Publicado originalmente
em 2002


Jornada nas Estrelas V
A Última Fronteira

STAR TREK V - THE FINAL FRONTIER


 









 

Por Luiz Felipe do Vale Tavares

O Filme

"Jornada nas Estrelas V" é sem dúvida o pior filme da série do cinema. Mal escrito e mal dirigido por Shatner, na certa em uma crise de inveja pelo sucesso de Leonard Nimoy na direção dos dois filmes anteriores da série.

Nesse filme um bando de maltrapilhos liderados pelo meio-irmão de Spock tomam o controle da Enterprise e de sua tripulação para ultrapassar a grande barreira do Universo e encontrar Deus. É certamente a pior história que Shatner poderia ter escrito.

Shatner queria fazer uma aventura com cenas de ação em caráter épico (como em "Lawrence da Arábia") com elementos de misticismo. Mas um péssimo roteiro somado a um orçamento pequeno e péssima direção levou o filme em outra direção, cujo resultado é pura mediocridade.

O filme só se salva nas cenas de interação entre Kirk, Spock e McCoy, que são boas. O problema é que Shatner percebeu isso e exagerou na dose. A cena em que os três personagens comem e conversam na frente da fogueira é tão longa que chega a dar sono.

Os poucos efeitos especiais são de péssima qualidade e fazem qualquer fã da série cobrir o rosto de vergonha.

A trilha sonora é Jerry Goldsmith, por outro lado, é muito boa. É o único elemento da produção que se salva.

Há boatos de que esse filme irá ganhar nos próximos anos uma edição especial com novos efeitos, assim como o primeiro filme da série em DVD, permitindo que o diretor, Shatner, conclua o filme como planejou. O problema é que o final que Shatner escreveu, começou a rodar e teve que desistir quando o orçamento estourou é tão ruim quanto o final que acabou sendo filmado.

No roteiro de Shatner, quando a nave auxiliar com Kirk e cia. descem ao planeta Sha-Ka-Ree, eles encontram seres feitos de pedra. Isso mesmo, homens de pedra. A aparição que se fez passar por Deus era na verdade um truque dessas criaturas para conseguirem roubar a nave de Kirk e fugir do planeta.

Logo após a cena em que Sybok se sacrifica e Spock e McCoy são transportados para a Enterprise, diversas formas de vida surgem das rochas e perseguem Kirk. Enquanto ele escala uma cordilheira para escapar vai atirando nos seres de rocha e consegue destruir alguns. Quando fica encurralado eis que surge a nave de rapina Klingon que liquida o restante dos agressores.

Na versão final do filme ainda há vestígios do final escrito por Shatner. O altar em que aparece a entidade que se passa por Deus surge com rochas que saem da terra.

Até a cena em que Sybok se sacrifica o filme continua fiel ao roteiro; daí para frente foi o resultado de uma péssima gestão do orçamento por parte de Shatner.

Os problemas começaram quando o orçamento permitia que apenas um monstro-de-rocha fosse construído. Shatner se contentou e começou a filmar a cena. Quando todos perceberam que essa idéia não ia funcionar, também porque o monstro não era nada convincente, Shatner desistiu desse final e, em vez do monstro, colocou a imagem da entidade que se passa por Deus perseguindo Kirk e sendo destruída pela ave de rapina Klingon. Há alguns meses circulou na internet uma foto rara da produção mostrando Kirk atirando no monstro de rocha. 

Voltando aos boatos da edição especial em DVD, parece que a Paramount está estudando a idéia de criar monstros de rocha gerados por computador para finalizar o filme da maneira que Shatner queria. 

Mas tanto faz o final utilizado, pois ambos são uma porcaria. O fato de tanto drama e uma suposta aventura para chegar à fronteira final e encontrar uma entidade psicótica ou uma horda de monstros de rocha parece a mesma coisa. Antes fosse se encontrassem as ruínas de uma civilização avançada ou outra coisa mais criativa. 

Imagem

Esse DVD é um dos piores, senão o pior, que a Paramount já produziu. De novo a Paramount resolveu não gastar dinheiro e usou para o disco um master de LaserDisc, feito em 1991, de qualidade precária mesmo para esse formato. 

A imagem é péssima, com definição precária, muito granulada, cores fracas e pouco definidas e por demais escura. Em uma TV de até 20 polegadas até que dá para disfarçar esses defeitos. Em uma TV maior todos esses defeitos ficarão bem aparentes.

O filme é apresentado em widescreen na proporção de 2,35:1. Assim como nos DVDs dos sexto e sétimo filmes, a imagem também não é anamórfica, prejudicando a qualidade de imagem e impedindo que os possuidores de uma TV widescreen possam assistir ao filme com a qualidade esperada de um DVD.

Para alegrar os ânimos é bom ressaltar que a partir do DVD do quarto filme ("A Volta Para Casa") a Paramount tomou vergonha e passou a remasterizar os filmes de Jornada com excelente qualidade de áudio e vídeo. Portanto, não se precisam se preocupar com a qualidade dos futuros DVDs dos quatro primeiros filmes, pois são excelentes.

Som

"Jornada nas Estrelas V" foi o primeiro DVD da série cujo áudio foi remixado para Dolby Digital 5.1 (cinco canais independentes mais o canal do subwoofer). Os filmes da série lançados anteriormente em DVD já foram produzidos originalmente com esse formato.

A Paramount também não se deu ao trabalho de fazer uma remixagem de qualidade. Apenas a ótima trilha sonora de Jerry Goldsmith se beneficiou da remixagem; no demais o áudio se assemelha muito ao formato original em Dolby Surround (apenas quatro canais). Em raras ocasiões há efeitos de separação nas caixas de som traseiras.

Extras

Apenas temos dois trailers como extras, nenhum muito interessante. De qualquer forma, é melhor do que nada.

Conclusões

Um filme medíocre em um DVD medíocre. A única recomendação para comprá-lo é evitar um vazio na prateleira entre os DVDs dos filmes IV (a ser lançado até o final do ano) e VI.

Ficha Técnica

Extras:
Menu interativo, Seleção de Cena, dois trailers de cinema

Vídeo:
Widescreen (2,35:1)

Áudio:
Inglês (Dolby Digital 5.1 Surround)

Legendas:
Inglês, Português e Espanhol

Ano de produção:
1989

Duração:
106 minutos

Data de Lançamento no Brasil (Região 4)
25/06/2002