As
comédias de DS9, Parte I
Provavelmente
muitos de vocês já ouviram que "Deep Space Nine foi
a mais sombria de todas as séries de Jornada". Essa
afirmação de fato é verdadeira. Pode-se dizer que, com certeza,
sob qualquer definição que seja dada ao termo
"sombrio", que DS9 é de longe a campeã do
quesito dentre as séries do franchise (ainda iria além, dizendo
que DS9 produziu algumas das horas de televisão mais
intensas que já assisti, em qualquer série, em qualquer gênero).
O mais irônico para alguns (e paradoxal para outros) é que a série,
vista como um todo, seja também a mais positiva da história de Jornada
nas Estrelas.
A história da série, que se confunde com as histórias pessoais
de seus personagens, é uma de transformação e redenção. Isso
está embutido na própria estação Terok Nor, em uma mensagem de
infinita esperança. Se podemos transformar uma outrora estação
de mineração, operada por trabalho escravo, na última esperança
de sobrevivência de toda a galáxia, podemos mudar qualquer
coisa, até nós mesmos. O desenvolvimento dos personagens segue
em paralelo a essa premissa.
Uma parte notável deste já citado "paradoxo" é que,
apesar de ser considerada a mais "sombria" dentre as séries
de Jornada, DS9 é aquela que mais possui humor.
Seja em episódios cômicos específicos, ou espalhado ao longo da
série. DS9 partilha com a série original de Jornada
uma característica de não se levar a sério demais, saber rir de
si mesma (existem comédias de ambas as séries que só funcionam
devido a esta característica em particular). Além disso, ela é
capaz de "quebrar a quarta parede" que
"separa" a audiência e o universo da série, se
permitindo fazer criativas auto-paródias e outras insanidades
(tal artifício também foi usado, de forma estupenda, para fazer
drama).
O presente artigo se preocupa em apresentar todas as comédias de DS9,
em ordem cronológica e divididas por temporadas. O leitor vai
observar que as "comédias Ferengis", na maioria das
vezes, se mostraram verdadeiras catástrofes (o leitor também vai
perceber que muitos dos episódios comentados aqui estão entre os
piores da série, provavelmente reforçando o ditado de que é
"mais difícil fazer comédia do que drama"). A definição
aqui dada a "comédia" é extremamente ampla, visando
englobar também a maior quantidade possível de "episódios
inofensivos e afins". As temporadas serão apresentadas com
um cabeçalho contendo, número, título e uma breve descrição.
As duas primeiras temporadas têm comentários mais breves do que
as cinco posteriores.
(Para os que ficarem se perguntando se estes "títulos das
temporadas" são alguma brincadeira relacionada a
"aquela outra estação", a resposta é: sim! A descrição
de cada temporada é apresentada de forma a indicar o contexto em
que tais comédias aconteceram.)
Entretanto, antes de tratar do humor "desta estação",
devemos responder a duas fundamentais perguntas:
O que diabos é um 'high-concept'?
O termo 'high-concept' é um dos mais utilizados em Jornada.
Ele se baseia em uma "idéia totalmente apresentada (ou
representada) por uma única frase". Ele pode descrever
qualquer coisa, desde um pequeno elemento de uma única cena, até
uma série completa. A popularidade dos 'high-concepts' vêm de
sua facilidade por ser auto-explicado e por poupar os leigos de
interminável jargão técnico (se você quiser vender uma história
para um produtor, é bom que você seja um 'expert' em
'high-concepts', devido ao reduzido tempo que normalmente você
tem para apresentar a sua idéia). O próprio Roddenberry
"vendeu" Jornada para a TV como uma
"caravana para as estrelas". Ele também apresentou um
conceito embutido, para permitir sua execução dentro do orçamento
de um programa de TV, de "desenvolvimento paralelo de outros
mundos em relação à Terra" (que também é um
'high-concept', por si só).
Em termos de episódios temos intermináveis exemplos (mesmo só
citando exemplos da série original): de um personagem famoso
("Kirk vira Jekyll e Hyde, ao mesmo tempo", em "The
Enemy Within"); de um filme ("Jornada
apresenta: Run Silent, Run Deep", em "Balance Of
Terror"); de um evento famoso ("Jornada
apresenta: Especial do dia das bruxas", em "Catspaw");
de um elemento ("A ameba espacial", de "The
Immunity Syndrome"); de um clássico Sci-Fi ("Jornada
apresenta: Metropolis", em "The Cloudminders");
"E se... 'Jack, o estripador' fosse um alienígena?", de
"Wolf In The Fold"; "E se... os deuses
gregos fossem alienígenas?", de "Who Mourns For
Adonais?"; todos os de desenvolvimento paralelo etc.
Talvez o roteirista mais famoso da história de Jornada nas
Estrelas, no que tange ao uso de 'high-concepts', seja Brannon
Braga, roteirista e produtor da Nova Geração e Voyager
e co-criador (ao lado de Rick Berman) e roteirista-chefe, da próxima
série de Jornada nas Estrelas, Enterprise.
Respondida essa pergunta, vamos à segunda, não menos sutil:
O que é 'bom humor'?
A regra básica é rir com os personagens (da situação que os
cerca) e não dos personagens.
Elementos necessários: confiança e foco na narrativa, energia,
naturalidade, criativo e contínuo suprimento de reviravoltas de
forma a não deixar a comédia morrer, não descaracterizar ou
retrocaracterizar os personagens de forma a fazer a "comédia"
funcionar em seus termos etc.
Elementos desejáveis: não esquecer que a comédia é um
subconjunto do drama (o importante é tentar fazê-la o mais
realista possível), tentar "dizer algo" com um sorriso,
se preocupar mais em fazer sorrir do que rir etc.
(Como referência quanto aos "elementos desejáveis"
confiram as obras de Charlie Chaplin, Woody Allen, David E.
Kelley...)
Com esses dois conceitos em mente, podemos então partir para...
As comédias de DS9, em ordem cronológica
Primeira Temporada
"In The Hands Of The Prophets"
Um homem destruído chega para tomar posse de uma estação de
mineração Cardassiana em ruínas, em órbita do planeta Bajor.
No pensamento deste homem, um posto apenas temporário. Mas
aparentemente os Profetas tinham uma opinião diferente a
respeito.
(Um começo contido e cauteloso, também na área das comédias.)
Comédias:
"Q-Less" consegue ser uma continuação tão ruim
ou pior do que "QPid", da Nova Geração.
É particularmente digna de nota a falta de ambientação de Q e
Vash na série.
"Move Along Home" é o tipo de episódio de que
"quanto menos falarmos melhor". A visão dos personagens
de DS9 brincando de amarelinha não é para os fracos de
coração. PERDA TOTAL!
"The Nagus", além de ser uma boa comédia (com
uma óbvia paródia ao crime organizado), tem como maior virtude
dar uma face, através da figura do seu líder, aos Ferengis, os
outrora "vilões fracassados da Nova Geração".
É digna de nota como a caracterização de Zek é correta desde o
início.
"Progress" tem, em sua história secundária
envolvendo as operações de Jake e Nog no mercado de 'comodities'
local, a melhor comédia da temporada e um belo contraponto à
história principal envolvendo Kira.
"If Wishes Were Horses" é aparentemente uma
tentativa de humor disfarçada de primeiro contato ou vice-versa.
Particularmente, acho que ele não funciona de um jeito ou de
outro, uma lástima.
Segunda Temporada
"Necessary Evil"
Em meio à confusão da política e da religião Bajoriana (esta
última culminando com a eleição de Winn como nova Kai), surgem
uma ameaça no seio da Federação, os Maquis, e uma ameaça além
da Fenda Espacial, o Dominion. Ao final da temporada, Eris (a
primeira Vorta) avisa: "Vocês não têm idéia do que começa
aqui."
(A temporada, apesar de conter alguns dos episódios mais intensos
da série, foi particularmente ruim em episódios "cômicos,
inofensivos e afins".)
Comédias:
Ainda que não seja uma comédia propriamente dita, "Melora"
é entretenimento involuntário para ninguém botar defeito. Onde
mais encontrar, empacotada com a sutileza de uma manada de
mastodontes em fúria, a combinação de "uma mensagem
Trekker da semana sobre deficientes" somada a "um
absurdo romance Trekker da semana" com "uma COLISÃO de
duas tramas totalmente não-relacionadas"? Sem dúvida, um
dos piores de toda a série.
"Rules of Acquisition" é outro episódio fraco,
que apresenta "uma versão Ferengi de Yentl", novamente
em tom de comentário social grosseiro, com direito a muito humor
involuntário e a primeira citação do nome Dominion em toda a série.
Aparentemente uma história de triângulo amoroso que foi rescrita
para aliviar completamente o drama e incluir uma absurda premissa
Sci-Fi, "Second Sight" foi um completo desastre
em tocar na solidão de Ben Sisko. PÉSSIMO!
O pavoroso "Rivals" exemplifica como não se deve
fazer comédia: de forma indecisa, desfocada e sonolenta. Apesar
de a imagem de O'Brien e Bashir jogando Raquetebol ser uma das
mais lembradas da dupla, o episódio fez pouco pelo relacionamento
deles.
O péssimo "Playing God" é um dos episódios
mais confusos da história do franchise, mas tem espalhado nele
alguns momentos do mais fino humor. Em especial todas as
brincadeiras de Jadzia, fazendo Arjin "pensar o pior
dela", foram no ponto.
"Profit and Loss", uma verdadeira "versão
Ferengi para Casablanca", além de estar mais para o embaraçoso
do que para o engraçado, faz um desserviço ao personagem de Ben
Sisko, enquanto literalmente "brinca" com as relações
políticas entre Bajor, Cardássia e a Federação. Existe sempre
o fator da presença de Garak (sempre benéfica à série), mas
ainda assim o episódio é ruim demais.
Terceira Temporada
"The Die Is Cast"
A Defiant é designada para a estação, os Fundadores do Dominion
são revelados como o povo de Odo, os governos Romulano e
Cardassiano realizam missões independentes (obviamente não-autorizadas
nem por Bajor e nem pela Federação) para selar a Fenda Espacial
e deter a ameaça Dominion, uma gigantesca força-tarefa formada
por naves da Tal-Shiar Romulana e da Ordem Obsidiana Cardassiana,
em missão de destruir o planeta natal dos Fundadores, é vítima
de um emboscada e totalmente destruída pelos Jem'Hadar (um
Fundador infiltrado como Romulano avisa a Odo e Garak que as únicas
coisas que restam entre o seu povo e o controle do quadrante Alfa
são o Império Klingon e a Federação e mesmo estes obstáculos
não permanecerão por muito tempo), um Fundador, infiltrado como
um embaixador da Federação, coloca a Defiant trancada no curso,
em uma missão que irá produzir uma guerra com os Tzenkhati. Odo
tem de matar o tal Fundador para impedir o desastre. Antes de
morrer o Fundador diz: "É muito tarde, nós estamos em todo
lugar."
(Esta foi a temporada da virada do personagem Ben Sisko, apesar da
série como um todo ter passado por uma espécie de crise de
identidade. Os episódios "cômicos" tiveram mais baixos
do que altos.)
Comédias:
No
bom "The House of Quark", Quark mata por acidente
um Klingon bêbado e herda a "casa" do Klingon e a sua
esposa (de nome Grilka). Após ajudar a Klingon a resolver uma
disputa com uma "casa" rival, Quark recebe o "divórcio"
e os dois permanecem amigos. O episódio é de fato engraçado e
consegue fazer a interação entre Klingons e Ferengis sem ferir
as duas culturas.
No bom "Civil Defense", um antigo programa
do computador da estação, dos tempos da ocupação, é reativado
por engano, confundindo a nova tripulação com trabalhadores
Bajorianos em fuga. Um radiante Dukat chega à estação, querendo
"mundos e fundos" para liberar o computador. Aí o feitiço
vira contra o feiticeiro e o computador acaba por considerar Dukat
um traidor. Daí todos têm de se juntar para resolver o problema.
Ainda que o fechamento não seja nenhuma maravilha, é diversão
garantida a maior parte do tempo, com o bônus de esmiuçar mais a
rivalidade entre Dukat e Garak.
"Meridian"
é um dos piores momentos da série. Nele Sisko e cia. encontram
um planeta que vai e volta de nosso Universo, permanecendo um
breve espaço de tempo aqui e uma literal eternidade em
"outro lugar". Dax (no curso de uma hora de televisão)
se apaixona perdidamente por um nativo, decide jogar tudo pro alto
(inclusive a sagrada vida do seu simbionte) e arruma um meio de
voltar com o seu amado e o seu planeta para este "tal
lugar". Obviamente o plano falha e Dax termina o episódio
inconsolável, para não lembrar de nada no resto da série.
Perfeito!
"Fascination" é também um dos piores episódios
da série, um verdadeiro (e tristemente realizado) "DS9
apresenta: Sonhos de uma noite de verão". A embaixadora
Lwaxana "Queima tubo de imagem" Troi (interpretada por
Majel "Quem foi que deu autorização pra esta mulher
trabalhar como atriz?" Barrett) visita a estação, para
estar com Odo durante o festival de gratidão Bajoriano. Ela começa
a ter problemas com suas habilidades telepáticas, fazendo todos
os personagens ficarem apaixonados por alguém. O resto vocês
podem imaginar. Uma amostra: imaginem um Bareil, no cio, tentando
agarrar Dax e agredir Sisko (por quem a Trill fica apaixonada) e
acabar sendo nocauteado por Jadzia. Perfeito ao quadrado!
Em
"Prophet Motive", o Grande Nagus Zek tem uma
experiência com os Profetas, que o transformam em um ser mais
esclarecido. Este novo Zek está decidido a reformar toda a
sociedade Ferengi, transformando-a em uma mais generosa e bondosa.
Quark fica horrorizado e acaba por convencer os Profetas a
desfazer o ocorrido com o Grande Nagus e as cópias das Regras de
Aquisição rescritas por Zek são todas destruídas. Apesar de não
chegar ao ponto de classificar o encontro dos Ferengis com os
Profetas como "herético", o episódio não faz nada por
mim, é muito ruim mesmo. A obviedade é a "força
motriz" do episódio e apesar do confronto final entre Quark
e os Profetas acabar tendo os seus méritos (por mais incrível
que possa parecer), não consegue redimir tudo que veio antes.
No
bom "Through The Looking Glass", Sisko tem de
tomar o lugar da sua falecida contraparte do "universo do
Espelho" para tentar convencer a Jennifer Sisko daquele
universo (que é também esposa de sua falecida contraparte e uma
cientista conceituada), a se unir aos rebeldes. No caminho ele tem
de demonstrar um grande jogo de cintura e "oferecer serviços
de alcova" às contrapartes de Jadzia e Kira.
Em
"Family Business", Quark é levado ao planeta
natal dos Ferengis (o qual aparece pela primeira vez em Jornada)
para responder a acusações feitas contra sua mãe, tais como,
obter lucros e usar roupas, ambas proibidas pelas leis Ferengis.
Após muita confusão e para ficar de bem com o "Leão"
Ferengi, Ishka acaba confessando os seus "crimes" e
devolvendo os seus lucros (porém Quark não sabe que ela devolveu
apenas parte deles). Mais um péssimo episódio que não sabe se
é uma comédia ou um drama familiar leve (falar da interação
entre irmãos e entre mãe e filhos) e termina por não ser nenhum
dos dois, uma perda de filme.
Quarta temporada
"Paradise Lost"
Worf é trazido para a estação como oficial de operações
estratégicas, o tratado de paz da Federação com os Klingons é
revogado, a econômia Cardassiana entra em colapso, as atividades
Maquis na Zona Desmilitarizada atingem um nível sem precedentes,
acontece um golpe de Estado na terra. Ao final da temporada, Odo
é julgado pelo seu povo pelo crime de um ano atrás. Odo tem
implantada dentro de si a certeza de que Gowron, o líder do Império
Klingon, é um Fundador disfarçado.
(A melhor temporada de Jornada desde as duas primeiras da série
original, tem um bom registro de comédias.)
Comédias:
Finalmente
Jornada ofereceu a sua própria versão dos eventos de
1947, em Roswell, Novo México. Os alienígenas que caíram na
Terra foram os Ferengis Rom, Nog e Quark. Vítimas de um acidente,
eles são lançados no passado, onde são presos para exame pelo
exército americano e confundidos com Marcianos. "Litle
Green Men" é um bom episódio que faz graça com
(aparentemente) todos os filmes do gênero. Isso sem falar nos
clichês da própria Jornada, como o tradutor universal e as
privadas que ninguém nunca viu. Detalhe: a nave de Quark é
guardada no infame "Hangar 18".
"Our
Man Bashir" é uma excelente sátira aos filmes de
espionagem (Bond, mas não somente Bond) que acaba por transcender
esta premissa e oferecer algumas verdades sobre o relacionamento
de Bashir e Garak. Não percam as aventuras de Kira Nerys como a
coronel russa Anastasia Komononov (com direito a sotaque e tudo),
Miles Edward O'Brien como o caolho Falcon, Jadzia Dax como a (tímida
e irresistível) professora Honey Bare, Worf como o fiél valete
Duchamps e Benjamin Sisko como (o super-vilão maligno que quer
dominar o mundo) dr. Hippocratus Noah.
"The
Bar Association" é o episódio em que Rom promove uma
greve para os funcionários do Quark's, com direito a piquete na
porta do estabelecimento e tudo mais. Obviamente isso é contra a
lei Ferengi, e Quark, na iminência de perder tudo, faz um acordo,
"por debaixo do panos", com Rom de forma a ficar bem,
perante as autoridades do seu povo. Ao final, todos os funcionários
voltam ao trabalho com suas exigências secretamente atendidas,
exceto Rom, que acaba indo trabalhar na equipe de manutenção da
estação. Este é mais uma "típica comédia Ferengi"
que usa um simplista história (com algum valor), como desculpa
para disparar as suas 'gags'. Uma das poucas cenas interessantes
é aquela em que Quark tenta utilizar garçons holográficos no
bar, realmente hilário. (O irônico do episódio é que Armin
Shimerman, o ator que representa o Quark, tem sido muito ativo na
direção de sindicatos durante toda a sua vida profissional.)
Na história secundária de "Accession", Keiko
volta à estação e informa a O'Brien que ela está grávida. O
restante desta pequena história lida com este fato e de como
O'Brien e Bashir ficaram unidos quando da ausência de Keiko. Um
doce só!
Em
"Shattered Mirror", voltamos ao "universo do
Espelho", onde os rebeldes estão empenhados na construção
da sua própria versão da Defiant. O episódio beira a insanidade
absoluta, em seu humor, e tem bom valor de entretenimento. O
destaque vai para surra que a "mirror-Defiant", com
Sisko ao leme, dá em um gigantesco cruzador Klingon. Imperdível!
Falando
em comédia involuntária, temos "The Muse".
Neste, que é um dos piores episódios da série, temos duas histórias
incrivelmente ruins. Na primeira temos uma bizarra alienígena (a
musa do título), que oferece inspiração às custas da energia
energia vital de seus "inspirados" (até a morte deles),
e estava fazendo exatamente isto com Jake, até ser impedida por
Ben Sisko. Na história secundária, Lwaxana "Cuja atriz
deveria ser presa por ajudar a escrever este desastre" Troi
está de volta, grávida e fugindo do seu marido, membro de uma raça
cuja tradição demanda que os filhos sejam criados exclusivamente
pelos homens. Odo se voluntaria para casar com a embaixadora e daí,
como tutor legal, oferecer a guarda da criança para a mãe. O único
destaque vai para o título do livro que Jake estava escrevendo,
Anselem, uma referência ao clássico episódio "The
Visitor" (foi estabelecido em livros que
"Anselem" quer dizer "pai", em Bajoriano).
Antimatéria pura!!!
Na história secundária de "For The Cause",
temos a primeira aproximação entre Garak e Zyial (a filha
bastarda Bajoriana-Cardassiana de Dukat). O que é engraçado é
que até o último instante Garak acha que a menina está
planejando matá-lo. Uma hilária conversa com Quark só faz
aumentar a paranóia de Garak.
É muito raro encontrar um bom veículo para os Ferengis, e "Body
Parts" é sem dúvida um deles. Primeiramente, a idéia
da história secundária de, devido a um acidente, se transferir o
feto do útero de Keiko para o de Kira foi uma maneira genial de
colocar a gravidez da vida real de Nana Visitor na série (a idéia
de Kira se mudar para os aposentos dos O'Brien, também foi muito
legal). A história principal lida com um desiludido Quark, com
apenas uma semana de vida, e que vende os seus restos mortais no
mercado, antecipadamente. Quark posteriormente descobre que ele não
vai morrer, mas já é tarde demais e ele vem a descobrir que o
comprador dos seus restos mortais, foi ninguém menos do que o seu
inimigo Brunt. Ele pode morrer em sete dias e honrar o contrato ou
quebrá-lo, o que e obviamente proibido pelas leis Ferengis. Ele
considera um assassinato pelas mãos de Garak e quando ele pensa
que o Cardassiano fez o serviço, ele vai parar na "Divine
Treasury" (o pós-vida Ferengi e um dos mais interessantes
desenvolvimentos desta raça), onde ele encontra Gint (o primeiro
Nagus, que além disso tem uma tremenda semelhança com o seu irmão
Rom) que o aconselha a quebrar o contrato. Quark descobre que
estava sonhando e quebra o contrato com Brunt. O liquidador toma
todos os seus pertences, e fixa um cartaz na porta do Bar,
formalmente transformando Quark em um pária, perante o seu povo.
Mas para espanto de Quark, um a um vão chegando os tripulantes da
estação, todos trazendo uma item potencialmente útil a um bar.
Rapidamente o bar está de novo em funcionamento, e pela primeira
vez Quark parece realmente tocado pela generosidade.
Continua!
Luiz
Castanheira é editor do Trek
Brasilis
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