Diário do Comércio (SP)
25 de agosto de 2006
Santos=Dumont: pioneirismo e
polêmicas
Lúcia Helena de Camargo
Neste centenário do primeiro vôo com o 14
Bis, surgem vários livros com versões, esclarecimentos e revisões
históricas. Santos=Dumont – Um herói brasileiro (Editora Arindiúva,
240 páginas, R$ 29), escrito pelo advogado Antônio Sodré, é uma biografia
que pretende, segundo o autor "destacar o caráter humano do aviador
brasileiro, desmistificar os erros sobre sua vida e esclarecer pontos
polêmicos".
O nome escrito dessa forma, Santos igual a Dumont, foi a forma do aviador de
sinalizar que os sobrenomes materno e paterno tinham igual importância.
Com prefácio de Roberto Dualibi, a obra conta a vida do aviador brasileiro,
desde a sua infância na fazenda Arindiúva, no interior de São Paulo, até o
seu último vôo com a Demoiselle, em janeiro de 1910, sempre em tom ufanista.
"Aos 24 anos, o nosso herói voara pela primeira vez em sua vida e em sua
cabeça fervilhavam idéias sobre como melhorar o vôo e, principalmente, como
torná-lo dirigível", é a frase que finaliza o capítulo A fase dos balões .
Romance - Entre as polêmicas que envolvem o do aviador, o autor é
taxativo ao afirmar que ele não era homossexual, como já se publicou.
Compara-o a Ayrton Senna, sobre quem também pairavam comentários a respeito
da orientação sexual, e diz: "Santos Dumont namorou Yolanda (Penteado), a
desejou como mulher e a possuiu, envolvendo-a num romance que os fizeram
felizes por alguns meses, sem mágoas, sem rancores".
O autor dedica um capítulo à disputa com os irmãos Wright, para reafirmar o
pioneirismo do brasileiro. E o livro traz ainda páginas com fotos e desenhos
dos inventos mais relevantes, além de um mapa de Paris com as rotas
percorridas pelo aviador.
Pioneirismo - Em outro lançamento, Conexão Wright Santos-Dumont
(Editora Record, 386 páginas, R$ 42,90), o autor Salvador Nogueira
mistura fatos com elementos de romance para construir a biografia de Santos
Dumont. Ao contrário da obra de Sodré, questiona o pioneirismo do brasileiro
em relação ao invento. Aos que ignoram o vôo dos irmãos Wright, o autor
reserva a pecha de "nacionalistas tupiniquins", e afirma: "As pequenas
peças, trazidas por seus geniais criadores, contribuíram para que se
partisse do aeroplano cru dos Wright e se chegasse à máquina com que
Santos-Dumont sempre sonhara. Dizer que fulano ou sicrano é ‘o criador’ não
faz justiça à história. Foi uma revolução coletiva." |