O site oficial de Jornada nas Estrelas publicou uma longa entrevista com a equipe de produção do projeto de remasterização da Série Clássica.
Mike Okuda, Denise Okuda e Dave Rossi comentaram sobre o progresso dos trabalhos, além de responderem as perguntas dos internautas. Confira:
Qual o próximo episódio remasterizado que irá ao ar (nos EUA), após “Journey to Babel”?
Dave: ““The Doomsday Machine”. Creio que é simplesmente o maior episódio em termos de número de filmagens tanto quanto em efeitos complexos. Não somente é uma grande história, mas também apresenta uma das melhores seqüências de combate no espaço da série original.”
Mike Okuda: “O pessoal da CBS Digital trabalhou por semanas. Eu adoro o detalhe que eles puseram na nave Constellation avariada. Você poderá ver por dentro dos decks semi-destruídos. Uma das naceles está rompida, podendo ser observadas as bobinas de dobra em seu interior. A outra está reduzida a pedaços. Aí você terá a sensação do poder de destruição do matador de planetas.”
Vocês mudaram o design da “máquina do juízo final”?
Dave: “Nós queríamos honrar o conceito original, e, de fato, pesquisamos algumas notas do script, o qual Norman Spinrad descreveu o matador de planetas como algo coberto por disparo de armas. Ao mesmo tempo, queríamos reter tanto quanto pudéssemos do design original. Então demos ao matador de planetas uma textura de titânio martelado e lava sólida, tentando indicar que a superfície da máquina tem sido atingida por inúmeros arsenais de incontáveis eras. Nós sempre tentamos ficar cientes de que a série pertence aos fãs que a amam e a acompanham por anos. Estamos tentando não desviar dos elementos familiares que eles adoram. Seria diferente se tivéssemos fazendo novos episódios. Neste caso, haveria muitas mudanças que adoraríamos fazer, mas não me parece apropriado para esse projeto.”
Denise Okuda: “Também acrescentamos algumas pequenas insinuações de maquinário, na maior parte em fendas, que poderiam ter sido feitas pelas armas dos atacantes. Muito desse equipamento está derretido na superfície.”
Como fazem para produzir uma remasterização a partir dos filmes originais?
Dave: “Denise, Mike e eu nos encontramos duas vezes por semana para revisar os episódios. Observamos um episódio, anotamos os detalhes, tentando imaginar o que o diretor, o roteirista e o editor queriam passar. Depois fazemos uma lista de materiais que precisamos. Nós também listamos outros efeitos que sentimos que deveriam ser refeitos. Às vezes é o que chamamos de ‘broken shots’, efeitos que apenas precisam ser ajustados.”
Mike Okuda: “O próximo passo é contatar o Niel Wray e o Toni Pace da CBS Digital. Juntos, nós preparamos o que pode ser feito e o que não pode ser feito no episódio. Algumas vezes, eles nos sugerem alternativas. Como por exemplo, em “Journey to Babel”. Nós queríamos pôr todo o hangar atrás da nave de transporte, quando Sarek e sua comitiva estão desembarcando. O problema é que isso seria uma cena muito longa, que envolveria uma enorme quantidade de trabalho de rotoscopia e motion track (inserir gráfico móvel). Niel sugeriu uma versão simplificada, onde, em parte da seqüência, o ponto de observação fica embaixo e quando a câmera se afasta podemos ver, pelo menos, parte da parede de trás do hangar. Ficou muito legal.”
O que seria um trabalho de rotoscopia?
Dave: “Rotoscopia é um processo no qual você traça o contorno de um objeto, quadro a quadro, de modo que possa pôr um novo pano de fundo atrás do objeto. Isso requer um trabalho muito intensivo. Você tem de ter um bom olho para fazer isso, porque os objetos estão geralmente em movimento.”
Por que vocês mudaram o design do cronômetro da nave em “The Naked Time”?
Dave: “Foi um outro tipo de mudança que debatemos muito. Nós todos temos uma adoração pelo charme do original, mas a verdade é que era algo que eles compraram da loja Sears em 1966 e ficou.”
Isso quer dizer que todos os outros cronômetros irão mudar?
Dave: “Nós iremos tentar. Com os artistas e os computadores da CBS Digital, temos muito potencial de recursos a nossa disposição. Mas em todo o episódio, o desafio é pôr muito material legal na tela, dependendo do tempo e recurso. Isso significa que algumas vezes podemos fazer brincadeiras extras, como o cronômetro. Mas outras vezes nós temos de focar em elementos que são cruciais para a história, o que significa ter de fazer escolhas.”
Qual o trabalho de remasterização preferido de vocês?
Denise Okuda: “Provavelmente a aterrissagem da nave de Sarek em “Journey to Babel”. O hangar é uma parte da nave que nós não conseguimos ver muito na série original e creio que é realmente divertido podermos mostrar isso usando os novos efeitos em CGI.”
Dave: “Para mim, o encontro da Enterprise com a Botany Bay em “Space Seed”. Quando nós decidimos não usar um efeito visível para o raio trator, eu imaginei essa cena como uma maneira da audiência saber que o raio trator da Enterprise tinha sido desligado. Ver a cena executada exatamente do modo que imaginei em minha mente foi uma emoção real. A CBS Digital fez um trabalho surpreendente.”
Mike: “Minha preferência muda a cada semana. Mas agora, eu creio que seja o fogo nuclear dentro do matador de planetas em “The Doomsday Machine””.
Denise Okuda: “A nave auxiliar pilotada por Decker entrando no interior do matador de planetas dá uma sensação de imensidão da coisa.”
Vocês sabem qual foi a reação dos fãs ao projeto?
Mike Okuda: “De um certo modo positiva. Natutalmente, houve muito ceticismo no começo, mas uma parte dos fãs percebeu que estávamos trabalhando duro para ser fiel a visão da série original, e muitos deles mudaram de opinião. Isso significa muito para nós.”
Dave: “Eu creio que atingimos o sucesso em nosso caminho. O pessoal da CBS Digital está botando seus traseiros por longo tempo nesse trabalho e seus esforços têm sido recompensados.”
O que vocês acham que Gene Roddenberry e os membros de sua equipe pensariam sobre os efeitos remasterizados?
Mike Okuda: “Nós tivemos longas conversas com Matt Jefferies, antes de morrer. Para que todos entendam, Matt foi um dos nossos heróis. Ele era muito orgulhoso de seu trabalho em Star Trek, mas estava sempre reclamando das limitações técnicas de produção dos anos 60. Ele sempre dizia como desejava que tivesse a tecnologia que foi desenvolvida hoje, após o fim da série. Nós respondíamos por lembrá-lo de que seus designs eram a razão maior porque a série manteve o sucesso e é assistida até hoje. Ao mesmo tempo, isso nos convenceu de que ele teria sido o primeiro a aceitar fazer uma atualização de seu próprio trabalho.”
Dave: “Quando Gene morreu e seus familiares pediram que todos os memorandos e papéis da Série Clássica, em razão de A Nova Geração, fossem entregues a eles, eu fui a pessoa que trabalhou para que isso levasse 27 anos. Um tema que aparecia com alguma regularidade entre os memorandos de Gene era: ‘O que nós podemos fazer para melhorar os efeitos visuais?’. A colaboração da família dele e de pessoas como Bob Justman reforçam, durante este projeto, a noção de que Gene estava sempre esforçando-se para melhorar os efeitos especiais, afim de que o ajudasse a trazer Star Trek a vida. Nós estamos honrados em ajudá-lo neste desejo.”
Fonte: StarTrek.com