MANCHETE
DO EPISÓDIO
História
é previsível e arrastada, apesar
do bom uso de conceitos científicos
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episódio
Sinopse:
Data Estelar: 41463.9.
A
Enterprise chega a Velara III, para verificar a situação de
cientistas que estão no processo de terraformação do planeta
supostamente desabitado.
Durante a visita, um engenheiro é misteriosamente morto quando uma
perfuratriz a laser se descontrola, quase matando Data também.
Ao investigarem a causa do acidente, descobrem uma minúscula forma
de vida inteligente, nativa do planeta, que está sendo destruída
pelos terraformadores. O grupo avançado teleporta uma das criaturas
para investigar, mas ela não está muito a fim de conversa.
Após assumir o controle da nave, a criatura declara guerra à
Enterprise e aos humanos, classificados por ela como "horríveis
sacos feitos quase todos de água".
Após
descobrir que a forma de vida está tirando energia a partir da luz,
como uma célula fotoelétrica de um painel solar, Picard instrui
Riker a reduzir a luminosidade do laboratório em que a criatura se
encontra.
Enfraquecido, o ser resolve ouvir o que Picard tem a dizer, e as
duas espécies chegam a um acordo. A criatura ainda considera os
humanos muito primitivos, mas pede que eles voltem em algumas
centenas de anos.
Comentários:
"Home
Soil" é uma bela peça de aplicação da ciência na ficção
científica. Mas o preço foi alto: enquanto programa de
entretenimento, acabou deixando a desejar. A premissa é muito óbvia
desde o início, e não oferece quaisquer reviravoltas, tornando o
desenrolar da história um tanto quanto arrastado.
Desde
o momento em que Data e Geordi encontram a suposta forma de vida,
tudo já se desenha na cabeça do telespectador --ele já imagina o
que teria acontecido e por quais razões. Depois disso, é apenas
questão de ir confirmando essas expectativas --a forma luminosa de
fato está viva, ela é inteligente e é a responsável pela morte
de um dos terraformadores, que estavam inadvertidamente destruindo
seu habitat, e o líder da equipe, Mandl, já imaginava que formas
de vida alienígenas poderiam estar presentes no planeta e mesmo
assim teria optado pela continuação dos trabalhos.
Os detalhes da história parecem ser bastante convincentes do ponto
de vista científico --uma forma de vida baseada em silício (e não
silicone, como diz a dublagem), ligada no subsolo por uma corrente
de água salgada (capaz, portanto, de conduzir eletricidade),
poderia formar uma rede que funcionaria similarmente a um
computador, possivelmente atingindo níveis inteligentes.
Por ser uma forma de vida tão similar a um computador (que também
é baseado em redes de circuitos desenhados em chapas de silício),
não é difícil imaginar que ela fosse capaz de criar algum tipo de
interface com o computador da Enterprise, se apoderando do controle
da nave.
A
idéia de que a criatura estava se alimentando a partir de luz também
é interessante e mostra que nem sempre o ponto fraco de um oponente
é atingido com uma salva de torpedos fotônicos --às vezes, apagar
a luz resolve o problema. Ou seja, inteligência pode
invariavelmente ser uma arma muito mais eficaz que a mera força
bruta.
Embora seja sempre um prazer ver escritores que tentam respeitar as
leis da física, talvez o rigor seguido nesse episódio tenha
amarrado os roteiristas. Ao se prenderem demais aos aspectos técnicos,
eles podem ter negligenciado o coeficiente de ação necessário à
história.
Seguramente uma das idéias foi criticar a própria filosofia de
alguns cientistas --que algumas vezes ficam tão obstinados por suas
próprias idéias e convicções que acabam jogando a ética e o bom
senso pela janela, só para obter o sucesso proveniente de seus
feitos, por mais que eles se provem equívocos. De fato, esse
comportamento não é incomum nos círculos científicos contemporâneos.
O
ritmo do episódio também mais parece o de um trabalho científico
--arrastado e, em geral, com resultados previsíveis-- do que o de
uma história de ficção. Faltou adrenalina. A única tentativa de
inserir tensão ao segmento --por meio das ameaças da criatura à
segurança da Enterprise-- não funcionou: o alienígena ameaçou,
ameaçou, mas no fim não fez nada contra a nave ou seus
tripulantes.
Os personagens, tanto os regulares como os convidados, também não
contribuíram e permaneceram tão rasos quanto o de costume nesta
primeira temporada.
Pesando prós e contras, o episódio ainda consegue manter o mínimo
necessário para atrair a atenção, por apresentar idéias
interessantes. Uma pena que o roteiro revele-as todas rapidamente,
sem dar a chance de o telespectador tentar refletir a respeito e
levando-o a um lento e previsível desfecho.
Citações:
Forma de vida -
"Ugly Bags Of Mostly Water, we try at peace, you do not listen.
Bag who drill in Sand Of Home had to die."
("Feios sacos quase todos de água, nós tentamos a paz, vocês
não ouvem. Saco que cavava na Areia do Lar teve de morrer.")
Trivia:
Segundo o produtor Maurice Hurley, "neste episódio, tudo o que
poderia dar errado aconteceu", diz. "Algumas páginas do
roteiro foram rescritas um dia antes de serem filmadas!"
Um
pintura com a estação Velara III completa, inclusive com uma nave
auxiliar estacionada, foi desenhada por Andrew Probert para servir
de cenário, mas não foi sequer utilizada.
Walter
Gotell, que interpreta Kurt Mandl, o chefe dos terraformadores, é
mais conhecido por seu papel nos filmes de James Bond, como o
general Gogol.
Ficha
técnica:
História de Karl Guers & Ralph
Sanches & Robert Sabaroff
Roteiro de Robert Sabaroff
Direção de Corey Allen
Exibido em 22/02/1988
Produção: 017
Elenco:
Patrick Stewart como
Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Gates McFadden como Beverly Crusher
Marina Sirtis como Deanna Troi
Wil Wheaton como Wesley Crusher
Denise Crosby como Natasha "Tasha" Yar
Elenco convidado:
Walter Gotell como
Kurt Mandl
Elizabeth Lindsey como Louisa Kim
Gerard Prendergast como Bjorn Benson
Mario Roccuzzo como Arthur Malencon
Carolyne Barry como engenheira
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