Clique aqui para visitar o
Acervo de colunas



 









 

Relacionamentos pessoais em Voyager

Há quase seis anos, uma tripulação da Frota Estelar subiu a bordo da USS Voyager em uma missão de resgate que mudaria essas vidas para sempre. Deslocados 70.000 anos-luz para o outro lado da galáxia, os exploradores tiveram de se unir com seus inimigos, os Maquis, a fim de encontrar um meio de voltar para casa.

Essa é a premissa inicial de "Jornada nas Estrelas - Voyager", um seriado que lida com os diversos conflitos sofridos pelo único grupo de humanos no quadrante Delta, região distante e inexplorada de nossa galáxia. O fato de a pequena nave ser tripulada por membros da Federação e por Maquis cria uma diversidade extraordinária de comportamentos.

Os Maquis recusam-se a seguir os protocolos da Frota que regem a Voyager, agindo de forma irregular e, às vezes, ofensiva. Ao mesmo tempo, os oficiais da nave têm uma certa intolerância em conviver com esses renegados (considerados fora-da-lei pela Federação), posicionando-se com preconceito e ares de superioridade.

Os primeiros membros da tripulação a estabelecer laços de amizade e coleguismo foram, obviamente, os oficiais superiores. A capitã Kathryn Janeway firma Chakotay (ex-capitão Maquis) como seu primeiro-oficial e o considera um elo entre o pessoal da Frota e os renegados.

O mercenário Tom Paris é designado ao leme, recebendo a patente de tenente. A Maquis B'Elanna Torres se torna engenheira-chefe, conquistando logo a admiração dos colegas federados. Anos mais tarde, envolve-se romanticamente com Paris e diz-se que nesta última temporada sairá um casamento.

Desde o episódio-piloto, Harry Kim também cria forte amizade com Tom. O vulcano Tuvok, entretanto, restringe-se à capitã, que o conhece há quase vinte anos. Ele se encontra em situação delicada, pois estava infiltrado na nave de Chakotay e sua missão original era entregá-lo às autoridades da Frota. Isso lhe rendeu a aversão e desrespeito dos demais Maquis.

O médico holográfico é considerado por todos (exceto Kes) um mero equipamento integrado ao computador da nave. Inicialmente, todos o ignoram, mesmo que dependam única e exclusivamente dele para assistência médica.

À medida que o seriado caminhava para o terceiro ano, a capitã e Chakotay aproximaram-se mais, tornando-se íntimos. Os produtores tentaram um relacionamento entre esses personagens, mas temeram as repercussões e logo trataram de separá-los. A explicação para isso é que todos a bordo da Voyager são subordinados à Janeway, o que a proíbe de perseguir relacionamentos.

O resultado foi que ambos envolveram-se com alienígenas de passagem e, mais recentemente, ela arranjou um namorado holográfico... no holodeck.

Ainda falando em hologramas, a "vida" do Doutor muda assim que Kes deixa Voyager e Seven of Nine junta-se à tripulação. A ocampa Kes não compreendia ou aceitava a atitude dos demais tripulantes para com o programa de emergência médica. Ao contrário dos colegas, ela procura familiarizar-se com ele, tratando-o como um ser vivo consciente.

Torna-se sua aprendiz e uma verdadeira amiga. Já a ex-borg, desperta um interesse romântico (não correspondido). Com seu corpo escultural, Seven atrai metade dos homens a bordo. Em busca de sua humanidade há anos suprimida pela coletividade Borg, Seven of Nine (ou Annika Hansen - nome humano) desenvolveu um complicado relacionamento com a capitã e o resto da tripulação, mas eventualmente conquistou a admiração e confiança de todos. Passou a ser a personagem de maior enfoque no seriado.

Em Voyager predomina uma ausência de relacionamentos duradouros devido, em parte, ao receio dos produtores em estabelecer uma continuidade de eventos na série. Tal postura vem sendo criticada há anos pelos fãs de Jornada, acostumados à sequência impecável e detalhada de A Nova Geração e Deep Space Nine (lembrando o casamento de Miles O'Brien com Keiko, que continuou sendo explorado).

No caso de Voyager, trata-se de 150 pessoas que convivem juntas há quase sete anos a bordo de uma nave pequena a uma distância extrema de casa; seria no mínimo razoável que eles quebrassem a barreira das patentes e criassem amizades mais fortes ou se juntassem em casais, pensando em procriar para continuar a viagem.

Afinal, se a jornada realmente fosse durar 75 anos, a capitã teria 105 anos quando chegasse à Terra, o que sugere que a tripulação teria de ser substituída pelo menos na metade desse tempo.

Enfim, comenta-se que na próxima temporada, a última do seriado, além do casamento de Tom e B'Elanna, a relação entre Janeway e Chakotay finalmente será explorada (na segunda parte do episódio "Unimatrix Zero"), em que a Capitã é assimilada pelos Borgs. Isso pode servir de dica sobre a conclusão da série, algo que vem sendo especulado desde 16 de janeiro de 1995, data da estréia.

Daniel Sasaki é co-editor do Trek Brasilis