artefatos tecnológicos e seus nobres princípios. Adicione-se a isso a participação de dois dos seus mais famosos capitães, representando a manutenção de uma certa tradição, ao mesmo tempo em que existe a evolução técnica e a vivência de novas experiências e aventuras entre o século 23 e 24.

A preocupação dos autores nem é tanto a de traçar os detalhes que possibilitaram a organização dessa entidade. Isso está um pouco melhor explicado na série Enterprise, se bem que os roteiristas da Paramount ainda nos devem uma série ou filme que trate melhor do tema. Assim mesmo, quem se aventurar pelas 437 páginas do livro não irá se decepcionar com o roteiro criativo, a ponto de envolver acontecimentos importantes e aparentemente desconexos da saga de Jornada nas Estrelas. Eles dão uma "solução final" ao casamento de Cochrane com a companheira alienígena que vive no corpo de Redford. Se bem que isso lembra o desfecho de Ilia e Decker no primeiro filme de Jornada para o cinema.

Talvez, a criatividade dos autores pudesse ser melhor trabalhada evitando desfechos já conhecidos, embora haja coerência com a saga em geral e o romance descrito na trama que eles inventaram. É interessante ver também que, para os autores, aquela boa e velha insígnia da Enterprise, que se tornou geral para toda a Frota Estelar, simboliza o movimento de dobra, em formato de uma gota, contendo uma nave estelar.

Santa Criatividade, Batman! Se você estiver sem fazer nada neste verão, arranjem um exemplar de "Federation" e leia. Seu tempo não será perdido.