Série Clássica
Temporada 2

Análise do episódio por
Carlos Santos



 









 

MANCHETE DO EPISÓDIO
Premissa fraca sobre deuses
astronautas prejudica episódio

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Sinopse:

Data Estelar: 3468.1

A Enterprise encontra-se pesquisando o planeta Pollux IV, quando subitamente um campo de energia na forma de uma mão humana envolve a nave, deixando-a imobilizada. Após algumas tentativas inúteis de libertar-se, um novo fenômeno aparece na tela da ponte. Desta vez é um rosto, também de aparência humana.

Uhura identifica um sinal de áudio que aparentemente é proveniente da mesma fonte da imagem que ocupa a tela da ponte. O ser faz um discurso sobre eras passadas e sobre profecias, referindo-se à tripulação das naves como "crianças". Kirk pergunta se ele é o responsável pela imobilização da nave, e recebe um sim como resposta, o que o deixa ainda mais irritado.

O capitão da Enterprise insiste em que a nave seja libertada e ameaça usar seu armamento para defender-se, se necessário. O ser não se intimida e aumenta a potência do campo de força, o que aumenta a pressão sobre a estrutura da nave. Kirk vê que não tem como discutir e concorda com os termos de seu captor, que "convida" os oficiais da nave para descerem a Pollux IV para algo que ele chama de celebração. Curiosamente o ser pede que ele não traga Spock, por este ser parecido com Pan, o que lhe causava aborrecimento.

Um grupo de desembarque formado por Kirk, McCoy, Scott, Chekov e a tenente Carolyn Palamas é teletransportado ao planeta, onde encontra uma estrutura similar à arquitetura greco-romana terrestre. Lá encontram também seu anfitrião, que continua falando por metáforas até declarar ser o deus grego Apollo, e que esteve na Terra há cinco mil anos.

Kirk pergunta quais as intenções de Apollo, e ele responde que o grupo não deixará mais aquele planeta, e que eles deverão ficar para adorá-lo. Kirk tenta fazer contato com a nave, mas percebe que o comunicador não funciona, por obra de Apollo. Kirk obviamente se enfurece e confronta o ser que afirma ser Apollo, mas ele, como mostra de seu poder, aumenta seu próprio tamanho várias vezes, impressionando o grupo.

Enquanto isso, Spock, a bordo da nave, tenta descobrir algumas respostas, ou pelo menos restabelecer o contato com o grupo avançado, sem muito sucesso. Em terra, Palamas dá a Kirk alguma informação a respeito do deus grego Apolo. McCoy acrescenta que Apollo, ao menos para as leituras do tricorder, parece humano. Eles especulam que deve haver algum tipo de tecnologia poderosa sendo controlada por Apollo, que lhe permitiria executar seus truques, e Kirk manda que todos procurem por sua fonte de força.

Enquanto o capitão começa a especular que o homem que os prendeu talvez seja realmente quem diz ser, o próprio reaparece. Apollo mais uma vez exige obediência e adoração do grupo da Terra, apesar dos protestos de Kirk, desta vez mais contidos, endossados por Scott. As ameaças de Apollo agora se estendem ao restante da tripulação na nave em órbita.

Palamas questiona Apollo, porém este parece mais interessado em cortejá-la do que em ouvi-la. Tal comportamento irrita Scott, que tenta sacar seu feiser contra ele, inutilmente, pois com um gesto da mão, Apollo inutiliza todas as armas do grupo. Ele se volta novamente para Palamas, e com um gesto faz com que seu uniforme se transforme em vestido no estilo grego, o que a princípio impressiona a tenente. Ambos deixam o local.

Scott acorda meio tonto, e preocupado com Palamas, mas Kirk imediatamente chama a atenção de seu oficial, ordenando que ele prossiga com seu trabalho. Ele se vai, e Kirk e McCoy passam a especular sobre Apollo. Kirk acredita que ele tenha feito parte de um grupo de viajantes espaciais que há 5.000 anos teria chegado à Terra e teria sido tomado por deuses pelos então primitivos habitantes do planeta.

A bordo da Enterprise, Spock e a tripulação continuam tentando se livrar do campo de força, sem sucesso. Uhura tenta restaurar as comunicações enquanto os sensores conseguem identificar o grupo de descida. Sulu localiza uma fonte de energia no planeta, mas não consegue muitas informações sobre ela.

Em Pollux, Apollo passeia com Palamas, que se mostra encantada com a beleza do lugar, assim como ele parece encantado com ela. Ela pergunta sobre os outros "deuses", e Apollo responde que retornaram ao "Cosmos". Palamas pensa que isto significa que os outros teriam morrido, mas Apollo diz que não, pois seu povo é imortal. Ele reclama que na Terra as pessoas mudaram e eles (os deuses) viraram apenas lembranças, e que eles precisam ser adorados para existirem.

Palamas pergunta se ele acredita realmente ser um deus, e Apollo diz que sim, que eles tem o poder da vida e da morte, que poderiam ter deixado o Olimpo (Provável referencia ao lugar onde viviam na Terra) e destruir tudo, mas que eles não queriam destruir e por isso escolheram voltar a seu lugar de origem, mas que foi difícil se readaptar sem seus adoradores, e muitos não resistiram. Apollo, entretanto, acreditava que um dia o povo da Terra chegaria ao espaço e a ele novamente. Ele declara ainda ter escolhido Palamas para ser sua companheira, e a beija.

Enquanto isso, o grupo da Terra conversa a respeito de suas descobertas. Scott e Chekov têm certeza de que existe um campo de energia sendo gerado pelo planeta. Chekov acredita ainda que Apollo é próprio elemento de canalização desta energia. McCoy acrescenta que Apollo parece "normal", a não ser pela existência de um órgão extra em seu tórax, cuja função é ignorada.

Neste momento, Apollo reaparece sem Palamas, sobre o que é questionado por Kirk. Como o "deus" não faz a menor questão de responder, Scott mais uma vez se irrita e tenta atacá-lo, mas a reação de Apollo desta vez é mais violenta, deixando o engenheiro inconsciente. Ao ver Scott ferido, Kirk também reage, mas Apollo usa seu poder, quase asfixiando o capitão da Enterprise, e depois desaparece.

Quando Kirk se recupera, Chekov diz a ele ter notado que Apollo parecia cansado quando desapareceu. Scott também acorda, mas seu braço está imobilizado. Eles se reúnem e, com base nas especulações de Kirk e nas observações de Chekov, concluem que Apollo precisa descansar quando usa muita energia. Kirk planeja forçar Apollo novamente para que ele ataque um dos membros do grupo, dando aos outros a chance de contra-atacar, mesmo que isso custe a vida de alguém.

A bordo da nave, Uhura continua trabalhando em uma forma de fazer contato com o grupo avançado. Sulu prossegue com a varredura e Spock trabalha em uma forma de atravessar o campo de força para disparar as armas, se possível, tarefa compartilhada como o tenente Kyle.

Em terra, Apollo retorna, trazendo Palamas e ameaçando Kirk e seu grupo novamente. O capitão da Enterprise mais uma vez tenta argumentar com ele, mas nada parece modificar sua intenção de fazer do grupo da Federação seus novos súditos. Eles põem então em pratica o plano de irritar Apollo, mas quando ele está prestes a atacar Kirk, Palamas se interpõe entre eles e intercede por Kirk, fazendo com que este volte atrás, para frustração do capitão.

Agora Apollo ordena que Kirk faça com que o resto da tripulação desça, abandonando a nave, e mais uma vez desaparece. Kirk agora passa a depositar suas fichas na lealdade de Palamas, cada vez mais envolvida pelo angustiado Apollo e suas promessas, ainda transtornado por não entender por que os humanos se negam a venerá-lo.

Carolyn volta à presença do grupo como mensageira de Apollo e dizendo amá-lo, mas Kirk ignora totalmente os sentimentos da tenente, e coloca nas mãos dela a responsabilidade pela sobrevivência de toda a tripulação, chamando-a ao cumprimento do dever. Ela retorna à presença de Apollo.

Uhura termina as modificações no sistema de comunicações da nave, permitindo a Spock fazer contato com seu capitão. O Vulcano informa ter descoberto uma fonte de força responsável pelo campo de força, que é exatamente a estrutura que forma o templo de Apollo. Spock diz poder disparar contra a estrutura pelas aberturas criadas no campo de energia que cerca a nave e Kirk manda que ele esteja pronto para fazê-lo.

Enquanto isso, Palamas cumpre sua parte no plano de Kirk, dizendo a Apollo que estava apenas estudando-o como a um espécime, o que o irrita muito. Em sua ira, o "deus" convoca ventos e relâmpagos, fenômeno percebido pelos instrumentos da Enterprise. Kirk ordena que a Enterprise dispare contra o templo.

Ao perceber o que está acontecendo, Apollo revida o fogo da Enterprise, mas não consegue vencer os escudos da nave antes que os bancos feisers destruam o templo, acabando com o seu poder. Com lágrimas de tristeza e desapontamento nos olhos ele chama por seus "velhos amigos" e desaparece. O grupo retorna à nave e, apesar de aliviados por estarem livres, tanto Kirk quanto McCoy demonstram certo pesar pelo que fizeram.

 

Comentários:

Eram os Deuses Astronautas? Um ano antes de Erich von Däniken lançar seu polêmico livro (cujo título original era "Chariots of the Gods?"), a tripulação da Enterprise encontra com os primeiros alienígenas a visitar a Terra, ou pelo menos um deles, o candidato a deus Apollo. Pelo menos o livro de Von Daniken despertou algum frisson, pois este segmento da Série Clássica está longe se conseguir tal proeza, uma vez que a premissa, da forma como é apresentada, não consegue gerar real interesse na audiência.

Em Pollux, conhecemos Apollo, único representante de uma raça de poderosos deuses que teriam, cinco mil anos atrás, viajado através do espaço e convivido com os nativos da Terra, inspirando uma das culturas mais importantes da história do planeta. Se tal teoria é seria ou não, é nosso objetivo discutir, mas, se o segmento a propôs, poderia ter dado mais relevância a tal encontro.

O personagem que vemos em momento algum demonstra um mínimo de profundidade que nos permita relacioná-lo aos gregos antigos, ou a alguma cultura extraterrestre que pudesse realizar a façanha descrita. É claro que em momento algum é dito no episódio que os pares de Apollo foram inspiradores ou colaboradores dos nossos ancestrais do Mediterrâneo; pelo contrário, a impressão que fica é que tais seres eram um bando de desocupados, que ficavam fazendo seus truques para receber em troca adoração dos simplórios nativos, o que parece puro desperdício, e que acaba não gerando maior interesse. Muito pouco para oferecer pelo seu dinheiro.

É interessante e talvez não mera coincidência que Chekov tenha citado o gato de Cheshire, um dos personagens de "Alice no País nas Maravilhas", pois uma das mais famosas passagens do livro é justamente quando Alice pergunta ao gato ao gato qual caminho deve seguir, e este responde perguntando onde ela quer ir. Alice responde que não sabe, então o gato responde: "Se você não sabe para onde quer ir, então qualquer caminho serve...".

Muitos psicólogos que estudaram o livro de Lewis Carol interpretam esta passagem do gato de Cheshire dizendo que ela representa que, não sabendo determinar nossos objetivos e não tendo uma estratégia correta para alcançá-los, muitos de nós, assim como Alice, gastam energia inutilmente. Parece justamente o caso de Apollo, que passou milhares de anos esperando, desperdiçando tempo e energia por algo que, como Kirk disse, os humanos não podiam mais lhe dar. Olhando por esse prisma dá para imaginar o tamanho da frustração de Apollo.

Mas no seu Olimpo particular, Apollo exagera no estereótipo de "deus" de temperamento inconstante ao extremo, e por isso não consegue ganhar muito credito. Tal temperamento por demais afetado faz com que o personagem apareça mais como uma caricatura, um menino mimado que quer atenção e faz algumas manhas para tentar consegui-la.

Em um breve momento, Apollo deixa escapar que precisa ser adorado para sobreviver. Mesmo que tal afirmação seja tomada no sentido literal, ainda assim é muito pouco para justificar seu comportamento e suas ações, ou para que possamos justificar a existência de tal segmento.

É verdade também que Jornada nas Estrelas não tem a menor obrigação de discutir teorias excêntricas como esta; pelo contrário, a Série Clássica sempre apresentou o seu melhor ao lidar com questões mais universais relacionadas ao homem comum e como ele se relaciona com o seu meio, e coisas assim. Mas este segmento da série não faz nem uma coisa, nem outra, então por que produzi-lo? O tema "É da natureza do homem ser livre!" já foi discutido em segmentos anteriores de forma mais interessante, e o episódio não tem a menor intenção de discutir com alguma seriedade a teoria de que os "Deuses Eram Astronautas".

Nas entrelinhas, há uma clara intenção de mostrar um posto de vista totalmente cético quanto à existência dos deuses. Não que o autor acredite (ou não) na existência de Zeus, Hera e outros e no seu reconhecimento como divindades, pois essa não é a questão. A questão é que as insinuações do segmento reforçam essa mensagem. Isso pode ser lido por uma tendência do roteiro de mostrar nossos personagens sempre certos de que estavam lidando com um alienígena que tinha capacidades tecnológicas avançadas, que podiam ser usadas para fazer coisas aparentemente impossíveis para um simples mortal – do século 20, é claro.

Kirk, Spock, McCoy e Scott e mesmo Chekov estão sempre certos de que lidam como um "simples humanóide" e em momento algum nem mesmo o mais jovem e inexperiente membro do grupo vacila em qualquer momento quanto a esta questão. Eles estão certos também de que podem reproduzir os feitos de Apollo, desde que tenham o equipamento necessário. Todo o episódio se resolve da forma mais pragmática, técnica e eficiente possível, e mesmo quando Carolyn parece que vai ceder a suas emoções, Kirk usa a racionalidade para fazê-la "cumprir o seu dever".

Tal comportamento, que o autor poderia chamar de "Síndrome da Tecnologia" e que passaria a ser uma marca registrada da franquia Jornada nas Estrelas até os tempos da Nova Geração, reflete muito do pensamento do seu criador de Gene Roddenberry, que era ateu.

Mas imaginem se, ao invés de Apollo, a tripulação da Enterprise encontra-se Alá, ou Jesus Cristo? Neste ponto, o autor se permite especular que não por acaso foram escolhidos personagens reconhecidamente mitológicos, por serem estes já aceitos universalmente como fábulas, o que faria com que o episódio não entrasse em rota de colisão com posições mais conservadoras e/ou sensibilidades religiosas mais arraigadas. A breve menção que Kirk faz ao fato de a humanidade ter descoberto que "apenas um Deus é suficiente" é muito mal explicada, pois sugere uma unificação de crenças pouco provável, mesmo num hipotético futuro utópico. Tal colocação parece mais com uma "saída de emergência" para o caso de alguém mencionar o assunto.

Falando em Nova Geração, um episódio que tem o mesmo ponto focal é o fraco "Devil's Due", onde Picard desmascara uma alienígena que se passar por Ardra, nada mais nada menos que o demônio, pelo menos para os crédulos habitantes de Ventax III. Kirk desmascarou os deuses, Picard os demônios, e não há mais céu nem inferno, apenas a era dos homens. Também não parece coincidência que o roteiro de "Devil’s Due" tenha sido concebido originalmente para a nova versão da Série Clássica que jamais aconteceu, "Star Trek: Phase II".

Voltando à Série Clássica, independente de mérito ou credito da opinião de Roddenberry, tal aposta tecnicista transforma este episódio numa exibição de tecnobaboseiras estéreis e desempenhos rasos de seus personagens. O segmento deixa a desejar também em outras áreas.

Do lado da nossa querida tripulação, temos uma tentativa de estabelecer algum tipo de affair entre Scott e Palamas no início do programa, obviamente tentando preparar o terreno para um clima de confronto mais particular entre o engenheiro da nave e Apollo. Tal tentativa é mal executada, mostrando Scott primeiro como um adolescente apaixonado, depois descontrolado, e só serviu para que nosso fazedor de milagres fizesse papel de bobo, desta vez. Para ser justo, Scott não sai por demais arranhado, mas tal processo não se fortalece da forma como se imaginou e em momento algum existe algum clima de tensão entre Scott e Apollo diferente do resto do grupo.

Spock demonstra que é um excelente oficial, com timing absolutamente perfeito e sincronizado com seu capitão, e que a equipe da Enterprise é de extrema competência, mas isso nós já sabíamos, ou seja, nada de novo.

Temos algumas curiosidades, como ver Uhura sentada em cima do controles de seu painel, o que não parece muito aconselhável. Pelo menos logo mais adiante ela pode fazer algo um pouco diferente do usual apertar de botões, executando as tais modificações necessárias no sistema de comunicação.

Outra coisa interessante é a referência que Kirk faz ao pagamento de Chekov. Para quem recolhe provas de que o pessoal da Frota Estelar é assalariado, está aí mais uma. E mais uma das pérolas do alferes, que desta vez exagerou tentando transformar "Alice no País das Maravilhas" em um conto russo, mas no geral todas as atuações são medianas e o episódio morno (sem trocadilhos) até o fim. É muito mais divertido procurar depois pelas inúmeras referência nele contidas.

 

Citações:

Chekov – "He disappeared again like the cat in that Russian story."
("Ele desapareceu como o gato da história russa!")
Kirk – "Don't you mean the English story the Cheshire Cat?"
("Você não está se referindo à história inglesa do gato de Cheshire?")
Chekov – "Cheshire? No, sir. Minsk perhaps."
("Cheshire? Não senhor. Minsk talvez.")

Palamas – "A father doesn't destroy his children."
("Um pai não destrói suas crianças.")

Kirk – "We've come a long way in five thousand years."
("Percorremos um longo caminho nos últimos cinco mil anos.")
Apollo – "But you're still of the same nature."
("Mas sua natureza permanece a mesma.")

 

Trivia:

O título deste episódio é retirado de Adonais, uma das mais famosas obras do escritor romântico Inglês Percy Bysshe Shelley (1792-1822). Adonais é uma elegia em homenagem a morte de seu grande amigo John Keats, outro importante representante do romantismo inglês. O título da poesia resulta da escolha de Shelley em combinar o mito grego de fertilidade representada pela Lenda de Adônis, com o nome hebreu do Senhor, Adonai. Da necessidade de adequar o nome aos requisitos da métrica poética, deriva o titulo definitivo, Adonais.

"Who mourns for Adonais? Oh, come forth,
Fond wretch! and know thyself and him aright.
Clasp with thy panting soul the pendulous Earth;
As from a centre, dart thy spirit's light
Beyond all worlds, until its spacious might
Satiate the void circumference: then shrink
Even to a point within our day and night;
And keep thy heart light lest it make thee sink
When hope has kindled hope, and lur'd thee to the brink."

Assim como Gene Roddenberry, Shelley era ateu.

Sobre Adônis: Conta a lenda, que Mirra, filha do rei da Síria, apaixonou-se pelo próprio pai, passando doze noites com ele. Mas o rei descobriu e jurou de matá-la. Os deuses o impediram transformando a princesa em uma árvore que passou a se chamar mirra.

Do tronco desta árvore nasceu um menino de grande beleza que recebeu o nome de Adônis. A deusa Afrodite apaixonada recolheu-o e pediu que Perséfone, esposa de Hades, o criasse às escondidas. Quando Adônis se tornou adolescente Perséfone também se apaixonou e não quis devolvê-lo a Afrodite. Zeus decidiu que Adonis passaria um terço do ano com Afrodite, um terço com Perséfone e o outro terço com quem quisesse.

Adônis gostava de caçar, e durante uma destas caçadas um javali feriu-o mortalmente. Algumas versões dizem que o javali era na verdade o deus Ares, amante de Afrodite; outras, que havia sido enviado por Ártemis, ou ainda por Apolo, por razões pouco claras.

Afrodite tentou socorrê-lo, mas era tarde demais para salvar Adônis. Entristecida, a deusa fez com que a anêmona, belíssima flor vermelha que floresce brevemente na primavera, brotasse do sangue derramado por ele. Relatos posteriores relatam ainda que, ao socorrer o jovem, Afrodite feriu-se em um espinho e seu sangue tingiu de vermelho as rosas, que até então eram somente de cor branca.

Mais literatura: A referência ao "Cheshire Cat" é retirada de "Alice no País das Maravilhas", de outro escritor inglês, Lewis Carol. Foi publicado pela primeira vez em 1865. Se alguém ainda não sabe, na história, Alice segue o Coelho Branco e cai no País das Maravilhas, onde encontra as mais inusitadas criaturas e um reino feito de cartas de baralho. Entre os personagens mais marcantes estão o Coelho Branco, o já citado Gato de Cheshire, o Chapeleiro Maluco e a Rainha de Copas.

A sequência, "Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá", foi publicada em 1871 e representa um de um jogo de xadrez – o passatempo favorito de Spock. Alice é um peão que precisa chegar a 8ª casa para se tornar rainha e enquanto avança no tabuleiro vai conhecendo personagens como as rainhas branca e vermelha, os irmãos Tweedle, Humpty Dumpty e o cavalheiro branco.

Tecnobaboseira: Temos neste episódio a primeira reversão de polaridade da história da franquia, executada por Sulu a pedido de Spock.

É possível que a tenente Palamas seja parente distante de Gregory Palamas (1296-1359), que nasceu em Constantinopla vindo a se tornar um dos principais partidários de uma teoria de contemplação chamada "hesicasmo" (um "aportuguesamento" da palavra inglesa "Hesychasm") ou, depois de Palamas, "Palamismo", que entre outras coisas faz uma distinção entre "essência" e "energia". Tal doutrina inicialmente foi considerada herege, e Palamas excomungado. Posteriormente Palamas passou a ser venerado como santo pela Igreja Ortodoxa Oriental.

Erich von Däniken: Nascido em 14 de abril de 1935 na cidade suíça de Zofingen, Daniken publicou 26 livros entre os anos de 1969, ano de publicação de "Chariots os Gods", até 2002, todos eles abordando a presença e influência de alienígenas em praticamente todas as antigas civilizações do planeta. Geralmente acusado de charlatanismo, algumas das "provas" apresentadas por Daniken para justificar suas teorias já foram desmascaradas como fraude – ele apresentou fotografias de peças de cerâmica que disse terem sido encontradas numa escavação arqueológica. A cerâmica ilustra discos voadores, e afirmou-se que teria sido datada de épocas bíblicas. Investigadores em programa científico chamado "Nova" descobriram o oleiro que tinha feito os vasos supostamente antigos. Confrontaram von Däniken com os indícios da fraude e sua resposta foi que essa falsificação se justificaria porque algumas pessoas só acreditariam se vissem provas. Apesar de tudo o homem vende horrores em livros.

Pollux - A estrela mais brilhante da constelação de Gêmeos, a 33.7 anos-luz e de magnitude 1.16. Pollux é uma estrela K, gigante e cor-de-laranja. Castor e Pollux eram os filhos gêmeos de Leda na mitologia clássica

Primeiro envolvimento amoroso de Scott na série. O próximo seria com Mira Romaine, em "Lights of Zetar".

Os efeitos visuais deste episódio são muito bons. A transformação de Apollo em gigante é feita combinando ângulos de câmara e seqüências de travelling. A cena de Scott voando após ser atingido por um raio de Apollo foi executada por um dublê usando suportes especiais. 

Ficha técnica:

Escrito por Gilbert Ralston
Direção de Marc Daniels
Música de Fred Steiner
Exibido em 22/09/1967
Produção: 33

Elenco:

William Shatner
como James Tiberius Kirk
Leonard Nimoy
como Spock
DeForest Kelley
como Leonard H. McCoy
James Doohan como Montgomery Scott
Walter Koenig como Pavel Andreievich Chekov
Nichelle Nichols como Uhura
George Takei como Hikaru Sulu



Elenco convidado:

Michael Forest como Apollo
Leslie Parrish como Carolyn Palamas

 

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