As
comédias de DS9, Parte II
Na
última coluna, viajamos pelas comédias de Deep Space Nine
produzidas durante as quatro primeiras temporadas. Continuamos o
nosso passeio, retomando de onde paramos.
Quinta temporada
"Call to Arms"
Sinopse da temporada:
A manipulação do Dominion sobre o Império Klingon é revelada
(foi o general Martok, não o conselheiro Gowron, que foi substituído
por um Fundador); Sisko recebe uma visão dos Profetas sobre os
tempos sombrios que se aproximam (tal revelação sugere que Cardássia
se unirá ao Dominion e que Bajor não deve entrar, ao menos no
momento, para a Federação, pois assim seria o primeiro alvo na
iminente guerra); Dukat sela um pacto entre Cardássia e o
Dominion; os Klingons são postos em retirada do território
Cardassiano e o seu tratado com a Federação é refeito; os
Maquis são dizimados pelos Jem'Hadar; os Romulanos assinam um
pacto de não-agressão mútua com o Dominion; a guerra se inicia
com o Dominion, e Dukat retoma Terok Nor.
Em
"Looking For ParMach in All the Wrong Places",
Grilka (a "ex-mulher" Klingon de Quark, como visto no
episódio "The House Of Quark", da terceira
temporada da série e também na primeira parte deste artigo)
volta à estação para ver o Ferengi. Worf sente uma profunda
atração pela fêmea Klingon mas não tem esperanças de um
relacionamento, devido a sua situação de exilado do Império
(ver "The Way of the Warrior", clássico episódio
duplo que abre a quarta temporada da série). Worf acaba
concordando (por insistência de Jadzia) em ajudar Quark na sedução
da bela guerreira, ao melhor estilo de "Cyrano de
Bergerac".
Equipado com um dispositivo cerebral, que permite que Worf
manipule a distância o corpo de Quark (literalmente como um
marionete), o Ferengi consegue vencer um insatisfeito
quarda-costas Klingon de Grilka e acaba por receber uma boa dose
de sexo Klingon de sua "Roxanne". Para o final, Jadzia
(que toma a iniciativa) também se enrosca com Worf em análogo
ritual sado-masoquista e os dois casais vão parar no hospital,
para a surpresa de Bashir.
Existe também uma história secundária em que O'Brien e Kira
(carregando o filho do chefe e vivendo com os O'Brien) começam a
sentir atração um pelo outro. Um episódio fraco globalmente
(primariamente pelo fato de que todos os personagens atuam de uma
forma meio infantil a maior parte do tempo), mas com alguns bons
momentos espalhados.
"Trials and Tribble-ations" é a maior homenagem
já feita à série original de Jornada. Neste episódio, a
Defiant (com todos os regulares, exceto Jake e Quark) é
transportada no espaço e no tempo até a estação K7, em meio
aos eventos de um episódio da série original, o clássico "The
Trouble With Tribbles". Aqui, os cenários da série
original (incluindo os modelos da Enterprise original, do cruzador
D7 de Koloth --não apresentado no episódio original-- e da própria
estação K7) são reproduzidos nos mínimos detalhes, em um
trabalho simplesmente sobrenatural.
Os personagens de DS9 são inseridos no filme do episódio
original (através de técnicas estilo "Forrest Gump"),
chegando a interagir com Kirk e cia. Antes de voltar pra casa a
tripulação de DS9 deve prender o Klingon Darwin (sua versão
do século 24, que conseguiu se infiltrar na Defiant e utilizar o
Orb do tempo, que estava sendo transportado de volta a Bajor, para
forçar tal "volta ao passado") e impedir os seus planos
de vingança que envolvem o assassinato de Kirk.
Ainda que a "exuberância" de Jadzia e a idolatria
generalizada por Kirk encham um pouco o saco, porque fica clara a
atitude dos roteiristas e produtores em tomar emprestado as bocas
dos personagens e falar por eles, nada disso fere o caráter
"especial" objetivado e atingido pelo episódio. Um
verdadeiro clássico, sem rivais em termos de puro entretenimento
acessível, constante e sustentado em toda a história do
franchise (George Takei é que pegou a pior parte aqui. Ele
participou do lastimável "Flashback", da
terceira temporada de Voyager --também um episódio
comemorativo dos 30 anos de Jornada--, e não participou de
"The Trouble With Tribbles", não
"participando" também de "Trials and
Tribble-ations").
Existem
inúmeros momentos antológicos em "Trials...".
Praticamente cada cena tem algo a se elogiar, mas os meus
favoritos são dois: a cena da ponte em que Kirk interage com
Jadzia, de uma forma aparentemente ensaiada, e quando Uhura parece
"dar mole" para Sisko quando este pede um autógrafo a
Kirk. Chega a arrepiar.
"Let Him Who is Without Sin..." é um forte
candidato a pior episódio da série e é claramente o pior desta
quinta temporada. Dax e Worf vão para Risa (levando Quark, Leeta
e Bashir com eles) para discutir "coisas sérias" sobre
o relacionamento deles.
Infelizmente o que temos é uma trama aparentemente inspirada em
uma HISTÓRIA RECUSADA de "Baywatch", em que diálogos
ruins se intercalam a cenas de pessoas na praia e (ou) em situações
pseudo-sensuais (obviamente artificiais).
Como toda "boa história de casal em férias", assim que
chegam a Risa, Worf e Jadzia começam a brigar sem parar e Worf
chega a "supreender" Jadzia com uma ex-amante de Curzon
(interpretada por Vanessa Williams e EU NÃO ESTOU BRINCANDO
QUANTO A ISTO!), o que não ajuda em nada a situação dos dois.
Eis que surge um bizarro grupo de "fundamentalistas" que
acham que a Federação "perdeu o seu rumo" devido ao
seu uso e dependência de teconologia e consideram Risa uma
representação viva deste mal.
O
incrível é que Worf aceita os argumentos imbecis do chefe de tal
grupo e acaba tomando conta do controle climático do planeta e
literalmente "faz chover" em cima de todo mundo, muito
mais motivado pelos seus problemas com Jadzia do que com qualquer
outra coisa. Tudo aqui é abismal e eu me recuso a descrever o óbvio
do seu final. ANTIMATÉRIA PURA!
(Um dos momentos mais constrangedores é quando Leeta e Bashir
--vocês tem que ver para crer-- realizam um EXTREMAMENTE LONGO
"ritual de separação Bajoriano", que termina com Leeta
anunciando o seu interesse por Rom, para espanto de Bashir.)
"Ferengi Love Songs" é mais um catastrófico
episódio Ferengi. Esta PÉSSIMA hora de televisão, que degenera
em um dramalhão horroroso, só não é o pior segmento da
temporada devido à "imbatível concorrência" de "Let
Him Who is Without Sin...". Quark retorna para Ferenginar
para passar algum tempo com sua mãe, só para descobrir que Iskha
está tendo um caso com o Grande Nagus Zek (agora sofrendo graves
perdas de memória e dependendo cada vez mais das habilidades
financeiras de Iskha).
Obviamente
Quark tenta tirar vantagem da situação e chega mesmo a fazer um
acordo com o seu arqui-rival Brunt (da F.C.A.). Mas ao final volta
atrás, faz as pazes com a sua mãe e dá sua benção ao
relacionamento de Zek e Iskha. Realmente o episódio é ruim e
previsível ao extremo, chega a assustar. Uma história secundária
envolvendo Rom e Leeta decidindo se vão se casar ou não só
deixa tudo ainda pior.
No começo do clássico "In the Cards", o moral
da tripulação está muito baixo, o início de uma guerra com o
Dominion é iminente e Sisko --especialmente-- está muito
preocupado. Jake decide dar um presente a Sisko, e um raro card de
beisebol, de 1951, de Willie Mays, que será leiloado em breve por
Quark, seria o perfeito presente para o seu pai.
Jake "recruta" Nog (obviamente contando com as economias
em Latinum do jovem Ferengi) para o leilão. Infelizmente, uma
estranha figura, um tal de doutor Giger, arremata o lote com o
card, para desespero de Jake. Eles contatam o infame cientista,
com o qual propõem um troca por uma enorme lista de produtos que
seriam utilizados em sua experiência.
Giger busca a imortalidade e ele acredita que a causa do
envelhecimento e da morte é o "tédio celular" e
planeja terminar a construção de uma "câmara de
entretenimento celular". Uma pessoa que entrasse em tal câmara
periodicamente atingiria a vida eterna. Jake e Nog não podem
pedir ajuda diretamente a ninguém, pois o presente para Sisko é
uma surpresa, e decidem trocar favores com o resto dos personagens
pelos ítens da lista de Giger (sem que ninguém saiba realmente o
que eles estão fazendo).
Daí,
eles registram suprimentos para O'Brien, remasterizam a coleção
de ópera Klingon de Worf, escrevem discursos para Kira e mesmo
recuperam o ursinho de pelúcia de Bashir (o fofinho
"Kukalaka"). Quando eles voltam para os aposentos do
cientista, este está completamente vazio. Antes que possam fazer
qualquer coisa, são transportados para a nave de Weyoun (que
estava na estação para um encontro diplomático com Kai Winn,
visando a assinatura, por parte de Bajor, de um pacto com o
Dominion), onde já estão Giger e todo o seu equipamento. O Vorta
quer saber porque o cientista estava realizando experimentos (con
fontes de energia radioativas) justo embaixo dos seus aposentos e
porque Jake e Nog tiveram encontros com todos os oficiais
graduados da estação nas últimas horas.
Jake inventa a mais absurda e hilária história sobre trabalhar
(secretamente) para a Frota Estelar, em uma missão de segurança
para a própria Federação: deter um viajante do tempo de nome
(advinhem) Willie Mays. Weyoun não acredita em nada do que Jake
fala e descreve realmente o que os dois estavam fazendo. Fascinado
com o objetivo de Giger (os Vortas são continuamente clonados),
ele deixa os dois livres com o card. Jake dá o presente ao seu
pai, que dita uma emocionante entrada do seu diário, sobreposta a
uma bela música e as imagens dos outros tripulantes aproveitando
os "efeitos colaterais" deste seu presente, em um dos
melhores momentos da série e do franchise.
A forma como Ronald D. Moore (o roteirista do segmento) conecta as
duas histórias (uma muito séria e uma completamente
"fofinha") sem descaracterizar nenhum personagem é
brilhante, com um estilo de "dramédia" que lembra muito
o do mestre David E. Kelley. Este episódio é a mais inteligente,
sofisticada e humana comédia da história de Jornada nas
Estrelas.
"Mesmo no mais sombrio de todos os momentos, você sempre
poderá encontrar algo que o fará sorrir."
[Ben L. Sisko]
Em alguns momentos desta quinta temporada, tivemos uma espécie de
"sabotagem de episódios por histórias secundárias
supostamente cômicas", ou seja, episódios com estelares
histórias principais, ancorados por tramas secundárias ruins,
usualmente devido a um humor grosseiro e pouco inspirado. São
claros exemplos deste problema: "The Begotten",
em que a gravidez de Kira termina e Shakaar e O'Brien começam a
"brigar" com ciúme um do outro na hora do parto; "Doctor
Bashir, I Presume", com o seu improvável e absurdo
"triângulo amoroso" entre Rom, Leeta e Zimmerman, e "Blaze
of Glory", com a pouco inspirada história de Nog
tentando "ganhar o respeito" dos Klingons.
Uma boa história secundária cômica foi a de "Business
as Usual" em que O'Brien tem que cuidar de Kyrioshi, em
meio a um turno de trabalho.
Sexta temporada
"In The Pale Moonlight"
Sinopse da temporada:
Após várias derrotas frente ao Dominion, a Frota Estelar
concorda com um audacioso plano de Sisko, que objetiva a retomada
de DS9; no auge do curso desta operação, os Profetas impedem a
chegada de reforços do Dominion do Quadrante Gama, porém avisam
a Sisko que ele irá pagar um preço por esta intervenção; a
estação é retomada pela Frota Estelar, Damar mata (como
traidora) Zyial (a filha de Dukat) e Dukat enlouquece; um
enlouquecido Dukat e um seriamente ferido Sisko caem em um planeta
deserto, Sisko comtempla a real face do Cardassiano e jura que não
irá permitir (custe o que custar) que ele venha a ferir Bajor
novamente; quando a força de vontade de Sisko começa a falhar,
frente as tragédias da guerra, os Profetas lhe enviam uma visão,
em que ele é um escritor negro dos anos 50 que escreve (pasmem)
DS9 e tal experiência tem um efeito positivo no capitão; uma
misteriosa organização, "não-oficialmente"
pertencente à Federação, chamada de Seção 31, contata Bashir
e, mesmo contra a vontade do médico, o coloca na lista de seus
agentes; Sisko e Garak são responsáveis por uma terrível cadeia
de eventos que acaba por trazer os Romulanos para o lado da Federação
na guerra contra o Dominion; em meio a uma grande vitória das forças
aliadas (Federados, Klingons e Romulanos), morre Jadzia Dax, pelas
mãos de Dukat, e os Profetas desaparecem, devido aos eventos também
iniciados pelo Cardassiano; Sisko (destroçado) deixa a estação
com Jake, indo passar algum tempo no restaurante de seu pai,
Joseph Sisko, na Terra. Ele leva a sua bola de beisebol com ele.
"You are Cordially Invited" funciona
perfeitamente como um bom "episódio-evento" e os
valores de produção não decepcionam. A história é aquela
"típica história de casamento" que é desmarcado e
remarcado seguidamente durante o curso do episódio. Jadzia tem
que provar, para a esposa do general, que é digna de entrar para
a "Casa de Martok".
O
que ela acaba conseguindo, com alguma dificuldade (especialmente
devido ao "gênio forte" dela e de Sirella), após uma
conversa com Sisko. Worf, Martok, Sisko, Bashir, O'Brien e
Alexander (filho de Worf, agora mais velho e vivido por um outro
ator) se envolvem em uma espécie de "despedida de solteiro
Klingon", que é obviamente uma sucessão de rituais de dor e
sofrimento. Jadzia também teve uma despedida de solteira, com
direito a danças tribais e engolidores de fogo. Os votos são
bonitos e acabam tendo um interessante "payoff" mais à
frente na temporada, no bom "Change of Heart".
"The
Magnificent Ferengi", ou melhor, a "versão Ferengi
para 'Os sete Samurais'", tem uma das mais absurdas histórias
de toda a série, que acaba funcionando milagrosamente como um boa
e agradável hora de televisão. Vejamos a história: o Dominion
rapta Iskha (a mãe de Quark e Rom); Zek (o grande Nagus Ferengi e
namorado de Iskha) oferece uma boa recompensa para quem conseguir
libertar a sua amada; Quark monta uma "equipe de
resgate" formada por Rom, Nog, Leck (um espécie de assassino
de aluguel atrapalhado), Gaila (primo de Quark) e (claro) Brunt
(que oferece a sua nave na esperança de conseguir algum favor
junto ao Nagus), os quais somados a Iskha dão os tais "sete
Ferengis"; Quark convence a Frota e o Dominion a uma
"troca de prisioneiros", Keevan (o odioso Vorta de
"Rocks And Shoals") pela mãe de Quark e a troca de
prisioneiros se dará em Empok Nor (a estação gêmea e
abandonada de DS9) sob os auspícios do Vorta Yelgrum (vivido por
Iggy Pop e EU NÃO ESTOU BRINCANDO QUANTO A ISTO!). Nada disto faz
algum sentido mas esta é a história e só de escrevê-la já dei
umas risadas. Assistam, mas não se esqueçam de
"desligar" o cérebro durante tal experiência.
"Who
Mourns for Morn?" tinha tudo para se tornar um clássico,
começando pelo título bem sacado e o memorial do personagem
Morn, logo em seu início. Depois deriva em todos os clichês possíveis
das histórias de "gangs que se reunem para recuperar o
produto do roubo"; sem muita energia, sem muitas surpresas,
óbvio a maior parte do tempo. Um episódio fraco, na melhor das
hipóteses.
(Respondendo a uma pergunta recorrente e antiga: sim, Mark Allan
Shephard SEMPRE "interpretou" Morn, o mascote oficial de
DS9, que nunca pronunciou uma palavra em cena --apesar de
ter a fama de falastrão fora dela-- daí sempre recebendo como um
extra, apesar do esforço envolvido devido a maquiagem do
personagem. Ele trabalhou como ator, creditado e com falas, no
episódio da sexta temporada de Voyager, "Child's
Play", em que viveu o pai do personagem Icheb.)
"One
Little Ship", ou melhor dizendo, "querida, eu
encolhi o Explorador", tem a história MAIS ABSURDA de toda a
série e provavelmente de toda a história do franchise. A Defiant
envia, mantendo uma trava de raio trator, o Explorador Rubicon
para o interior de uma anomalia gravitacional. Atacada pelos
Jem'Hadar, a Defiant é abordada, o raio trator se rompe e o
Rubicon (com Jadzia, O'Brien e Bashir a bordo), voltando da
anomalia por um caminho diferente do que seguiu para entrar,
permanece miniaturizado. Daí a história se torna como Jadzia e
Cia. vão ajudar Sisko e cia. a retomar a Defiant.
O episódio funciona por não se levar a sério em nenhum momento
(isso seria a sua completa ruína, em virtude da sua premissa
inicial) e dos EXCEPCIONAIS efeitos visuais. Assistam este episódio
nem que seja só pra presenciar a mágica que o mestre Gary Hutzel
consegue fazer com modelos! Um bom episódio que vai pôr um
sorriso (sem muitas explicações) na boca de vocês.
No
bom "His Way", Vic Fontaine, um cantor holográfico
de uma boate ambientada em Las Vegas em 1962, o mais sofisticado
programa de Bashir, decide dar lições a Odo sobre como
conquistar o coração da major Kira Nerys. Este episódio é
basicamente uma comédia de situação com muita (boa) música e
grande estilo, mas sem muita substância. Neste episódio rola o
primeiro beijo entre Odo e Kira. Destaques para Nana Visitor
interpretando "Fever" e a presença do sempre carismático
e talentoso James Darren, como Vic Fontaine (que voltaria ao papel
no curso da série).
"Profit
and Lace", ou melhor dizendo "DS9 apresenta, o
Bartender Quark, como 'Lumba - a Drag Queen Ferengi'", é o
pior episódio da série (ainda que "Meridian"
seja um forte candidato ao posto), vergonhoso e constrangedor.
Sétima temporada
"Tacking Into the Wind"
Sinopse da temporada:
Surge Ezri Dax; Sisko descobre ser metade Profeta; uma presença
Romulana permanente é estabelecida a bordo de DS9, na pessoa da
Senadora Cretak; Odo descobre que o "Great Link" (um
verdadeiro "mar gelatinoso" formado pelos de sua espécie
quando em seu estado natural) está morrendo (é descoberto depois
que os responsáveis por tal doença, são os membros da Seção
31); Nog perde uma das pernas em ação; Dukat assume a sua fé
nos Pagh-Wraiths; em uma "missão" para a Seção 31 em
Romulus, Bashir presencia uma terrível sequência de eventos que
terminam com a carreira política de Cretak (considerada, pela Seção
31, uma genuína patriota, possivelmente perigosa para o futuro
das relações entre os Romulanos e a Federação) e possivelmente
também com a sua vida --o almirante Ross (superior imediato de
Sisko) e Sloan estão claramente envolvidos--; Worf e Ezri (esta
inicialmente procurando por Worf) são capturados pelos Breen;
Sisko pede Yates em casamento; Dukat sofre uma plástica para
parecer Bajoriano (adotando o nome de Anjhol no processo) e segue
para DS9 em uma missão para os Pagh-Wraiths; Anjhol seduz Winn
para sua causa profana; Sisko e Yates se casam; Damar decide que
Cardássia já sofreu demais nas mãos do Dominion e planeja uma
insurreição; o Dominion e os Breen selam um pacto; Damar liberta
Ezri e Worf dizendo que agora eles têm um aliado em sua pessoa;
os Breen atacam a Terra (especificamente o QG da Frota EStelar em
São Francisco); Winn e Dukat selam um pacto de sangue; a Frota
Breen destrói toda uma grande frota aliada inclusive a Defiant;
Damar declara (para surpresa de todos) que Cardássia está
ocupada pelo Dominion e inicia abertamente um movimento de resistência;
Kira (com uniforme de comandante), Garak e Odo são enviados a
Cardássia para ajudar Damar em seu movimento; Gowron utiliza táticas
para desacreditar (o já lendário) Martok e continua
comprometendo o esforço aliado com isto; Worf mata Gowron e
Martok se torna o novo Chanceler Klingon; Kira e cia. conseguem
roubar uma nave inimiga com a super-arma Breen para estudo; Odo
colapsa nos estágios finais de sua doença (que ele estava
tentando ocultar); Bashir, com a ajuda de O'Brien consegue extrair
a cura da mente de Sloan, que não sobrevive ao procedimento; Rom
se torna o novo Grande Nagus (Zek, Mai'hardu e Iskha se aposentam
e se mudam para Risa, enquanto Leeta segue com seu marido para
capital Ferengi, obviamente com Brunt a tiracolo, louco para
receber favores do novo Nagus); a resistência de Damar é
esmagada por Weyoun (que morre pelas mãos de Garak no final da série),
dando início a uma revolta popular em Cardássia, contra o julgo
do Dominion; chega a nova Defiant (equipada, como toda frota
aliada, com escudos especiais para combater a super-arma Breen) à
DS9; a Frota aliada (com a ajuda das forças Cardassianas que
mudam de lado no calor da batalha) segue até o coração de Cardássia
onde Odo finalmente convence a Fundadora a se render, em troca da
cura que está matando o "Great Link"; mas o mal já está
feito, o que um dia foi o Império Cardassiano agora está
reduzido literalmente a "paus e gravetos"; Damar perde a
vida no processo de libertação de sua pátria; Sisko consegue
impedir Dukat de libertar os Pagh-Wraiths; Sisko diz a Kasidy, em
uma visão, que um dia irá retornar (o que sugere uma
possibilidade similar para Dukat, mas não para Winn); Odo (como
parte de sua promessa a Fundadora) volta ao "Great Link"
(e cura todo o seu povo no processo) e se despede de Kira (que
permanece no comando de DS9); Garak fica na Cardássia devastada
pela guerra; O'Brien volta à Terra para ensinar na Academia da
Frota Estelar; Worf se torna embaixador da Federação no Império
Klingon e volta a Kronos com Martok; Ezri, Julian, Quark, Jake,
Nog e Kasidy permanecem na estação, assim como a bola de
beisebol de Sisko.
Em
"Take Me Out to the Holosuite", Sisko recebe um
desafio de um capitão Vulcano, o extremamente arrogante Solok,
seu eterno rival desde os tempos da Academia, para uma partida de
Beisebol (a ser realizada em uma holosuíte) entre a tripulação
de Solok (integralmente Vulcana) e os "Niners", uma
equipe formada por todos os personagens regulares, exceto Odo (que
serve de árbitro), com o reforço de Rom, Nog, Leeta e Yates.
Ao final do episódio, mesmo com os "Niners" perdendo
por "10 a 1", Sisko consegue "marcar um ponto"
em sua longa rivalidade com Solok, fazendo da marcação do único
ponto da equipe (marcado por Rom) uma DE FATO vitória para os
nosso personagens, confundindo o lógico Vulcano. Aqui temos de
tudo: "merchandinsing" da estação em todo lugar (de
bonés a bandeiras), o hino da Federação, Odo FANTÁSTICO como
árbitro, chicletes sabor "Scotch" para O'Brien etc.
Na trama secundária de "Treachery, Faith and the Great
River", O'Brien tem a difícil tarefa de consertar a
Defiant em tempo recorde para uma missão. Desesperado, ele
oferece a sua senha pessoal a Nog, que faz uma interminável e
aparentemente errática sequência de trocas de bens (incluindo aí
a própria mesa do escritório de Sisko e os barris de vinho do
general Martok, tudo "autorizado" pelo chefe), de forma
a obter o dispositivo fundamental ao conserto da Defiant.
Para surpresa de (um já totalmente desesperado) chefe O'Brien, a
estratégia de Nog dá resultado e todos os envolvidos terminam
satisfeitos. Este episódio é grandemente similar em espírito a "In
the Cards", tanto pela sua sofisticação quanto por
manter uma história principal bastante séria (aqui, uma que lida
com um "clone defeituoso" de Weyoun que quer desertar
para o lado da Federação) juntamente a uma história secundária
cômica sem prejudicar nem uma nem outra (de fato o título do
episódio se aplica a ambas as histórias, elas estão ligadas
tematicamente). O episódio introduz o elemento-chave da fé
Ferengi, o "Grande Rio", talvez o mais interessante
desenvolvimento desta raça em Jornada nas Estrelas.
"The
Emperor's New Cloak" encerra, de forma deprimente, a saga
do "universo do espelho" em DS9. A trama é
absurda: O grande Nagus Zek viaja para o "universo do
espelho" na esperança de abrir uma frente de comércio (?);
ele é preso pela Aliança, que envia a Mirror-Ezri para pedir um
dispositivo de camuflagem a Quark como resgate (o que vem a ser um
dos piores erros de continuidade da série, pois em episódios
anteriores as naves da Aliança possuem dispositivos de
camuflagem) e Quark e Rom roubam um dispositivo de camuflagem da
nave de Martok (uma ofensa capital em tempo de guerra, que é
tratada como brincadeira pelo episódio) para "honrar"
tal resgate. O resto eu me recuso a contar, isso é ruim demais. O
pior episódio desta sétima temporada, com direito a um ridículo
triângulo lesbo-afetivo entre a Intendente, a Mirror-Ezri e a
Mirror-Leeta e a um MIRROR-VIC DE CARNE E OSSO.
Em
"Badda-Bing, Badda-Bang...", um pequeno
dispositivo (instalado pelo seu programador, um cara de nome
Felix) do programa de Vic entra em ação, transformando o cenário
do holoprograma em um cassino dominado por gangsters. A tripulação
da estação (exceto Worf, que não está nem um pouco interessado
em salvar um holograma) se reúne para conceber e executar um
plano, seguindo as regras do programa, de forma a livrar Vic da
ameça do seu arqui-rival, Franky Eyes. Eles acabam por executar
um plano mirabolante para assaltar o cassino, impossibilitando
Franky de fornecer um "pedaço da ação", ao seu
"Poderoso Chefão", de nome Zeemo. Franky sai de circulação
e o programa volta ao seu funcionamento normal.
Este é um episódio TOTALMENTE inofensivo, mais estilo que substância.
Os valores de produção são espetaculares e a direção de Mike
Vejar é um "luxo só". Temos aqui duas
particularidades. Na primeira, Sisko se refere (de forma
absolutamente singular em Jornada nas Estrelas) explicitamente a
sua etnia (ele se diz desconfortável pelo fato do programa de Vic
Fontaine não levar em consideração a história de que negros não
eram permitidos em cassinos e estabelecimentos similares, nos anos
sessenta --e apenas decide se unir à turma, no "salvamento
de Vic", após conversar com Yates, sobre tal assunto).
Na
segunda, Sisko faz um dueto com Vic ao final do episódio. O refrão
de "The best is yet to come" ("O melhor ainda está
por vir") foi uma maneira perfeita (novamente "quebrando
a quarta parede", uma característica recorrente de DS9)
de anunciar os 11 últimos episódios da série, onde as
principais histórias foram resolvidas e os personagens tomaram os
seus derradeiros destinos.
Luiz
Castanheira é editor do Trek
Brasilis
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