Dobra
Espacial
por Tiago
Duarte
Se alguém fosse considerar um dos
componentes principais da nave como seu coração, o sistema de
propulsão de dobra seria a escolha lógica. O SPD, o mais
complexo e energético elemento da USS Enterprise, é a ultima
versão do dispositivo que finalmente permitiu à humanidade
acesso ao espaço profundo interestelar, facilitou o contato com
outras formas de vida e mudou profundamente todas as civilizações
tecnológicas da Via Láctea.
1.
Teoria e aplicação do campo de dobra
Como
aqueles que o antecederam, Zefram Cochrane, o cientista
normalmente creditado pelo desenvolvimento da física de dobra
moderna, construiu seu trabalho com base nos ombros de gigantes. A
partir da metade do século 21, Cochrane, trabalhando com o seu
lendário time de engenheiros, trabalhou para derivar o mecanismo
básico da propulsão por distorção do continuum (PDC).
Intelectualmente, ele previu o potencial de grandes energias e
viagens mais rápidas que a luz, o que significava operação prática
além do sistema solar. A promessa de eventuais viagens rápidas
interestelares motivou a sua equipe a aceitar a tarefa de uma
revisão intensa de todas as ciências físicas. Era esperado que
o esforço fosse levar a uma melhor compreensão dos fenômenos
conhecidos aplicáveis à física de dobra, além da possibilidade
de idéias originais influenciadas por outras disciplinas
relacionadas.
A
busca finalmente levou a um conjunto de equações complexas, fórmulas
de materiais, e procedimentos operacionais que descreviam a essência
do vôo superluminal. Nas teorias de dobra originais, um, ou no máximo
dois campos, criados à enormes custos energéticos, conseguiam
distorcer o contínuo espaço-tempo o suficiente para mover uma
nave. Já em 2061, a equipe de Cochrane conseguiu produzir um protótipo
funcional de enormes proporções. Descrito como um super
propulsor de flutuação, ele finalmente permitiu a um veículo de
teste não tripulado alcançar a “barreira” da luz (c),
alternando entre dois estados de velocidade e não ficando em
nenhum deles por mais do que tempo de Planck (1,3 x 10^-43
segundo), a menor unidade mensurável de tempo. Isto teve o
resultado de manter a velocidade (antes inatingível) da luz e ao
mesmo tempo evitar os teóricos gastos de energia infinitos que
seriam necessários de outra forma.
Os
primeiros motores de PDC – que eram apenas informalmente
chamados motores de “dobra” – foram um sucesso, e quase que
imediatamente incorporados ao desenho das espaço-naves existentes
com uma facilidade surpreendente. Embora lentos e ineficientes
pelos padrões de hoje, estes motores proporcionaram uma redução
substancial nos indesejados efeitos de dilatação de tempo,
abrindo caminho para vôos de ida e volta na ordem de anos, e não
décadas. Cochrane e seu time eventualmente mudaram-se para a colônia
de Alpha Centauri (uma viagem que demorou “só” quatro anos,
graças aos veículos movidos à PDC), e continuaram a fazer avanços
na física de dobra que iriam permitir “quebrar” de vez a
barreira e explorar o misterioso domínio do subespaço que estava
do outro lado.
A
chave para a criação de métodos não-Newtonianos (por exemplo:
propulsão não dependente da exaustão de produtos de uma reação)
estava no conceito de agrupar várias camadas de campo de dobra,
cada camada exercendo uma quantidade controlada de força contra a
sua vizinha externa mais próxima. O efeito da força acumulada
impulsiona o veículo para frente e é conhecido como manipulação
de campo assimétrica e peristáltica (MCAP). Bobinas de campo de
dobra nas naceles do motor são energizadas em ordem, da frente
para trás. A seqüência de disparo determina o número de
camadas de campo, sendo que um número maior de camadas por
unidade de tempo é necessário em fatores de dobra maiores. Cada
nova camada de campo se expande para longe das naceles,
experimentando uma rápida aplicação e perda de força a distâncias
variáveis das naceles, simultaneamente transferindo energia e se
separando das camadas anteriores a velocidades entre 0.5c e 0.9c. Isto está
perfeitamente dentro dos limites da física tradicional,
contornando os limites da Relatividade Geral, Especial e
Transformacional. Quando a força é aplicada, a energia irradiada
faz a transição necessária para o subespaço, resultando em uma
aparente redução de massa no veículo. Isto facilita o
deslizamento da espaço-nave através das camadas seqüenciais de
campo de dobra.
Medida
da energia de dobra
O
cochrane é a unidade usada para medir a tensão de um campo
subespacial. Cochranes são
usados também para medir a distorção de campo causada por
outros dispositivos de manipulação espacial, incluindo raios
tratores, escudos defletores e campos de gravidade artificial.
Campos abaixo de dobra 1 são medidos em milicochranes.
Um
campo subespacial de mil milicochranes
ou mais se torna o familiar campo de dobra. A intensidade do campo
para cada fator de dobra aumenta geometricamente e é uma função
do total dos valores individuas das camadas. Repare que o valor em
cochranes para cada
fator de dobra corresponde à velocidade aparente da nave viajando
neste fator. Por exemplo, uma nave viajando em fator de dobra 3
está mantendo um campo de dobra de pelo menos 39 cochranes
e está, portanto, viajando a 39 vezes c,
a velocidade da luz. Os valores aproximados para os fatores de
dobra integrais são:
Fator de dobra 1 = |
1 cochrane |
Fator de dobra
2 = |
10 cochranes |
Fator de dobra
3 = |
39 cochranes |
Fator de dobra
4 = |
102 cochranes |
Fator de dobra
5 = |
204 cochranes |
Fator de dobra
6 = |
392 cochranes |
Fator de dobra
7 = |
656 cochranes |
Fator de dobra
8 = |
1024 cochranes |
Fator de dobra
9 = |
1516
cochranes |
Os
valores reais dependem de condições interestelares, por exemplo,
densidade de gás, campos elétricos e magnéticos nas diferentes
regiões da Via Láctea, e flutuações no domínio do subespaço.
Naves espaciais normalmente viajam a múltiplos de c,
mas sofrem perdas de energia devido a forças quânticas de
arrasto, ineficiências e oscilações de energia.
A distorção que a nave gera no continuo espaco-tempo
é medida em Cochranes
A quantidade de força necessária para
manter um determinado fator de dobra é uma função do valor cochrane
do campo de dobra. No entanto, a energia necessária para
estabelecer tal campo é muito maior, e é chamada de ponto máximo
de transição. Assim que a transição acontece, a quantidade de
energia necessária para manter um dado fator de dobra é diminuída.
Estudos indicam que não são esperados desenvolvimentos em novos
materiais que possam produzir um rendimento maior em fatores de
dobra elevados.
Campos
de dobra excedendo um fator integral que não possuem a energia
para cruzar o ponto de transição são chamados de fatores de
dobra fracionais. Viajar em um fator de dobra fracional pode ser
bem mais rápido do que viajar no fator de dobra integral
inferior, mas por períodos extensos, é muito mais eficiente
simplesmente aumentar a velocidade para o próximo fator de dobra
integral.
Este gráfico demonstra com clareza o ponto
máximo de transição.
Limites
teóricos
O
Limite de Eugene permite à distorção de dobra aumentar assintóticamente,
aproximando-se, mas nunca alcançando um valor correspondente à
dobra 10. Ao aproximar-se de 10, a força necessária para manter
o campo cresce geometricamente, enquanto que a eficiência das já
mencionadas bobinas de dobra cai dramaticamente. A aplicação e
perda de força nas camadas de campo de dobra crescem até freqüências
inatingíveis, excedendo não apenas as capacidades do sistema de
controle de vôo, mas mais importante, o limite imposto pelo tempo
de Planck. Mesmo que fosse possível gastar a teórica “energia
infinita” necessária, um objeto viajando em dobra 10 estaria
viajando infinitamente rápido, ocupando todos os pontos do
universo simultaneamente.
Sistema
de propulsão de dobra
Da
maneira em que está instalado na classe Galaxy, o sistema de
propulsão de dobra consiste de três partes principais: o
conjunto de reação matéria/antimatéria, dutos de condução de
força e naceles do motor de dobra. O sistema fornece energia para
a sua aplicação primária, impulsionar a USS Enterprise pelo
espaço, assim como sua aplicação secundária: alimentar
sistemas essenciais de alta potência tais como escudos
defletores, bancos phaser, raio trator, defletor de navegação e
núcleos do computador.
As
especificações originais para o sistema, transmitidas para as
docas de Utopia Planitia em Marte, em 6 de julho de 2343 requeriam
um hardware capaz de
sustentar uma velocidade de cruzeiro de dobra 5 até a exaustão
do combustível, uma velocidade máxima de cruzeiro de dobra 7, e
uma velocidade máxima de dobra 9,3 por doze horas. Esses marcos
teóricos foram definidos em simulações, baseadas numa massa
total do veículo de 6,5 milhões de toneladas métricas. No
entanto, nos seis meses seguintes (bem antes do desenho da
estrutura estar concluído), a Frota Estelar reavaliou os
requisitos gerais para a classe Galaxy, baseada numa combinação
de fatores. As principais influências foram: (1) mudanças nas
condições políticas entre membros da Federação, (2) previsões
da inteligência que descreviam um hardware
superior de possíveis inimigos, e (3) um número crescente de
programas científicos que poderiam se beneficiar de uma nave com
performance superior.
Simulações
supervisionadas por membros das equipes de desenho estrutural, de
sistemas e de propulsão resultaram em especificações revisadas
que foram enviadas para os projetistas em Utopia Planitia em 24 de
dezembro de 2344. Estas especificações requeriam que a classe
Galaxy mantivesse uma velocidade normal de cruzeiro de dobra 6 até
a exaustão de combustível, uma velocidade máxima de cruzeiro de
dobra 9,2 e uma velocidade máxima de dobra 9,6 por doze horas. O
total de massa estimada para o veículo foi reduzido através de
melhoramentos em materiais e rearranjos internos para 4,96 milhões
de toneladas métricas.
Assim
que os desenhos principais foram estabelecidos, componentes do
protótipo do motor foram fabricados, usando elementos de veículos
anteriores como pontos de referência. Modelos computadorizados
dos principais sistemas foram reunidos num modelo único para
testar características teóricas de performance. O primeiro
modelo completo foi testado em UP em 16 de abril de 2356, e foi
demonstrado para a Frota Estelar dois dias depois. Com o avanço
dos estudos de performance, protótipos do hardware
foram fabricados. Falhas de material assombraram o desenvolvimento
inicial do núcleo do sistema, a câmara de reação, que tem que
conter a furiosa reação de matéria/antimatéria. Estas
dificuldades foram eliminadas com a introdução de hexafluoreto
de cobalto ao revestimento interno da câmara, o que provou ser
uma maneira eficiente de reforçar os campos magnéticos do núcleo.
De
maneira parecida, problemas com materiais atrasaram a construção
das naceles do motor de dobra. O elemento chave do motor de dobra,
as bobinas de verterio-cortenide 947/952, que convertem a energia
do núcleo em campos de dobra, não puderam ser manufaturadas
dentro das especificações de vôo no formato e densidade necessários
durante toda a primeira metade do processo de construção dos
protótipos. Estes problemas foram resolvidos através de ajustes
no longo período de resfriamento das bobinas durante a sua produção
nas fornalhas.
Notavelmente,
o trabalho nos dutos de condução de força entre o núcleo de
dobra e as naceles procedeu sem incidentes. Análises detalhadas
dos protótipos dos dutos revelaram cedo que eles iriam agüentar
com facilidade as cargas estruturais e eletrodinâmicas
projetadas, já que sua função básica foi pouco alterada
durante o último século.
Assim
que a estrutura estava suficientemente completa para permiti-lo, o
motor foi instalado. Os dutos de condução de força, que haviam
sido montados dentro dos suportes das naceles durante a construção
da estrutura, aguardavam a conexão das naceles e do núcleo do
motor. Em 5 de maio de 2356 a nave protótipo NX-70637, a ainda
sem nome USS Galaxy,
existiu pela primeira vez como uma nave capaz de vôo.
2.
Conjunto de reação matéria/antimatéria
Assim
como o sistema de propulsão de dobra é o coração da USS Enterprise,
o conjunto de reação matéria/antimatéria (CRM/A) é o coração
do sistema de propulsão de dobra. O CRM/A é muitas vezes chamado
de reator de dobra, núcleo do motor de dobra, ou núcleo do motor
principal. A energia produzida dentro do núcleo é dividida entre
a sua função primaria (a propulsão da nave) e os principais
sistemas de bordo. O CRM/A é o sistema principal de geração de
energia, devido ao fato de uma reação de matéria/antimatéria
produzir 10^6 vezes mais energia do que uma reação de fusão
comum, como a empregada no sistema de impulso.
O
CRM/A consiste de quatro subsistemas: injetores de reagentes,
segmentos de constrição magnética, câmara de reação matéria/antimatéria
e dutos de condução de força.
A distribuição dos tanques de matéria e
antimatéria e a CRM-A.
Injetores
de reagentes
Os
injetores de reagentes preparam e alimentam o núcleo com fluxos
de matéria e antimatéria controlados com a máxima precisão. O
injetor de matéria reagente (IMR) recebe deutério super
resfriado do tanque primário de deutério (TPD) na parte superior
da seção de engenharia e o aquece parcialmente numa reação
contínua de fusão de gás. Ele então impulsiona os gases
resultantes através de uma série de bocais ajustáveis até o
primeiro segmento de constrição magnética. O IMR consiste de
uma estrutura cônica de 5,2 por 6,3 metros, construída com
woznio carbomolibdênio reforçado por dispersão. Vinte e cinco
atenuadores de impacto o conectam ao TPD e aos pontos principais
de suporte da estrutura da nave no deck 30, mantendo 98% de
isolamento térmico do restante da seção de engenharia. Para
todo efeito, todo o SPD “flutua” dentro do casco para poder agüentar
até 3 vezes o estresse teórico de operação.
Dentro
do IMR estão seis injetores redundantes multi-alimentados, cada
injetor consistindo de duas válvulas de entrada de deutério,
condicionadores de combustível, pré-aquecedores de fusão, bloco
de compensação magnética, duto de transferência, combinador de
gás, cabeça do bocal e o hardware
de controle necessário. Deutério não tratado passa pela válvula
de entrada a taxas de fluxo controladas e passa aos
condicionadores, onde calor é removido trazendo o deutério para
logo acima do ponto de transição para o estado sólido.
Micro-esferas se formam, são pré-aquecidas por fusão magnética,
e enviadas para o combinador de gás, onde o produto gasoso
ionizado está agora a 106K. Os bocais então focam, alinham e
propelem o fluxo de gás para dentro dos segmentos de constrição.
No caso de falha de um dos bocais, o combinador de gás iria
continuar a alimentar os bocais restantes, que se dilatariam para
acomodar o aumento no suprimento de combustível. Cada bocal mede
102 x 175 cm e é constituído de frúmio-cobre-yttrio 2343.
No
lado oposto do CRM/A está o injetor de antimatéria reagente (IAR).
O desenho interno e operação do IAR são bem diferentes do IMR,
devido à natureza perigosa da antimatéria usada. Cada passo na
manipulação e injeção do anti-hidrogênio deve ser executado
com campos magnéticos para isolar o combustível da estrutura da
nave. Em alguns aspectos o IAR é um dispositivo mais simples, que
requer menos componentes móveis. No entanto, o perigo nato à
manipulação da antimatéria requer uma confiabilidade inabalável
do mecanismo. O IAR tem a mesma estrutura básica, atenuadores de
impacto e suportes que o IMR, com adaptações para os dutos de
combustível de suspensão magnética. A estrutura contém
separadores de fluxo de antimatéria, que dividem o anti-hidrogênio
recebido em “pacotes” menores, mais fáceis de manipular, para
mandá-los aos segmentos de constrição magnética inferiores.
Cada separador leva a uma válvula injetora, e cada válvula
abre-se em ciclos, em resposta a sinais de controle do computador.
A abertura das válvulas pode seguir seqüências complexas,
resultantes de equações igualmente complexas que controlam a
pressão da reação, temperatura, e energia produzida desejada.
Os injetores de
matéria e antimatéria são parecidos apenas por fora.
Segmentos
de constrição magnética
Os
segmentos de constrição magnética (SCM) superior e inferior
constituem a massa central do núcleo. Esses componentes suportam
a estrutura da câmara de reação matéria/antimatéria,
fornecendo um ambiente com pressão apropriada para a operação
do núcleo, e alinham os fluxos de matéria e antimatéria para o
encontro dentro da câmara de reação. O SCM superior mede 18
metros de comprimento, e a unidade inferior mede 12 metros. Ambos
tem 2,5 metros de diâmetro. Um segmento padrão é constituído
de oito conjuntos de atenuadores de pressão, uma parede toroidal
de pressão, doze conjuntos de bobinas constritoras, sistemas de
alimentação de força e hardware
de controle necessário. As bobinas constritoras são feitas de
cobalto-lantanídeo-boronite de matriz forçada de alta
intensidade, com trinta e seis elementos ativos configurados para
prover uma alta intensidade de campo somente dentro do ambiente de
pressão e permitindo apenas o mínimo (ou nenhum) vazamento para
a Engenharia. As toróides do ambiente pressurizado são camadas
alternantes de ferracita carbonítica formada por deposição de
vapor e borosilicato de alumínio transparente. Os componentes de
tensão vertical são vigas de tritânio e cortenide, e são
soldadas à estrutura pelo método de transição de fase durante
a montagem da estrutura do veículo para produzir uma estrutura
unificada. Todos os pontos de suporte do motor têm dutos
dedicados para receber energia do campo de integridade estrutural
durante operação normal. A camada externa transparente serve
como um medidor visível da performance do motor, já que fótons
secundários inofensivos são emitidos das camadas interiores,
criando um brilho azul visível. A ação peristáltica e o nível
de energia podem ser facilmente vistos pelo Chefe Engenheiro e/ou
pessoal de manutenção.
A estação de trabalho do engenheiro-chefe o permite monitorar a CRM-A.
Assim
que os fluxos de matéria e antimatéria são liberados de seus
respectivos bocais, as bobinas constritoras comprimem ambos no
eixo Y e adicionam uma velocidade de 200 a 300 m/s. Isto garante o
alinhamento e energia de colisão apropriada para que ambos
atinjam o alvo dentro da CRM/A, no exato centro da câmara. É
precisamente neste ponto que a reação é mediada pelo cristal de
dilítio.
O fluxo de matéria ou antimatéria e conduzido magneticamente
através dos SCM.
Câmara
de reação matéria/antimatéria
A
câmara de reação matéria/antimatéria (CRM/A) consiste de duas
cavidades idênticas, em forma de sino, que contêm e redirecionam
a reação primária. A câmara mede 2,3 metros de altura e 2,5
metros de diâmetro. É composta de doze camadas de háfnio 6 e
carbonítrio fundido com excélio, soldado por transição de fase
sob uma pressão de 31.000 quilopascais. As três camadas externas
são reforçadas com arkenídio acroseníte para uma proteção de
até 10 vezes a pressão normal. Todos os outros pontos de
sustentação e ligação com sistemas de transferência de
energia recebem o mesmo reforço.
A
banda equatorial da câmara contém o local de armazenamento para
a estrutura de articulação do cristal de dilítio (EACD). Uma
escotilha protegida fornece acesso a EACD para a substituição e
ajustes do cristal. A EACD consiste de um berço com isolamento
eletromagnético capaz de armazenar até 1200 cm^3 de cristal de
dilítio, além de dois conjuntos redundantes de suportes e
orientação triaxiais. O cristal tem que ser instalado com até
seis graus de liberdade, para atingir os ângulos e profundidade
necessários para a mediação da reação.
Conectando
a banda equatorial à metade superior e inferior estão vinte e
quatro pinos estruturais. Estes pinos são de moliferranite-háfnio
8 e são reforçados contra tensão, compressão, torção e
cisalhamento, além de fazer parte do campo de integridade
estrutural do motor. Por todo o centro da banda equatorial correm
duas camadas de tritânio borocarbonato difuso transparente para
uma monitoração visual da energia da reação.
A CRM-A fica no centro do conjunto que tem a altura de um
prédio de 12 andares.
O
papel do Dilítio
O
elemento chave no uso eficiente das reações de M/A é o cristal
de dilítio. Este é o único material conhecido pela Federação
que não é reagente a antimatéria quando exposto a um campo
eletromagnético (EM) de alta freqüência na faixa dos megawatt,
o tornando “poroso” ao anti-hidrogênio. O dilítio permite ao
anti-hidrogênio passar diretamente através da sua estrutura
cristalina sem de fato tocá-la, devido ao efeito de dínamo
criado pelos átomos de ferro adicionados. A forma longa do nome
do cristal é a fórmula de matriz forçada 2<5>6 dilítio
2<:>1 dialosilicato 1:9:1 heptoferranide. Esta estrutura atômica
altamente complexa é baseada em formas mais simples descobertas
em camadas geológicas naturais em certos sistemas planetários.
Foi considerada por muitos anos irreproduzível por métodos
conhecidos ou previstos de deposição de vapor, até que avanços
em epitaxia e antieutética nucleares permitiram a formação de
dilítio sintetizado puro para uso em espaço-naves e usinas de
força, através de técnicas de composição de theta-matrizes
utilizando bombardeamento por radiação gamma.
Geração
de força pela CRM/A
A
seqüência de ignição do motor, conforme controlado pelo CPCP
é a seguinte:
1. A partir de uma condição fria, a
temperatura e pressão totais do sistema são trazidas até
2.500.000 K, usando uma combinação de energia do sistema de
eletroplasma (SEP) e do IMR, e um “aperto” dos constritores
magnéticos superiores.
2. As primeiras quantidades mínimas de
antimatéria são injetadas de baixo, pelo IAR. O SCM inferior
espreme o fluxo de antimatéria e ajusta a sua mira para que
coincida com a do IMR acima, fazendo com que ambos os fluxos caiam
nas mesmas coordenadas XYZ dentro da CRM/A. O maior raio da reação
é de 9,3 cm e o menor 2,1 cm. O diâmetro do fluxo no SCM
superior e inferior pode variar, dependendo do ajuste de potência.
Existem dois modos de reação distintos. O
primeiro envolve a geração de altos níveis de energia
canalizados para o sistema de eletroplasma, muito similar a uma
reação de fusão normal, para uso das funções da nave enquanto
em impulso. Na EACD, os suportes de orientação posicionam o dilítio
de tal maneira que duas faces fiquem paralelas aos fluxos de matéria/antimatéria,
coincidindo com as coordenadas do núcleo XYZ 0,0,125, onde 125 é
o raio da seção de reação. A reação é mediada pelo dilítio,
forçando o limite superior das freqüências EM resultantes para
baixo, até abaixo de 10^20 hertz, e o limite inferior para cima,
até acima de 10^12 hertz.
O segundo modo faz uso completo da habilidade
do dilítio de causar uma suspensão parcial da reação, criando
as freqüências de pulso necessárias para serem enviadas para as
naceles do motor de dobra. Neste modo, as coordenadas XYZ são
controladas pelos suportes de orientação da EADC e colocam o
exato ponto de colisão 20 angstrons acima da face superior do
cristal. A freqüência desejada é continuamente ajustada para
alcançar os fatores de dobra desejados. Independente do modo
empregado, o efeito de aniquilação acontece no ponto central da
câmara. A razão M/A é estabilizada em 25:1 e o motor é
considerado em “ponto morto”.
3. A pressão do motor é lentamente trazida
ate 72.000 quilopascais, aproximadamente 715 vezes a pressão
atmosférica, e a temperatura normal de operação no ponto de reação
é 2x10^12 K. Os bocais do IMR e IAR são abertos para permitir
que mais reagentes entrem na câmara. A razão é ajustada para
10:1 para geração de energia. Esta também é a razão base para
atingir dobra 1. As proporções relativas de matéria e antimatéria
mudam enquanto os fatores sobem até dobra 8, onde a razão se
torna 1:1. Fatores de dobra maiores requerem maiores quantidades
de reagentes, mas a razão continua inalterada
Outros modos de ignição estão disponíveis,
dependendo das necessidades da situação.
O verdadeiro coração da Enterprise.
Dutos
de condução de força
Assim
que todo o sistema está ativado, o plasma energético gerado é
dividido em dois fluxos em ângulos quase retos à linha central
da nave. Os dutos de condução de força (DCF) são
magneticamente parecidos com os segmentos de constrição, na
característica de manter o plasma restrito ao centro de cada
canal, e o impulsionam peristálticamente em direção às naceles
de dobra, onde as bobinas de campo de dobra (BCD) utilizam a
energia para propulsão.
Os
DCF saem da engenharia para trás, onde interceptam os suportes do
motor de dobra. Cada duto é fabricado de seis camadas alternantes
de tritânio e borosilicato de alumínio transparente, que são
soldados juntos por transição de fase para formar uma única
estrutura resistente à pressão. As ligações com a câmara de
reação são juntas que contêm explosivos de corte, e podem se
separar do núcleo em 0,08 segundos, no caso da ejeção do mesmo.
As juntas são instaladas durante a fabricação e não podem ser
reutilizadas.
Os dutos de transferência de força levam a energia
até as naceles.
Tomadas
do sistema de eletroplasma (SEP) estão localizadas em três
pontos ao longo do DCF, a 5, 10 e 20 metros de distância das
juntas explosivas. Tomadas do SEP estão disponíveis em três
tipos, dependendo de sua aplicação. As do Tipo I tem uma
capacidade de fluxo de 0,1 para sistemas de alta potência. As do
Tipo II tem capacidade de 0,01 para dispositivos experimentais e
as do Tipo III aceitam saídas de baixa potência para aplicações
de conversão de energia.
A CRM-A e os dois DCFs levando o plasma
até as naceles.
3.
Naceles de campo de dobra
O
plasma energético gerado pela CRM/A é transportado pelos dutos
de condução de força e chega rapidamente ao seu destino final,
as naceles do motor de dobra. Aqui é onde o verdadeiro trabalho
de propulsão é executado. Cada nacele consiste em diversas
partes, incluindo as bobinas de campo de dobra (BCD), sistema de
injeção de plasma (SIP), sistema de separação de emergência (SSE)
e escotilhas de manutenção.
A
estrutura básica das naceles é similar àquela do resto da nave.
A estrutura de tritânio e durânio é combinada com suportes
longitudinais, e coberta com o mesmo material da cobertura do
casco: placas de 2,5 metros de tritânio soldadas por radiação
gamma. A adição de três camadas internas de cobalto cortenide
fornece proteção adicional contra os altos níveis de estresse
sofridos quando em dobra, especialmente nos pontos de ligação
aos pilares de suporte da nacele. Toda a estrutura e revestimento
das naceles têm dutos triplamente redundantes para a alimentação
do campo de integridade estrutural (CIE) e sistema de compensação
inercial (SCI). Conectados ao interior da estrutura estão
cilindros atenuadores de impacto e suportes de isolamento térmico,
para o sistema de injeção de plasma.
O
sistema de separação de emergência seria usado caso uma falha
catastrófica ocorresse no SIP, ou se uma nacele fosse danificada
em combate ou outra situação onde não pudesse se manter
conectada ao pilar de suporte. Dez travas estruturais explosivas
podem ser detonadas, impulsionando as naceles para longe a 30m/s.
Durante
a manutenção em bases estelares e vôo lento subluminar, e com a
CRM/A desativada, as escotilhas de manutenção permitem que
qualquer nave auxiliar equipada com o sistema padrão de
atracamento se conecte, dando à equipe de engenharia acesso rápido
ao interior da nacele. Visitas normais de monitoramento são
feitas por dentro da nave, utilizando um turboelevador para uma única
pessoa, que corre por dentro do pilar de suporte.
Naceles
de campo de dobra.
Sistema
de injeção de plasma
No
final de cada DCF está o sistema de injeção de plasma, uma série
de dezoito válvulas magnéticas injetoras ligadas aos
controladores do motor de dobra. Há um injetor para cada bobina
de dobra, e os injetores podem ser disparados em seqüências variáveis,
dependendo da função do vôo de dobra que está sendo executada.
Os injetores são construídos de arkênio-duranide e
ferrocarbonite mono-cristal, com toróides de constrição magnética
de nalgétio-serrite. Comandos de entrada e sinais de controle são
manipulados por doze links
redundantes à rede de dados ótica (RDO). Pequenas diferenças de
tempo existem durante qualquer seqüência de ignição das
bobinas ou mudança no fator de dobra, devido à distância física
entre o computador e o motor. Estas diferenças são rapidamente
corrigidas por rotinas de software
que conseguem prever a sincronização da operação, resultando
num controle dos motores quase que instantâneo.
O
ciclo de abertura e fechamento dos injetores é variável, de 25ns
até 50ns. Cada abertura de um injetor, expõe a sua bobina
correspondente a um fluxo de energia, que deve ser convertida em
um campo de dobra. Em fatores de dobra de 1 a 4, os injetores
disparam em baixa freqüência, entre 30 e 40 Hz, e permanecem
abertos por períodos curtos de tempo, entre 25 e 30 ns. Em
fatores de dobra de 5 a 7, a freqüência de disparo aumenta de 40
para 50 Hz, e os injetores permanecem abertos por mais tempo, de
30 a 40 ns.
Em
fatores de dobra de 8 até 9,9, a freqüência de disparo dos
injetores sobe para 50 Hz, mas há um atraso no ciclo de abertura
dos injetores, devido a limitações causadas por cargas magnéticas
residuais nas válvulas, a possibilidade de conflitos com a freqüência
da energia da CRM/A e a confiabilidade do sistema de comandos e
controle. O maior ciclo seguro de tempo, usado em fatores altos de
dobra é geralmente considerado ser 53 ns.
Bobinas
de campo de dobra
O
campo de energia necessário para impulsionar a USS Enterprise
é criado pelas bobinas de campo de dobra e assistido pela forma
específica do casco da nave. As bobinas geram um intenso campo
multi-camadas que cerca a nave, e é a manipulação da forma
deste campo que produz o efeito de propulsão através e além da
velocidade da luz, c.
As
bobinas em si são toróides divididas no meio, posicionadas
dentro das naceles. Cada metade mede 9,5 x 43 metros e é construída
de um núcleo de tungstênio-cobalto-magnésio de alta densidade
para reforço estrutural, e inserido numa cápsula de vertério
cortenide de alta densidade. Um par completo mede 21 x 43 metros,
com uma massa de 34.375 toneladas métricas. Os dois conjuntos de
dezoito bobinas completas cada têm uma massa de 1,23 x 10^6
toneladas métricas, chegando a quase 25% da massa total do veículo.
O processo de formação das bobinas, como foi discutido no item
1, provou-se ser difícil de repetir com precisão durante as
primeiras fases do projeto da classe Galaxy.
Melhoramentos em materiais e procedimentos levaram a cópias mais
precisas para uso em espaço-naves, embora a instalação de
bobinas ainda siga um processo de comparação, onde as mais
parecidas são instaladas em pares. Durante a troca das bobinas em
uma doca ou base-estelar, a diferença máxima de idade entre a
bobina mais velha e a mais nova não pode ser maior do que seis
meses.
Uma
das bobinas de campo de dobra.
Quando
é energizado, o vertério cortenide dentro de uma bobina causa
uma mudança na freqüência da energia carregada pelo plasma para
dentro do domínio do subespaço. Os pacotes quânticos de energia
de campo subespacial se formam a aproximadamente 1/3 da distância
entre a superfície interna da bobina e a externa, enquanto o vertério
cortenide causa mudanças na geometria do espaço na escala Planck
de 3,9 x 10^-33 cm. A energia convertida do campo sai pela superfície
externa da bobina e irradia-se para longe da nacele. Uma certa
quantidade de energia do campo se recombina na linha central da
bobina, e aparece como uma emissão de luz visível.
A
energia não convertida em campo de dobra escapa como luz visível.
Propulsão
de dobra
O
efeito de propulsão é conseguido por um número de fatores
trabalhando em conjunto. Primeiro, a formação do campo é
controlável no sentido horizontal, da frente para trás. Como os
injetores de plasma disparam em seqüência, as camadas de campo
de dobra se formam de acordo com a freqüência de pulso do
plasma, e “empurram” umas contra as outras como já foi
discutido. A força acumulada das camadas de campo reduz a massa
aparente do veículo e induz a velocidade desejada. O ponto crítico
de transição acontece quando uma espaço-nave parece, para um
observador externo, estar viajando mais rápido do que c.
Quando a energia total do campo alcança 1000 milicochranes,
a nave parece cruzar a barreira de c
em menos do que tempo de Planck, 1,3 x 10^-43 segundos, e a física
de dobra garante que a nave nunca vai viajar a exatamente c. As três primeiras bobinas em cada nacele operam com uma pequena
diferença na freqüência para reforçar o campo à frente do
coletor Bussard e envolver toda a seção disco. Isto ajuda a
criar a assimetria de campo necessária para impulsionar a nave
para frente.
Segundo,
um par de naceles é usado para criar dois campos balanceados, que
interagem para manobrar o veículo. Em 2269, testes experimentais
com uma única nacele e com mais de duas naceles forneceram uma rápida
confirmação de que dois é o número ideal de naceles do ponto
de vista da geração de energia e controle do veículo. Manobras
na espaço-nave são efetuadas pela introdução de diferenças
controladas na temporização de cada conjunto de bobinas,
modificando desta maneira a geometria total do campo de dobra e a
direção da nave. Movimentos de guinada (plano XZ) são
controlados mais facilmente desta maneira. Mudanças na atitude do
veículo são conseguidas através de uma combinação de diferenças
na temporização e concentração do plasma.
Terceiro,
a forma do casco da nave facilita o deslizamento para dobra e
fornece um vetor para correção geométrica. A seção disco, que
mantém a sua forma originada da idéia de sua utilização como
um veículo para pouso de emergência, ajuda a moldar a parte
anterior do campo através do uso do casco, uma elipse plana de 55º,
que provou ser de grande eficiência nos picos de transição. O
corte inferior da seção de engenharia permite vários graus de
aderência do campo, prevenindo desta maneira o acúmulo de
camadas em um ponto qualquer. Durante a separação da seção
disco e operação independente da seção de engenharia, o software
interativo do controlador do campo de dobra ajusta a geometria do
campo para compensar pela diferença no formato da nave. No evento
de perda acidental de uma ou mesmo ambas as naceles enquanto em
dobra, a nave iria se desfazer linearmente, devido ao fato de que
diferentes partes da estrutura estariam viajando a diferentes
fatores de dobra.
4.
Armazenamento e transferência de antimatéria
Desde
a confirmação de sua existência na década de 1930, o conceito
de uma forma de matéria com a mesma massa, mas cargas e spin
diferentes despertou em cientistas e engenheiros a idéia de um
possível meio para produzir quantidades de energia sem
precedentes, e usar esta energia para impulsionar grandes veículos
pelo espaço.
A
teoria cosmológica afirma que todas as partes constituintes do
universo foram criadas em pares, isto é, uma partícula de matéria
e outra de antimatéria. O porquê da tendência em direção à
matéria na nossa vizinhança galáctica é, até hoje, um assunto
para discussões acaloradas. No entanto, todas as antipartículas
básicas já foram sintetizadas e estão disponíveis para uso
experimental e operacional.
Quando,
por exemplo, um elétron e um antielétron (ou pósitron) estão
em grande proximidade, eles se aniquilam mutuamente, produzindo
raios gamma energéticos. Outros pares de partículas/antipartículas
se aniquilam resultando em diferentes combinações de partículas
subatômicas e energia. Os resultados teóricos apresentados pelo
deutério, um isótopo do hidrogênio e sua contra-parte antimatéria,
eram de especial interesse para os engenheiros de espaço-naves.
No entanto, os problemas encontrados ao longo do caminho para a
obtenção de um motor funcional de M/A eram tão grandes quanto
os possíveis resultados eram espetaculares. A antimatéria, a
partir do momento de sua criação, não podia nem ser contida e
nem tocar nenhuma partícula de matéria. Diversos esquemas foram
propostos para conter o anti-hidrogênio com campos magnéticos e
este ainda é o método mais aceito. Grandes quantidades de
anti-hidrogênio, na sua forma líquida não tratada, apresentavam
grandes riscos no caso de falha de uma parte da contenção magnética,
mas nos últimos cinqüenta anos, geradores supercondutores de
campos mais confiáveis e outras medidas garantiram um maior grau
de segurança a bordo de naves da Frota.
Na
maneira como é utilizado a bordo da USS Enterprise,
antimatéria é primeiramente gerada nas grandes estações de
abastecimento da Frota pela combinação de vários dispositivos
de reversão de carga por fusão, que transformam fluxos de prótons
e nêutrons em antideuterons, que são unidos em um acelerador de
pósitrons para produzir anti-hidrogênio (ou mais precisamente
antideutério). Mesmo com a utilização de energia solar no
processo, a perda energética neste método ainda é de 24%, mas
esta penalidade é considerada aceitável pela Frota Estelar,
considerando as vantagens da exploração interestelar.
A
antimatéria é mantida em contenção por dutos magnéticos e
tanques divididos em diversos compartimentos enquanto a bordo da
estação. As espaço-naves mais antigas eram construídas com
grandes tanques também, embora este método tenha provado ser
menos desejável do ponto de vista da segurança, numa nave que é
constantemente sujeita a grandes estresses. Durante um
abastecimento normal, antimatéria é passada através da
escotilha de abastecimento, uma sonda circular de 1,75 metro de diâmetro
equipada com doze pontos de travamento físico e uma íris magnética.
Ao redor da escotilha de abastecimento no deck 42 estão trinta
tanques de armazenamento, cada um medindo 4 x 8 x 4 metros e
construído de polidurânio, com uma camada interna de quônio férrico.
Cada tanque contém um volume máximo de 100 m^3 de antimatéria,
levando o total dos trinta tanques da nave para 3000 m^3, o
suficiente para o período normal de uma missão de três anos.
Cada tanque é conectado por dutos protegidos a uma série de válvulas
de distribuição, controladores de fluxo e entradas de alimentação
ao sistema de eletroplasma (SEP). Em condições de abastecimento
rápido, reservadas para situações de emergência, todo o
conjunto de tanques de armazenamento de antimatéria (CTAA) pode
ser removido e substituído em menos de uma hora.
Um
tanque de armazenamento de antimatéria.
No
caso de perda da contenção magnética, este mesmo conjunto pode
ser ejetado por detonadores de microfusão a uma velocidade de 40
m/s, impulsionando-o para longe da nave antes que o campo decaia e
a antimatéria tenha a chance de reagir com as paredes dos
tanques. Embora grupos pequenos de tanques possam ser substituídos
em condições normais, o método de bombeamento magnético ainda
é o preferido.
A
antimatéria, mesmo contida nos tanques de armazenamento, não
pode ser movida por teletransporte sem que sejam feitas grandes
modificações no buffer de padrão, dutos de transferência e
emissores de transporte devido à natureza altamente volátil da
antimatéria. A exceção a esta regra é o transporte de pequenas
quantidades de antimatéria armazenadas em dispositivos de contenção
magnética aprovados, para o uso por equipes científicas e de
engenharia.
O
reabastecimento enquanto se está no espaço interestelar é possível
com o uso de uma nave-tanqueiro da Frota. Transferências por
tanqueiro sofrem riscos consideráveis, não tanto por problemas
de hardware, mas por que
antimatéria refinada é uma comodidade valiosa, e vulnerável à
captura (ou mesmo destruição) por forças inimigas enquanto em
trânsito. A escolta de cruzadores é procedimento normal em todos
os movimentos de tanqueiros da Frota.
5.
Suprimento de combustível para o sistema de propulsão de dobra
O suprimento de combustível para o sistema
de propulsão de dobra (SPD) é contido dentro do tanque primário
de deutério (TPD) na seção de engenharia. O TPD, que alimenta
também o SPI (sistema de propulsão de impulso), normalmente é
carregado com deutério não tratado a uma temperatura de -259º
C, ou 13,8K. O TPD é construído com cortânio 2378 de matriz forçada
e aço inoxidável, com um revestimento de espuma de
silicone-cobre-duranite soldada por radiação gamma num padrão
de camadas paralelas/perpendiculares.
Cortes para as entradas de abastecimento,
tomadas de pressão e sensores são feitas com cortadores phaser
de precisão. Há um total de quatro válvulas de alimentação de
combustível do TPD para o injetor de matéria reagente, oito
dutos retro-alimentados para os tanques auxiliares na seção
disco, e quatro linhas de alimentação para o motor de impulso
principal.
O volume interno total, que é dividido em
compartimentos para reduzir possíveis perdas devido a danos
estruturais, é de 63.200 m^3. Da mesma maneira que o volume de
antimatéria carregado para uma missão típica, uma carga
completa de deutério é prevista para durar aproximadamente três
anos.
Como em qualquer tanque, é esperado que uma
certa porcentagem de moléculas de deutério migrem através das
paredes do tanque com o decorrer do tempo. A taxa medida de
vazamento do TPD é de menos de ,00002 kg/dia. Valores
proporcionais se aplicam aos
tanques auxiliares.
Deutério não-tratado é criado pelo
fracionamento eletro-centrífugo padrão de uma variedade de
materiais (incluindo água do mar, neve e gelo dos satélites dos
planetas exteriores e núcleos de cometas) e o resfriamento dos líquidos
resultantes. Cada um irá criar proporções diferentes de deutério
e materiais residuais, mas todos podem ser utilizados pelo mesmo hardware
da Frota. Naves-tanqueiro de deutério são bem mais comuns do que
suas contra-partes de antimatéria, e podem fornecer reagentes em
situações de emergência com apenas alguns dias de demora. Duas
escotilhas de carregamento de deutério estão localizadas ao
longo da espinha estrutural da seção de engenharia, em direção
à parte traseira do tanque. A estrutura da escotilha de
carregamento contém conexões estruturais (para fazer um
atracamento firme com a base estelar ou doca de manutenção),
dutos para o alívio de pressão durante o abastecimento e entrada
e saída de material, e conexões da RDO para os computadores da
base estelar.
O tanque primário de deuterio é o
responsável pela corcunda da Enterprise.
6.
Reabastecimento de combustível através do coletor Bussard
No caso de um tanqueiro de deutério não
poder alcançar uma nave Galaxy,
existe a possibilidade de coletar matéria de baixa qualidade do
meio interestelar através de uma série de bobinas magnéticas
especializadas de alta energia conhecidas normalmente por coletor
Bussard. Devendo o seu nome ao físico e matemático do século
vinte Robert W. Bussard, o coletor emana uma radiação ionizante
direcional e um campo magnético para atrair e comprimir o tênue
gás encontrado na Via Láctea. Deste gás, que possui uma
densidade média de um átomo por centímetro cúbico, podem ser
destiladas pequenas quantidades de deutério para o
reabastecimento de contingência do suprimento de matéria. Em
altas velocidades relativísticas, a acumulação deste gás é
apreciável, embora esta técnica não seja recomendada por longos
períodos de tempo por causa dos efeitos de dilatação temporal.
No entanto, em velocidades de dobra, um suprimento estendido de
emergência pode ser gerado. Enquanto suprimentos de antimatéria
não podem ser recuperados do espaço da mesma maneira,
quantidades mínimas podem ser geradas a bordo por um dispositivo
de reversão de carga quântica.
É um fato aceito de que naves em perigo irão
continuar a gastar seus suprimentos de energia; no entanto,
sistemas como este foram adicionados para garantir pelo menos uma
pequena chance adicional de sobrevivência.
O coletor Bussard pode ser encontrado na
ponta dianteira de cada nacele de dobra. Ele consiste de três
conjuntos principais: o emissor de raio ionizante (ERI), o
gerador/coletor de campo magnético (G/CCM), e um fracionador de
ciclo contínuo (FCC). A cobertura curva da ponta da nacele, a
maior estrutura de molde único na espaço-nave, é formada de
poliduranide reforçado e é transparente para o pequeno espectro
de energias ionizantes produzidas pelo emissor. É a função do
emissor aplicar uma carga às partículas neutras no espaço, para
a captação pelo campo magnético. Em velocidades de dobra, a
energia ionizante é gerada em freqüências de subespaço para
que o raio possa se projetar à frente da nave, decair para o seu
estado normal e produzir o efeito desejado.
O
interior do coletor Bussard.
Atrás e suportando a cobertura da nacele está
o G/CCM, um conjunto compacto de seis bobinas desenhadas para
produzir uma “rede” magnética à frente da nave e puxar as
partículas carregadas em direção às grades de coleta. Estas
bobinas são construídas de cobalto-lantanídio-boronite e obtém
sua alimentação ou do sistema de eletroplasma ou diretamente dos
dutos de transferência de força. Em velocidades subluz, as
bobinas atraem as partículas adiante da nave normalmente. No
entanto, em velocidades de dobra, a operação das bobinas é
revertida para reduzir a
velocidade das partículas. Este sistema trabalha em grande
afinidade com o defletor principal de navegação. Durante sua
operação normal, o papel do defletor é prevenir
o contato de qualquer material interestelar com a nave. No
entanto, pequenos “buracos” são manipulados no campo pelo
defletor e pelo G/CCM para permitir a passagem de quantidades úteis
de gás rarefeito.
Colocado dentro do G/CCM está o FCC, que
separa continuamente o gás que chega em diferentes categorias
distintas de qualidade, consideradas “queimáveis” dentro do
motor de dobra. Os gases separados são comprimidos e alimentados
sob pressão para os tanques
de armazenamento na seção de engenharia.
O
coletor Bussard em funcionamento.
7.
Geração de antimatéria a bordo
Como
mencionado anteriormente, existe na classe Galaxy
a habilidade de gerar quantidades relativamente pequenas de
antimatéria durante possíveis situações de emergência. O
processo é incrivelmente intenso do ponto de vista energético e
pode não ser vantajoso sob todas as condições de operação.
Mas como o coletor Bussard, o gerador de antimatéria pode
fornecer suprimentos críticos de combustível quando eles são
mais necessários.
O
gerador de antimatéria fica no deck 42, cercado por outros
elementos do SPD. Ele consiste de duas peças chave: o admissor/condicionador
de matéria (A/CM) e o dispositivo de reversão de carga quântica
(DRCQ). O gerador completo mede 7,6 x 13,7 metros e tem uma massa
de 1.400 toneladas métricas. É um dos componentes mais pesados
da nave, perdendo apenas para as bobinas de campo de dobra. O A/CM
usa tritânio e poliduranide convencionais em sua construção, já
que trabalha apenas com deutério criogênico e combustíveis
similares. O DRCQ por outro lado, emprega camadas alternantes de
cobalto-ítrio-poliduranide de matriz forçada e árgio-kalinite
854.
Isto
é necessário para produzir a amplificação de força requerida
para armazenar grupos de partículas subatômicas, reverter sua
carga, e coletar a matéria invertida para armazenamento em um dos
tanques de antimatéria próximos.
O gerador de antimatéria é a segunda
peça mais pesada a bordo.
A
tecnologia que deu surgimento ao DRCQ é similar àquela do
transporte, CIE, SCI e outros dispositivos que manipulam matéria
em um nível quântico. O processo de conversão se dá com a
entrada de matéria normal, esticada em pequenos filamentos de no
máximo 0,000003 cm de diâmetro. Os filamentos são alimentados
sob pressão para o DRCQ por suspensão magnética, onde são
resfriados até 0,001 K, e expostos por um breve período a um
campo de contenção, para reduzir ainda mais a vibração
molecular. Ao que o campo de contenção decai, campos
subespaciais focados atuam profundamente na estrutura subatômica
e mudam a carga e spin dos prótons, nêutrons e elétrons
“congelados”. A matéria invertida, agora antimatéria, é
removida magneticamente para ser armazenada. O sistema pode
processar normalmente 0,08 m^3/h.
Pode
ser dito que a energia potencial total contida em uma certa
quantidade de deutério pode impulsionar uma nave por uma distância
considerável. Utilizar esta energia em velocidades subluz é algo
quase inútil em um cenário crítico. Vôo interestelar a
velocidades de dobra requer velocidades dezenas de milhares de
vezes maiores do que as fornecidas pelo sistema de impulso, então
a geração de antimatéria se torna necessária. Uma desvantagem
imposta pelo processo é a de que ele requer dez unidades de deutério
para produzir somente uma unidade de antimatéria. Colocando de
outra forma, a lei da conservação da energia diz que a energia
necessária para este processo vai exceder a energia utilizável
produzida pelo combustível de antimatéria resultante. No
entanto, ela pode fornecer uma margem de sobrevivência necessária
para alcançar uma base estelar ou o ponto de encontro com um
tanqueiro.
8.
Operação e segurança
Todo
o hardware do sistema de propulsão de dobra (SPD) é vistoriado de
acordo com a programação de monitoramento e troca baseada no
tempo padrão entre falhas (TPEF) da Frota Estelar. Devido a
grande taxa de uso da câmara de reação matéria/antimatéria
(CRM/A), todos os seus componentes foram desenhados para ter a máxima
confiabilidade e altos valores de TPEF. Manutenção preventiva
padrão não é feita no motor de dobra, já que o núcleo e os
dutos de transferência de força só podem ser reparados numa
doca ou base estelar equipada para efetuar reparos classe 5.
Quando atracada a uma destas instalações, o núcleo da USS Enterprise
pode ser removido e desmantelado para a reposição de componentes
tais como as bobinas de constrição magnética, reparos no
revestimento interno de proteção, e inspeção e reparos
automatizados nos dutos principais de combustível. O ciclo padrão
entre grandes inspeções e reparos do núcleo é de 10.000 horas
de operação.
Enquanto
o SPD está desligado, a tripulação da nave pode entrar nos
injetores de matéria e antimatéria para a inspeção detalhada e
substituição dos componentes. Os itens acessíveis para manutenção
preventiva (MP) no IMR são as válvulas de entrada,
condicionadores de combustível, pré-aquecedores de fusão, bloco
de compensação magnética, duto de transferência, combinador de
gás, cabeça do bocal e o hardware de controle relacionado. Os itens acessíveis dentro do IAR
são os separadores de fluxo de antimatéria e as válvulas do
injetor. Uma desmontagem parcial da estrutura de articulação do
cristal de dilítio (EACD) é possível durante o vôo para inspeção
por métodos de teste não-destrutivo (TND). A cobertura protetora
das superfícies internas pode ser removida e reaplicada sem a
necessidade de parar em uma base estelar. Nos injetores, os
atenuadores de impacto podem ser removidos e substituídos depois
de 5.000 horas.
Dentro
das naceles de dobra, a maior parte das linhas de dados dos
sensores e hardware de
controle é acessível para inspeção e substituição. Com o núcleo
desligado e o plasma sendo direcionado para fora da nave, o
interior das bobinas de dobra fica acessível para inspeção pela
tripulação ou por dispositivos de controle remoto. Reparos nos
injetores de plasma são possíveis durante o vôo, embora a sua
substituição necessite do auxílio de uma base estelar. Da mesma
maneira que em outros componentes, a cobertura de proteção
interna pode ser substituída como parte do programa normal de MP.
Enquanto em velocidades de subluz, a tripulação pode acessar a
nacele através da escotilha de manutenção.
O interior de uma nacele de dobra pode ser visitado para
manutenção.
A
principal consideração de segurança na manipulação de deutério
não-tratado líquido é o uso de uma roupa de proteção criogênica
para todo o pessoal trabalhando próximo a fluidos criogênicos e
semi-sólidos. Todas as operações de reabastecimento devem ser
conduzidas por operadores remotos, a não ser que um problema se
apresente e necessite da intervenção da tripulação. O perigo
principal na manipulação de criogênicos envolve o congelamento
do material em contato, mesmo no caso de roupas protetoras. O máximo
cuidado deve ser tomado para evitar contato direto, e a manipulação
do combustível deve ser feita por ferramentas especializadas e
ainda assim, somente no caso de emergências.
9.
Procedimentos de desligamento de emergência
A
segurança operacional é estritamente observada durante a operação
do sistema de propulsão de dobra. Os limites nos níveis de
energia e tempo de uso em sobrecarga poderiam ser facilmente alcançados
e ultrapassados, por isso, o sistema é protegido pela intervenção
do computador, parte do processo de homeostase. Especialistas no
fator humano desenharam o software
operacional do SPD para que tome decisões super protetoras nas
questões de “saúde” do motor de dobra. As decisões do
computador podem ser canceladas se as ações envolverem um nível
reduzido no controle da operação.
A
intenção não é criar conflitos entre os humanos e o
computador; pelo contrário, a equipe de comando é treinada para
usar as rotinas do software
ao máximo, obtendo uma maior eficiência da espaço-nave.
Desligamentos de emergência são comandados pelo computador
quando os limites de temperatura e pressão ameaçam a segurança
da tripulação. O desligamento normal do SPD envolve o fechamento
das válvulas de plasma para as bobinas de dobra, fechamento dos
injetores de reagentes e ventilação dos gases residuais para
fora da nave. O sistema de propulsão de impulso irá continuar a
fornecer energia para a nave. Em um cenário de desligamento, os
injetores seriam fechados e o plasma ventilado simultaneamente. O
sistema atingiria a condição de “frio” dentro de dez
minutos. Grandes forças externas, tanto de objetos celestiais
quando danos de combate, farão o computador calcular estatísticas
de risco para os períodos de sobrecarga “segura” antes de
comandar uma redução na potência do sistema ou mesmo o
desligamento completo.
10.
Procedimentos de emergência durante falhas catastróficas
Sob
certas situações de estresse, o SPD pode sofrer vários graus de
danos, normalmente de forças externas, e a maior parte deste dano
pode ser reparada para trazer o sistema de volta à condição de
vôo. No entanto, uma falha rápida, completa e irreparável em um
ou mais componentes do SPD constitui uma falha catastrófica. Os
procedimentos normais para se lidar com danos de grande porte ao
veículo se aplicam ao SPD e incluem, mas não estão limitados à:
garantir a segurança de outros sistemas que possam apresentar um
perigo ainda maior à nave; investigar o dano ao SPD e dano
colateral às estruturas e sistemas adjacentes; efetuar o
fechamento de brechas no casco e o isolamento de áreas internas
da nave que não possam mais ser habitadas.
Alimentação
de energia e combustível é fechada em pontos anteriores aos
sistemas afetados, de acordo com as estimativas de dano do
computador e da tripulação. Quando necessário, membros da
tripulação irão entrar em áreas danificadas com roupas
pressurizadas para garantir que os sistemas em questão estão
totalmente inertes, e efetuar reparos (se necessários) nos
sistemas relacionados. Se o SPD for danificado em combate, a
tripulação pode reforçar seus uniformes pressurizados com
camadas flexíveis múltiplas de proteção contra vazamentos
imprevisíveis de energia. A equipe de engenharia pode resolver
adiar os reparos até um momento em que a nave possa evitar ainda
mais danos. As ações específicas de reparo no hardware do SPD vão depender de cada situação.
Em
alguns casos, o hardware
danificado é ejetado, embora considerações de segurança peçam
que o equipamento seja retido sempre que possível. No caso de
todos os procedimentos normais de emergência (incluindo um escudo
de força de segurança com múltiplas camadas em volta do núcleo)
falharem em conter um dano maciço ao SPD, duas ações finais são
possíveis. Ambas envolvem a ejeção completa do núcleo central
do SPD, com a possibilidade da ejeção do conjunto de tanques de
armazenamento de antimatéria. A primeira opção é o início
proposital e manual da seqüência de ejeção; a segunda opção
é a ativação automática pelo computador.
Um poderoso campo de força cerca o núcleo no caso de uma brecha.
A
ejeção do núcleo irá ocorrer quando o dano à câmara
pressurizada for tão grande que possa romper o campo de força de
segurança. A ejeção do núcleo também irá ocorrer se o dano
for grande o suficiente para sobrecarregar o sistema de
integridade estrutural a tal ponto que ele não possa mais conter
o núcleo, independente de o núcleo estar ou não fornecendo
energia de propulsão. A sobrevivência da tripulação e o
restante da espaço-nave são, na maior parte dos casos,
consideradas prioridade sobre a operação do núcleo. Se o
sistema de propulsão de impulso estiver operante, a movimentação
da nave ainda é possível, aumentando as chances de sobrevivência.
Procedimentos específicos relacionados a cada cenário programado
no computador irão sugerir as ações a serem tomadas até o
momento do resgate da tripulação. Durante situações de
combate, o núcleo receberá o comando para se auto-destruir assim
que uma distância segura for atingida pela tripulação.
Danos
sofridos pelo conjunto de tanques de armazenamento de antimatéria
podem forçar a sua ejeção imediata da seção de engenharia. Já
que o suprimento de antimatéria reagente possui a energia
potencial para vaporizar toda a nave, sistemas de segurança
multiplamente redundantes estão instalados na área para
minimizar as condições de falha dos dispositivos de contenção.
Falhas de sistemas ou estruturais seriam, como no caso do núcleo,
analisadas pelo computador e poderiam resultar no lançamento do
conjunto completo para longe da nave.A opção de ejeção manual,
embora esteja programa nas rotinas de emergência do computador, não
é normalmente considerada útil numa situação de crise, devido
principalmente aos limites de tempo relacionados aos eventos de
fechamento das válvulas e transferência do combustível restante
nos dutos de alimentação.
Todo o SPD pode ser ejetado em emergências.
Notas
da produção, por Rick Sternbach e Michael Okuda
Descobrir
o quão “rápido” as várias velocidades de dobra são foi
bastante complicado, e não apenas do ponto de vista científico.
Primeiro, nós tivemos que satisfazer a expectativa dos fãs de
que a nova nave era significantemente mais rápida do que a
original. Segundo, nós tivemos que trabalhar com a recalibragem
de Gene (Roddenberry), que colocava a dobra 10 no topo absoluto da
escala. Estes primeiros dois obstáculos foram relativamente
simples, mas nós descobrimos rapidamente que era fácil fazer as
velocidades de dobra MUITO rápidas. Acima de uma certa
velocidade, nós descobrimos que a nave seria capaz de atravessar
toda a galáxia numa questão de meses (fazer a nave rápida
demais iria tornar a galáxia um lugar muito pequeno para o
formato de Jornada nas Estrelas). Por último, nós tínhamos
que deixar algum “atalho” para vários aliens poderosos como o
Q, que parece ter um gosto por jogar a nave a milhões de anos luz
de distância no tempo de um intervalo comercial. Nossa solução
foi redesenhar a curva de dobra de tal maneira que o expoente do
fator de dobra cresça gradualmente, e então faça um pico ao se
aproximar de dobra 10. Em dobra 10, o expoente (e a velocidade)
seria infinito, então você nunca poderia alcançar este valor (O
Michael usou uma planilha do Excel para calcular as velocidades e
tempos). Isto permite ao Q e seus amigos se divertirem na faixa de
9,9999+, e ainda deixa nossas naves viajando devagar o suficiente
para manter a galáxia um lugar grande. A propósito, nós
estimamos que em "Where No One Has Gone Before” o
Viajante estava impulsionando a Enterprise
a mais ou menos dobra 9,9999999996. Ainda bem que não havia muito
trânsito naquele dia.
Logo
cedo na série o Patrick Stewart veio para nós e perguntou como o
sistema de dobra funcionava. Nós explicamos algumas das idéias
teóricas expostas neste artigo, mas informamos que tal
dispositivo está muito além da física atual. Nós enfatizamos
que ninguém tinha nenhuma idéia real de como fazer uma nave ir
mais rápido do que a luz. “Besteira”, disse o Patrick.
“Tudo que você tem que fazer é dizer. ‘Acionar’”. E ele
tinha razão...
Ok,
os valores de dobra atuais são teoricamente muito mais rápidos
do que os alcançados pela Entrevista
original na primeira série, mas a dobra 1 “antiga” e a
“nova” são a mesma (a velocidade da luz). A dobra 6
“antiga” é mais ou menos dobra 5 na escala nova. A (na época)
espetacular velocidade de dobra 14,1, alcançada pela Enterprise
original com extremo esforço em “Is There in Truth No Beauty?”,
agora é próxima de dobra 9,7, que a nova nave atingiu enquanto
fugia do Q durante "Encounter at Farpoint”.
Falando
no episódio piloto, o estúdio pensou inicialmente que seria
feito pouco uso da sala de engenharia nesta nova Enterprise.
Na verdade, nós não havíamos planejado construir o set
para o primeiro episódio. O problema é que a natureza da televisão
diz que muito provavelmente o set
nunca seria construído, se não fosse feito durante o piloto.
Quando o Gene Roddenberry descobriu esta omissão, ele escreveu
imediatamente uma cena que se passa na sala de engenharia,
justificando o gasto enorme para construí-la durante “Encounter
at Farpoint”.
A
maior parte dos privilegiados visitantes ao nosso set
da sala de engenharia fica completamente impressionada com a sensação
de “estar realmente a bordo da Enterprise”.
Mesmo assim, algo fica sempre faltando. Este “algo” é o quase
subliminar som de fundo adicionado através de efeitos sonoros. O
expectador quase nunca está consciente dele, mas a vibração bem
baixa característica da sala de engenharia ou o som dos
instrumentos na ponte são uma parte importante do “estar
realmente lá”. Os efeitos sonoros em A Nova Geração são
o campo da produtora associada Wendy Neuss. Sob a supervisão do
co-produtor Peter Lauritson, Wendy coordena a mágica (ganhadora
de vários prêmios Emmy) do editor de som Bill Wistrom, do editor
de efeitos sonoros Jim Wolvington e do editor assistente de
efeitos sonoros Tomi Tomita. A criação de muitos efeitos sonoros
da Enterprise foi
supervisionada também pelo criador da série Gene Roddenberry,
junto com Rick Berman, Bob Justman e Brooke Breton.
Estes
efeitos sonoros são normalmente o resultado de processamento
digital extensivo, mas muitos são baseados em fontes
surpreendentemente mundanas. Apesar da tecnologia avançada à
disposição, nosso pessoal de som normalmente prefere começar
com sons “naturais”, gravados acusticamente, porque eles
acreditam que a harmonia resultante é muito mais rica e
interessante do que tons puramente sintetizados. O som de fundo da
ponte inclui por exemplo, o som bastante alterado da vibração de
um ar-condicionado. O “sweesh” característico da abertura das
portas é baseado no som de uma pistola sinalizadora com um pouco
de rangido do tênis do Jim Wolvington no piso da Mordern Sound.
A
maior parte dos sons da Enterprise é parecida com os sons da série
original, e isto é feito de propósito. Alguns, como os
comunicadores e os phasers da nave são exemplos de sons
originados na primeira série. Sons alienígenas vêm de fontes
variadas, como a voz dos Binários (de “11001001/11001001”)
que foi construída inserindo pequenas amostras da voz das atrizes
em um Synclavier, e depois os tocando com uma cadência muito mais
rápida do que a voz humana normal. Os sons do interior do “Tin
Man” foram baseados no som do estômago do Wolvington,
gravado através de um estetoscópio. Wolvington diz: “Eu não
contei pra ninguém de onde vinha aquele som até a finalização
do episodio porque eu não queria que ninguém ficasse enjoado!”.
O
coletor Bussard foi utilizado em pelo menos dois episódios, “Samaritan
Snare” e “Night Terrors”. Em ambos os casos, o
fluxo do sistema foi invertido para que gás de hidrogênio ou
plasms fluísse para fora
dos coletores (ao invés de para
dentro, como aconteceria normalmente). No primeiro uso, o
resultado foi um espetacular (embora inofensivo) show pirotécnico.
Durante “Night Terrors”, o fluxo de hidrogênio foi
usado para tentar fechar uma perigosa fenda espacial. O conceito
de usar campos eletromagnéticos para coletar hidrogênio
interestelar foi sugerido pela primeira vez pelo físico Dr.
Robert W. Bussard ainda nos anos 60.
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