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Janeway vs. Primeira Diretriz, Parte V

Em seu sexto ano de jornadas pelo quadrante Delta e a cerca de 30 mil anos-luz de casa, a capitã Kathryn Janeway violou a Primeira Diretriz --protocolo de não-interferência em culturas alienígenas-- poucas vezes. Isso, no entanto, não está atribuído a algum tipo de sentimento de redenção, mas à falta de oportunidades significativas que encurtassem a viagem para a Terra.

O cansaço e estresse são constantes companheiros da tripulação, perdida há bastante tempo e totalmente desamparada. Para Janeway, a missão da USS Voyager não se trata mais de um dever para com os colegas e a Frota Estelar; significa algo além. As 143 pessoas servindo a bordo da nave se tornaram uma família. Na data estelar 53167.9 ("Dragon's Teeth"), um novo meio de atravessar grandes distâncias de forma instantânea foi encontrado.



Enquanto navegava em dobra pelo espaço, a Voyager foi sugada para um emaranhado de corredores subespaciais. Descobriu-se que a anomalia, sob o controle de uma raça chamada Turei, ligava extensões astronômicas da mesma forma que as conhecidas fendas (como aquela situada nas proximidades da estação Deep Space Nine). Avessos à presença da nave em seu território, os turei conduziram-na para fora do fenômeno e, em seguida, abriram fogo após a capitã se recusar a permitir que indivíduos viessem a bordo para apagar o banco de dados. 

Buscando refúgio, a Voyager aterrizou em um planeta que 900 anos antes fora palco de uma guerra nuclear devastadora. Lá, a tripulação reanimou os nativos sobreviventes, chamados Vaadwaur, que haviam permanecido em estado de 'stasis' durante todo esse período. A capitã até chegou a se preocupar com a questão da diretriz, mas isso mudou rapidamente, quando os alienígenas prometeram revelar mapas dos corredores subespaciais em troca de ajuda para reconstituir sua frota de naves. 

As conseqüências do acordo culminaram em uma sangrenta guerra entre Turei e Vaadwaur, que quase levou à destruição da nave da Federação. No fim das contas, a interferência na cultura adormecida não rendeu virtualmente nada à tripulação, dado que o caminho pelos corredores subespaciais impregnou-se de naves hostis, afugentando-a. Esse evento em si seria motivo de uma corte marcial geral, pois uma capitã da Frota foi responsável pela deflagração de um conflito entre espécies, desestabilizando um setor espacial fora de jurisdição da Federação.

Porém, a vida continua... Algumas semanas mais tarde ("Blink of an Eye"), em sua sede por pesquisas científicas, Janeway altera o curso da nave para investigar um planeta singular. Habitado por um povo em fase medieval, o contato seria terminantemente proibido... na teoria, é claro. Ao entrar em órbita do estranho astro, a Voyager acaba por alterar suas propriedades físicas e, à medida que os segundos passam na nave, correm-se anos ou séculos naquele mundo.

Um confronto torna-se inevitável, pois a presença da Voyager na atmosfera causa severos abalos sísmicos na superfície, despertando a ira da população. Entrando em contato com um habitante, a capitã tenta se explicar, mas não demora muito até os nativos desenvolverem a tecnologia de torpedos quânticos, disparando contra a nave. Algum tempo mais tarde, criam dispositivos de raio trator, removendo-a finalmente da órbita.

A grande questão nesse episódio é a introdução da USS Voyager na cultura local. Desde os primórdios de sua civilização, os habitantes olhavam para o céu e viam uma estrela de brilho intenso que, de tempos em tempos, chacoalhava o solo. Ao longo dos séculos, atribuíram valores divinos ao visitante, moldando toda uma cultura em torno da nova "divindade". Será que os almirantes da Frota ficariam contentes com isso?

Na parte final do artigo "Janeway vs. Primeira Diretriz", conheça a única ocasião em que uma violação da Primeira Diretriz seria endorsada pela Federação: o duelo entre a capitã da Voyager e o maior vilão da história de Jornada nas Estrelas... Será que Kathryn abandonaria de vez o protocolo primordial da Frota na tentativa de trazer sua tripulação para casa?

Daniel Sasaki é co-editor do Trek Brasilis