MANCHETE
DO EPISÓDIO
Data e
Worf procuram o pai, mas o
Klingon entra num 'mato sem cachorro'
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episódio
Sinopse:
Data Estelar: 46578.4.
A
Enterprise está atracada à estação espacial Deep Space Nine,
acompanhando os reparos de instalações Bajorianas danificadas
durante a ocupação Cardassiana. Worf, durante uma refeição com
Geordi na estação, é observado discretamente por um misterioso
alienígena. Depois que Geordi parte, o alienígena, um Iridiano
chamado Jaglom Shrek, se aproxima de Worf. Ele afirma que o pai do
Klingon, Mogh, não morreu em Khitomer há 25 anos, como todos
imaginavam. Shrek diz ao descrente Worf que Mogh foi levado pelos
Romulanos para um campo de prisioneiros distante após o massacre.
Por um preço, diz Shrek, ele irá revelar o local. Furioso, Worf
ainda se recusa a acreditar nele, dizendo que um Klingon preferiria
morrer com honra a viver como um prisioneiro.
Enquanto isso, na engenharia da Enterprise, o doutor Julian Bashir,
de DS9, Data e Geordi examinam um cilindro eletricamente carregado
recentemente recuperado no quadrante Gama. Conforme estão
trabalhando, Bashir expressa uma fascinação incontida pelas operações
do corpo andróide de Data. As conexões de energia finais são
feitas à câmara de dilítio, e Geordi tenta ligar o aparelho.
Subitamente, o cilindro libera um tentáculo de energia que atira
Data ao chão. Ele então se levanta, vendo-se em uma estranha e
surreal versão de um dos corredores da Enterprise. Seguindo um som
de batidas metálicas, Data entra em outro corredor para ver um
ferreiro. A face é de um jovem dr. Noonien Soong, o criador de Data
--o mais perto que ele chega de ter um pai.
Data
busca o aconselhamento de Picard sobre sua visão, explicando
algumas das interpretações que ele pôde derivar, baseadas em
outras culturas. Picard encoraja Data a explorar o que a imagem
representa para ele pessoalmente. Data então retorna a seus
aposentos e faz uma pintura do que ele viu durante a experiência.
Enquanto isso, Worf chega ao setor Carraya. Aterrissando no planeta,
onde o suposto campo de prisioneiros Romulanos estaria localizado,
ele faz a longa jornada pela floresta a fim de encontrar seu pai.
Durante o percurso, ele encontra Ba'el, uma bela mulher Klingon,
tomando banho em um lago próximo. Ela fica chocada ao descobri-lo
espiando entre os arbustos. Worf diz que está lá para resgatá-los,
o que a confunde, porque ela se sente em casa. Antes que ele possa
responder, eles ouvem alguém se aproximando. Worf volta para a mata
cerrada, pedindo a Ba'el que não conte a ninguém sobre ele. Então
um guarda Romulano chega e a escolta para longe do lago.
Após pintar dezenas de quadros em uma tentativa fracassada de
despertar sua visão, Data decide recriar o incidente que causou seu
desligamento inicial. Geordi e Bashir relutantemente concordam em
ajudá-lo, e dessa vez Data volta a ver o dr. Soong em sua roupa de
ferreiro, forjando uma asa de pássaro, que se transforme em um pássaro
vivo após ser afundado em um balde de água. Desta vez, Soong fala
com Data, dizendo estar orgulhoso do andróide. Segundo ele, Data
estava se tornando mais que uma máquina e uma jornada maravilhosa
estava se abrindo para ele. Após esse "sonho" ainda mais
incomum, Data resolve se desligar periodicamente por um breve período
de tempo, numa tentativa de "sonhar" mais.
Worf segue a mulher Klingon e o guarda até o complexo Romulano,
onde ele vê um grupo de Klingons, composto por jovens e idosos. Ele
silenciosamente puxa um deles de lado, um senhor chamado L'Kor. O
Klingon diz a Worf que seu pai, Mogh, não estava lá, tendo morrido
em Khitomer. Furioso por ver seus camaradas presos, Worf se oferece
para ajudar a libertar os 73 Klingons que estão lá. L'Kor
lamentavelmente diz a Worf que ele não deveria ter vindo.
Subitamente, três outros Klingons vêem Worf. Conforme dois deles o
agarram e o derrubam, L'Kor revela que ninguém vai deixar o campo,
nem mesmo Worf.
Continua...
Comentários:
A primeira parte
de "Birthright" é interessante, ainda que
fundamentalmente desencontrada. Os efeitos maléficos desses
problemas de concepção do episódio são mais pronunciados na
segunda parte, mas a raiz estrutural já se observa de cara.
O episódio abre com uma premissa comum: dois personagens
principais, Data e Worf, partem, independentemente, em busca de seu
"pai", mas acabam fracassando na busca. Em vez disso,
descobrem algo sobre si mesmos que é totalmente novo e
surpreendente. O arco de Data já é fechado na primeira parte; o de
Worf só se resolve na continuação.
Não fosse mais nada, só isso já apresenta um problema sério na
estrutura dramática do episódio. Dois enredos paralelos andando em
ritmos diferentes e destruindo a eventual simetria entre os
personagens que os roteiristas inicialmente pareciam querer
introduzir.
O
resultado final é que a busca de Data pelo significado de suas
"visões", por mais concluída que estivesse ao final de "Birthright,
Part I", ainda apresenta uma sensação de inacabada (isso
pelo fato de, mesmo inconscientemente, a audiência estar conduzindo
as histórias de Worf e de Data ao mesmo tempo em suas cabeças).
Esse efeito mina totalmente o aspecto mais interessante do episódio
--a capacidade do andróide de "sonhar".
Não que seja o caso de jogar toda a sequência no lixo: muito ao
contrário, se há algo que sustenta a primeira parte do episódio,
isso é o arco de Data. Tanto do ponto de vista conceitual (pode um
andróide sonhar?), como do ponto de vista dramático (a jornada de
um personagem rumo ao auto-conhecimento), trata-se do ponto alto do
segmento. Isso sem falar no melhor: a execução.
Os sonhos de Data são soberbamente retratados com o uso de um ângulo
de câmera mais baixo e uma condução fugidia --uma grande jogada
do diretor veterano Winrich Kolbe. Além disso, as imagens
difundidas no sonho (o ferreiro, a asa que vira um pássaro e que
voa para todos os lados, sem limitações) são bastante
representativas do potencial que se abre para o andróide: com o
desenvolvimento de sua "imaginação", Data agora está
livre, assim como o pássaro, para voar para onde quiser. Seu
criador, o dr. Noonien Soong, tal como um ferreiro, partiu de um
material inerte e inorgânico e produziu uma forma de vida singular
e capaz de alcançar vôos cada vez maiores. As imagens ecoam de
forma intensa toda a evolução de Data e servem muito bem à idéia
geral do episódio, no que diz respeito ao andróide.
Ainda se nada disso fosse interessante, só aquele vôo de câmera
panorâmico para fora da Enterprise e de volta, como se Data fosse
um pássaro, já valeria o episódio. Talvez a tomada de efeitos
visuais mais bonita já feita da Enterprise-D. E a música, de Jay
Chattaway, também é de tirar o fôlego. Se eu tivesse uma visão
daquelas toda noite, também estaria ansioso para repetir o fenômeno
(como nosso amigo positrônico).
A
presença de Julian Bashir nos experimentos de Data (e dos cenários
de Deep Space Nine no episódio como um todo) trazem um toque
especial à situação. O crossover feito entre as séries fica meio
perdido pela falta de um enredo que o justifique, mas ainda assim é
um interessante elemento que une mais fortemente o universo de
Jornada como um todo.
Agora, às más notícias: o trabalho de Worf no episódio. A
premissa até que começa interessante --um alienígena diz que o
pai de Worf não morreu, mas foi capturado pelos Romulanos e está
atualmente em um campo de prisioneiros. O Klingon parte
imediatamente à procura de seu pai.
Antes de mais nada, uma nota interessante: Worf roubou aquela nave
auxiliar? Porque pedir autorização para o capitão Picard (ao
menos em tela) ele não pediu.
O grande problema com a "saga" de Worf é que ela é
arrastada até dizer chega. Enquanto Data segue em sua busca dinâmica
pela explicação de seus sonhos, com a estratégia das pinturas e a
recriação do experimento original, Worf só amargura o dilema de
acreditar ou não no alienígena e partir em busca de seu pai. Em
tese, os personagens deveriam se ajudar na hora de resolver seus
respectivos dilemas (como sugere o diálogo existente entre Worf e
Data durante o episódio), mas nada disso acaba transparecendo de
forma efetiva (mais um problema no suposto paralelismo dos enredos).
Para
completar a catástrofe, o episódio termina numa espécie de anticlímax.
O pai de Worf está de fato morto, como sempre pensamos. A jornada
dele até aquele lugar foi inútil e em vão. Por mais que os
roteiristas tentassem salvar a tensão do episódio estabelecendo
que Worf será mantido cativo por seus colegas Klingons, é inegável
que uma história está terminando (a busca de Worf por seu pai) e
outra está começando (a busca de Worf por um meio de sair dali).
Até por isso o episódio é estranho, e sua conclusão já fica,
desde já, prejudicada.
No fim das contas, "Birthright" é um episódio que
não justifica de nenhum modo o fato de ser duplo. Por mais que a
segunda parte possa ser interessante (mas não fique muito
entusiasmado, porque ela não é), ainda assim não há sentido em
criar uma história em dois episódios que rompe tanto com o senso
de continuação entre eles. O único motivo pelo qual o episódio
da semana que vem é um "Part II" é porque os produtores
precisavam de um "Da última vez, em Jornada nas Estrelas: A
Nova Geração..." para explicar o que Worf estava fazendo
naquele mundo alienígena com um monte de Klingons e Romulanos...
Citações:
Bashir - "Does your hair
grow?"
("O seu cabelo cresce?")
Data - "I can control the rate of my filament replenishment.
However, I have not yet had a reason to modify the length of my
hair. Why do you ask?"
("Eu posso controlar a taxa de reposição de meus filamentos.
Entretanto, ainda não tive razão para modificar o comprimento do
meu cabelo. Por que pergunta?")
Bashir - "Oh, just curious."
("Oh, só estou curioso.")
Data - "Is something wrong, doctor?"
("Há algo errado, doutor?")
Bashir - "Well, you're breathing!"
("Bem, você está respirando!")
Data - "Yes. I do have a functional respiratory system.
However, its purpose is to maintain thermal control of my internal
systems. I am in fact capable of functioning for extended periods in
a vacuum."
("Sim. EU tenho um sistema respiratório funcional. Entretanto,
seu próposito é manter controle térmico de meus sistemas
internos. Eu sou de fato capaz de funcionar por extensos períodos
no vácuo.")
Bashir - "And you have a pulse!"
("E você tem pulso!")
Data - "My circulatory system not only produces
bio-mechanical lubricants, it regulates micro-hydraulic power. ...
Most people are interested in my extraordinary abilities; how fast I
can compute, my memory capacity, how long I will live. No one has
ever asked me if my hair will grow, or noticed that I can
breathe."
("Meu sistema circulatório não só produz lubrificantes
biomecânicos, ele regular energia microhidráulica. ... A maioria
está interessada em minhas habilidades extraordinárias; quão rápido
posso computar, minha capacidade de memória, o quanto vou viver.
Ninguém nunca perguntou se meu cabelo cresce, ou notou que posso
respirar.")
Bashir - "Well, your creator went to a lot of trouble to
make you seem human. I find that fascinating."
("Bem, seu criador teve muito trabalho para fazer você parecer
humano. Eu acho isso fascinante.")
Bashir - "Data, perhaps we are going about this the wrong
way."
("Data, talvez estejamos olhando isso do jeito errado.")
Data - "How so?"
("Como?")
Bashir - "Well, maybe you had a dream or
hallucination."
("Bem, talvez você tenha tido um sonho ou alucinação.")
Data - "I am not capable of either of those functions."
("Não sou capaz de nenhuma dessas funções.")
Data - "I plan to shut down my cognitive functions for a
brief period each day. I hope to generate new internal
visions."
("Pretendo desligar minhas funções cognitivas por um breve
período a cada dia. Espero gerar novas visões internas.")
Bashir - "It sounds to me like you are talking about
dreaming."
("Parece que você está falando de sonhar.")
Data - "An accurate analogy."
("Uma analogia acurada.")
Trivia:
Este é o primeiro e único episódio da Nova Geração em
que há um crossover com a (na época) recém-lançada Deep Space
Nine, e foi feito de uma forma extremamente econômica. A única
cena em que a Enterprise-D aparece atracada na estação é a mesma
do episódio-piloto "Emissary",
e é repetida diversas vezes durante o episódio.
O
único personagem de DS9 a dar as caras e até visitar a
Enterprise neste episódio é o dr. Julian Bashir. O'Brien é citado
por La Forge. Sisko, Kira, Dax, Odo e Jake não são lembrados, porém
os fãs de Morn podem se preparar, pois ele faz uma aparição no
Promenade e, claro, não fala uma palavra sequer!
James Cromwell interpreta aqui o Yridiano Jaglom Shrek. Cromwell é
mais conhecido como o Zefram Cochrane do oitavo filme de Jornada
para cinema, "Primeiro Contato", e já havia
participado da Nova Geração como Nayrok, no episódio "The
Hunted", da terceira temporada. Durante as filmagens de "Birthright"
James Cromwell quebrou a perna, e diversas cenas em que seu
personagem apareceria não chegaram a ser filmadas.
Ficha
técnica:
Escrito por Brannon Braga
Direção de Winrich Kolbe
Exibido em 22/02/1993
Produção: 142
Elenco:
Patrick Stewart como
Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Gates McFadden como Beverly Crusher
Marina Sirtis como Deanna Troi
Elenco convidado:
James Cromwell
como Jaglom Shrek
Jennifer Gatti como Ba'el
Cristine Rose como Gi'ral
Siddig El Fadil como Dr. Julian Bashir
Richard Herd como L'kor
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