Literatura

 









 

''STAR TREK: EUGENICS WARS"


Volume 2

"The Rise and Fall of Khan Noonien Singh"

Escrito por: Greg Cox
Publicado por: Pocket Books
Lançamento Original: 2003
Formato: Paperback
Série: Clássica
Páginas: 435

 
Review por Leandro M. Pinto
 

Introdução

Com este segundo artigo, damos agora continuidade para uma análise do segundo volume de Star Trek: The Eugenics Wars, do qual o Trek Brasilis já fez anteriormente a sinopse e revisão do primeiro volume. Neste artigo, além da sinopse comentada e da avaliação, também iremos fazer uma avaliação dos eventos ocorridos nos livros com os eventos vistos no episódio original, e também nos mais recentes episódios de Enterprise que fazem bastante menção das Guerras Eugênicas.

Sinopse da Trama

Junho de 1992 a Março de 1993

Encontramos novamente Roberta Lincon no Atoll de Mururoa, no Pacífico, no momento levando a cabo mais uma das missões que Gary Seven e ela fazem para procurar manterem uma estabilidade na sociedade humana do final do século 20; esta em particular é para sabotar o lançamento de um foguete Ariane IV, o qual foi adquirido por ninguém menos do que Khan. A razão oficial seria a de lançar um mero satélite de comunicações, mas ela sabe que o foguete leva na verdade um dispositivo de manipulação da camada de ozônio do planeta, desenvolvido com tecnologia que Khan roubou de Gary Seven alguns anos antes, como visto nos eventos do volume um da trama.


Enquanto se esquiva pela plataforma de lançamento desta abandonada base francesa que Khan secretamente arrendou, Roberta pensa nos eventos dos últimos três anos, durante os quais Khan conseguiu tomar o poder e passar a controlar uma região do norte da Índia, Punjab, situada entre a China e o Paquistão, com Khan tendo feito em Chandigarh, uma das principais cidades da região, o seu palácio e quartel-general principal. Através de diversas tramas políticas e lutas pelo poder na Índia, Khan obteve sucesso em até mesmo o governo indiano não conseguir questionar o poder dele na região, o que essencialmente deu a Khan o seu próprio estado-nação. Contudo, Roberta esbarra com alguns dispositivos de segurança que Khan colocou, e ela acaba prisioneira deles, e tem que assistir impassível ao lançamento com sucesso da Estrela da Manhã, o nome desta arma de destruição em massa de Khan. Após algum tempo captiva, Roberta consegue escapar depois de usar um "plano B" que Gary Seven providenciou para emergências como esta.


Algum tempo depois, Khan patrocina uma conferência de diplomatas em seu palácio Chandigarh, Punjab, na Índia, região na qual ele detém um controle o qual nem mesmo o governo indiano consegue questionar; Ament, sua lugar-tenente, o avisa que está tudo pronto, e que Seven e Lincon estão ocupados com desenvolvimentos na crise sérvia no momento. O propósito da reunião é o de Khan anunciar que detém controle e influência sobre pessoas em postos-chaves em mais de quarenta nações, especialmente através da Ásia e do Oriente-Médio, o que o garante controle sobre praticamente um quarto da Terra. Assim, ele agora quer ser visto como um importante jogador no cenário internacional, ao invés apenas de líder de um país pequeno. Para sublinhar suas afirmações e garantir a todos que está falando sério, declara também possuir a Estrela da Manhã, depois de uma descrição de suas capacidades, faz uma demonstração sobre a Antártida, o que serve para impressionar todos.

Roberta está na "livraria" que serve de fachada ao novo HQ de Seven em Londres, quando dois foliões que estão participando das festividades do Dia de Guy Fawkes entram na loja. Enquanto eles perguntavam para ela se eles tinham alguma cópia de Far Beyond the Stars, Roberta percebe algo errado sobre ambos -- e logo em seguida, uma luta se inicia, com eles se revelando serem agentes de Khan, na qual Roberta chega a usar uma cópia de Chicago Mobs of the Twenties como arma para desacordar um deles. Roberta consegue avisar Seven no andar acima, e ambos fazem procedimentos de evacuação de emergência, acostumados que ficaram com eventuais ataques de Khan a suas operações. Após alguma perseguição pelas ruas londrinas, Roberta consegue despistar os agentes de Khan após Seven se teleportar em segurança.

Khan é informado sobre o desenrolar da missão em Londres enquanto estava tendo uma reunião governamental com Ament, que descreve para Khan como estava prosseguindo reformas econômicas no seu recentemente dominado país ao norte da Índia. Os relatórios são inconclusivos sobre o paradeiro de Seven e Roberta, o que deixa Khan descontente, e Ament expõe seu desapreço pelas operações paramilitares que seu chefe parece fazer, o que tende a pintar Chandigarh como um dos chamados "rogue-states", o que dificulta financiamento pelo Banco Mundial para as reformas que Khan promove. Entrementes, de São Francisco, Dr. Nicholas, o "inventor" do alumínio transparente é levado por um grupo de oficiais da Força Aérea dos EUA para uma instalação secreta no Arizona, onde já se encontram Jeffrey Carlson, Jackson Roykirk e Shannon O'Donnel, que estão a trabalhar em um projeto secreto para uma nova classe de nave interestelar baseado em pesquisas secretas resultantes de artefatos de origem alienígena.

Meados de 1993 até o início de 1994

Contando com o banco de dados que roubou de Gary Seven alguns anos antes, Khan conseguiu rastrear a localização de todas as crianças que Seven e Roberta removeram do Projeto Chrysalis em 1974. Assim sendo, Khan convocou uma reunião em seu palácio para conhecer aqueles os quais se tornaram líderes em suas próprias nações, para assim os oferecer para se tornarem aliados de Khan em seu esforço de trazer ordem à humanidade. O grupo que Khan tem ali em sua presença de fato era bem diverso. Entre outros, ali estão Vasily Hunyadi, um ditador dos balcãs que surgiu na região após o fim da Iugoslávia; Elijah Amin, um warlord da Somália; Alberto Gomez, um revolucionário peruano líder de um grupo de esquerda; Chen Tiejun, uma chinesa metida a profeta, líder de uma seita de amazonas; e Randall Morrison, um comandante de uma milícia americana de cunho nacionalista e anti-governo federal. Todos haviam sido previamente brifados sobre suas origens, de como foram criados no Projeto Chrysalis, e Khan agora propunha que todos se unissem em torno de um objetivo comum.

Contudo, a reunião acaba tendo um desenrolar bem diferente daquele que Khan desejava. Embora compartilhando uma origem comum, aquele grupo todo simplesmente tinha agendas de intenções completamente diferentes uns dos outros. Khan acreditava que poderia conseguir negociar e sobrepujar qualquer diferença que eventualmente separasse os seus irmãos de origem, mas isto se mostrou impossível. A reunião rapidamente desandou em um caos, com ideologias e visões diferentes colidindo, com cada um daqueles líderes discordando em praticamente tudo, e pareciam estar de acordo apenas sobre o fato de que não iriam se submeter automaticamente a Khan apenas por ele ser quem é, e ter sido aquele que revelou suas origens. Extremamente insatisfeito, Khan dá por encerrada a reunião, assegurando para si mesmo que de uma forma ou de outra, sua visão de uma utopia global iria se realizar, nem que para isto tivesse que combater aqueles seus antigos irmãos do Projeto Chrysalis.

Uma das primeiras providências de Khan é pensar em qual destes super-humanos desafiantes a sua liderança ele deveria atingir primeiro com um ataque através da Estrela da Manhã -- ele chega até mesmo a iniciar procedimentos de aquisição de alvo para uma região. Contudo, Ament argumenta a favor de usar de método mais sutil de providenciar resposta as insolências dos que o desafiam. Khan tem que admitir para si mesmo que esta que escolheu para ser a sua espécie de Primeira-Ministra é uma formidável mulher, muito boa conselheira e que demonstra ter uma personalidade admirável, tendo sido uma das poucas que já conseguiu resistir ao charme de seu líder. Entrementes, Seven e Roberta arrumam um novo local para o seu quartel-general, em Arran, uma ilha ao largo da Escócia; Seven decidiu ficar longe de grandes centros urbanos para seguir algo mais low-profile e que possa evitar acabar criando danos colaterais na população no caso de um novo ataque por Khan. Desta nova sede, eles continuam a monitorar as atividades de Khan bem como as dos demais líderes geneticamente modificados, e também acompanharem o progresso daquilo que Gary Seven considera como seu Plano B.

Enquanto Roberta se encontra com Sharron O'Donnel em Las Vegas para lhe passar algumas informações técnicas que podem ser úteis para o projeto secreto da NASA na Área 51, informações estas providenciadas por Seven para manter o programa da DY-100 progredindo bem, Khan está com seus próprios encontros marcados. Após ser contatado por alguns de seus agentes na antiga União Soviética, Khan está em uma região remota da Índia, com alguns membros de seu staff, aguardando um encontro secreto com um ex-operativo da KGB que alega ter boa informação a oferecer para Khan. O local do encontro é um antigo complexo de palácios encrustados em cavernas, na província de Maharashatra, na Índia central. Contudo, após o grupo estar razoavelmente dentro do complexo, Khan descobre que o encontro é uma cilada -- armada por Hunyadi para o eliminar. Através de cargas explosivas que destruíram um reservatório subterrâneo, a pressão da água provocou uma reação em cadeia que deflagrou um terremoto, efetivamente desmoronando o complexo onde Khan se encontrava. Ele mal teve tempo de tentar escapar, e tanto Khan como um ferido Joaquim acabam presos em um bolsão de ar abaixo de toneladas de rocha, com Khan tendo que ele mesmo escorar parte das pedras por horas a fio antes que suas equipes de resgate retirassem os dois do local. Após escapar, Khan é informado por Ament que o terremoto clamou a vida de mais de 30 mil pessoas, e Khan começa a pensar em uma represália a altura ao seu inimigo.

Meses depois, Khan se encontra a bordo do Kaur, o primeiro de uma classe de submarinos de propulsão nuclear de sua marinha. No momento, o Kaur navega no Mediterrâneo em direção do mar Adriático, com o troco que Khan planeja retribuir a Hunyadi -- ele pretende lançar contra a base do líder dos balcãs um ataque com um míssil cruise UGM-109 Tomahawk, que os agentes de Khan conseguiram comprar no mercado negro a um alto preço. Após passar facilmente por algumas regiões com minas marítimas, o Kaur se depara com maiores dificuldades; no caso, um submarino da classe Akula, que o governo de Hunyadi comprou da Rússia. Uma feroz batalha submarina segue-se, e Khan no comando do avariado Kaur, após o seu Capitão acabar gravemente ferido, consegue destruir o Akula de Hunyadi, mas não antes que tivesse que abandonar a missão devido ao Kaur acabar ficando danificado demais para prosseguir.

Fevereiro até o final do ano de 1994

Tendo que enfrentar uma crescente oposição interna em seu país, Khan é aconselhado por Ament para diminuir os crescentes gastos militares e nas pesquisas de engenharia genética no atoll de Mururoa para se concentrar mais nos problemas domésticos. Contudo, não é isto que ele tem em mente, e Khan quer continuar a sua campanha para conseguir derrotar seus rivais geneticamente modificados e o grupo de Gary Seven. Após a reunião com Ament, Khan é avisado que há um sujeito pedindo uma audiência com ele, afirmando ter conhecido sua mãe muitos anos antes. Khan relutantemente recebe um idoso e muito mal de saúde Dr. Willians, e constata de fato que ele é quem afirma ser, um dos antigos braços-direitos de sua mãe no Projeto Chrysalis. Khan não se impressiona realmente com o sujeito e não sente nada por ele além de desprezo, mas fica particularmente interessado por duas informações que ele trouxe: primeiro, Willians oferece para Khan informações sobre uma bactéria que pode ser usada em guerra biológica, e além disto, Willians também confidencia para Khan que os responsáveis diretos pela destruição do Projeto Chrysalis, e por tabela, da morte de sua mãe, foram Gary Seven e Roberta Lincon.

Tempos depois, Gary Seven e Roberta estão providenciando uma operação para vigiarem com mais atenção um dos rivais de Khan, o Comandante Morrison, líder de uma milícia no Arizona. Fingindo ser uma nacionalista de extrema direita, Roberta consegue se infiltrar no grupo de Morrison, e passa a acompanhar os planos dele. Enquanto isto, Khan não está parado. Durante uma reunião da ONU em Genebra, na qual Vasily Hunyadi participa, fazendo exigências para o seu enclave nos balcãs, há um atentado contra a conferência através do uso de gás sarin, o que efetivamente extermina todos os participantes, o líder sérvio incluso. Roberta descobre que Khan contou com algum apoio logístico do grupo de Morrison, tendo inclusive compartilhado com ele a tecnologia de "impedir teleportagem de Gary Seven" que conseguiu desenvolver, e que Morrison tem mais planos para ataques biológicos em outros alvos na Europa.

Enquanto Khan continua as pesquisas no atoll de Mururoa com a bactéria que Willians ofereceu para ele, Seven coloca em bom uso as informações que Roberta está conseguindo por estar infiltrada no grupo de Morrison. No momento, Seven está no Terminal Waterloo, em Londres, no primeiro dia de operações regulares dos trens pelo recém-inaugurado Eurotúnel. Seven tem alguma dificuldade para conseguir encontrar o agente de Morrison na multidão lotada do terminal, mas finalmente consegue encontrar o sujeito quando ele estava prestes a abrir no meio do saguão principal uma pequena caixa tetra-pack contendo gás sarin. Seven consegue destruir a caixa com um tiro de seu servo, mas o agente de Morrison escapa para dentro do trem, e após alguma caça por ele pela composição já viajando em direção a Paris, Seven o captura. Após contatar Guinian, que eventualmente ajuda Seven em algumas missões, ela o informa que também conseguiu neutralizar um agente de Morrison na estação parisiense. Com isto, Seven se teleporta do trem.

Após descobrir que seus planos foram neutralizados, Morrison entra em um modo "tudo-ou-nada", e acreditando que tropas federais do Exército dos EUA estão prestes a atacar seu complexo, Morrison ordena a seus lugares-tenente que tranquem seus seguidores em bunkers, para uma espécie de suicídio-coletivo. Como era de se esperar, nem todos os rednecks ali concordam com esta saída drástica de Morrison, e Roberta, no meio deles, vê que a situação está ficando tensa, com muitos malucos armados trancados dentro de um bunker. Tendo conseguido neutralizar a contramedida eletrônica de Morrison que impedia os teleportes pelos servos, ela e Seven providenciam duas teleportagens; primeiro, uma para estrategicamente retirar de dentro de todas as armas a pólvora das munições, para evitar um tiroteio, e segundo, Roberta se teleporta para fora do bunker de modo a abrir o local e salvar aquelas pessoas. Após uma debandada em massa começar no complexo de Morrison, ela consegue o encurralar em seu escritório, mas não antes de conseguir impedir ele de cometer suicídio.

Início de 1995 até janeiro de 1996

Ament consegue descobrir que Khan está secretamente preparando uma espécie de solução-final, tendo a arma biológica que conseguiu de Willians como vetor principal. Ele decidiu que tentar unificar e pacificar a humanidade simplesmente não seria tarefa possível, então decide que o extermínio dos humanos normais, com ataques de ICBMs levando o agente biológico, é a saída possível para assegurar aos iguais a ele, geneticamente imunes aquela bactéria, o domínio sobre a Terra. Alguns meses depois, Gary Seven prepara um plano para atacar esta nova ameaça de Khan, e contando com o apoio do grupo de super-humanas liderados por Chen Tiejun, um ataque preventivo é executado contra a base de Khan no atoll de Mururoa. Commandos liderados por Tiejun invadem a ilha, e uma batalha campal tem início pelo controle das instalações. Khan é informado sobre o ataque, e ordena seu pessoal em Mururoa que coloque o plano de lançamento dos ICBM biológicos em prática, mesmo eles ainda não estando com um preparo ideal para lançamento. Tiejun e suas forças conseguem ter algum domínio da ilha, mas não antes que os homens de Khan conseguissem iniciar procedimentos de lançamento. Sem outra opção, Tiejun tem que apelar para o seu plano B, e efetivamente consegue destruir a si mesma e toda a ilha após ativar um dispositivo nuclear que destrói toda a base de Khan em Mururoa.

As mais recentes escaramuças entre os diversos grupos liderados por humanos geneticamente modificados começam a criar uma situação instável no cenário internacional. Além dos grupos de Morrison e de Hunyadi, diversos outros como os de Gomez, no Peru, e Amin, na Somália, vão sendo neutralizados, e é apenas uma questão de tempo até as potências ocidentais e a Rússia voltarem sua atenção a Khan. Sentido que está ficando sem opções, e após o início de uma ofensiva de forças ocidentais e russas contra Chandigarh, Khan decide utilizar a Estrela da Manhã para por um fim a tudo. Contudo, no que Khan estava prestes a iniciar os procedimentos, Gary Seven consegue se teleportar para a presença do líder eugênico para lhe propor um comprometimento. Durante a conversação, Khan questiona como é que Gary Seven pode ter passado todos estes anos estando tão perto dos calcanhares dele assim, e Seven pede para ninguém menos do que Ament explicar para ele. A explicação vem na forma de Ament se transformar em uma gata preta bem na frente dele, relevando que todo este tempo, a mulher que Khan pensava ser mais uma super-humana originária do Projeto Chrysalis, era na verdade Ísis. Gary Seven havia plantado a informação falsa nos dados que Khan roubara anos antes, o que efetivamente garantiu que Khan acabasse colocando como sua lugar-tenente a agente de Gary Seven. Ele não deixa de admirar Seven por sua engenhosidade, e o congratula por ter sido um adversário de valor.

Embora Khan tivesse ficado relutante a princípio, em ter que negociar com este seu antigo inimigo, mas sua atenção é conquistada por Seven quando este expõe os detalhes de sua proposta. Seven explica que em troca de Khan destruir a Estrela da Manhã e desistir de seu ataque a camada de ozônio do planeta, ele está disposto a oferecer para Khan e cerca de 80 de seus seguidores uma nave de hibernação, a DY-100, que horas antes, Roberta conseguiu roubar das instalações americanas na Área 51, com a ajuda de uma muito relutante Sharonn O'Donnel. Após alguns procedimentos, Gary Seven teleporta Khan e alguns de seus seguidores que sobreviveram ao ataque a Chandigarh, para a DY-100 em órbita da Terra, e Khan a batiza de SS Botany Bay. A bordo, Roberta já trabalhava para os preparativos da nave deixar órbita, e ir automaticamente para um sistema estelar inabitado a cerca de 100 anos-luz da Terra, onde Khan pode recomeçar a vida e construir uma nação para si e seus seguidores, e depois de algum tempo, a nave parte. Algumas semanas mais tarde, Gary Seven anuncia que está se aposentando da função de Supervisor, e passa o cargo para Roberta, que inclusive ganha a sua própria companhia felina transmorfa, na forma de um novo agente que Seven providenciou para vir ajudar sua antiga assistente.

Após isto, encontramos Gary Seven pela última vez quando ele, antes de retornar para seu planeta, decide fazer uma visita temporal a ninguém menos que James Kirk, que retornara para a Enterprise após conseguir deter a destruição de Sycorax devido ao ataque Klingon, e de Spock ter comandando a Enterprise em neutralizar um contra-ataque do cruzador Klingon à colônia de super-humanos a qual eles estavam visitando. Seven e Kirk trocam algumas figurinhas sobre as considerações das missões que tiveram, e finalmente Kirk anuncia para a líder de Sycorax que a Federação irá oferecer para eles o status de aliado preferencial e propor vários tratados de colaboração, mas que a oferta de ingresso na Federação não será realizada, dada à política federada a respeito. Finda a missão de Kirk ali, Gary Seven parte para casa, e a Enterprise se põe a caminho.

Análise e Avaliação

E com este volume dois de Star Trek: The Eugenics Wars, concluímos a trama criada por Greg Cox para retratar os eventos relacionados a esta notória passagem no cânone e cronologia de Jornada nas Estrelas. Ainda que é nítido que este volume dois trata-se de uma trama no geral bem mais redonda e resolvida do que o volume um, também é de se considerar que ela dificilmente pode ser lida isoladamente, por estar extremamente amarrada ao volume anterior, claro. O volume um agiu muito mais como setup para as ações no volume dois do que como uma história per se, e em contraste com o volume dois, as ações do volume anterior ficam até mesmo bem melhor contextualizadas. De fato, a história é mesmo apenas um único livro dividido em duas partes, essenciais uma para a outra.

Os personagens aparecem mais resolvidos do que no primeiro volume, especialmente Khan -- aqui o temos em um estilo bem mais familiar a nós, acostumados a ver aquela figura carismática e de presença imponente, retratado por Ricardo Montalban no episódio original Space Seed e mais tarde em Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan. Também tivemos os protagonistas anteriores, Gary Seven, Isis e Roberta Lincon, em níveis de desenvolvimento diferentes do que primeiro vimos em Assignment: Earth, algo que o primeiro volume já nos proporcionara, e também diferente disto do primeiro volume, com esta equipe meio que considerando que os tempos estão mudando e que a hora da eventual aposentadoria do Supervisor Gary Seven se aproximava. Não foi surpresa, portanto, acompanhar Roberta assumir este cargo ao fim da trama, tendo inclusive ganho sua própria companhia felina, como que para substituir Isis, que na verdade sempre esteve mais ligada a Seven do que necessariamente a equipe como um todo. Também interessante foi ter visto alguns dos lugares-tenente de Khan que apareceram apenas como figurantes em Space Seed, como Joaquim, e saber como seria a relação deles com o seu líder.

No que diz respeito a trama geral, eu tenho a impressão de que os livros de Greg Cox podem decepcionar aqueles que estariam esperando por uma guerra mais "tradicional" no sentido de ser amplo conflito militar aberto -- isto, estes livros não tem. Na trama que Greg Cox nos proporciona, aprendemos que as Guerras Eugênicas foram mais operações de inteligência, ações de sabotagem, escaramuças eventuais, joguetes políticos do que batalhas em campo aberto, embora em dadas ocasiões também houve destas. Este estilo não me desagradou, realmente, pois sem dúvida combinou com a opção de Cox de tentar contextualizar as Guerras Eugênicas com os eventos históricos reais de nosso próprio universo. E isto, é claro, para não falarmos no uso por parte de Cox de praticamente cada evento cânone do universo estabelecido de Jornada que tivesse a ver com o final do século 20, indo desde os episódios originais da Série Original até acontecimentos vistos em episódios de Deep Space Nine e Voyager.

Isto é um ponto importante de uma trama deste tipo, eu penso. Afinal de contas, estamos com uma história da qual nós evidentemente já sabemos o que basicamente acontece no final: de uma maneira ou de outra, Khan será derrotado e irá partir em exílio na DY-100. Assim, aquilo que buscamos aqui é sabermos como isto ocorreu, e poder acompanhar tais eventos em conjunto com eventos reais os quais realmente vivenciamos e testemunhamos garantiu a The Eugenics Wars um "look-and-feel" consideravelmente próximo, realista, como se tivéssemos uma parcela do universo de Jornada nas Estrelas na qual nós realmente faríamos parte. Greg Cox não fez economia em utilizar eventos históricos recentes como pano-de-fundo para a sua trama, bem como até mesmo pequenos detalhes corriqueiros de nosso dia-a-dia de final do século 20 e início do 21. A trama B a respeito da construção da nave DY-100 também foi claramente pensada de modo a justificar de alguma maneira a construção de tão avançada nave em nossos dias, o que ficou de maneira geral satisfatória, ainda que aqui e ali tenha meio que "puxado o envelope" do plausível para a tecnologia dos dias de hoje.

Já em relação as partes do livro que se passam no século 23, até que ponto foi necessário esta trama se desenrolando na Enterprise e sua missão em Sycorax? Pouco, no meu ver. Tanto é que Greg Cox parece colocar tal trama B bem mais de lado neste volume dois, pois temos bem menos cenas na Enterprise neste volume: apenas o prólogo, uma seqüência de batalha entre a Enterprise e os Klingons no meio do livro, e o epílogo. Entendo que Cox desejava ter com esta trama B uma situação de conexão com eventos no "presente" do universo de Jornada, mas seja como for, isto não foi o bastante para afastar a impressão "utilitária" de apenas servir de moldura para a trama principal, sem ser extremamente interessante per se -- apenas a interação entre os tradicional trio acho que se destaca nela.

Enfim, esta segunda parte de Star Trek: The Eugenics Wars - The Rise and Fall of Khan Noonien Singh foi bastante satisfatória, e por si mesma, fica com uma avaliação de 3 em 4, bem colocado.

O contexto de Eugenics Wars em relação ao cânone e cronologia de Jornada nas Estrelas

Depois de dois primeiros anos no máximo mornos, e de um muito fraco terceiro ano, agora no seu quarto ano Jornada nas Estrelas: Enteprise parece que está finalmente aflorando como uma boa série e a qual demonstra o real potencial de ser uma prequel desta importante franquia de ficção-científica, e este bom resultado sem dúvida é conseqüência do trabalho de seu novo produtor, Manny Coto, responsável por bem vindas mudanças nos valores de produção da série.

Um dos arcos de história mais recentes resultantes da nova proposta de Coto para a série tratou justamente de eventos relacionados com as Guerras Eugênicas. Desde Space Seed, o episódio da Série Original que primeiro citou o tema, e mais tarde o segundo filme para cinema, Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan, não havia uma trama em episódios de Jornada nas Estrelas que lidasse tanto com o tema ou suas conseqüências, e de maneira tão direta, coisa que sempre ficou mais relegada ao universo expandido da franquia, através de obras como os dois volumes de Star Trek: The Eugenics Wars.

Assim, como os três episódios do arco eugênico de Enterprise fazem menção direta à questão, é de se imaginar que inconsistências com os livros devem surgir devido a pontos específicos de suas tramas não combinarem com eventos previamente estabelecidos nos livros. A idéia agora é fazermos uma avaliação de trechos dos episódios para vermos até que ponto estas inconsistências ocorrem.

Inicialmente, após se assistir todos os episódios relevantes, um ponto em geral já fica claro. Aquilo que fica implícito pela descrição vista em Space Seed do futuro referente a década de 1990 não combina em praticamente nada com o que de fato ocorreu, o que é obviamente compreensível. Contudo, Greg Cox optou por racionalizar da melhor maneira possível tais eventos reais com os eventos descritos em Space Seed. Já o novo arco de Enterprise parece seguir uma linha que combina mais com o que o episódio original deixa implícito, mas isto é algo que falaremos com mais detalhes a seguir nos comentários dos diálogos.

oo

Algo que também podemos notar ao vermos estes episódios é que o arco de Enterprise cita muito mais as Guerras Eugênicas como um evento distinto do que Space Seed o faz -- o episódio da Série Original se concentra mais sobre a figura de Khan, e as evidências sobre o que ocorreu na década de 1990 não vão além do necessário para ajudar a caracterizar o personagem. Desta forma, e considerando que Manny Coto iria certamente balizar seu argumento para sua trama com os eventos de Space Seed, os fatos vistos no arco eugênico de Enterprise certamente entrarão em conflito muito mais com os livros do que com o episódio original.

Embora Greg Cox em momento algum de ambos os livros utilizou o termo "augment", eu vou o fazer para designar de maneira uniforme tanto os humanos geneticamente modificados dos livros quanto os dos episódios originais.

The mid 1990's was the era of your last so-called world war.

The Eugenics Wars.

Of course. Your attempt to improve the race thought select breeing.

Oh, wait a minute, not "our" attempt, Mr. Spock... a group of ambitious scientists; I'm sure you know the type: devoted to logic, completely unemotional...

All right, gentlmen, as you were...!

Spock, McCoy, e Kirk, Space Seed

Isto, por si só, já entra em conflito com muita coisa no cânone e cronologia das séries, o qual indica claramente que a III Guerra Mundial que ocorreu na Terra se deu em algum momento entre cerca das décadas de 2020 e 2040, como Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato demonstra, por exemplo, e diversos outros episódios da franquia que mencionam assuntos que ocorreram entre o final do século 20 até por volta da década de 2030. Talvez a única maneira de racionalizar este ponto seria considerar que McCoy afirmara "Eugenics Wars" logo após a fala de Spock para o corrigir, ou seja, esclarecer que aquele conflito foi uma guerra distinta da "última guerra mundial", que viria a ocorrer anos depois, segundo outros pontos do cânone da franquia.

It appears that they were in suspend animation when the ship took off.

Scotty para Kirk, Space Seed

Isto é algo que aparentemente Greg Cox teve que abrir mão, pois como vimos, Roberta foi quem fez com que a Botany Bay decolasse para atingir órbita, para aí então Khan e demais augments irem a bordo. Como Scotty não pareceu estar completamente certo da informação, isto foi imprecisão o bastante para servir aos propósitos do autor.

I find no record whatsoever of a SS Botany Bay.

Spock para Kirk, Space Seed

cc

Greg Cox cobriu bem este ponto ao fazer com que a construção do protótipo da classe tenha se dado através do programa secreto governamental que ele descreve nas passagens de seu livro. Isto combina também com o fato destacado em The Augments, onde Soong afirma que a Botany Bay seria apenas um mito, o que corrobora a informação de que Spock teria tido dificuldades para encontrar qualquer referência que fosse a respeito da nave.

Your Earth was on the verge of a dark ages. Whole populatins were being bombarded out of existence. A group of criminals could have being deal with far more efficience than wasting one of their most advanced spaceships.

Spock para Kirk, Space Seed

Dois pontos a avaliarmos aqui. Primeiro, Spock descreve como seria a década de 1990; uma racionalização cínica de modo a carregar um certo exagero pode ser feita para explicar a sua descrição de "a beira de uma idade das trevas" e "populações inteiras sendo exterminadas", especialmente se considerarmos todo o século 20 na equação. E em segundo lugar, a questão levantada por Spock diz respeito a decisão de Gary Seven de ter literalmente roubado a DY-100 para a oferecer para Khan, dando assim a ele uma saída no mínimo inusitada.

In 1993 a group of these young supermen did seize power simoutaniasly on over 40 nations.

Well, they were hardly supermen... they were agressive, arrogant...went into battle against themselves.

Because the scientists overlooked one factor... superior habilities breeds superior ambitions.

Spock e Kirk, Space Seed

Um ponto importante que Greg Cox teve que considerar aqui foi esta fala de Spock, que afirma que em 1993, augment tomaram o poder em mais de 40 nações. Ele não teve como retratar isto pelo valor da face, contudo -- muitos destas "tomadas de poder" foram mais na forma de "warlords" como os que houveram nas guerras civis da Somália e diversos países dos Balcãs, além também de pessoas de influência em outros, e até mesmo na forma de meros "líderes de milícias nacionalistas" nos Estados Unidos, por exemplo. Portanto, em relação aos livros, não podemos considerar que cada um destes 40 países tiveram seus governos diretos controlados de maneira categórica e uniforme por augments. De sua parte, os eventos vistos no arco eugênico de Enterprise não mencionam nada sobre quantidade de países ou situações específicas que entrariam em contradição com esta informação de Spock.

Name -- Khan, as we know him today. [Kirk acena para Spock mudar a imagem na tela] Name -- Khan Noonien Singh.

From 1992 through 1996, absolute ruler of more than a quarter of your world, from Asia through the Middle East.

The last of the tyrants to be overthrown.

I must confess, gentlemen. I've always held a sneaking admiration for this one.

He was the best of the tyrants... and the most dangerous. They were supermen in a sense. Stronger, braver, certainly more ambitious, more daring.

Gentlemen, this romanticism about a ruthless dictator is...

Mr. Spock, we humans have a streak of barbarism in us. Appalling, but there, nevertheless.

There were no massacres under his rule.

And as little freedom.

No wars until he was attacked.

Gentlemen.

[Risadas] Mr. Spock, you misunderstand us. We can be against him and admire him all at the same time.

Illogical.

Totally.

Kirk, Spock, Scotty e McCoy, Space Seed

Esta longa seqüência de diálogo na reunião do staff da Enterprise nos diz bastante sobre quem foi de fato o convidado que eles tem a bordo da nave naquele momento, e sobre o qual lemos nos livros de Greg Cox. Há alguns pontos sólidos sobre a biografia de Khan aqui, através dos quais o autor teve que encaixar sua trama.

Primeiro, se diz claramente o período que Khan esteve no auge do poder, entre 1992 e 1996, e que é basicamente o período de tempo do Volume dois de Star Trek: The Eugenics Wars. Depois disto, temos a informação de que ele foi o "último" dos tiranos a cair. Na falta de evidência em contrário, devemos assumir que ele teria sido o último relacionado as Guerras Eugênicas. De fato, o autor fez com que diversos dos rivais de Khan fossem sendo derrotados ao longo da trama, fazendo com que ele fosse o último a sair de cena.

Após isto, há Kirk mencionar que ele foi o melhor e mais perigoso. Isto foi interpretado por Greg Cox da maneira que através de Ament, a parcela da Índia que lhe serviu de nação imediata até que passou por um período de prosperidade, antes que a queda de Khan colocasse tudo a perder, e de fato, ele foi retratado como o mais perigoso augment do período. Também importante são alguns dos fatos destacados por McCoy e Scotty, que "não houve massacres sob seu regime" e que "não houve guerra antes de ele ser atacado". Ambos os fatores foram trabalhados por Cox de maneira a retratar os eventos de The Eugenics Wars combinassem com isto. Exceto talvez pela demonstração de força de Khan no início para os delegados que ele convocou a seu palácio, as primeiras confrontações no livro que poderiam já classificar como "Guerras Eugênicas" foram deflagrados por outros augment que não Khan.

Soong used to work at Cold Statin 12... top secret medical research station.

Isn't where Starfleet keeps a stockpile of infections diseases?

Along with genetic engineering embryos... leftovers from the Eugenics Wars. It's been kept from the public for obvious reasons.

Archer e Reed, Borderland

Este é o primeiro ponto do arco eugênico de Enterprise com o qual temos inconsistência com os livros The Eugenics Wars. Segundo a trama dos livros, a principal pesquisa com os embriões geneticamente modificados se deu no Projeto Chrysalis, e depois disto, Khan tentou mexer com alguma coisa nas suas instalações no atoll de Mururoa. Como vimos em cada livro, ambos os locais foram destruídos por dispositivos nucleares, o que faz com que não dê para racionalizar que a "sobra de embriões" que foi parar na Cold Station 12 tenham vindo destes locais. A única maneira de relacionar estes embriões do arco de Enterprise com os livros de Greg Cox é considerar que eles teriam sido encontrados no palácio de Khan em Chandigarh, após a tomada destes por forças ocidentais e russas.

I didn't realize you shared the humanity's reactionary attitude towards this field of medicine.

On the contrary... we used genetic engineering on Denobula for over two centuries, to generaly positive effect.

But you don't approve of what I've done.

You've tried to redesing your species... the first time that was tried on Earth, the results were 30 million deaths.

Soong e Phlox, Borderland

Esta fala de Phlox combina bem mais com os eventos vistos em Space Seed do que com os livros. Segundo consta, 30 milhões de pessoas teriam morrido em conseqüência das Guerras Eugênicas, mas este número é alto demais para combinar com os eventos vistos nos livros, onde as guerras são descritas como tendo sido bem mais low-profile do que o até então imaginado. Um conflito que matara esta quantidade de pessoas e teria envolvido tantas nações certamente poderia ser classificado como uma "guerra mundial", o que combina com o que Spock originalmente afirmou em Space Seed, ainda que não tenha sido a "última" destas, como ele também afirmou.

What kind of people are these? [a respeito do sindicado Órion]

I would say there not unlike some of your ancestors... judging from your accent.

Well, if I remember my history, these augments that you loved so much had plenty of slaves.

They were more like subjects.

Huh... but treated like slaves.

Trip e Soong, Borderland

Tal descrição de Trip e Soong de como os augment exerciam seu controle sobre as populações que controlavam não entram em choque contra nenhuma obra previamente colocada. Não temos nada contra isto em Space Seed, considerando que não apenas Khan era um líder augment no poder, e nos livros de Greg Cox, daria para considerar que vários dos rivais augment de Khan podiam ter populações sob um julgo praticamente escravizado, ainda que ele próprio não tivesse, coisa que foi respeitada por Cox em sua trama, de acordo com informações do episódio original.

Some claim humanity rose against the augments... others say the augments began fighting among themselves. Whoever start it, the war devasted Earth... millions perishid. And when it was over, people like you... were feared. Humans will always fear you. They fear your power, your intelect. They fear you because yorre everthing they want to be, but they can't. Witch why I brought you here.

Soong para os seus Augments com dez anos de idade, Cold Station 12

Não posso dizer que Manny Coto ou seus roteiristas fizeram de maneira proposital, mas é curioso observar que a fala de Soong aqui parece mencionar implicitamente tanto o que conhecemos das Guerras Eugênicas através do episódio original (humanity rose against the augments) com o que conhecemos através dos livros de Cox (augments began fighting among themselves), com cada hipótese combinando com uma fonte. Seja como for, nada entra em contradição direta com isto, a não ser mais adiante, onde Soong corrobora a informação de Phlox que a guerra teria sido bem mais devastadora do que foi retratado nos dois volumes de The Eugenics Wars.

I think Soong is heading to Cold Station 12.

Isn't where he used to work?

It's a medical facility run by Starfleet and the denobulans. Several diseases are stockpiled there for research purposes.

It's the embryos from the Eugenics Wars that Soong's after.

I thought Soong stole the embryos.

He took 19... but there are over 1.800.

That's why he took the incubators with him.

Why these embryos were not destroyed after the war?

At the time, that was too controversial. Earth's governments could not decide in how to handle the issue, so they were put in cold storage.

Archer, Trip e T'pol, Cold Station 12.

Aqui temos um pouco mais de desenvolvimento em cima da questão de "embriões excedentes" da guerra, com as razões para a sua não destruição e a quantidade relacionada. Apesar de a grande quantidade envolvida tornar ainda mais difícil se poder combinar esta sobra com os eventos vistos nos livros, ainda assim nada entra em conflito direto contra a racionalização de um eventual estoque extra no palácio de Khan.

ccc

I don't know what you've been told about Earth, but you are not going to be punished.

That's not what my father said.

Soong is not your father.

What do you mean?

Your biological father was Nicholas Kovaslosci. He was a geophscist.

How do you know that?

We got the information from Soong's computer. Your mother's name was Eurina. She was an athelte... won the silver medal in the olympcs. We have lots of historical data on both your parents, you can look at it.

Archer e Udar, Cold Station 12

Este é um ponto importante em relação a inconsistências entre os livros de Greg Cox e o arco de Enterprise. Aqui, Archer consegue descobrir dados sobre os pais biológicos de um dos augments, mas pelo que foi visto ao longo dos dois livros, a existência de tal informação teria a mesma dificuldade da existência dos embriões excedentes; apenas a racionalização de que tais dados se encontrariam também no palácio de Khan capturado ao fim do conflito poderia se encaixar de maneira razoavelmente satisfatória aqui.

You might be interest to know that Udar became quite a student of Earth's history. He's being reading about the Eugenics Wars.

I thought Soong gave him the whole story.

I'm quite familiar with the subject myself... when human intelect and human instinct where out of sync. Many people where killed.

The official number was 30 million... some historians says it was close to 35.

I understand Earth abandoned genetic engineering.

Phlox e Archer, Cold Station 12

Nada de muito diferente neste ponto, com um diálogo entre Archer e Phlox que apenas corrobora ainda mais a versão de que o conflito foi bem mais catastrófico do que o visto nos livros. É curioso notar que tal versão dos fatos faz com que a década de 1990 do universo onde se passa Enterprise combine mais com a original deixada implícita pelo episódio original da Série Original. Uma década de 1990 que teria tido um conflito que matou coisa de 30 milhões de pessoas teria tido um impacto tão grande que tais anos 90 teriam sido bem diferentes dos nossos anos 90 reais, e dos anos 90 plausíveis das Guerras Eugênicas dos livros de Cox.

Are you familiar with the name Botany Bay?

It's a penal colony on the shores of Australia.

It's also the name of a pre-warp vessel, launched at the end of the great wars... the ship carried many of our brethren, including Khan Noonien Singh.

Botany Bay is a myth. There's no evidence it ever existed.

All records of the launch were destroyed. They didn't want to be followed.

Even if you're right, the ship was lost, never to be heard from again.

Malik, Persis e Soong, The Augments

Esta é a única vez no arco de Enterprise que é feita menção direta a Khan ou os eventos relacionados a ele. O fato de tais eventos serem apenas um rumor e um mito combina tanto com o que foi visto em Space Seed, com os tripulantes não sabendo logo de cara a natureza da missão da nave que encontraram, como também combina com a maneira que Gary Seven arranjou para que Khan e seus augments tivessem acesso ao protótipo DY-100.

They were engenired to be this way. Superior habilities breeds superior ambitions. One of their creators wrote that... he was murdered by an augment.

Archer para Soong, The Augments

cc

Embora nenhum evento nos livros de Greg Cox possa ser diretamente relacionado a este ponto que Archer cita, é interessante observar a relação direta entre este trecho e Space Seed, onde Spock cita a mesma frase que Archer menciona aqui, embora na ocasião do episódio original, não houve obviamente nenhuma indicação de que esta frase do vulcano seria uma citação a algo previamente escrito.

Para concluir, não se pode considerar que os dois volumes de Star Trek: The Eugenics Wars estejam completamente de acordo com aquilo que agora o arco eugênico de Enterprise estabelece como C&C relativo as Guerras Eugênicas. Não é algo que é errado per se, obviamente, uma vez que a política oficial da Paramount para cânone e cronologia é que livros não são cânone. Contudo, é de se considerar também que fora o fato da magnitude do conflito, não parece existir nenhuma incoerência tão grande que faça com que a trama escrita por Greg Cox fique completamente fora do plausível em relação ao oficialmente estabelecido no C&C, de modo que na opinião deste missivista, tais eventos ainda podem ser considerados como uma boa descrição em mais detalhes do que ocorreu durante os anos 90 do universo onde ocorre a série Jornada nas Estrelas.