Literatura

 









 

''STAR TREK: EUGENIC WARS"

Volume 1


Escrito por:
Greg Cox

Publicado por: Pocket Books

Lançamento Original: agosto/2002

Formato: Paperback


Série: Série Clássica

Páginas: 520

 
Review por Leandro M. Pinto
 

Uma das características do rico Cânone & Cronologia de Jornada nas Estrelas é ter diversas informações sobre eventos que teriam ocorrido antes da época em que se passa A Série Original. O período da missão de cinco anos original da Enterprise, portanto, é meio vista como um "ano zero" da cronologia da franquia, e um dos eventos mais populares, por assim dizer, desta cronologia é sem dúvida as chamadas Guerras Eugênicas. Primeiro mencionadas no episódio Space Seed, da Série Original, aprendemos que elas foram um conflito que teria ocorrido no final do século 20, e no qual a participação de humanos geneticamente modificados não apenas ocorreu, como também teria sido o catalisador do conflito. No mesmo episódio, James Kirk e sua tripulação conhecem diversos destes super-humanos, incluindo o seu líder Khan Noonien Singh. Tempos depois, em Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan, o tema foi novamente revisitado, e outro embate entre Kirk e Khan ocorreu em um dos filmes mais populares da franquia.

Apesar de todo este background do episódio original e do segundo filme para o cinema, além de inúmeras outras pequenas menções em outros episódios, o fandom nunca teve realmente uma visão geral e completa sobre o que teria de fato ocorrido durante as Guerras Eugênicas, e como estas teriam afetado o planeta Terra do universo onde a franquia existe. É com a intenção de preencher esta lacuna que temos agora a série de livros Star Trek: The Eugenics Wars, de autoria de Greg Cox.

Um ponto particularmente interessante sobre a obra é considerar o seu contexto em comparação com o contexto histórico real. Quando Space Seed foi originalmente escrito por Carey Wilber e Gene Coon, os anos 1990 pareciam um longínquo futuro sobre o qual se poderia dar um ar de mistério. Claro, quase quarenta anos depois do episódio, este eventual futuro já está no nosso passado, e desta forma, Greg Cox procurou equilibrar os elementos cânones conhecidos sobre as Guerras Eugênicas com os elementos históricos reais ocorridos entre o final dos anos 60 e o final dos anos 90. Mas falaremos mais a respeito disto na análise; por ora, vamos já para a condensação da trama de The Eugenics Wars, Volume 1.

O Início no Futuro: James Kirk e a Enterprise como fios da meada da trama

A trama começa com a Enterprise em rota de Sycorax, onde Kirk e seu oficiais irão conhecer os representantes oficiais de uma colônia chamada Paragon, para uma série de conversações diplomáticas. Há duas questões interessantes a serem levadas em conta nesta presente missão da Enterprise: primeiro, Paragon é uma ex-colônia terráquea/humana, criada nos primórdios da exploração espacial humana, mas que com o tempo deixou de manter contato com seu planeta-natal. E segundo, os humanos de Paragon abraçaram a eugenia e o desenvolvimento genético, em direto contraponto ao que ocorreu na Terra e na Federação como um todo. Estes humanos que eles estão para encontrar são geneticamente modificados – e o Conselho da Federação sabe disto, como Kirk explica para Spock e McCoy. A questão sugere, portanto, que o Conselho da Federação está cogitando dar status de membro a um planeta que tem política de eugenia, e então isto significaria uma revisão na política federada sobre a questão. O debate que se segue é o ponto principal deste prefácio – Kirk não quer fazer julgamentos de valor ainda, enquanto McCoy apaixonadamente se opõe a idéia, com Spock o flanqueando para que o bom doutor não seja precipitado em tirar conclusões sobre uma situação a qual eles precisam de mais dados para fazer uma análise.

Após o debate, Kirk mostra interesse em obter mais informações sobre as Guerras Eugênicas, para ter um contexto histórico mais amplo sobre a questão que estão indo debater em Paragon. Spock sugere uma pesquisa sobre o tema, e esta aqui é a deixa, portanto, para tanto eles como nós, enquanto leitores, seguirmos para a narrativa de Greg Cox sobre os primórdios das Guerras Eugênicas, o que ocorre no capítulo a seguir. Alguns pontos cruciais a considerarmos aqui são os seguintes: McCoy mencionou a Kirk que eles encontraram Khan pessoalmente por volta do ano anterior, o que indica claramente que a ação no século 23 se dá durante a era da Série Original. Além disto, Spock também menciona um dos personagens-chave da trama... Gary Seven. Isto indica também que as ações de Seven durante as Guerras Eugênicas são de conhecimento histórico dos federados do século 23... a importância deste detalhe será mais bem entendida ao que acompanharmos a trama.

Ainda mais tarefas na Terra

A ação inicial de The Eugenics Wars nos leva a Berlim Oriental no início de 1974, onde encontramos a primeira ação de três dos principais personagens da trama, e que também são rostos já conhecidos do fandom: Gary Seven, Roberta Lincon e Isis. Aqueles familiarizados com o episódio Assignment: Earth, da segunda temporada da Série Original já conhecem as capacidades e características deste trio, mas para os colegas que eventualmente não viram este episódio, uma recapitulada está na ordem do dia: Gary Seven é originário de um planeta onde uma colônia de descendentes humanos que há séculos foram levados para lá, desenvolveram uma avançada sociedade. Mesmo para a Federação no século 23, a existência deste planeta é largamente um mistério, e Seven é um operativo desta sociedade que está infiltrado no passado do planeta-natal de seus ancestrais meio que para supervisionar o desenvolvimento social da humanidade, e se assegurar que esta não se destrua por cometer alguma ação tola. Em Assignment: Earth, Kirk e seus tripulantes encontram Seven em uma de suas missões, além de também conhecerem Roberta Lincon, uma loira meio sonsinha que Seven utilizava como secretária pessoal, mas que acaba aprendendo na ocasião a real natureza das ações de seu patrão, e Isis, uma alienígena que entre várias habilidades, pode posar como uma gata doméstica comum.

E é aqui em Eugenics Wars que encontramos novamente estes alumnis da Série Original. Roberta está no momento aguardando que Seven retorne de uma insurtida para adquirir informações sobre a possibilidade de mais uma missão. Após ter que se livrar de um indesejado berlinense dorme-sujo que imaginou ela ser uma presa fácil na noite da cidade, Roberta e Gary tem que correrem de guardas da Alemanha Oriental, pois estes acabaram notando as ações suspeitas deles. Após uma fuga para uma área segura, Gary utiliza o seu "servo", um dispositivo futurista de mil e uma utilidades (que juntamente com o computador Beta Cinco, de Gary, também foi visto em Assignment: Earth) e se teleportam para a base de operações de Gary em Nova Iorque. Após uma breve confabulada com Roberta, Gary chega a conclusão de que o desaparecimento de diversos cientistas da área de engenharia genética é algo que tem sido mais do que coincidência, e decide por investigar mais a fundo algumas pistas que conseguiu em Berlim.

O Berço dos Super-Homens de Khan

Entrementes, a narrativa nos apresenta para a Dra. Sarina Kaur, uma cientista indiana com formação em biologia e engenharia genética, com ela trabalhando em alguns aspectos de um determinado projeto de engenharia genética o qual ela vislumbra como sendo algo que trará a humanidade a um novo nível evolucional, com o desenvolvimento de técnicas genéticas para o nascimento de humanos perfeitos e extremamente inteligentes. Ela lidera tal projeto em uma remota instalação secreta no subcontinente indiano, de propriedade da corporação que controla, Chrysalis, e conta com a ajuda de inúmeros outros cientistas do mesmo campo de conhecimento seu. No momento, a Dra. Kaur se orgulha de seu projeto já ter rendido uma primeira geração de crianças especialmente superdotadas, e uma segunda leva está em desenvolvimento -- tanto, na verdade, que um dos futuros infantes está incubado nela mesma, daí a Dra. Estar com um ventre de vários meses de gravidez. Mas não seria o seu primeiro, contudo... a Dra. Kaur já teve um primogênito na primeira leva de bebês geneticamente modificados.

A investigação de Gary divide o grupo em duas partes. Roberta é encarregada de posar como uma cientista em uma conferência de genética ocorrendo em Roma, e a moça chega na cidade sob o nome falso de Verônica Nery, acompanhada de bagagem e uma gaiola para sua "gata de estimação". Roberta pensa para si mesma que não queria realmente trazer a alien consigo para a missão, mas Gary insistiu, e ela fica imaginando se o seu superior não faz isto para que Isis é que fique de olho nela, e não vice-versa. De sua parte, Gary inicia uma investigação em Nova Iorque sobre transações suspeitas de equipamento de bioengenharia, e para isto posa de fornecedor deste tipo de equipamento. Tal disfarce que o leva a conhecer um sujeito chamado Offenhouse, que demonstra ter grande interesse neste tipo de mercadoria, acompanhado da atitude sem-perguntas que chama a atenção de Gary.

Na conferência, Roberta age de tal maneira que procura atiçar a curiosidade de qualquer participante ali que possa ter alguma relação com o desaparecimento dos cientistas nos últimos tempos. Não demora muito, e a moça começa a perceber que não apenas está sendo vigiada a distância, mas também é abordada por um jovem cientista que demonstra interesse sobre a suposta área de atuação dela e suas visões sobre o tema de bioengenharia. Roberta joga verde para colher maduro, e não demora muito para acabar recebendo um convite do cientista, um rapaz asiático chamado Takagi, e de seu superior, um ucraniano chamado Lozinak, não coincidentemente, um dos renomados cientistas "desaparecidos" nos últimos meses. Roberta aceita o "recrutamento" para aquilo que ambos sugerem ser um projeto de que será de grande interesse da loira ali colaborar. Até onde puderam verificar, Roberta realmente parece ser quem afirma ser, dado a sofisticação das capacidades de Gary Seven de criar falsas identidades a medida da necessidade de suas missões.

Seguindo a pista que conseguiu do interesse de Offenhouse por equipamento de genética, Gary confirma que o destino final do equipamento seria para uma misteriosa organização na Índia, e desta forma, ele providencia para seguir para lá mediante as capacidades de teleportagem de seu servo. Assim, ele se encontra no aeroporto de Nova Delhi ao mesmo tempo em que o vôo privado que transportou os equipamentos para a Índia chega. Tal vôo também fez uma escala em Roma para trazer os operativos da Chrysalis de volta ao país, acompanhados de sua mais nova recruta para suas fileiras acadêmicas. Um comboio de veículos parte com eles, e de maneira separada, Willians, um britânico que é um agente da Chrysalis encarregado do recebimento do material, encontra Gary Seven juntamente ao material recebido. Gary contava com isto, contudo -- desta forma, não precisa fazer realmente muito esforço para conseguir ir até o destino final do equipamento, posando de "prisioneiro" pelo tempo que isto lhe for conveniente.

Depois de uma longa viagem de carro pela Índia, os grupos chegam até as instalações da Chrysalis, e em diferentes momentos, recebem a atenção da Dra. Kaur: "Verônica Nery" é recepcionada em um jantar, onde aprende mais detalhes sobre a natureza e intenção do projeto, e depois recebe um tour pelas instalações da Chrysalis, por Takagi. Kaur também demonstra grande interesse no capturado Gary Seven, e como ele teria conseguido descobrir tanto a respeito da Chrysalis para ter chego até onde chegou. Durante as várias especulações de Roberta com Kaur e os demais, além da visita pelas instalações, ela aprende que eles não estão fazendo ali apenas espertas crianças transgênicas... há também um grande esforço no sentido de se desenvolver armas biológicas, e não de maneira gratuita; faz parte do projeto como um todo. Roberta tem que encarar a possibilidade cada vez mais real de que Kaur parece ser insana o bastante para pensar em substituir a humanidade como um todo pelas suas supercrianças que ali cria.

Roberta encara a possibilidade de plano tão diabólico com grande pesar, pois de uma maneira ou de outra, ela fica impressionada com as crianças que se encontram ali, espalhadas por diversas classes de dez a quinze alunos cada. Com apenas quatro anos de idade, muitas delas demonstram capacidade intelectual de acadêmicos de mais de 30 anos de idade, misturadas a uma ingênua atitude infantil. Pintam reproduções de quadros famosos com lápis de cor, esculpem estátuas com massinha de modelar, lêem clássicos literários como o Inferno de Dante, e poraí vai. Um dos garotos até chama mais a atenção dela, não apenas pelo sentimental apego dele por Isis, que durante uma das visitas atraiu a atenção das crianças de uma das classes, mas também pela postura firme que o garoto demonstra ter, além das capacidades intelectuais e perfeição física. O garoto é o primogênito de Kaur, e os professores se referem a ele por um de seus nomes, Noon.

Enquanto Roberta e Isis observam o que podem das instalações e colhem dados, Gary Seven está testando a paciência de Kaur. A doutora não tem sucesso com técnicas de interrogação convencionais, e a atitude segura de si que Gary demonstra apenas atiça a curiosidade da Diretora da Chrysalis. Ela recorre para um supersoro da verdade que desenvolveu, completamente mais eficiente de qualquer coisa que já existiu. Gary, por sua vez, confia no seu treinamento, que recebeu em seu planeta natal, e na capacidade de seu físico de tolerar tais toxinas, pois embora não seja resultado de engenharia genética, é resultado de seleção reprodutiva natural pelos seus ancestrais em seu planeta-natal. Por horas, a resistência de Seven se mostra admirável. Técnicas de meditação Vulcanas e um preparo físico excepcional fazem com que a droga pessoal de Kaur não tenha efeito algum em sua finalidade principal de revelar os segredos de Seven. Kaur não tem como deixar de ficar admirada, e mais curiosa ainda sobre a real natureza de seu prisioneiro. Não satisfeita, ela ordena seus assistentes aplicarem outra dose do soro, algo que nunca fora necessário em qualquer outra ocasião, e um risco alto de morte. Após algumas horas, é Seven quem começa a ser realmente testado... mesmo por toda sua resistência, ele começa a considerar que sua capacidade de se manter está chegando ao fim. Kaur insiste em suas perguntas, e quando Seven estava prestes a sucumbir finalmente, ele teve a presença de espírito de acabar dando a língua nos dentes em idioma Klingon. Para Kaur, aquilo somente soa como rosnadas, e ela mais uma vez fica frustrada, preferindo retornar em outro momento.

Roberta e Isis continuam ocupadas em seu reconhecimento, e o tour deles na classe de crianças tem um fim abrupto, quando uma delas parece cair em um choque epiléptico. Os professores correm para tomar as medidas necessárias para casos deste com as crianças, e Takagi providencia para sair dali com Roberta e Isis. A loira não tem como deixar de pensar que pelo que parece, o projeto de perfeição da Chrysalis ainda não é completamente perfeito, o que é algo sempre perigoso de se considerar em um projeto genético desta natureza. A visita continua até instalações mais industriais do complexo, incluindo até mesmo a pequena usina nuclear do complexo, que é a responsável pela geração de energia elétrica para as instalações. Após isto, durante uma passada em um dos corredores, Isis escapa dos braços de Roberta, e tanto ela quando Takagi tem que correrem atrás da gata, com Roberta considerando que Isis mais uma vez parece querer apenas irritar a colega de trabalho. Contudo, quando o casal de cientistas alcança a gata, se encontram na sala onde Gary está sendo mantido, que é uma área improvisada com gaiolas de animais para pesquisa. Não apenas isto, mas eles também encontram a Dra. Kaur também presente, tentando novamente conseguir algo de Seven. Roberta procurar esconder a preocupação de ver seu chefe em um estado inconsciente, e pergunta o que acontece ali. Kaur procura também esconder que considerou a interrupção extremamente inoportuna, e explica que eles estão tentando apenas descobrir a real natureza de um espião capturado. Após isto, Takagi providencia para que Roberta vá para seus aposentos.

Não satisfeita em deixar o seu superior daquele modo, Roberta e Isis se aventuram sozinhas pelos corredores da Chrysalis, atrás de mais informações e de um modo para livrar Gary. Contudo, os planos das duas tem uma súbita mudança de curso, quando Roberta responde a um chamado pelo servo, mas aconteceu de ser a Dra. Kaur fuçando no mecanismo para descobrir suas capacidades. Com seu disfarce acabado, Roberta e Isis iniciam uma fuga pelos corredores das instalações enquanto um alerta de intruso é destacado sobre ela. Durante a fuga, ela consegue escapar de vários guardas e oficiais do projeto, incluindo Tagaki, e também encontra uma seção da Chrysalis destinada para as crianças que demonstraram ter problemas de desenvolvimento de alguma espécie, o que a deixa razoavelmente chocada. E é neste local que finalmente agentes da Chrysalis a conseguem acuar e a capturar, mediante a inserção de sonífero gasoso no recinto.

No que Roberta é agora mantida prisioneira juntamente com Gary, é a vez de Isis procurar fazer algo. Atendendo um pedido pessoal de Roberta quando esta fugia, Tagaki acabou tomando para si a "gata de estimação" da agora descoberta espiã, e levou o felino para os garotos da classe que eles primeiro haviam visitado. Durante uma pausa para refeições da classe, Isis usa a oportunidade para se transmorfar em sua forma humanóide, coisa que acaba sendo vista por Noon, mas embora bastante surpreso, a atitude tranqüila de Isis para com o garoto o deixou realmente sem muita ação. No que Isis retorna ao local do cativeiro, se encarrega de desarmar e colocar a nocaute dois dos guardas da Chrysalis, da mesma maneira que Kaur, que estava prestes a continuar o seu interrogatório agora também em Roberta. Isis liberta ambos, e usa uma técnica específica para reanimar Gary, que havia entrado em um modo de coma controlado, que serviu bem para ficar inconsciente e assim não ter que enfrentar muito mais interrogatórios. O grupo se reorganizar e recupera seus servos, e após trocas de informações, Gary decide que eles precisam destruir aquela unidade. Gary irá até a sala de controle do reator privado da Chrysalis e acionará uma seqüência de autodestruição que o sistema possui, com uma ruptura controlada do reator de modo a criar uma explosão nuclear, para uso no caso de um acidente biológico grave. Roberta e Isis ficam encarregadas de se teleportarem para Nova Iorque, e usarem o Beta Cinco para teleportarem as crianças para locais longe dali. As demais pessoas deverão abandonar o complexo mediante os procedimentos de evacuação com o qual certamente contam, e Gary providenciará para que a ruptura controlada do reator forneça o tempo necessário para tal.

Após avançar até a sala de controle do reator e a segurar para si, Gary sela o local e juntamente com um dos técnicos sob sua captura, aciona o procedimento de autodestruição, fazendo um aviso geral no sistema de intercom do complexo: ele avisa que tomou para si o controle do reator, e ativou o sistema para destruição em 30 minutos. Uma situação de pânico controlado segue-se, com os operativos da Chrysalis fazendo os procedimentos de evacuação, ao mesmo tempo em que Roberta e Isis providenciam os teleportes das crianças para diversos locais distantes e que mais tarde, elas poderão ser encaminhadas para entidades de tutela de menores e afins. O fato de as crianças desaparecerem é algo que causa estranheza nos operativos que estavam encarregados da evacuação delas, mas nada podem fazer a não ser salvarem suas próprias peles. Gary procura continuar na sala do reator até o último segundo possível, para se assegurar que ninguém poderia vir para abortar o procedimento, e este cuidado mostra-se acertado: a Dra. Kaur volta a consciência de ter sido desacordada por Isis, e consegue surpreender Gary na sala do reator e por dado momento, consegue o manter sob custódia. Gary, contudo, vira rapidamente a mesa, e uma luta e tiroteio segue-se no local, com Gary tentando racionalizar a situação com Kaur e demonstrar que tudo já está perdido. Mas a cientista mostra ter o tipo de posição irredutível a líderes daquele tipo de organização, e o resultado final do embate é Gary conseguir escapar do local pouco antes da explosão final, da qual a doutora não tem a mesma sorte. Horas depois, em NYC, Gary e as duas agentes acompanham pela TV as notícias sobre um suposto teste nuclear indiano detectado algumas horas antes, e confabulam sobre o destino das crianças, como Noon, que ficou sob a tutela de alguns parentes distantes em uma cidade do interior da Índia.

Não apenas a Terra tem seus Super-Homens  

Neste ponto, a narrativa volta novamente para a bordo da Enterprise, quando a nave finalmente alcança Sycorax. Três dias se passaram, durante os quais Kirk pesquisou até aquele ponto sobre os eventos das Guerras Eugênicas. Depois de entrarem em órbita padrão e contatarem a colônia, Kirk, McCoy e alguns dos tradicionais camisas-vermelhas vão para a colônia Paragon a bordo de um shuttle, por o sistema de escudos da colônia não permitir teleportagem -- o planeta é classe K, semelhante a Vênus, e os colonos vivem em um complexo que possui uma bioredoma viva como estrutura primária para o habitat, reforçado pelo campo de força. Como Kirk aprende dos líderes da colônia, esta foi fundada séculos antes por colonos terráqueos que deixaram a Terra em uma nave da classe Deadalus para fundarem uma colônia em um planeta classe M naquele mesmo sistema-solar. Contudo, assim que chegaram, constataram que a lua deste planeta classe M estava ficando com uma órbita errática, o que estava desestabilizando geologicamente os continentes, o bastante para não ser aconselhável a criação de uma colônia ali. Sem suprimentos e dilithium para uma viagem de volta, a única escolha foi criarem a colônia no planeta que se mostrou minimamente capaz para tal.

E que humanos são estes, como Kirk e McCoy aprendem. Fisicamente perfeitos, e com grandes habilidades, é como se fosse um planeta de Spocks, como o bom doutor coloca para Kirk. O capitão da Enterprise agradece toda a hospitalidade do povo local, e inicia as sua missão diplomática, mas não antes de descobrir um novo desdobramento com o qual não contava: o Capitão Koloth, nada menos, e alguns de seus oficiais também estão presentes, representando o Império Klingon. Kirk é claro, o reconhece de seu encontro anterior na Estação K-7 na ocasião em que o carregamento de quadrotriticale foi sabotado por um Klingon quando estava para ser enviado para o planeta Shermann. Kirk confabula um pouco com a Regente Clarke, a líder da colônia, sobre a iniciativa de também convidar Klingons para as conversações. Clarke confessa que a presença Klingon no setor tem sido claramente incômoda e certamente ela não é ingênua em imaginar qual seria o interesse Klingon no know-how deles sobre engenharia genética, e é a razão de ela ter aberto negociações com a Federação, mas ela também não pode negar que, caso a Federação se negue terminantemente em fechar qualquer acordo com a sua colônia, um acordo deles com os Klingons então pode ser a única saída viável para o povo dali.

 

Seguindo para os anos 80

Enquanto aguardam a recepção diplomática algumas horas ainda a frente, Kirk retoma suas pesquisas sobre as Guerras Eugênicas através do matéria que trouxe da Enterprise. Tal pesquisa agora o coloca lendo sobre diversos problemas étnicos que surgem em inúmeras regiões da Índia ao final de 1984, e no meio de um destes, encontramos o jovem Noon, agora com catorze anos de idade, mas como sabemos, dotado de um intelecto incrivelmente precoce para um adolescente, mas nada que não se espere de um dos super-humanos desenvolvidos no projeto Chrysalis. Em uma vista ao mercado local em Nova Delhi, Noon se vê no meio de uma revolta da população local contra indivíduos da etnia indiana dos Sikhs, levante este catalisado pelo assassinado, apenas horas antes, da Primeira Ministra Indira Gandhi por alguns de seus próprios guarda-costas, que aconteciam ser Sikhs. Na fuga de uma turba interessada em literalmente imolar tanto o jovem como diversos outros da multidão, Noon aceita a ajuda de um sujeito que demonstra saber quem ele se trata. Após se juntar ao fulano e escapar por alguns túneis e névoa, Noon se encontra repentinamente em um apartamento cuja decoração não lhe parece familiar. O sujeito finalmente se apresenta, e se identifica como Gary Seven. Também presentes estão ali Roberta e Isis, em sua forma felina. Noon se lembra vagamente dela, e Gary e Roberta esclarecem que conheceram Noon na ocasião do desmante por parte deles do projeto Chrysalis, e que desde então, eles tem mantido um olho no desenvolvimento do garoto. Gary acredita que está na hora de dar uma chance para Noon, uma chance de ele se juntar a sua operação, e explica de modo simples a natureza de sua missão. Noon não acredita muito, e Gary inclui na explicação o fato de que agora ele es'ta em um apartamento em Upper East Side, em Nova Iorque. Frente a isto, Noon aceita a realidade desta sua situação, e depois de alguns dias ali até os ânimos se acalmarem em Nova Delhi, o jovem pensará a respeito. Depois que parte, Roberta não se mostra segura o bastante para considerar aquilo como a melhor idéia do mundo, pois Noon, apesar de ser brilhante, também demonstra uma certa arrogância incomoda. Gary concorda com a sua assistente, mas acredita que poderá tutelar bem o garoto.

Uma das primeiras missões de Gary acompanhado de Noon acontece em uma base bastante próxima ao exato ponto do Pólo Sul, na Antártida. Após atravessar alguns quilômetros na neve, Gary e Noon alcançam uma base secreta americana no local, e rapidamente rendem alguns poucos pesquisadores locais. Gary, contudo, quer especificamente o Dr. Wilson Evergreen, e diz ao pesquisador que sabe a real natureza da pesquisa dele ali, que envolvem procurar controlar meios de reparar a fenda na camada de ozônio na atmosfera da Terra, o que inclui para isto um satélite recentemente colocado em órbita polar do planeta, após uma missão do shuttle Discovery alguns meses antes. Evergreen nega tais fatos, e procura ganhar tempo de seus captores. Em um movimento brusco, consegue neutralizar temporariamente Gary usando uma arma oculta em um instrumento de pesquisa, mas nisto, Noon o ataca ferozmente e o fere de maneira mortal com uma adaga. Gary fica espantado com a reação exagerada do garoto, e constata que Evergreen está morto. Mas antes que Gary pudesse pensar sobre o que fazer a respeito do exagero de Noon e como isto afeta a missão, Evergreen reacorda e lentamente se recupera por completo do golpe que teria que ter o matado. Gary fica espantado com aquilo, e conclui que Evergreen só pode se tratar de um "imortal" sobre os quais conseguiu algumas informações ao longo dos anos. Evergreen confirma que é um deles, e sua vida teve origem na Mesopotâmia, mais de seis mil anos antes. Nossa referência ao C&C se encontra no fato de que Evergreen, é claro, é (ou virá a ser, pelo menos) ninguém menos do que Flint, do episódio Requiem for Methuselah.

Evergreen confronta Gary dizendo que eles não devem procurar destruir sua pesquisa, pois isto é algo que ele pretende usar para recuperar a camada de ozônio do planeta, e não a destruir. Gary, contudo, confirma para Evergreen que os patrocinadores de suas atividades no Departamento de Defesa dos EUA tem a intenção de utilizarem a pesquisa como uma categoria de arma não-convencional. Frente as evidências apresentadas por Gary, Evergreen concorda em cessar suas pesquisas ali e providenciar para preparar a sua "morte", atividade no qual ele afirma ter ficado muito bom ao longo dos séculos. Missão cumprida, resta apenas para Gary levar Noon para a Índia, e ter uma conversa com o jovem sobre estas suas atitudes impulsivas.

Mas no que a dupla se teleporta para a cidade de Bhopal, e começam seu debate sobre os recentes eventos, eles se deparam com um pânico generalizado na cidade. Noon intercede com um dos locais para saber o que está havendo, qual seria a razão de fuga tão abrupta, e o senhor que ele aborda balbucia alguma coisa sobre uma nuvem de gás venenoso atingindo a cidade. Noon se lembra que há na região uma fábrica de produtos químicos da Union Carbaide, e aparentemente, alguma espécie de acidente está causando uma contaminação de proporções consideráveis. Após providenciarem seu teleporte para Nova Delhi, Noon discute com Gary que ele deveria ser mais incisivo em suas missões, e que deveria procurar controlar mais os destinos das sociedades, tendo os recursos que tem a disposição. Gary argumenta que tal microgerenciamento não é a intenção de sua missão, e ele não tem condições de ser onipresente daquela forma -- mesmo que tivesse, ele não deveria interferir tanto com a humanidade. Noon demonstra com a discussão que está desenvolvendo em relação a Gary um certo ressentimento, por este o considerar muito impulsivo, mas Noon é que considera que Gary, embora tenha para si uma nobre missão, acredita que ele é cheio de quetais demais, extremamente preocupado apenas nos meios, e não nos fins, de suas missões. Isto, aliado ao fato de que aquele acidente ali serve como mais um indício que os governantes das nações simplesmente são incompetentes demais para cuidarem adequadamente dos povos da humanidade, começa a ebulir no jovem uma nascente intenção de que ele deve, um dia, procurar ser o líder da humanidade para levar ordem para todo aquele caos. Noon não acredita mais que seja adequado em continuar associado a Gary, que agora procura apenas aconselhar o melhor possível o garoto para que ele planeje adequadamente seu futuro. Antes de se despedirem, o jovem também pede para que ele passe a se referir a ele por outro de seus nomes, que acredita ser mais adequado para si -- Khan.

Não apenas de eugenia se resume as atividades de um Supervisor

Algum tempo depois, meados de 1986, encontramos agora Roberta envolvida em mais uma das missões de Gary Seven. No caso, a assistente de Gary providencia uma insurtida em nada menos do que a Área 51, no deserto de Nevada. No local, ela procura alguns artefatos que recentemente a Marinha dos Estados Unidos conseguiu obter, e que agora estão sob controle de alguns pesquisadores locados naquelas instalações secretas. Uma jovem engenheira chamada Shanonn O'donnel, e Dr. Jeffrey Carlson, um idoso pesquisador já veterano daquele tipo de investigação. No caso, Carlson providenciou para que Shanonn reportasse rapidamente para a base para acompanhar com ele a análise dos artefatos obtidos pela Marinha, que foram recentemente confiscados de um espião russo capturado a bordo do USS Enterprise enquanto este estava em São Francisco. Carlson acredita que os artefatos se relacionam de alguma maneira com a espécie dos alienígenas que foram capturados em Roswell em 1947, ou seja, os Ferengis. Mas antes que quaisquer pesquisas em relação aos artefatos pudessem ser feitas, Roberta se teleportou para o local e já estava de saída, mas foi pega em flagrante por Shanonn, que casualmente voltava para o local na base onde estavam armazenados os objetos depois que Carlson havia saído. As duas mulheres se confrontam durante alguns minutos, com Shanonn tentando obter o controle novamente sobre os artefatos, e tentando entender como é que aquela fulana conseguiu se infiltrar na Área 51, mas no final, Roberta consegue a colocar inconsciente com o seu servo, e deixa o local.

Não muito tempo se passa, também, para encontrarmos Gary em ainda outra de suas missões, desta vez em Moscou. Ele intercepta uma Coronel da KGB, Anastásia Kommanov, quando esta fora até a Tumba de Lênin buscar informações que um agende de confiança seu haveria deixado no local. Gary a rende quando ela obtinha os documentos, mas em dado momento, a Coronel Kommanov consegue neutralizar Gary usando um pequeno dispositivo explosivo de diversão, e o leva capturado para fora da Tumba, onde tropas suas a aguardam. Mas no que Gary era colocado em custódia, o grupo de soldados soviéticos é atacado por um jovem que sai das sombras na noite de Moscou, e do topo do monumento consegue neutralizar dois soldados usando uma arma Sikh, um disco afiado de se arremessar, basicamente a mesma arma-de-escolha de Xena, a Princesa Guerreira, vamos dizer assim. Gary não esperava encontrar Khan ali, mas não se faz de rogado realmente em usar a oportunidade. Retoma Kommanov novamente como refém, e escolhe seguir Khan para dentro da Tumba, quando o contingente soviético ali é reforçado por guardas do Kremlin que notaram o tiroteio nas proximidades. Gary e Rommanov não entendem a escolha de Khan pelo supostamente beco-sem-saída da Tumba, mas o jovem demonstra saber detalhes sobre o local que nem a operativa da KGB nem o cheio-de-recursos Gary sabiam, que se tratava de uma série de túneis que levam para outras áreas da cidade, construídos no período de Stalin pré-segunda guerra.

A salvo em um dos túneis, Khan e Gary procuram trocar informações sobre as intenções da Coronel Kommanov e de outros de seu grupo, um plano do qual Gary já havia levantado informações isoladas: uma conspiração para assassinar Mikhail Gorbachev durante a conferência deste com Ronald Reagan, que ocorre em Reykjavik, na Islândia -- um golpe de estado se seguiria a isto, para o grupo radical de Rommanov retirar o reformista Secretário-Geral do PC do controle da URSS. Khan, que para espanto de Gary também havia esbarrado com indícios do mesmo plano em suas andanças pelos submundos da Ásia e União Soviética desde que se separou de Gary anos antes, parece ansioso para já ir gung-ho em interrogar a Coronel para obter mais detalhes de como será o assassinato (o estilo do indiano intimamente impressiona a oficial da KGB, que tanto pensa que ele daria um valioso recruta, como também pensa que ela faria o mesmo em seu lugar), mas Gary considera desnecessário a barbárie, pois os documentos de Kommanov ali tem as confirmações de que precisam. Ainda assim, Khan gostaria de tirar dela alguns detalhes que os documentos não cobrem, mas a oficial da KGB decide que, não tendo outra saída, ataca Khan de movo a praticamente se auto-impalar na adaga que Khan segurava. Com ela morta, eles não tem muito a fazerem ali a não ser irem para a Islândia, mas Gary assegura que já tem operativos no local.

Na Islândia, encontramos Roberta fazendo a parte da missão de que Gary a encarregou, e no momento, posa nada menos do que como a intérprete oficial de Gorbachev, uma posição de considerável importância que Gary trabalhou bem para conseguir para a sua operativa. Deste modo, Roberta fica atenta para procurar uma situação de atentado que deveria acabar passando desapercebida até mesmo para os agentes do Serviço Secreto dos EUA e do equivalente soviético para proteção do Secretário-Geral. Desta forma, Roberta fica de olho nas coisas enquanto acompanha a conversa de Gorbachev com Reagan, com ela servindo de tradutora pela delegação soviética, e os líderes falam sobre os diversos temas reservados para aquela conferência, como a proposta de redução de ICBMs estratégicos e o projeto da Iniciativa de Defesa Estratégica dos EUA, conhecido como "Guerra nas Estrelas". Em dado momento, Reagan oferece um presente para o líder soviético, no caso, um grande pote de jujubas, doce o qual o Presidente dos Estados Unidos era conhecido por gostar bastante. Gorbachev considera o gesto simpático e tem a iniciativa de provar alguma destas balas. Roberta pensa a respeito das jujubas, e se lembrando de um dos detalhes que Gary lhe passara horas antes, sobre o que aprendeu em Moscou, ela chega a conclusão de que de alguma forma, os conspiradores conseguiram envenenar as jujubas oferecidas a Gorbachev. Pensando rápido, Roberta repentinamente grita para se ter "cuidado com um gato", o que chama a atenção de Isis, que se encontrava na sala como se fosse um gato do local, e Isis pula repentinamente entre os dois chefes de estado, fazendo com que Gorbachev acabasse derrubando o pote na confusão. Roberta pede desculpas para os chefes de estado pela confusão que se seguiu, mas nenhum deles demonstra se preocupar demais com o incidente. Desta maneira simples, Roberta e Gary conseguiram evitar o atentado dos conspiradores contra o Secretário-Geral do PC soviético.

O tabuleiro está pronto, e as peças começam a se mover

E se aproximando mais e mais do fim da década, agora já em 1989, encontramos Roberta na base deles em NYC, aguardando Gary voltar de uma missão na Bulgária, como parte dos esforços deles de colaborarem com que o desmantelamento do Pacto de Varsóvia ocorra da maneira mais pacífica possível. E certamente é o que está acontecendo, com a loira, agora já beirando os quarenta anos de idade, refletindo sobre todos estes anos de missão com seu chefe, enquanto assiste no computador Beta Cinco as imagens da CNN mostrando a queda do muro de Berlim. Mas este momento tranqüilo de Roberta é abruptamente interrompido quando a porta do apartamento é derrubada por ninguém menos do que Khan e dois operativos seus. Roberta se vê surpresa de o encontrar ali, e Khan afirma que desde que se encontraram pela última vez, ele tem feito de suas próprias missões isoladas, também, e fortalecendo uma rede própria de agentes. Mas por ora, Khan está interessado em informações específicas que sabe que Gary possui. Enquanto seus lugares-tenente mantém Roberta rendida, Khan se dirige para Beta Cinco, e depois de usar algumas técnicas admiráveis de hackeamento, ainda mais considerando a natureza alienígena do computador, o que impressiona Roberta, Khan obtém do banco de dados dois CD-ROMs contendo aquilo que desejava: informações sobre o paradeiro das demais crianças que foram retiradas do Projeto Chrysalis, e informações e especificações sobre o sistema de armas que Evergreen trabalhava na Antártida, o que afetava a camada de ozônio. Roberta pensa nas possibilidades terríveis de tais informações nas mãos de Khan, e ele diz que tem que fazer bom uso destas informações para conseguir seus objetivos naquele que considera o seu destino de liderar a humanidade. Antes de partir, Khan danifica seriamente o Beta Cinco com tiros de pistola, e deixa o local. Com o Beta Cinco inoperante, os servos não podem teleportar nada para lugar algum, o que deixa Gary e Isis sem possibilidade de voltarem desta forma para NYC.

Os Federados tem seus problemas também no que estão se envolvendo mais em eugenia

Nossa narrativa de Eugenics Wars, Volume 1 chega a seu epílogo com a recepção principal em Paragon para os Federados e Klingons prestes a começar, e assim, Kirk deixa de lado temporariamente suas pesquisas sobre as Guerras Eugênicas para atender ao jantar oferecido pela Regente Clarke. Koloth e seus oficiais estão presentes também, e o evento prossegue razoavelmente bem, com conversas amigáveis mas ferinas de ambos os lados, federado e klingon. Em dado momento, contudo, um operativo de Clarke vem até a Regente com um dos Klingons em custódia, dizendo que ele fora capturado em uma área restrita. Clarke confronta Koloth sobre o ocorrido, e o capitão Klingon assegura que seu oficial será severamente punido. Kirk pensa para si mesmo que Koloth deverá fazer isto mesmo, mas não por considerar que seu oficial cometeu uma ofensa contra os colonos, mas sim porque certamente seu oficial falhou em sua missão de espionagem e permitiu ser capturado. Clarke ordena que Koloth se retire dali e encerra as conversações com os Klingons, e este não se opõe muito ao desejo da Regente, o que chama a atenção de Kirk. Tal intuição do Capitão da Enterprise se mostra mortalmente profética alguns momentos após a delegação Klingon deixar o jantar: uma grande explosão que chamou a atenção de todos ocorre, e depois de algumas verificações, se constata que a bioredoma que protege a colônia sofreu uma avaria estrutural grave em um dado setor -- não por coincidência, onde o Klingon fora capturado -- e sua ruptura é iminente. Kirk especula com McCoy e Clarke sobre em quanto tempo isto pode ocorrer, e todos concordam de que é apenas uma questão de horas.

 

Análise Geral de Star Trek: The Eugenics Wars, Volume 1

Bem, uma coisa é certa: Greg Cox escolhe por deixar o gancho para o Volume 2 de Eugenics Wars justamente no ponto em que se imagina que a coisa ganhou proporções épicas, e na qual seria a época em que Khan reinou soberano sobre uma parte considerável da Ásia Oriental, como se sabe do C&C pré-estabelecido da franquia. Mas seja como for, este volume nos deu as origens mais remotas de Khan e seu séqüito de seguidores geneticamente modificados, desde o projeto de engenharia genética que primeiro os originou. Outro ponto interessante a se considerar sobre o Volume 1 de Eugenics Wars é que ele parece ser uma seqüência literária até mesmo mais de Assignment: Earth do que necessariamente de Space Seed -- claramente, Gary Seven, Roberta Lincon e Isis são os protagonistas principais deste Volume 1. As possibilidades destes personagens foi algo em que Greg Cox se baseou bastante para escrever a trama básica do livro, mas eu fiquei com minhas dúvidas sobre até que ponto isto foi adequado, pois eu senti que o estilo de "trama de espionagem" de Cox parece em inúmeras vezes soar como se fosse tirada de um episódio ruim de Agentes da U.N.C.L.E. ou de um roteiro rejeitado de filme do 007. O que não é de se estranhar totalmente, na verdade... eu sempre considerei que Assignment: Earth, com aquela intenção velada dele de posar como pretenso piloto de uma série de TV própria de Gary Seven, também padece do mesmo mal.

Além disto, a narrativa me pareceu um pouco desequilibrada, com dois terços do livro se passando durante a operação contra a Chrysalis, e depois disto, diversos momentos isolados ao longo de um período de quinze anos, meio que como deixando a trama toda em stand-by até se chegar no começo dos anos 90, que segundo consta, é quando a ação principal referente as Guerras Eugênicas vão se desenrolar. No campo de desenvolvimento dos personagens, Cox se sai um pouco melhor, nos dando bastante informação pregressa sobre todos os principais, e podemos acompanhar bem ao longo dos anos como é que toda a trama estava moldando e modificando suas personalidades, especialmente é claro, de Khan, que é a razão de termos o livro nas mãos em primeiro lugar. Mas não que eu não tenha ainda outras cricas menores, claro que não... por exemplo, um clichê recorrente era notar como Gary tinha a incrível capacidade de render alguém, e sem era nem bera, repentinamente o capturado conseguia reagir de tal forma a colocar Gary em desvantagem durante alguns segundos ou minutos, o bastante para virar a mesa. Uma, duas vezes vá lá de se usar tal recurso de "situação de captura", mas do jeito que ia, a coisa parecia se repetir mais vezes do que Johnathan Archer é capturado em episódios de Enterprise.

Sobre pontos mais gerais, é interessante considerar que, ao mesmo tempo em que a Federação tem uma enorme restrição a engenharia genética em humanos, a Federação também não tem nenhuma restrição a desenvolver e utilizar alimentos transgênicos: o grão quadrotriticale, visto em The Trouble With Tribbles, é um grão transgênico: isto está claramente demonstrado no episódio original, e é informação confirmada na Star Trek Enciclopédia, portanto é algo claramente firmado no C&C da franquia. Interessante, para se dizer o mínimo, esta postura da Federação... não apenas usa transgênicos com tranqüilidade, mas também o faz para exercitar a sua realpolitik, ao usar este tipo de grão na iniciativa de colonização do planeta Shermann.

E falando nisto, outra característica interessante da trama foi que Greg Cox realmente não pareceu interessado em perder nenhuma oportunidade de inserir no contexto da trama elementos diversos do C&C que se referem ao final do século 20. Além é claro dos elementos vistos em Space Seed e Assignment: Earth, tivemos também passagens de Requiem for Methuselah, também da Série Original, e de Little Green Men, de DS9, e de Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa, referências rápidas de Gary Seven sobre os Borgs, uma breve menção sobre Guinian, e talvez até mesmo mais alguns outros que tenham escapado a este missivista. Dependendo da opinião de cada um de nós, isto pode ser tanto algo bom quanto algo ruim: da mesma maneira que dá uma boa familiaridade com elementos pregressos da franquia, parece altamente improvável que os personagens principais teriam esbarrado em tantas coisas em comum ao C&C... realmente parece ser um mundo pequeno, mesmo. Outra característica, esta claramente mais bem vinda de modo geral, foi toda a referência histórica de eventos, grandes ou pequenos, que ocorreram de 1974 até 1989, o que ajudou bastante a colocar a trama em um contexto mais familiar para nós aqui no início do real século 21... as Guerras Eugênicas já não parecem ser um elemento desconhecido de um pseudo-final-de-seculo-20 que nos anos 60 parecia ser muito distante, mas agora já é passado.

No frigir dos ovos, um começo apenas razoável para a trama toda das Guerras Eugênicas, e este volume fica com 2,5 em 4 de conceito, que estará de bom tamanho. Vamos ver se o Volume Dois de Star Trek: The Eugenics Wars, onde as Guerras Eugênicas propriamente ditas irão se iniciar, irá se sair melhor -- será o próximo livro a ser revisado aqui no Trek Brasilis, para trazer aos leitores a conclusão da trama sobre este importante capítulo do Cânone & Cronologia de Jornada nas Estrelas.