Trecho
Pequeno pedaço do primeiro capítulo,
selecionado pela Editora Record para figurar na contracapa do livro
- [...] Vamos supor, então, que a
maquininha do Professor Langley realmente tenha voado. E daí?
- Bem, segundo as informações que chegaram a mim, há planos de construir uma
máquina maior, que possa transportar pessoas.
- E o que o faz crer que o vôo bem-sucedido do modelo menor será reproduzido
no maior? Se um elefante tivesse asas de águia, também voaria como ela, por
um acaso?
- Mas...
- Chegamos, pois, ao cerne do problema, meu caro Rayleigh. Conforme a
máquina cresce, rompe-se o equilíbrio entre a resistência do ar, que é
proporcional à superfície de um objeto tridimensional e, portanto, cresce
com o volume, e a sustentação, que vem de planos bidimensionais, as asas.
Quando a escala do invento atinge o ponto em que pode carregar um ser
humano, já é impossível obter sustentação suficiente. Você está farto de
saber disso. Ademais, homens não são pássaros; não têm a habilidade para
voar. É preciso mais do que os aparatos, meu caro, para decolar e se manter
no ar. É necessário aprender a controlá-los precisamente, instintivamente,
para combater golpes de vento, dias de tempestade, calmarias atmosféricas,
vendavais... nenhuma máquina será capaz de contornar todas essas
dificuldades por si mesma. E o homem não nasce com os reflexos das aves para
fazer isso. Portanto, digo e repito: não importa a máquina, o homem nunca
voará. Fim. |