Data Estelar 47025.4 chega ao Brasil neste sábado

Após sete anos de sucesso na televisão norte-americana, era hora de A Nova Geração encerrar seu ciclo na telinha e partir para o cinema, trazendo mais lucros para os cofres da Paramount. O ano era 1993, ou seja, há 13 anos. Naquela época, o brasileiro somente tinha visto (e revisto) a primeira temporada da série, fato que perduraria até 1997, quando os canais USA (atual Universal Channel) e a Rede Record exibiriam, respectivamente, o 2º e o 3º ano das aventuras da USS Enterprise-D. Demorou, mas o ano final da série estréia neste sábado (1º/04), às 13h, no Universal Channel. E com um bônus: os episódios estão legendados, mantendo o som original em inglês.

Antes de “Generations”, o primeiro longa-metragem de A Nova Geração para o cinema, estrear em novembro de 1994, o sétimo e derradeiro ano da série se encerrou em maio do mesmo ano. E a última temporada, se não acrescentou tanto à mitologia da saga, apresentou algumas pérolas em meio a muitos episódios medianos e alguns sofríveis. “Parallels”, “The Pegasus”, “Lower Decks” e o finale “All Good Things…” entram facilmente para a lista dos 15 melhores de A Nova Geração, entre os 178 segmentos exibidos desde 1987.

Só que a temporada final quase não foi produzida. O plano dos produtores era, em 1992, encerrar tudo com o 6º ano, inclusive derrubando a Enterprise-D num planeta, exatamente como mostrado em “Generations”. Mas, por falta de recursos técnicos e pelo excesso de bons números (financeiros e de audiência), mais uma temporada seria produzida. Justamente essa quase abortada temporada trouxe um reconhecimento que A Nova Geração, mesmo com todo o seu sucesso, ainda não havia alcançado. Pela temporada 1993-1994 (a derradeira), a série foi indicada para o prêmio Emmy de Melhor Série Dramática. Não ganhou, é verdade, mas entrou para a história da televisão por ser a primeira série exibida em syndication a atingir tal status.

Com custo de US$ 2 milhões por episódio, A Nova Geração tornou-se extremamente cara. Deep Space Nine já estava no ar com boa audiência, provando que era palpável ter duas Jornadas ao mesmo tempo na TV. O planos do estúdio então era levar a série de Picard para o cinema, ao custo de US$ 45 milhões pelo primeiro filme, e manter uma série mais barata na TV, DS9. A marca Jornada nas Estrelas estava no auge. Pela exibição de um comercial de 30 segundos em rede nacional, veiculado durante um episódio de A Nova Geração, o custo era US$ 200 mil. É especulado que um comercial durante o episódio final, “All Good Things…” custou absurdos US$ 700 mil pelos mesmos 30 segundos, afinal, o final da série obteve o maior índice de telespectadores até então através de séries exibidas em syndication nos Estados Unidos.

Este rentável ano final trouxe temas diversos. “Descent, part II”, o episódio que abre a temporada, mostra o chip de emoções de Data, que seria um dos plots de “Generations”. “Interface” apresenta, enfim, a família de Geordi LaForge. O duplo “Gambit” aborda um outro lado de Picard, que tem de se passar por um pirata do espaço, e traz Robin Curtis, a Saavik de Jornada nas Estrelas 3 como a romulana Tallera. “Attached” mostra que Picard e Crusher tem um “algo mais” em sua relação, que ainda será bem explorada no episódio final. “Parallels”, já citado, tem um momento histórico envolvendo um universo paralelo em que os eventos de “The Best of Both Worlds” (4º e 5º anos da série) não foram exatamente como conhecemos. “The Pegasus” lida com Romulanos, sistema de camuflagem e ainda serviu de pano de fundo para “These Are the Voyages…”, segmento que fecharia Enterprise muitos anos depois. “Lower Decks” retrata a rotina do baixo escalão da NCC 1701-D. “Masks” consegue ser pior do que os mais criticados segmentos dos primeiros anos da série. Barclay está de volta em “Genesis” e Wesley Crusher conhece seu destino em “Journey’s End” e os Maquis são apresentados em “Preemptive Strike”, o último ato da alferes Ro. Ainda um triângulo amoroso envolvendo Riker, Troi e Worf surge em alguns segmentos. De tão bizarra, a idéia morreu nos filmes para cinema com a tripulação da Enterprise-D.

“All Good Things…”, um vencedor em todos os sentidos, encerra a segunda série de Jornada nas Estrelas com dignidade e uma trama intrincada, interessante e inusitada, deixando bem visível que Picard, Riker, Data, La Forge, Troi, Dra. Crusher e Worf ainda teriam muita lenha para queimar com seu carisma que rivaliza apenas com a tripulação original dos anos 60.

Quase 20 anos depois da estréia, o fã brasileiro merecia ver tudo isso.

 

“The sky is a limit.” –Jean Luc Picard, “All Good Things…”