Mais um pequeno salto no tempo para o ano de 1957, e chegamos
ao vencedor do Oscar de efeitos especiais daquele ano, “The Enemy Below”. No elenco estão Robert Mitchum (capitão
Murrell), Curd Jürgens (Von Stolberg) e David Hedison (tenente comandante Ware),
mais conhecido do público por seu personagem capitão Lee B. Crane, do clássico
seriado "Voyage to the Bottom of the Sea",
ou, “Viagem ao Fundo do Mar”. O filme narra a caçada
de um U-Boat pelo destróier americano USS Haynes nos mares do Atlântico Sul durante
a Segunda Guerra Mundial.
O Filme
Devido ao grande número de referências cruzadas, adotaremos
aqui uma estratégia diferente da dispensada a “Silent Run, Silent Deep”. Faremos uma corrida pela sinopse de “The Enemy Below”, e tratando pontualmente
as coincidências identificadas com “Balance of Terror”.
À frente, dois terços.
Robert Mitchum interpreta o capitão Murrell, comandante
do destróier americano USS Haynes, em patrulha de rotina no Atlântico Sul durante
a 2ª Guerra Mundial. Murrel era um marinheiro civil que viu sua esposa morrer
quando o navio em que estavam viajando (um cargueiro) foi torpedeado por um submarino
alemão.
O USS Haynes conta com uma tripulação inexperiente em sua maior
parte, e que por estar em uma área longe da linha de frente não espera entrar
em combate. Entretanto,
o navio faz um inesperado contato através do radar. Ao seguir o contato, eles
descobrem se tratar de um U-Boat, e começa então a caçada ao submarino, que está
sob comando do competente e experiente comandante Von Stolberg (Curt Jurgens),
veterano da primeira guerra e desiludido com os propósitos políticos da segunda.
The Enemy x Balance
Quando o Haynes faz o primeiro contato do radar indica uma
presença que ainda não pode ser confirmada como um submarino. Murrell então ordena
que o navio permaneça na mesma velocidade do alvo e se mantenha no limite do alcance
do radar.
(Em "Balance of Terror", após o ataque ao posto 4, Spock consegue
detectar a posição da nave inimiga apenas pelos sensores de movimento. Kirk ordena
um “curso paralelo”, igualando distância e velocidade da Ave de Guerra Romulana
mas sem se aproximar da nave inimiga.)
A bordo do submarino, que navega na superfície, Von Stolberg
também recebe de seu operador da estação a informação de um contato, este acredita
que possa ser apenas um eco. Desconfiado, Stolberg executa duas mudanças de curso
a fim de verificar se o sinal os seguiria. Do outro lado, Murrell antecipa esta
estratégia e mantêm o Haynes no curso original, e o U-Boat acaba retornando ao
curso anterior, 140.
(Embora o comandante Romulano interpretado por Mark Lenard
não execute nenhuma manobra para tentar identificar a Enterprise, a conclusão
de que o sinal possivelmente é um “eco” do radar é a mesma, e igualmente toma
a decisão de retomar o curso inicial em direção a Rômulos, 111
marco 14.)
Murrell coloca o Haynes de volta ao encalço do submarino e
ordena que, a qualquer mudança de curso do submarino, o leme mantenha a mesma
estratégia. Ele pretende encontrar o suposto submarino apenas ao amanhecer. Após
passar as instruções ao pessoal de serviço, ele informa a toda tripulação o que
esta acontecendo, e retorna à sua cabine.
(Kirk também informa à sua tripulação sobre o que esta por
vir pelos alto falantes da nave, procedimento pouco usual em Jornada, embora possa
ser justificável pelos aspectos únicos da missão na qual estão para se engajar.)
A bordo do U-Boat, Stolberg ainda desconfiado chama o encarregado
da vigília do turno, o tenente Kunz, e manda que o mesmo execute dois zigue-zagues
a cada hora e mantenha-se de olhos abertos caso o eco se aproxime. Neste ponto
Stolberg se retira do comando para sua cabine, mas chama com ele seu primeiro
oficial, 'Heinie' Schwaffer (Theodore Bikel). Lá eles tem uma breve conversa que começa com uma reclamação do
capitão a respeito da exagerada dedicação do tenente Kunz à hierarquia
e ao regime.
(O personagem Kunz é similar em alguns pontos a Decius. Ambos
são jovens, tem orgulho de sua pátria e seus lideres, o Führer no caso de Kunz,
e o pretor no caso de Decius, embora o alemão tenha sido tratado de forma um pouco
mais caricata em "The
Enemy Below". Na novela original, esta relação entre Kunz
e Von Stolberg é muito mais tensa. Kunz é mostrado aqui como o defensor do regime,
tal qual o jovem centurião a bordo da nave romulana)
Existe ainda no discurso de Stolberg uma frustração em respeito
ao regime e à nova Alemanha de Hitler, e por extensão, às motivações para a guerra
e à falta de esperança quanto ao seu desfecho.
(Da mesma forma que Stolberg e Schwaffer,
Mark Lenard também tem uma conversa similar com o seu primeiro oficial a bordo
da nave romulana. Igualmente estes últimos também são velhos companheiros de outras
campanhas, servindo juntos há muito tempo. Lenard mostra a mesma frustração com
o resultado da missão, que certamente levará o Império a uma nova Guerra. O centurião
parece perturbado com o comentário de seu oficial comandante e lhe diz que com
freqüência não consegue entendê-lo.)
O
mesmo comentário é feito por
Schwaffer em relação a Stolberg numa situação em tudo similar ao
segmento clássico. Ainda
sobre a conversa de Stolberg e Schwaffer, o comandante alemão também faz suas
ressalvas à mecanização da guerra, o que remete a um outro episódio da Série
Clássica, junto com outra passagem que veremos a seguir. De qualquer forma,
esta seria uma das bandeiras
da série original de Jornada quando esta veio a ocupar as telas de TV.)
Stolberg também revela (para a audiência) nesta conversa que
o submarino alemão está de posse de um livro de códigos inglês, e que tem um encontro
com um navio de assalto alemão em 48 horas, quando tal carga será transferida
e eles poderão finalmente voltar para casa. Ficamos sabendo também que Stolberg
tem uma história trágica na guerra, pois perdeu seus dois filhos, ambos mortos
em combate, o que acrescenta elementos ao personagem.
(Tal revelação
adiciona ao filme um necessário senso de urgência e um motivo para o submarino
retornar sempre ao seu curso original, como será visto ao longo do filme. Em “The Balance...” a urgência é dada pela proximidade da Zona
Neutra. É preciso tomar uma decisão antes que a Ave de Guerra atravesse a fronteira.
A história trágica fica por conta de Stilles, com vários antepassados perdidas
na Guerra Terra- Rômulos.)
De volta ao Haynes, Murrell está acordado no convés, e após
conversar com o responsável pelas equipes de lançamento das cargas de profundidade
sobre a necessidade de melhorar o tempo de recarga, ele tem uma conversa com o
médico de bordo, o Doutor (cujo personagem não tem nome creditado, mas foi interpretado
por Russell Collins) é um “boa praça”, ex-pediatra e
acima de tudo, um otimista. A conversa gira em torno do provável submarino inimigo,
e sobre a mudança que a guerra trouxe às suas vidas, inclusive sobre a morte de
sua esposa.
(O teor da conversa entre Murrel e o Doutor é bem diferente do diálogo
famoso entre Kirk e McCoy, mas é curioso – embora esperado no universo da Série
Clássica – que
sejam os dois médicos de bordo os “conselheiros” de seus capitães, e que tenham
personalidades tão similares. Embora McCoy seja muito mais passional, ambos são
assumidos defensores da esperança,e da vida. E o discurso embora menos apaixonado, ainda otimista do “Doutor” lembra
em muito a defesa da vida que virou uma bandeira de McCoy. Nesta conversa, Murrell comenta em outras palavras que, na
verdade, não um inimigo, apenas o mal faz parte do homem, e sempre retorna quando
menos se espera. Murrel também comenta que, apesar do sentimento de perda da esposa,
não pensa naquela missão como sua guerra particular, mas apenas como seu trabalho.
Este comentário, junto com o comentário anterior de Von Stolberg sobre a mecanização
bem podem ter sido a inspiração para “A Taste
of Armageddon”, outro segmento clássico.)
Às 5h30 da manhã, conforme ordenado, o navio entra em prontidão
de batalha. Murrell envia uma mensagem informando o contato e que pretende entrar
em combate com o submarino, e então ordena velocidade total em direção ao inimigo.
Eles finalmente avistam o submarino, mas este submerge antes de estar ao alcance
das armas dos canhões.
Murrell coloca o Haynes na linha de tiro dos torpedos de ré
do submarino, esperando que estes sejam usados contra o destróier e deixando a
popa desprotegida, uma vez que estes torpedos não podem ser recarregados. A estratégia
dá certo. O Haynes muda de posição bem a tempo de evitar os torpedos do inimigo
e se aproxima para o combate a toda velocidade, usando o sonar para tentar localizar
o U-Boat. Murrell mantém o Haynes sempre à popa do submarino.
Enquanto isto, o comandante alemão descobre que errou o alvo,
e se prepara para o bombardeio de cargas de profundidade, e elas vêm. Após a primeira
salva, o submarino tenta uma manobra de despiste, liberando óleo no mar, e revertendo
o curso, o que faz com o Haynes perca o contato. Murrell aposta que o U-Boat retornara
ao curso 140 e, marca um curso de interceptação baseado nesta aposta.
(A estratégia é diferente, mas o resultado em “The Balance...” é similar.
A Enterprise avança tentando usar a proteção de um cometa para um ataque surpresa,
mas os romulanos descobrem e na última hora mudam o curso. Mesmo assim, Kirk ordena
um ataque às cegas, com os fasers em salva. O que nos leva a
outra conveniência do segmento: o disparo das armas. Anteriormente, já havíamos
assistido à Enterprise disparar seus fasers em “The Corbomite Maneuver” e nada
do que vimos lá é igual ao que acontece em “Balance of Terror”.)
(Aqui, o episódio é adaptado para se moldar ao mesmo tipo de
cenário que vemos em “The Enemy...”. Da mesma forma que são
dadas ordens para que as cargas de profundidade sejam lançadas do Haynes, a bordo
da Enterprise é necessário ordenar que a seção de armamentos da nave estelar abra
fogo, um fato que não mais se repetiria ao longo da série. Daí por diante, os disparos
voltariam a ser controlados pelo console normalmente usado por Sulu. Já especulamos
antes que provavelmente tal estratégia foi utilizada exclusivamente em “Balance of
Terror”, para que Spock pudesse salvar Stiles
e a própria Enterprise mais tarde.)
(Neste
episódio, apesar de ordens para o fogo dos feisers serem dadas, os efeitos ópticos
mostrados são os dos torpedos fotônicos. Além disto, neste segmento existe uma
forma de configurar os faisers para um tipo de detonação por proximidade, exatamente
como uma carga de profundidade. Em "Arena", os torpedos
fotônicos seriam inaugurados e nunca mais voltaríamos a ver esta configuração
de fasers novamente.)
Após visitar um tripulante que perdeu os dedos ao deixar a
mão no trilho de lançamento das cargas, Murrell recebe uma mensagem do comando
naval, informando que três destróieres estão a caminho para ajudar o Haynes, entretanto,
só chegarão em 14 horas. Ele decide junto com seu primeiro oficial a manter o
ataque previsto, imaginando que o submarino retornará ao curso 140. A estratégia de Murrel
dá certo, e eles cruzam com o submarino alemão novamente,
e iniciam nova bateria de cargas de profundidade.
Stolberg ordena a liberação de óleo mais uma vez, e então leva
o seu U-Boat para o fundo do oceano, apesar de risco de ruptura do casco. Eles
chegam ao fundo (310m)
o mais uma vez o Haynes perde o contato com o submarino. Murrell manda os motores
descerem de rotação até uma parada total, e silêncio total no navio. Começa então
um jogo de paciência entre as tripulações das duas embarcações, que enfrentarão
uma longa espera pelo próximo movimento do adversário.
Depois de horas, Stolberg decide deixar o fundo, apesar de
suspeitar que o Haynes está à espera. Ele está certo e, assim que suas máquinas
começam a trabalhar, eles são localizados novamente e o destróier reinicia a caçada.
[(Citação de Von Stolberg quando ele põe
o submarino em movimento após horas de espera no fundo do mar em silêncio, tentando
despistar os americanos:
“He is a Devil,
Heini”
(Ele é um demônio, Heini.)
Citação do comandante Romulano, quando manda a Ave
de Guerra se aproximar da Enterprise após horas de espera no espaço, em silêncio,
tentando captar um sinal que desse a sua posição.
“He's a sorcerer,
that one. He reads the thoughts in my brain”
(É um feiticeiro. Ele lê os pensamentos em meu cérebro.)]
Apesar disto, Murrell está ciente de que não pode expor demais
o seu navio, o que daria a vantagem ao U-Boat, sendo assim ela monta
um plano de retenção, que consiste em avançar, lançar uma salva de cargas, e depois
retroceder para fora do alcance do submarino. Eles farão isto a cada hora, durante
sete horas, na tentativa de atrasar o sub até que cheguem os reforços.
O plano é iniciado e parece funcionar bem. Os ataques, embora
não causem danos sérios ao U- boat, levam a tripulação ao pico de estresse. Após
um dos tripulantes perder o controle e tentar abrir uma
escotilha, o que logicamente inundaria o barco, Von Stolberg decide sair da defensiva.
Após analisar o movimento de aproximação, ataque e retirada do Haynes, ele monta
um plano para atacar o destróier americano em sua próxima passagem.
Stolberg tem sucesso. Lançando uma salva com os quatro torpedos
de proa simultaneamente, ele consegue atingir o navio americano com uns projéteis,
inutilizando as caldeiras. O navio não explode, mas está irremediavelmente perdido.
Murrell dá a ordem de abandonar o navio, mas ainda guarda um ultimo lance. Ele
manda a tripulação queimar o que for possível no convés, dando a impressão que
o navio está em chamas. Stolberg
vê o fogo pelo periscópio e imagina que o destróier esta incapacitado, e emerge
para dar o tiro de misericórdia.
Após emergir, Stolberg sinaliza ao Haynes que eles têm cinco
minutos para abandonar o navio, mas subitamente vê o Haynes iniciar uma corrida
em sua direção, usando o vapor que sobrou nos boilers. Sem tempo para submergir
novamente o U-Boat é literalmente atropelado pelo destróier.
(Esta seqüência guarda alguma semelhança com a tentativa romulana de incapacitar
a Enterprise usando uma ogiva nuclear. Após a explosão, Kirk se faz de morto e
espera uma ação romulana, e quando estes começam a se mover para aniquilar a Enterprise,
esta abre fogo, incapacitando a Ave de Rapina. O que acontece em diante, todos
já sabem.)
Com ambas embarcações condenadas, as tripulações começam a
abandoná-las. Stolberg, que havia dado ordens de acionar bombas de autodestruição
a bordo do submarino, volta para o interior do barco quando percebe que seu primeiro
oficial não saiu do submarino. Stolberg encontra Schwaffer e consegue tirá-lo
do submarino, mas ambos estão encurralados pelas chamas no convés.
Murrell, que está para abandonar o Haynes, percebe que ambos
os oficiais alemães irão morrer, por isto volta e lança uma corda para Stolberg.
Eles sobem até o Haynes e dão a volta para o outro lado do navio, onde não há
fogo. Neste meio tempo, o comandante Ware, a bordo de um dos barcos salva-vidas
(que já tem a bordo alguns membros da tripulação do U-Boat) percebe que Murrell
ainda está a bordo e retorna ao Haynes. Com ajuda de ambas as tripulações, Murrell,
Stolberg e Schwaffer são retirados do navio em chamas antes do submarino alemão
explodir.
Schwaffer não sobrevive aos ferimentos, e é sepultado no mar,
após ambas as tripulações serem recolhidas por um dos navios americanos que haviam
partido para ajudar o Haynes. Após o funeral, que conta com a participação de
membros das tripulações americana e alemã, Murrell e Stolberg conversam brevemente
no passadiço da embarcação, como se fossem velhos conhecidos,
e o filme chega ao fim.
Emergindo
O fim de ambos os filmes é radicalmente diferente, e cada um
deles, serve a seu propósito, mas a rota traçada por ambos os roteiros é por vezes
similar até em
excesso. Plágio ? Pelo menos para o autor deste artigo, de forma
alguma. Paul Schneider e Gene Roddenberry certamente beberam da mesma fonte dos
dois filmes citados para criar um dos clássicos absolutos de Jornada.
Se as semelhanças são fortes, as diferenças são importantes.
Em primeiro lugar, o cenário que cerca os eventos de "Balance..."
está muito mais sintonizado com o cenário da guerra fria entre URSS e EUA, e não
há um conflito declarado entre as potências, sendo assim, as ações de Kirk podem
colocar todo o quadrante em uma sangrenta guerra, o que dá aos eventos uma importância
ainda maior, além da questão do preconceito ganhar maior destaque.
Mas não perderemos tempo falando das qualidades de “Balance
of Terror” o que já foi feito
em outras ocasiões, mas apenas lembrar o que disse Machado de Assis: “o desenvolvimento
da originalidade possui algumas etapas, a primeira das quais é imitar os modelos
clássicos, e a última... imitar-se a si mesmo até a morte!”
Sobre “The Enemy Below”
e "Run Silent, Run Deep", o autor os considera
itens fundamentais na coleção de qualquer um que goste de clássicos filmes de
guerra naval, e mais, dos ícones eternos do cinema. "Run Silent, Run Deep" é Clark
Gable e Burt Lancaster em seu melhor, o que por si só já é um convite a uma sessão
de cinema com muita pipoca. Mas atenção, esta sessão é para cinéfilos, pois nunca
é pouco lembrar que este filme ainda é em preto e branco. Decepção para alguns,
deleite para outros.
“The Enemy Below” apesar de mais antigo um ano, pelo
contrário, incorpora muitas novidades do cinema daquela época, como a filmagem
em Cinemascope, formato widescreen utilizado entre 1953 e 1967, o fato de ser
em cores, sem falar no som excelente para a época. Não por acaso levou o Oscar
de Efeitos Especiais em 1958. Olhando o que a indústria produz hoje nem se percebe
tanto, mas basta comparar este filme com "Run
Silent, Run Deep” que a qualidade superior (em termos de tecnologia) salta
aos olhos.
Para o resultado final a presença de um determinado “ator”
foi fundamental. O destróier classe Buckley, O USS Haynes, foi “interpretado”
pelo USS Whitehurst (DE-634), destróier da Marinha que serviu como locação para
as filmagens. Muitos tripulantes do Whitehurst participaram do filme, entre eles
o oficial comandante do navio, tenente comandante Walter Smith, que pode ser visto
várias vezes como oficial da engenharia. No site do Whitehurst podem ser encontradas
fotos das filmagens.
É difícil mesmo em alguns momentos lembrar que estamos falando
de um filme de 48 anos de idade, mesmo levando em consideração que o filme original
foi remasterizado para a edição em DVD, ainda assim, impressiona.
Aqui encontraremos outra lenda do cinema, Robert Mitchum em
uma competente atuação, entretanto, que arrebenta mesmo é Curd Jürgens, ator alemão
que faz o papel de Von Stolberg, um oficial alemão carismático, competente e leal.
Conspira a favor do sucesso de Jürgens as tintas diferenciadas deste filme, que
é talvez o primeiro, e com certeza um dos poucos filmes de guerra onde os alemães
não são mostrados como os vilões malvados que Hollywood criou em seus filmes aos
quilos, mas como pessoas fazendo o seu trabalho pelo seu país.
Enfim, três grandes obras, cada uma a seu modo e em seu terreno,
com grandes movimentos, maravilhosas seqüências, nomes épicos e atuações marcantes
dão o tom desta “trilogia”, se é que podemos chamar assim.
Submarinos no cinema
Com o passar dos anos, os filmes de submarino passaram a ter
um foco maior na guerra fria, deixando para trás os tempos WWII. Filmes como “Ice Station Zebra” 1968 (Estação Polar
Zebra), “The Hunt for Red October” 1990 (Caçada
ao Outubro Vermelho) – (com o indefectível Sean
Connery ) e Alec Baldwin, “Crimson Tide”
1995 (Maré Vermelha) – que vale
pelas presenças de Denzel Washington e Gene Hackman -, e “K-19:
The Widowmaker” 2002 - com Harrison
Ford e Liam Neeson encabeçando o elenco,
tem estado presente nas telas, sempre com alguma ameaça nuclear por perto.
Mas se você gosta de filmes como as referências deste artigo,
dois são muito bem recomendados. O primeiro é o (relativamente) recente “U-571” - 2000, onde um grupo de marinheiros
americanos precisa sobreviver a bordo de um submarino alemão caindo aos pedaços,
tentando levar de volta para terreno aliado a “Enigma”, a máquina de códigos alemã.
"U-571" tem um surpreendente
Matthew McConaughey no papel principal, e o sempre competente Harvey
Keitel, que consegue fazer até bula de remédio parecer um roteiro.
Longe de ser uma obra-prima do cinema, "U-571"
tem uma boa direção de Jonathan Mostow, uma excelente fotografia, um som espetacular
e grandes efeitos (indicado a Oscar de melhor Som e vencedor do Oscar de melhor
Edição de Som) na medida certa para fazer um bom filme de guerra. Mas não se iludam.
"U-571" não é nenhum "Platoon",
mas sim um grande pipocão, para quem gosta do gênero e não tem remorso de assistir
a algumas manobras “Top Gun” embaixo d’água. Diversão
pura.
Na outra ponta esta “Das Boot” ("O
Barco", "Inferno no Mar") , um filme alemão que retrata o drama
de uma tripulação germânica em uma missão de patrulha nas águas do Atlântico Norte,
já próximo do fim da rendição da Alemanha Nazista. “Das boot” é talvez o filme do gênero mais realista já realizado,
e por isto mesmo claustrofóbico e inquietante, traz uma mensagem clara sobre a
estupidez e a falta de propósito da guerra, principalmente por seu final, ao mesmo
tempo surpreendente e frustrante. Bom cinema e item fundamental aos apreciadores
do gênero.
Nota Final
O tipo de embate que encontramos em “Balance of Terror”
só seria visto novamente em Jornada nas Estrelas II - A Ira de Khan,
com a famosa batalha na Nebulosa Mutara entre a USS Enterprise e a Reliant e no
segmento da quarta temporada de Deep Space 9, “Starship Down” .
Bem, chegamos ao fim deste artigo, e esperamos que você tenha
apreciado a viagem, reforçando a sugestão que o leitor deste artigo deve procurar
assistir aos dois filmes que o motivaram, mesmo que seja para discordar do autor.
De qualquer forma, acreditamos que será uma viagem no mínimo, interessante.
Texto:
Carlos Santos
Colaborou:
Nivea Doria