Publicado originalmente
como coluna, em 2001


Ele nunca estará morto, Jim
Leia a homenagem do Trek Brasilis ao ator DeForest Kelley
(Leonard McCoy), dois anos após sua morte, ocorrida em 1999


 









 


por Lia Matos Viegas

Pois é, Jim. Dia 11 de junho fez dois anos. Dois anos sem ele, que tanto nos emocionou interpretando o grande doutor McCoy. É triste pensar nele morto... ele, que fez das nossas vidas tão mais felizes quando brigava com o Spock, quando discordava de Kirk.

A carreira dele começou simples, não é? Foi-se para a Califórnia onde, descoberto pela Paramount, foi encantando outros, muitos outros antes de nós. Mas imagina! Ele era para ser o Spock, coitado! Não, ele não merecia essa função. Ou merecia? Talvez hoje lembrassem mais dele... mas ele é tão bem lembrado! E foi sendo o doutor da Enterprise que ele realizou o grande sonho de ser médico, não foi?

E que médico... não acredito que haja personagem mais carismático que o dele em todas as séries de Jornada nas Estrelas. Não sei por quê. Talvez fossem os seus olhos azuis, talvez o amor mostrado enquanto trabalhava. Ou será que era a amizade que ele tinha com aqueles que o rodeavam (na frente e atrás das câmeras)?

Fico imaginando como ficou a mente dele quando se viu obrigado a guardar o katra do Vulcano, preso como louco, solto por seus amigos... tá, para ajudar Spock, mas não deixou de ser para ajudá-lo também. Aliás, por que ele foi acusado de seqüestro da Enterprise seguida da destruição da mesma sendo que ele mesmo foi seqüestrado? Além disso, estava sendo considerado louco, e loucos não têm domínio sobre suas ações! Spock não foi acusado, foi? E foi o culpado de tudo! Mas talvez ele não abrisse mão dessa acusação, caso lhe tivessem dado a opção... ou será que me engano?

E quem não se emocionou na cena em que o doutor se vê obrigado a matar o pai para fazê-lo parar de sofrer? Sim, em "Jornada nas Estrelas V"... talvez o filme não seja dos melhores (mas dizer que é o pior eu acho que já é demais, mas gosto não se discute), mas a cena é maravilhosa. E, pergunto, na posição dele, quem não teria feito o mesmo? Difícil decisão, não? Mas que ele tomou...

Porque eu gosto mais do personagem dele do que de qualquer outro, eu não sei. Talvez nunca venha a saber. Dizem que é porque eu não gosto do Spock, e talvez tenha seja verdade. Mas não é só isso... isso eu posso garantir.



O que eu faria se eu o encontrasse? Talvez eu começasse tentando manter a concentração. Há quem diga que eu começaria desmaiando, mas eu não acredito nisso: meu conciente não me deixaria inconsciente nem sonhando. Se eu pudesse o convidaria para jantar (nada romântico, mesmo porque ele era casado, mas algo entre amigos, pois seria assim que eu queria que ele me visse: como uma amiga!), perguntaria coisas que eu gostaria de saber sobre ele, como qual o maior legado que ele espera ter deixado em vida, sei lá, eu nunca o encontrei para saber!

Existem momentos em que a gente só sabe o que vai fazer quando acontecem. Esses seriam os momentos com o querido DeForest Kelley. Se o encontrasse, deixaria claro, acima de tudo, que nunca iria esquecê-lo.

E é por isso, Jim, que ele nunca estará morto: porque a memória dele estará presente entre nós eternamente. Valeu, De!