Trecho
Esse extrato saiu do décimo segundo e
último capítulo do livro ("Um exercício de futurologia").
De todas as coisas que podemos falar
sobre o futuro, apenas uma é 100% garantida. É algo inerente à própria
natureza humana. A vida ensina isso a cada um de nós. É a inexorável
conclusão de que, a longo prazo, todos estaremos mortos. Não só como
indivíduos, mas como espécie. A humanidade teve um começo e certamente
terá um fim.
Quando ele será? Honestamente, não sei. Pode até ser amanhã.
Sim, é verdade que, ao adentrarmos a Era Espacial e ao dominarmos a
tecnologia capaz de defletir asteróides e cometas, eliminamos o maior
risco natural à continuação da civilização por pelo menos uns cem
séculos. Não vejo nenhuma catástrofe produzida pela natureza que possa
nos erradicar nos próximos 10 mil anos. Em compensação, nunca
estivemos tão ameaçados — por nós mesmos e nossa própria falta de
sabedoria. Durante as próximas gerações, teremos de nos confrontar com
o fato de que, se alguma coisa sair errada e não sobrar um ser humano
para contar a história, a culpa terá sido toda nossa. Os dinossauros
pelo menos têm a consciência tranqüila — nunca esteve ao alcance deles
se salvar, e muito menos fizeram alguma coisa que os conduzisse ao
oblívio. Nós, em contrapartida, sabemos muito bem do nosso poder.
Desde 1945, temos armas atômicas com capacidade destrutiva maciça. Os
arsenais se multiplicaram enormemente desde então, e alguns países não
tão estáveis, como Coréia do Norte e Irã, ameaçam desenvolver essa
tecnologia. Outros países, considerados “estáveis”, como os Estados
Unidos, muitas vezes se vêem nas mãos de líderes não muito... sábios.
É fato notório que George W. Bush recentemente decidiu que as Forças
Armadas norte-americanas deveriam iniciar pesquisas para produzir
bombas nucleares de pequeno porte, com um terço da potência da usada
em Hiroshima. Quando um líder ordena a construção de armas maiores e
mais poderosas, desconfiamos que quer mostrar sua força. Quando
comanda o desenvolvimento de bombas mais modestas, resta-nos apenas
pensar que ele cogita usá-las.
Em 2005, completamos 60 anos sob a ameaça das armas nucleares. É um
feito extraordinário e, na minha opinião, uma razão para otimismo
considerar que escapamos incólumes da Guerra Fria e ainda seguimos
nossas vidas sem maiores acidentes, após um único uso isolado de
artefatos atômicos num conflito. O fato de que a tão propalada
Terceira Guerra Mundial ainda não ocorreu é razão para júbilo. E um
esforço continuado deve ser despendido para que a situação permaneça
assim.
O estabelecimento das colônias espaciais, quando elas tiverem total
autonomia, oferecerá um sistema de redundância para a sobrevivência da
espécie humana. Será muito mais difícil nos aniquilarmos. Mas ainda
precisaremos viver pelo menos mais umas três ou quatro vezes o tempo
já decorrido desde a invenção da bomba atômica até que possamos
respirar aliviados. Os próximos 200 anos não terão nada de sossegado.
Gente como Martin Rees aposta que uma catástrofe global — ainda que
não a extinção da espécie — acontecerá nos próximos cem.
Independentemente de acreditarmos nas previsões dele, não podemos e
não devemos negligenciar os riscos.
Não só os velhos perigos nucleares, mas os novos perigos, provenientes
das revoluções “da vez” de Dyson. A engenharia genética ainda tem — e
sempre terá — um forte potencial para danos, caso seja utilizada de
forma leviana ou com fins maléficos. Brincar com a vida não é muito
saudável. Por outro lado, os potenciais benefícios certamente
justificam todo o esforço que tem sido feito em torno dessa nova
tecnologia. No futuro, a medicina será muito mais eficiente, a
expectativa de vida média do ser humano será bem maior e a qualidade
de vida durante esse período será melhorada nessa mesma proporção.
Falando assim, parece até que eu caí na mesma armadilha da “moda” em
que outros futurólogos se enroscaram. Mas note que, no fundo, no
fundo, não estou falando nada de mais revelador. Estou apenas dizendo
que a medicina do futuro prosseguirá na mesma linha da medicina do
passado. Aumentar a qualidade e a expectativa de vida não é o que os
médicos têm feito desde Hipócrates? Então qual é a grande novidade?
Não acho que a genômica vá trazer uma revolução médica instantânea.
Assim como dos tempos de Hipócrates até hoje houve um gigantesco
caminho a ser percorrido, há uma trilha longa a ser mapeada na direção
do futuro. Claro, com a quantidade de cientistas hoje trabalhando no
assunto, ela será trilhada muito mais depressa. Mas, ainda assim, não
espere milagres. Podemos aprender muita coisa sobre o organismo humano
e uma das hipóteses que não podemos descartar é a de que o sistema que
compõe a vida seja inerentemente falho e finito.
Ilustremos com um exemplo: câncer. Já sabemos hoje que é possível
fazer muitas coisas erradas (como fumar, por exemplo) para contrair
essa doença fatal. Também sabemos que algumas pessoas, por sua
composição genética, têm propensão maior a ter câncer do que outras.
Só esses conhecimentos já nos ajudam a ampliar muito a vida das
pessoas, aconselhando-as a fazer as coisas certas e a não “facilitar”
para a enfermidade. No campo do tratamento, temos avanços igualmente
notáveis. Cirurgias, radioterapia e quimioterapia já fazem muito para
combater tumores. E certamente tecnologias futuras farão ainda mais.
No limite, talvez possamos conceber nanomáquinas ou vírus
geneticamente engendrados para atacar especificamente as células
cancerosas do corpo, eliminando a doença sem nenhum efeito colateral.
Parece bom, não?
O problema é que infelizmente também sabemos que o câncer muitas vezes
surge por falhas inerentes ao sistema de duplicação do DNA na
multiplicação celular, sistema esse que é crucial à manutenção da vida
e é, até onde sabemos, necessariamente passível de erro — esse é até
um pré-requisito para a evolução biológica! Quanto mais velha é a
geração de células, maior a probabilidade de um erro de duplicação.
Será que podemos eliminar o câncer indefinidamente, mesmo com sua
crescente incidência no organismo, com o passar dos anos? Mais ainda,
será que, ao vencermos a barreira do câncer, não encontraremos uma
outra, ainda mais impenetrável, que nos exponha ainda mais à condição
de mortalidade? Podemos prolongar a vida indefinidamente, apenas
combatendo as doenças? Ou uma hora a degenerescência é tanta que
seremos obrigados a nos dar por vencidos?
Tendo a apostar nessa segunda hipótese. Podemos prolongar muito ainda
a expectativa de vida, mas não vejo o ser humano como uma máquina que
possa ser preservada indefinidamente. Somos mortais, e nenhum avanço
médico vai mudar isso. A solução de problemas só fará surgir novos
problemas. O câncer não era uma doença muito relevante no cômputo das
mortes entre as populações da Idade Média que viviam, em geral, de 20
a 30 anos. Hoje, é um dos grandes males da humanidade, simplesmente
porque agora há bastante gente suficientemente velha para tornar os
tumores mais “populares”. As doenças do futuro terão o mesmo
comportamento. Hoje, nem as conhecemos, amanhã serão a nova versão do
câncer.
Há quem diga que o único modo de vencer essa dificuldade é
simplesmente “trocar” o sistema. Entra em cena a outra revolução “da
vez” de Dyson, a informática. Embora o físico tenha se fechado num
subtema desse campo, a internet, é fato que o crescimento das redes de
dados está diretamente ligado à ampliação espetacular da capacidade de
processamento dos computadores. Talvez a maior exceção à regra da
evolução tecnológica, os processadores insistem em ficar mais rápidos
numa progressão geométrica razoavelmente constante desde a invenção da
primeira placa eletrônica.
Sabemos também que há limitações para esse crescimento. No caso das
tecnologias atuais, com base no silício, a miniaturização atingirá o
limite máximo em uns 30 anos. Caso uma nova maneira para construir
computadores não seja encontrada, o crescimento do poder de
processamento estará terminado. Mas eu não apostaria nisso. Já há
fortes pistas de como manter o ritmo de progresso (ou até acelerá-lo
ainda mais) pelo uso de estruturas tão pequenas quanto nanotubos de
carbono para construir transistores. Poderíamos ter placas de
computador construídas por conjuntos de moléculas menores que caberiam
numa célula humana. E, no limite máximo, ainda há a possibilidade de
usar partículas elementares, como por exemplo fótons, para transmitir
e processar informações. Esses chamados computadores quânticos, que
hoje ainda são fruto de pesquisa básica, serão capazes de proezas
espetaculares, graças à física maluca que rege o comportamento das
partículas. Uma nova arquitetura computacional será necessária, mas
ninguém vê barreiras intransponíveis. Não seria absurdo imaginar que o
ritmo de progresso dos computadores será mantido pelos próximos
cinqüenta ou cem anos, por baixo.
Com a perspectiva de desenvolver máquinas tão capazes quanto o cérebro
humano, alguns cientistas alimentam, em seus sonhos mais altos, a
possibilidade de que a consciência de uma pessoa possa ser transferida
para uma máquina. Um dos que defendem essa hipótese com afinco é meu
amigo Alexander Sukhanov, do IKI (Instituto de Pesquisas Espaciais da
Rússia). Ele acha que caberá às “máquinas humanas” do futuro a tarefa
de explorar o espaço, não aos homens de carne e osso.
Meu principal problema com essa idéia é que nossa humanidade não
reside apenas em nosso cérebro ou em nossa consciência. Seres humanos
são moldados por um conjunto de experiências que implica não só ter as
mesmas habilidades sensoriais que possuímos como criaturas de carne e
osso, mas também as mesmas fragilidades. Se as “máquinas humanas”
forem imortais, como preservar nelas um dos sentimentos mais
fundamentais que marcam nossa existência, o próprio medo da morte? Um
ser imortal poderia ter medo da morte, mesmo que esse risco não
existisse? E quais seriam as implicações para os valores morais e
éticos que ditam o comportamento humano? A vida alheia teria algum
valor para essas “máquinas humanas”?
Acredito que não podemos, em hipótese alguma, nos desvencilhar de nós
mesmos e de nossas inerentes deficiências, a não ser que queiramos nos
tornar alguma outra coisa. Ficar alimentando ilusões nesse sentido
pode ser interessante, mas não passa de uma distração. Somos o que
somos, e me sinto feliz em aceitar isso.
A bem da verdade, desde sempre o ser humano teve de lidar com sua
mortalidade. E, pensando bem, a natureza já oferece a resposta. É
através da descendência — de nossos filhos — que nos projetamos além
de nossa existência finita. É basicamente o que nos faz pensar sobre o
futuro e especular sobre naves estelares para daqui a cem ou 200 anos.
Nossa própria mortalidade nos faz redobrar a preocupação com o destino
de nossa espécie. Pessoalmente, podemos desaparecer. Mas nosso legado
deveria ser preservado.
De certa maneira, já fizemos coisas grandiosas nesse sentido. As
sondas Pioneer 10 e 11 carregam consigo uma placa
indicadora de seu local de fabricação. Há um diagrama do sistema solar
e uma ilustração que mostra seus construtores, os seres humanos. Nas
Voyager 1 e 2, a memória ficou ainda mais sofisticada.
Uma gravação feita em ouro contém diversos sons da Terra, imagens de
nosso planeta e dos seres que aqui vivem, música e saudações em
diversas línguas humanas. Se nos explodirmos amanhã, ao menos podemos
nos reconfortar com o fato de que, muito longe daqui, reside uma bela
lembrança de nossa existência e de nossas aspirações cósmicas. Talvez
um dia essas gravações sejam encontradas por uma espécie alienígena,
que poderá tentar desvendar o enigma por trás daquele estranho
artefato espacial e seus ainda mais estranhos construtores.
Claro, espero que possamos mandar muitos mais desses mensageiros
cósmicos no futuro. Não acho que a humanidade vá se despedaçar amanhã.
E acredito que ainda temos potencial para muitas realizações. Mas não
podemos fugir dos fatos. O universo existe numa escala de bilhões de
anos. E poderá chegar aos trilhões. Nós, por outro lado, somos
criaturas produzidas pela evolução biológica. Uma espécie de mamífero
vive em nosso planeta por não mais que alguns poucos milhões de anos,
em média. Com base nisso, não deveria fazer parte do nosso rol de
preocupações o superaquecimento da Terra daqui a 1 bilhão de anos, ou
mesmo a conversão do Sol em uma estrela gigante vermelha, em uns 5
bilhões de anos. A julgar pelos outros animais, não há razão para
supor que estaremos aqui para enfrentar qualquer um desses problemas.
Por outro lado, é difícil aceitar que não podemos superar essas
barreiras naturais. Assim como o ser humano, levando em conta sua
natureza, não foi projetado para viver cem anos (e hoje várias pessoas
o fazem), poderemos ainda esticar muito nosso tempo de vida como
espécie. Não acredito que estejamos limitados por 1 milhão de anos de
existência ou coisa do tipo. Mesmo assim, precisaríamos de mil vezes
mais tempo para ver os oceanos terrestres borbulhando sob o calor
abrasante do Sol. E 5 mil para ver a Terra destruída. É tempo demais.
Peguemos, apesar disso, a rota mais otimista. Há idéias para contornar
tudo isso. Em 2001, Donald Korycansky, da Universidade da Califórnia
em Santa Cruz, Gregory Laughlin, do Centro de Pesquisa Ames da NASA, e
Fred Adams, da Universidade de Michigan, publicaram um artigo
sugerindo que seria possível salvar a Terra do aumento da atividade
solar nos próximos bilhões de anos simplesmente alterando a órbita do
planeta para colocá-lo mais longe da estrela. O método para realizar
tal façanha nem soa pouco familiar: eles sugerem o desvio de um
cometa, a cada 6 mil anos, na direção da Terra. Passando de raspão por
nosso planeta, ele transferiria um pouco de sua energia gravitacional
(pelo mesmo “efeito estilingue” usado pelas sondas para hoje ir aos
pontos mais distantes do sistema solar), que por sua vez faria com que
a Terra se distanciasse um pouco do Sol. Contanto que haja alguém aqui
para fazer o procedimento a cada 6 mil anos, de preferência evitando
uma colisão acidental (evento que pouparia a necessidade de fazer
qualquer esforço futuro no sentido de preservar a humanidade), a
proposta parece simples.
Se escapássemos incólumes ao primeiro bilhão de anos, o próximo grande
desafio viria dali a 2 bilhões de anos, quando a Via Láctea realizará
uma monumental colisão com sua grande vizinha, a galáxia de Andrômeda.
Teríamos basicamente de torcer. Sabe-se que eventos de colisão estelar
são raros nesses choques de galáxias, mas apenas passagens próximas de
astros errantes já poderiam desestabilizar os planetas do sistema
solar, acabando com a brincadeira. Ninguém hoje imagina que possamos
fazer algo a respeito disso. Portanto, cruze os dedos.
No caso de sobrevivência, dali a 2 bilhões de anos, nova ameaça: o Sol
está para esgotar seu suprimento de hidrogênio e implodir. É o fim de
nossa estrela-mãe. A essa altura, a salvação terá sido se espalhar
pelas outras estrelas. Não restará mundo habitável no sistema solar
após a violenta demolição solar e teremos de nos contentar com o fato
de que nosso mundo de origem já não existe mais.
O universo então já estará 5 bilhões de anos mais velho do que é hoje,
e menos estrelas estarão sendo criadas. Em compensação, mais estrelas
estarão chegando ao fim de suas vidas. O cosmos começa, ainda que
timidamente, a apagar suas luzes. As fontes de energia primárias — os
corpos estelares — começarão a rarear. Simultaneamente, a expansão do
universo levará as galáxias cada vez mais para longe umas das outras.
É a diluição definitiva.
O processo também tem um nome técnico: entropia. É uma propriedade da
termodinâmica que diz, basicamente, que todos os sistemas tendem a se
desorganizar, distribuir a matéria e a energia de maneira mais
igualitária, caminhar para o estado mais acomodado. É um fato que é
comprovado de novo e de novo por todos os experimentos físicos que já
conseguimos conceber. A entropia constitui uma lei natural e não está
nem um pouco perto de ser revogada.
No final, em alguns trilhões de anos, não restará fonte de energia
utilizável no universo. Será apenas um imenso vazio diluído composto
por partículas elementares dispersas no vácuo. Até mesmo os buracos
negros terão evaporado, depois de emitir pequeníssimas quantidades de
radiação por éons a fio. O cosmos inteiro está morrendo e você ainda
tem a esperança de viver?
Está bem, mas que teimosia. Vejamos um cenário (um pouco) mais
animado. Hoje, a maioria dos cientistas acredita que a expansão do
cosmos está aqui para ficar, e o universo vai continuar crescendo e
aumentando seu estado entrópico para sempre. Mas há alguns que acham
que um dia talvez o processo de expansão seja contido (pela ação da
gravidade de todas as massas no cosmos e a ajuda de uma força que hoje
só faz aumentar a expansão universal, denominada enigmaticamente como
“energia escura”) e que, dali em diante, o cosmos volte a encolher. A
concentração crescente de matéria poderá reagrupar galáxias, recriar
estrelas e tornar o universo um pouco menos tedioso. Caso tenhamos
sobrevivido à fase mais aguda de diluição, poderemos esperar mais
alguns bilhões de anos até que o universo comece a ficar tão compacto
que nos esmague junto com ele, num evento apelidado de “Big Crunch”.
Como não temos vocação para existirmos todos num ponto infinitamente
pequeno e denso, seria nosso fim, do mesmo jeito.
Claro, se você quer mais arte escapista, o físico Michio Kaku sugere
que, caso dominemos a teoria que descreveria todas as forças do
universo e ela realmente confirme que não vivemos num cosmos de quatro
dimensões, mas dez ou onze, algumas delas escondidas no tecido do
espaço-tempo, talvez possamos simplesmente escapar ao “Big Crunch”
saltando para uma dessas dimensões escondidas, onde nos abrigaríamos
até passar a tempestade em nosso universo tradicional. Desculpe-me se
simplesmente não consigo acreditar nisso.
Apesar de considerar inescapável a conclusão de que a humanidade um
dia deixará de existir, todas essas idéias que culminam com a mais
literal “fuga da realidade” demonstram quanto consideramos importante
seguir existindo. Se não como pessoas, como civilização. E se não como
civilização, como lembrança ecoada cosmos afora. Há um instinto de
auto-afirmação, de contestação dos limites, que é inato a nós. Não
queremos dar o braço a torcer. Recusamo-nos a aceitar nossas
limitações. Queremos ir além.
Esse é o lado belo e nobre desta jornada. Confrontados com o fato de
que todas as coisas — até mesmo o universo — um dia chegam ao fim,
acabamos por valorizar a viagem em si, muito mais do que seu
previsível desfecho. É uma lição que vale para todos nós, em qualquer
momento de nossa vida. Pouco importa como morreremos; valioso mesmo é
o modo como vivemos. E, depois de galopar por todos os rincões do
universo, acabamos voltando ao inevitável ponto de partida. É como já
disse certa vez John Lennon: “Eu estive em todos os lugares e só me
encontrei em mim mesmo”.
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